"Você está bem, moça? É perigoso andar sozinha por essas ruas a noite." Ele fala em hindu ao se aproximar, pude perceber pelos traços que ele também é indiano, mas aquilo não quer dizer que eu confiaria nele só por ele ser do mesmo pais que o meu, o bom era que eu podia me comunicar facilmente com ele já que falamos o mesmo idioma. Fungo o nariz e respondo.
"Tá tudo bem, eu vou pegar um metrô e ir pra casa."
"Eu estou de carro. Se você quiser te levo até sua casa, pra sua segurança." É cortez da parte dele, mas eu rio o ridicularizando.
"Eu não vou mostrar a um estranho onde moro, essa seria a coisa mais idiota a se fazer, Are baba!" Ele ri da minha expressão, mas concorda.
"Você tem razão, mas venha. Posso te levar até pelo menos no ponto do metrô, ainda fica há umas boas quadras daqui e seu sapato não está lá te ajudando." Olho pros meus saltos altos que Hari tinha insistido para que eu os usasse. "Você já tem estatura baixa, então tem que usar um salto mais alto pra dar uma equilibrada." Ela tinha dito me convencendo a usar os saltos, só que agora olhando pra eles eu sei que meus pés iam doer por andar uma grande distância... Pondero o convite do rapaz por um momento, bom ele tinha me ajudado com o estuprador no beco, mas será que eu devo confiar nele..? Suspiro, o que mais de errado pode acontecer comigo? Então aceito e vou com ele até o carro dele, ele é gentil quando abre a porta do carro dele pra mim e acabo notando que em seu rosto havia um machucado, provavelmente por causa da briga com o cara no beco do clube. Então me lembro que não tinha o agradecido. Ele deve estar achando que sou uma louca, toda vestida de vermelho estando quase pra ser estuprada num beco escuro e duvidoso. 'O que deu errado na vida dela afinal?' ele deve estar a pensar 'pra ter que estar nessas condições em que está hoje..'. Estou morrendo de vergonha de mim mesma, meu rosto deve estar sujo com o rímel. Será que ele acha que eu não tenho pra onde ir e que sou moradora de rua? Mordisquei os meus lábios de leve e me resignei, preciso agradecer a este homem por ter me salvo do perigo agora a pouco lá no beco.
"Obrigada por me ter ajudado..." Falo baixinho enquanto ele já guiava calmamente o carro dele, ele sorri.
"Não se preocupa, não foi nada."
"Mas você se machucou pra me defender..."
"Fiz o que precisava ser feito." Acinto quietinha, não sei como lidar com esse tipo de pessoas. Único homem que eu conheci em toda minha vida foi Shankar e ele não é lá um exemplo de cavalheirismo e proteção...
"Mas eu preciso retribui-lo de algum modo, senhor..." Chamá-lo de senhor foi arriscado porque ele aparenta ser bem jovem, na casa dos 20 talvez, mas eu não o conhecia e ele tinha sido tão cavalheiro comigo que está merecendo o meu respeito, ele deu uma risada.
"É Radesh, pode me chamar assim." Apresenta-se 'Totalmente indiano...' Penso comigo mesma. "Você pode me retribuir dizendo como se chama." Está sorrindo pra mim, por acaso ele tem um belo sorriso, devo reconhecer...
"Nayana, meu nome é Nayana." Falo embora minha voz ter saído entrecortada por minha respiração, não paro de olhar para as mãos dele que estão sob o volante.
"Nayana é um lindo nome." Ele elogia. "Que pertence a uma linda mulher também, por acaso." Nessa última ele estava olhando pra mim quando falou, sorrio um tanto constrangida. Não recebia muitos elogios e quando recebia os poucos ficava toda felizinha.
"Obrigada." Agradeço ao elogio.
"Você não está acostumada com Singapura, não é mesmo!?" Fala olhando a estrada, ele está tentando me fazer descontrair. "Nem eu, na verdade. Embora eu já tenha vindo mais vezes pra cá. Este lugar é como se fosse um segundo lar pra mim, mas não consigo me acostumar realmente"
"A cidade é vasta demais, leva um tempo pra conhecer toda ela."
"Verdade." Fico olhando pra estrada enquanto ele dirige, consigo perceber que pelo jeito como ele segura o volante do carro as mãos dele são fortes, por um segundo minha mente escorrega para o inevitável, imagino aquelas mãos segurando em minha cintura... Agradeço que é de noite assim o meu ajudador não pode ver o meu constrangimento.
"Bom, chegamos." Ele fala estacionando o carro no canto da estrada. "Lá mais pra frente fica a estação de metrô" Ele aponta pra uma fila de táxis que se estende pela berma da estrada próximo ao lugar onde ele estacionou a viatura dele. "É só chegar e pegar um." Ele ainda está sorrindo gentilmente pra mim, aquilo está sinalizado o fim da minha noite. Quer dizer, vou pegar o metrô e ir pra casa dormir. Nada na minha vida teria mudado, só teria mais frustração, seria uma covarde... Fico um tanto desapontada comigo mesma, então a minha noite iria terminar assim? Um fracasso? E se eu tentar mais uma vez? Só que dessa vez com esse cavalheiro que está bem aqui do meu lado? Ele e bonito, atraente, um cavalheiro e não tem nem um anel de compromisso no dedo anelar ou um bindi no meio da testa para sinalizar que é comprometido, além do mais eu não tinha certeza se voltaria a ter coragem de ir pra cama com outro homem na minha vida e eu tinha ficado interessada nesse meu ajudador... Que mal poderia acontecer? Provavelmente eu nunca mais o veria na minha vida depois daquela noite, decidida e coberta de uma coragem que surgiu de dentro de mim inesperadamente, desprendo o cinto de segurança do carro que estava preso no meu corpo e impulsiono meu corpo até o dele e junto os meus lábios nos dele em um beijo. Não me permito pensar que nunca tinha sido tão ousada até aquele ponto, nunca tinha sido eu a começar o beijo, mas dessa vez está sendo diferente.O meu ajudador está surpreso pelo meu ato repentino, mas eu não dou espaço pra dúvidas e passo os braços pelos seus ombros me aproximando mais no intuito de aprofundar o beijo, ele abre a boca para me retribuir e cobre suas mãos em minha cintura e sim, mãos fortes, posso sentir. O beijo foi um tanto desajeitado por causa da posição no carro, mas foi suficientemente profundo pra eu ter uma ideia de que ele beija bem, quando me afastei voltando a me sentar corretamente, eu disse.
"Quero que minha noite termine de uma forma especial..." Tem muita sugestão em minhas palavras para que ele pudesse perceber da maneira como eu quero que ele perceba, e ele entende do que eu estou falando, óbvio que entende. Está acentindo com um sorriso.
"Conheço um lugar." Então volta a ligar o carro dando partida, dou um meio sorriso pra mim mesma. Pelo menos aquilo valeria pra alguma coisa. Ele me leva pra um hotel chamado Marina Sands Bay Hotel que era de longe o melhor hotel de Singapura, dá pra perceber que além de cortez, o meu ajudador também é rico. Mas se torna difícil achar alguém pobre morando ali em Singapura, o país está muito a frente do seu tempo.
"Você mora aqui?" Pergunto depois dele estacionar o carro e me levar pro elevador. Ele tem um braço em volta da minha cintura apertando de leve, parece ansioso também assim como estou. Será que ele também não está acostumado com essa ousadia? Quer dizer, a gente nem se conhece e já está indo pra um quarto de hotel juntos e olha que eu nem estou bêbada para amanhã poder culpar a bebida. Ele dá um sorriso fraquinho e responde a minha questão, só que com outra questão por cima.
"Gostaria de morar num lugar como esse?" Não sei como, mas ele está conseguindo me seduzir apenas com a sua voz, seu rosto está perto do meu, seus lábios carnudos e rosados estão tentadoramente há poucos centímetros do meu. Seu hálito fresco e quente está soprando na pele do meu rosto. Quase beijo ele ele ali mesmo, mas me controlo. Afinal o país tem regras rígidas do que se deve ou não fazer em lugares públicos. Inclusive em elevadores. Então decidi me ater pois não quero ir presa e ainda por cima sair nos noticiários como a mulher infiel que foi presa por fazer sexo com homem no elevador de hotel.
"Todo dia seria uma aventura diferente..." Respondo misteriosamente também, decido aguardar a gente chegar no quarto para eu poder fazer tudo o que tenho vontade de fazer com ele.
Não tenho nenhum compromisso com esse homem, não o conheço e não tenho interesse em conhecê-lo. Dessa vez eu vou fazer tudo que Shankar nunca me permitiu fazer na cama, Shankar queria que eu fosse totalmente submissa, que ele estivesse encima de mim metendo enquanto eu apenas estou lá no silêncio esperando ele chegar no seu ápice. Era ele quem se satisfazia sempre, não eu. Mas dessa vez será diferente, a satisfação será minha, ainda mais com este homem que sabe me pegar bem. A forma como ele está me prendendo na parede do quarto do hotel enquanto me beija com vontade, me faz ficar toda molinha por ele, embora não me conhecendo, ele tem tempo pra me apreciar, apreciar meu corpo, apreciar meu rosto, ele tem tempo de dizer o quanto sou linda e atraente, o quanto está completamente rendido por mim. Gosto de quando ele dá atenção extra aos meus seios e admite que eu explore o corpo dele também, as nossas respirações são pesadas um respirando no outro, nossas roupas a muito jogadas em qualq
"Desculpe, não quis te assustar." Abano a cabeça num gesto que indicava que está tudo bem. Não acredito que ainda estou aqui parada arredando, era pra eu ter saído correndo desse maldito quarto, por Shiva! Mas ele tem uma expressão tão fofa quando acorda... Que saco... Ele se senta na cama e coça os olhos, o lençol caindo da sua barriga parando em seu baixo ventre, viro o rosto na hora me sentindo corada. Ele tinha um majestoso corpo, por Krishna..."Bom, eu realmente preciso ir... Já estava de saída!" Falo pegando minha bolsa tentando mascarar meu embaraço. Se não saio agora então nunca mais saio. Meu medo é eu ter um leve surto e ir sentar no colo dele bem manhosa pedindo por carinho e outras coisas... A culpa não é minha... Aquele corpinho dele e seu jeitinho me fazem acelerar de uma hora pra outra."Mas já? Você já vai? Sem tomar um café?" Ele questiona. Sério que ele está me oferecendo um café..? Oh, Deuses. Porquê esse sofrimento? Fecho os olhos por um momento tentando me recomp
NayanaMomentos depois, Radesh estaciona o carro dele por baixo do prédio onde fica o apartamento de Hari. Depois do café ele se ofereceu para me levar até minha casa, eu aceitei de bom grado, ele está sendo um completo cavalheiro comigo."É uma pena que já tenhamos chegado." Ele lamenta e eu dou risada daquilo, estranhamente também queria ficar mais tempo com ele."Eu preciso ir, minha amiga deve estar morrendo de preocução de mim porque eu praticamente sumi ontem de noite.""Entendo entendo. Mas você estava comigo, ela não devia se preocupar... Você vai contar sobre mim pra ela?""Provavelmente!" Outra risada, ele me acompanha e então depois se aproxima e me beija.Dessa vez não foi um selinho, foi um beijo gostoso e cheio de desejo que eu só podia retribuir, quase que fico sem ar, estou desestabilizada."Me diga que voltarei a ver você novamente, por favor..." Ele pede quase sussurrando, seu hálito fresco inundando o meu rosto. Quero tanto beija-lo..."Você vai sim me ver de novo..
Anushka Gosto de meditar nas primeiras horas da manhã assim que acordo, então hoje não está sendo diferente. Estou diante da escultura da Parvati, a deusa-mãe, a mãe de todos os deuses e estou recitando o mantra vezes sem conta, como sempre faço. Swayamvara Parvathi, Swayamvara Parvathi, Swayamvara Parvathi, Swayamvara Parvathi... Esse mantra é como o meu nome pra mim de tanto que o conheço e recito. E não é só hoje, já faz anos que adotei Parvati como minha deusa predileta e faço votos a ela desde então, porque ela representa todas as coisas boas que sempre almejei ter: paz, amar e ser amada, um bom casamento e filhos. A deusa tem me dado forças para eu aguentar as provações que tenho passado. Eu tenho me mantido firme apesar de tudo. Nascer e crescer na família Suryavant não é tão fácil, ainda mais quando você é apenas a filha dos criados e ouve sempre isso na medida que cresce e quando cresce, se torna um dos criados da casa, legado de família. As coisas que eu vi e ouvi de mim en
Mas então, quando tudo parecia estar resolvido, uma tia distante trouxe Deva e com um alto dote que a garota oferecia, o pai ganancioso do Kabir não pôde recusar aquela oferta e meu marido se viu obrigado a se casar com aquela garota. Óbvio que eu fiquei com raiva quando ele me contou. Tudo bem, eu entendia que ele não tinha escolha, afinal o pai havia lhe intimado a casar-se com Deva senão ele seria mandado embora de casa, mas mesmo assim nada me impedia de odiar tudo aquilo. Ainda mais quando Deva era tão petulante. Aquela garota era insuportável, sinceramente. Ela chegou já destilando seu veneno em todos, ela não queria ser contrariada, era exigente e gritava com os empregados. Quando Kabir veio me procurar depois de ter consumado o casamento com Deva, eu me virei de costas pra ele."O que veio fazer aqui? Já usufruiu bastante da sua nova mulherzinha?" Falei com grosseria, estava chateada. Tinha odiado, ninguém gostaria de estar no meu lugar, de ter o homem da gente tendo que assum
Três dias se passaram desde que Nayana tinha saído de casa e Kabir não voltou ainda para Surat, ele diz estar bastante ocupado com o carregamento de mercadorias para loja de especiarias da família e que só virá resolver essas contendas domésticas assim que puder, eu sei que na verdade ele está tentando evitar aquela situação desconfortável porque mesmo que isso irá ajudar o nosso romance a se concretizar, ainda é totalmente vergonhoso saber que o próprio irmão dele foi para cama com a mulher dele, eu entendia perfeitamente o Kabir. O resto da casa continua na mesmisse de sempre sem grandes contratempos: a vovó Mahara, a velha chata como Nayana gostava de lhe chamar, ainda continua sempre sentada em sua poltrona no canto da sala próxima a janela olhando o dia lá fora enquanto balança na cadeira fumando o seu tabaco tradicional, quando fui lavar os pés dela numa tarde em específica (porque esse trabalho era direcionado aos criados ou às noras), ela, pela primeira vez em mais anos que e
Kabir chegou de viagem naquela noite e a primeira coisa que ele fez foi ir ter comigo. Eu estava saindo do banho e botava roupas limpas quando percebi primeiro o cheiro dele e depois os seus braços cobrindo minha cintura em um abraço confortável por trás de mim. O olhei do espelho sorrindo completamente apaixonada e retribuo seu carinho."Você voltou, djan." Sussurro enquanto ele passa seu nariz por meu pescoço inalando meu aroma de banho recém tomado."Voltei sim." Suspira encostando seu queixo no meu ombro no gesto infantil com um biquinho nos lábios demonstrando tristeza e desamparo, nós os dois sabemos o que ele tem que fazer. "Estou bastante decepcionado com o bhaya... Até Deva ele não pôde ter deixado escapar." Posso sentir que ele está frustrado pelo irmão mais velho dele ter feito o que fez, e não é pra tanto.Não foi surpresa pra mim quando ficamos sabendo do caso do Shankar com Deva, foram várias vezes que Shankar já me aliciou embora estando casado com Nayana e a mulher me
"Calem a boca vocês duas. Bus!" A mãe do Kabir gritou com autoridade para mim e para Deva nos mandando calar. "Pelo menos se comportem como moças decentes na frente do Pundit ou então vocês querem ser expulsas dessa sala como duas malcriadas que são?" Ameaçou com o olhar afiado nos controlando, Kabir inclinou o rosto na direção do meu ouvido pedindo carinhosamente para que eu me mantivesse quieta para que não sobrasse para mim, assenti me desculpando e não volto mais a me chocar com Deva embora tendo uma vontade enorme de o fazer, aquela garota já está no fundo do poço. Por que ela não reconhece de uma vez que Kabir é meu e nos deixa em paz logo? Kabir limpa a garganta e volta a falar."Como estava dizendo, eu realmente estou muito sentido com tudo isso que aconteceu, com o desrespeito pela minha pessoa e pela minha família, Deva não atentou e nem pensou no quanto que ia prejudicar ao se envolver com meu Bahya, ou seja, ela não só destruiu o nosso matrimónio assim como o da Nayana que