Quando saio do quarto toda arrumada e confiante, Hari até mexeu os ombros de tão radiante que estou, descemos logo e fomos pro carro dela, já é quase 10h da noite, a gente pretendia voltar tarde pra casa naquela noite. Ela ficou o caminho todo me dando dicas de como me portar quando um homem chamar minha atenção e eu quere-lo. Me sinto igual uma adolescente na primeira noitada que vai com uma amiga experiente, odiava a falta de experiência em mim, mas eu não tinha culpa, tinha me casado com 15 anos, tudo o que eu tenho de experiência aprendi com Shankar que não foi lá um bom professor. No sexo, ele não se importava se eu estava gostando ou não, desde que ele estivesse gostando e gozando, estava tudo bem pra ele... Quando chegamos no tal clube havia uma grande fila na entrada do lugar com muita gente querendo entrar, fico cabisbaixa.
"Ai, amiga. Acho que a gente não vai conseguir entrar aí não." Falo com um biquinho nos lábios, mas Hari ri de mim.
"Calma. Está comigo, está com Deus." Então pega na minha mão e me leva até pra frente da fila. Tem duas montanhas na porta do lugar, claramente os seguranças do clube, eles estão de cara fechada e embora ser noite, estão de óculos escuros. Parecem ameaçadores, eu não me atreveria em provoca-los, porém minha amiga está falando com um deles. "Atraente como sempre, hein Gusman." Ela estava olhando o segurança de traços Filipinos com malícia.
"Hari, faz um tempo que não te vejo por aqui." O segurança o respondeu informalmente, provavelmente eles já se conheciam. Estou zero surpreendida. É incrível como minha amiga parece conhecer a metade das pessoas que moram em Singapura. Queria também um pouco ser como ela, não vou negar. Ser tão social ao ponto de conseguir facilmente criar laços com diferentes tipos de pessoas não importando classe social, idade, nem raça, cor ou religião. Minha amiga é incrível no que toca esse âmbito.
"Sabe como é, estou de trabalho novo e assim." Ela explica ainda jogando conversa fora com o tal de Gusman, só consegui dar um breve sorriso para o segurança quando este olhou pra mim. O que mais eu faria? Eu literalmente acabei de conhecer o cara e Hari não tinha feito a cortesia de nos apresentar ainda. Apostava que ela não ia fazer.
"Sei." Hari ficou um tempinho conversando com os seguranças, até finalmente entramos no clube, lá dentro é quente e até seria aconchegante se não tivesse um barulho tão alto de música agitada explodindo lá dentro, franzo o rosto numa careta, provavelmente meus ouvidos estouraram.
"URRUUUUU!" Minha amiga grita já animada e vai dançando me puxando até um bar que incrivelmente não estava tão barulhento assim como o resto do lugar. "A gente está precisando disso, caralho!" Ela está tão animada. Então ela pede duas bebidas ao barman que pelos vistos a conhecia também. "Esta é minha amiga, Xiao. Ela não é um pedaço de mau caminho?" Ela me apresentou ao barman que provavelmente era chinês, o cara ri acentindo enquanto habilmente prepara duas misturas.
"Concordo com você, Hari. E olha, se eu não fosse casado não deixava escapar." Ele dá uma piscadela divertida na minha direção. Viu? Um homem que respeita a mulher que tem. Por mais homens assim, Shiva! Sorrio e o homem nos dá as bebidas, quando tomei a minha bebida senti uma explosão de sabores exóticos na minha boca, fiquei toda caidinha com aquela bebida, mas assim que a engulo, sinto o líquido passar raspando em minha garganta por causa do álcool forte que contém, automaticamente franzo o rosto.
"Deuses!" Praguejo sentindo minha garganta ardendo, então é isso que as pessoas bebem? É horrível!, Hari e Xiao estão rindo de mim.
"Ela é principiante." Hari explica pro Xiao e bebe sua bebida tão naturalmente que até fiquei assustada com a facilidade que ela ingere a bebida alcoólica, eu era tão principiante que já estou sentindo minha cabeça pesar só com apenas um gole dessa bebida. Hari me puxa até a pista de dança e me insentiva a dançar junto com ela, a gente está se divertindo muito. "Amiga." Depois de um tempinho ela fala no meu ouvido pra que eu pudesse ouvir por causa do barulho alto da música. "Você ainda não percebeu, mas tem um boy secando você bem na sua trás." Ela fala com sorrisinhos. Hari usa termos tão joviais, acho que na cabeça dela ela ainda não saiu dos 20 anos, não vou ser eu que vou contar pra ela que ela já está nos quarenta.
"Sério?" Me viro e vejo mesmo um cara me olhando. Sinto meu coração começar a bater rápido. Era pra ser agora, não é mesmo...? Minha amiga me dá um leve empurrão na direção do indivíduo, mas não antes de dizer no meu ouvido.
"Não confie nas pessoas, use sempre camisinha." Agradeço a iluminação ali estar com luzes de várias cores exceto cores claras pois assim ninguém veria meu rosto corado pelas palavras dela, Hari não tem papas na língua mesmo. O homem no qual fui empurrada até que era bonito, já pude me imaginar nos braços dele. Ele foi hábil e um tanto ousado quando logo segurou minha cintura e me guiou numa dança um tanto desajeitada.
"Você é uma tremenda gata." Ele falou em inglês o que pude entender vagamente, mas eu pude perceber que talvez ele tenha me elogiado, pois da forma como ele está me olhando, então sorrio ingénua... Ele segura meu braço e guia o caminho pra fora da pista, olho pra trás com um fiapo de desespero tentando achar minha amiga, mas tem muita gente na pista de dança e ainda mais que Hari está vestida de preto, o que dificultava encontrar ela, estou com medo de que se eu sumir ela não conseguir me encontrar. O homem me leva até a parte traseira do clube, há um beco ali onde vejo alguns casais conversando intimamente e até trocando beijos, em poucos minutos eu provavelmente seria como um deles. Agora já dá pra ver um pouco melhor o rosto do homem, não achei ele atraente pra falar a verdade. Ele estava falando em inglês e eu conseguia entender muita pouca coisa, não o suficiente pra saber do que ele estava falando. Nego com a cabeça apontando pra minha orelha fazendo sinal para que ele percebesse que eu não entendia inglês. O cara me surpreende quando me agarra com força e me beija de uma vez, sinto a língua dele invadir minha boca sem pedir licença, franzi não gostando tanto daquilo. Me desvencilho dele começando a fazer sinal de que eu precisava ir. Meus instintos gritando para que eu me afastasse.
"Eu tenho que ir." Falo me afastando, mas ele me puxa mais pelo braço, agora a sua mão era como garra de ferro no meu braço. Ele começa a chupar meu pescoço e agarrar minha bunda com força como se me quisesse ter de qualquer modo. Não gosto daquilo, tento me desvencilhar, mas o homem é grande e forte demais pra mim, então começo a gritar pedindo para que ele me soltasse, mas as pessoas ali naquele beco mal estavam dando atenção e não faziam nada. Começo a entrar em desespero, o que seria de mim agora? Ele vai me estuprar? Eu sou tão idiota... Nem consigo ao menos me defender sozinha. De repente tenho uma visão do Shankar parado ali no beco rindo de mim com gosto, como se dissesse 'bem feito' mas talvez deve ter sido um jogo de luz, fora as pessoas inúteis, há alguém ali no beco, mas a pessoa não é Shankar. Agora que a pouca luz do lugar está me permitindo ver melhor, ele é bem diferente do Shankar, mais jovem e belo e está encarando com raiva para o estrangeiro ocidental que está me agarrando.
"Disse pra deixa-la ir, ela não está afim!" O cara que apareceu agora mandou com autoridade falando em inglês e empurrou o ogro que está se aproveitando de mim. Finalmente me vi livre das garras do homem, ainda atordoada começo a correr de lá fugindo enquanto os dois homens estão se atracando ali, ninguém vem pra ajudar... Não fico pra ver como terminou a briga dos dois homens lá atrás, só sei que queria estar mais longe possível daquele lugar e da vista do Firanghi (estrangeiro).
Estou andando sozinha na rua na calada da noite, planejava pegar um metrô e voltar pra casa da Hari, contaria tudo pra ela no dia seguinte. Não queria estragar a noite dela com minhas... Idiotices, limpo as lágrimas que insistem em cair, provavelmente o rímel borrado deixando dois trajetos escuros em minhas bochechas. Não me importo, não me importo mais com nada, eu quase fui estuprada nessa noite, tudo porque eu queria me sentir querida, desejada de uma forma que meu marido nunca foi capaz de proporcionar. Shankar tem razão, sou velha demais pra tudo isso, sou apenas uma mulher, meu lugar deveria ser em casa cuidando do marido, não estando a se aventurar no desconhecido... Aquilo era coisa pra homem ou até pra mulheres como Hari, não como uma ingénua como eu que não conseguia reconhecer o perigo mesmo ele estando bem na minha frente. Um carro bozina por trás de mim e fujo indo mais pra berma da estrada sem parar de andar, rio com escárnio de mim mesma, o que as pessoas que estão passando pela rua estão achando de mim assim? Uma mulher velha vestindo um justo e curto vestido vermelho, cabelo bagunçado, andar cambaleante e o rosto borrado de rímel... As pessoas devem achar que pareço uma pessoa que está no fundo do poço, e na realidade é lá mesmo onde eu estou. O carro atrás de mim bozina de novo e eu olho pra trás vendo que o interesse do carro não era de passar pela estrada, mas sim outro interesse. 'E o que mais agora? Vou ser assaltada também?' Penso começando a entrar em desespero de novo, não era possível que estou atraindo tanta negatividade numa só noite... Parece que Kali está me punindo, só pode... Porém, quando o carro estacionou e o dono desceu, pude reconhecer o homem como sendo aquele que me defendeu do estuprador no beco momentos atrás. Ele está vindo em minha direção. O que ele quer afinal? Que eu o pague por ter me ajudado? Talvez sim..."Você está bem, moça? É perigoso andar sozinha por essas ruas a noite." Ele fala em hindu ao se aproximar, pude perceber pelos traços que ele também é indiano, mas aquilo não quer dizer que eu confiaria nele só por ele ser do mesmo pais que o meu, o bom era que eu podia me comunicar facilmente com ele já que falamos o mesmo idioma. Fungo o nariz e respondo."Tá tudo bem, eu vou pegar um metrô e ir pra casa.""Eu estou de carro. Se você quiser te levo até sua casa, pra sua segurança." É cortez da parte dele, mas eu rio o ridicularizando."Eu não vou mostrar a um estranho onde moro, essa seria a coisa mais idiota a se fazer, Are baba!" Ele ri da minha expressão, mas concorda."Você tem razão, mas venha. Posso te levar até pelo menos no ponto do metrô, ainda fica há umas boas quadras daqui e seu sapato não está lá te ajudando." Olho pros meus saltos altos que Hari tinha insistido para que eu os usasse. "Você já tem estatura baixa, então tem que usar um salto mais alto pra dar uma equilib
Não tenho nenhum compromisso com esse homem, não o conheço e não tenho interesse em conhecê-lo. Dessa vez eu vou fazer tudo que Shankar nunca me permitiu fazer na cama, Shankar queria que eu fosse totalmente submissa, que ele estivesse encima de mim metendo enquanto eu apenas estou lá no silêncio esperando ele chegar no seu ápice. Era ele quem se satisfazia sempre, não eu. Mas dessa vez será diferente, a satisfação será minha, ainda mais com este homem que sabe me pegar bem. A forma como ele está me prendendo na parede do quarto do hotel enquanto me beija com vontade, me faz ficar toda molinha por ele, embora não me conhecendo, ele tem tempo pra me apreciar, apreciar meu corpo, apreciar meu rosto, ele tem tempo de dizer o quanto sou linda e atraente, o quanto está completamente rendido por mim. Gosto de quando ele dá atenção extra aos meus seios e admite que eu explore o corpo dele também, as nossas respirações são pesadas um respirando no outro, nossas roupas a muito jogadas em qualq
"Desculpe, não quis te assustar." Abano a cabeça num gesto que indicava que está tudo bem. Não acredito que ainda estou aqui parada arredando, era pra eu ter saído correndo desse maldito quarto, por Shiva! Mas ele tem uma expressão tão fofa quando acorda... Que saco... Ele se senta na cama e coça os olhos, o lençol caindo da sua barriga parando em seu baixo ventre, viro o rosto na hora me sentindo corada. Ele tinha um majestoso corpo, por Krishna..."Bom, eu realmente preciso ir... Já estava de saída!" Falo pegando minha bolsa tentando mascarar meu embaraço. Se não saio agora então nunca mais saio. Meu medo é eu ter um leve surto e ir sentar no colo dele bem manhosa pedindo por carinho e outras coisas... A culpa não é minha... Aquele corpinho dele e seu jeitinho me fazem acelerar de uma hora pra outra."Mas já? Você já vai? Sem tomar um café?" Ele questiona. Sério que ele está me oferecendo um café..? Oh, Deuses. Porquê esse sofrimento? Fecho os olhos por um momento tentando me recomp
NayanaMomentos depois, Radesh estaciona o carro dele por baixo do prédio onde fica o apartamento de Hari. Depois do café ele se ofereceu para me levar até minha casa, eu aceitei de bom grado, ele está sendo um completo cavalheiro comigo."É uma pena que já tenhamos chegado." Ele lamenta e eu dou risada daquilo, estranhamente também queria ficar mais tempo com ele."Eu preciso ir, minha amiga deve estar morrendo de preocução de mim porque eu praticamente sumi ontem de noite.""Entendo entendo. Mas você estava comigo, ela não devia se preocupar... Você vai contar sobre mim pra ela?""Provavelmente!" Outra risada, ele me acompanha e então depois se aproxima e me beija.Dessa vez não foi um selinho, foi um beijo gostoso e cheio de desejo que eu só podia retribuir, quase que fico sem ar, estou desestabilizada."Me diga que voltarei a ver você novamente, por favor..." Ele pede quase sussurrando, seu hálito fresco inundando o meu rosto. Quero tanto beija-lo..."Você vai sim me ver de novo..
Anushka Gosto de meditar nas primeiras horas da manhã assim que acordo, então hoje não está sendo diferente. Estou diante da escultura da Parvati, a deusa-mãe, a mãe de todos os deuses e estou recitando o mantra vezes sem conta, como sempre faço. Swayamvara Parvathi, Swayamvara Parvathi, Swayamvara Parvathi, Swayamvara Parvathi... Esse mantra é como o meu nome pra mim de tanto que o conheço e recito. E não é só hoje, já faz anos que adotei Parvati como minha deusa predileta e faço votos a ela desde então, porque ela representa todas as coisas boas que sempre almejei ter: paz, amar e ser amada, um bom casamento e filhos. A deusa tem me dado forças para eu aguentar as provações que tenho passado. Eu tenho me mantido firme apesar de tudo. Nascer e crescer na família Suryavant não é tão fácil, ainda mais quando você é apenas a filha dos criados e ouve sempre isso na medida que cresce e quando cresce, se torna um dos criados da casa, legado de família. As coisas que eu vi e ouvi de mim en
Mas então, quando tudo parecia estar resolvido, uma tia distante trouxe Deva e com um alto dote que a garota oferecia, o pai ganancioso do Kabir não pôde recusar aquela oferta e meu marido se viu obrigado a se casar com aquela garota. Óbvio que eu fiquei com raiva quando ele me contou. Tudo bem, eu entendia que ele não tinha escolha, afinal o pai havia lhe intimado a casar-se com Deva senão ele seria mandado embora de casa, mas mesmo assim nada me impedia de odiar tudo aquilo. Ainda mais quando Deva era tão petulante. Aquela garota era insuportável, sinceramente. Ela chegou já destilando seu veneno em todos, ela não queria ser contrariada, era exigente e gritava com os empregados. Quando Kabir veio me procurar depois de ter consumado o casamento com Deva, eu me virei de costas pra ele."O que veio fazer aqui? Já usufruiu bastante da sua nova mulherzinha?" Falei com grosseria, estava chateada. Tinha odiado, ninguém gostaria de estar no meu lugar, de ter o homem da gente tendo que assum
Três dias se passaram desde que Nayana tinha saído de casa e Kabir não voltou ainda para Surat, ele diz estar bastante ocupado com o carregamento de mercadorias para loja de especiarias da família e que só virá resolver essas contendas domésticas assim que puder, eu sei que na verdade ele está tentando evitar aquela situação desconfortável porque mesmo que isso irá ajudar o nosso romance a se concretizar, ainda é totalmente vergonhoso saber que o próprio irmão dele foi para cama com a mulher dele, eu entendia perfeitamente o Kabir. O resto da casa continua na mesmisse de sempre sem grandes contratempos: a vovó Mahara, a velha chata como Nayana gostava de lhe chamar, ainda continua sempre sentada em sua poltrona no canto da sala próxima a janela olhando o dia lá fora enquanto balança na cadeira fumando o seu tabaco tradicional, quando fui lavar os pés dela numa tarde em específica (porque esse trabalho era direcionado aos criados ou às noras), ela, pela primeira vez em mais anos que e
Kabir chegou de viagem naquela noite e a primeira coisa que ele fez foi ir ter comigo. Eu estava saindo do banho e botava roupas limpas quando percebi primeiro o cheiro dele e depois os seus braços cobrindo minha cintura em um abraço confortável por trás de mim. O olhei do espelho sorrindo completamente apaixonada e retribuo seu carinho."Você voltou, djan." Sussurro enquanto ele passa seu nariz por meu pescoço inalando meu aroma de banho recém tomado."Voltei sim." Suspira encostando seu queixo no meu ombro no gesto infantil com um biquinho nos lábios demonstrando tristeza e desamparo, nós os dois sabemos o que ele tem que fazer. "Estou bastante decepcionado com o bhaya... Até Deva ele não pôde ter deixado escapar." Posso sentir que ele está frustrado pelo irmão mais velho dele ter feito o que fez, e não é pra tanto.Não foi surpresa pra mim quando ficamos sabendo do caso do Shankar com Deva, foram várias vezes que Shankar já me aliciou embora estando casado com Nayana e a mulher me