DevaNo dia seguinte, Dinesh foi de novo com o tio dele pra pesca. Naquela manhã eu fui tomar o café da manhã com a família toda que era composta pelo tio do Dinesh, um homem baixo e ataracado que tinha a pele castigada pelo trabalho braçal no mar, era um homem na casa dos sessenta que tinha um grande sorriso gengival no rosto ameno e uma tatuagem permanente de bindi no meio da testa representante a sua devoção a religião hindu, a mulher dele, a tia do Dinesh, era uma mulher que tinha uma longa trança no cabelo que estava esbranquiçado por causa da idade avançada, ela se vestia simples com o seu sari cobrindo quase seu corpo rechonchudo inteiro, ela também tinha um ar simpático igual o marido e sua voz era bastante aguda, ela conta que quando era jovem era uma ótima cantora, hoje em dia ela até costuma soltar sua voz, mas apenas em celebrações ou quando está em cerimónias fúnebres.A Madusha, a garota que tinha me enfrentado no dia anterior e que dizia ser noiva do Dinesh, era uma fi
Deva"Por quê está fazendo isso, Deva? Dinesh está me perguntando, ele vem atrás de mim e fecha a porta do quarto assim que entra logo após eu ter entrado primeiro, Mohini está dormindo tranquila num canto seguro da cama, um canto próximo a parede já que a pequena cama estava encostado na parede do quarto."Isso o quê? O que você acha que eu estou fazendo, Dinesh?" Pergunto sendo sarcástica, estou brava com ele ainda."Por que falou assim com eles? Eles estão te tratando do tão bem, poxa...""Tirando a sua ex noiva, né?!""Não conte com ela, esqueça ela. Você tem que começar a tratar bem as pessoas dessa casa se queremos continuar nas graças deles, não preciso lembrar a você que esta casa não é nossa, mas sim deles. Eles quem são os anfitriões aqui e não nós, se eles quiserem podem nos expulsar dessa casa, e nós não queremos isso logo agora que Mohini está precisando se recuperar.""Mas eu não quero morar nessa casa. Eu não fui com a cara deles, vê se me entende de uma vez!" Disse exa
Deva"Tá tudo bem, senhora. Só diga a ela pra ficar longe de mim," respondo a tia do Dinesh."Pode deixar que eu digo..." Ela responde com sua voz aguda. "A sua bebé não parece estar bem." Ela se aproxima de mim pra dar uma olhada na Mohini, me retraio com minha filha em mãos um pouco desconfiada da mulher."Nada disso, ela está bem. Só não está com muito apetite," tento amenizar pra ver se a velha me deixava em paz."Desde quando que ela não mama direito?" Ela leva a mão até a testa da Mohini, mas bato na mão dela para afastar o toque imundo dela na minha preciosa."Não a toque!" Chio já ficando brava. Esses selvagens não tem o mínimo entendimento do que espaço pessoal significa. Ficam por aí tocando as coisas dos outros sem permissão. A mulher está acariciando o dorso da mão onde bati há poucos segundos atrás."Só estou preocupada...""Já disse que não precisa. Por favor vai embora!" Aponto a porta, e como resposta tive meu bebê tremendo grotescamente em meus braços, ela tinha os ol
Quando você deixa a vida viver você, você se torna apenas um receptáculo sem vida interior, sem chama, sem essência. Apenas vive a sua rotina massante todos os dias sem um futuro claro na sua frente, mas este não é meu caso, pelo menos não de todo. Ainda tem coisas que me fazem levantar da cama com um sorriso no rosto e viver cada hora do dia na espectativa de que estou fazendo um bom trabalho, embora que esse trabalho não me dê mérito algum. Ser uma boa mãe e ótima esposa não nos dá mérito algum, somos sempre largadas no canto e o foco é sempre a criança ou o homem, só se lembram de nós quando for pra julgar alguma imperfeição no que toca a família... Sim, esta é a minha vida.Antigamente eu era uma garota com sonhos, não quer dizer que sempre fui vazia por dentro, quando eu tinha 10 anos, sonhava em abrir minha própria loja de bijuterias, sempre fui fascinada pelos metais brilhantes e pedras preciosas que as mulheres da minha região usavam em seus pescoços, braços, dedos, panturrilh
A casa Suryavant até ficou vazia e estranha sem a presença da minha filha ali, e pra piorar, Shankar era como um estranho pra mim de tão distante que nós éramos embora estando a morar na mesma casa por mais de duas décadas. Mas a vida tinha que voltar ao seu percurso e eu agora com quase 40 anos (faltando dois anos para os 40), sou uma mulher caseira e conformada na monotonia da vida. Estou escutando Hari, que era minha amiga desde a infância, falar no meu ouvido através do Smartphone. Estou fazendo as rotineiras compras diárias.Acordei aquela manhã e já que era um dia de descanso, Shankar não tinha saído pra trabalhar. Naquele dia em especial a gente estava comemorando vinte e três anos de casados, a gente raramente comemorava o aniversário de casados, mas Hari está falando para eu fazer diferente esse ano."É só um aniversário, amiga. Não tem nada de especial" Retruco enquanto escolhia alguns tomates que vou levar da loja."Bah! Claro que é especial, Are! O que há com você?" Suspir
Apenas fico ali sem acreditar naquilo. Ele não gostou, achou que estou me expondo ao ridículo? Sério aquilo..?Corro pro banheiro olhando a minha imagem desprezível no rosto, o meu marido estava certo, já sou velha demais pra essas coisas, é simplesmente ridículo eu querer fazer aquilo. Começo a me livrar das pulseiras e dos adornos bastante brava comigo mesma, só sirvo pra passar vergonha. Removo a maquiagem do meu rosto e tiro aquele vestido ousado, por que diabos eu fui inventar de fazer aquela porcaria? O que há de errado comigo? Quantos anos eu penso que tenho? O que minha filha pensaria de mim se ficar sabendo disso..? Desabo ali mesmo no chão do banheiro em um choro silencioso, o que mais eu faço? A minha vida acabou, eu sou tão ridícula...Momentos depois vestindo um pijama de sempre, volto pro quarto e começo a limpar as coisas, tinha voltado a minha forma sem vida de sempre. Eu sou apenas mais uma mulher no mundo casada com um homem respeitado, não há nada de especial em mim
Horas depois estou fora de casa dos Suryavant apenas com uma pequena mala e uma bolsa de mão. Caminho com o meu coração batendo forte na caixa torácica á passos apressados, é como se eu estivesse finalmente saindo em liberdade de uma prisão que me prendeu por anos, até dou um pequeno sorriso vitorioso embora ainda nervosa. Pretendo nunca mais olhar na cara do Shankar, tudo que eu tinha feito por ele, eu tinha realmente vivido a minha vida toda pra ele, tinha me doado tanto pra agora descubrir que tudo foi em vão. O homem esteve me traindo esse tempo todo, era bem provável que ele ficava com outras bem antes da gente ter se casado, fazendo assim que eu não fosse a sua primeira mulher e também nada provava que ele não tenha continuado a estar com outras mulheres mesmo depois da gente ter se casado. Eu não estava toda hora do dia de olho nele, ele podia ter me traído vezes sem conta bem de baixo do meu nariz. Pelo menos agora eu entendo o porquê dele não sentir mais excitação quando me v
O apartamento da Hari fica num dos prédios sofisticados da cidade, só pela visão do prédio já dá pra ver que minha amiga está se dando muito bem em Singapura. Subimos até o andar onde o apartamento dela ficava, nunca estive num lugar tão moderno e sofisticado como aquele, a decoração era toda arrojada, tinha um sofá preto longo no meio da sala, uma TV gigantesca na parede da sala, a cozinha inglesa dava para sala. O lugar não era tão grande como a casa dos Suryavant, mas com certeza era tão cara quanto, até mais cara do que a casa deles, me atrevo a pensar."Wau! Sua casa é linda." Exclamo olhando surpresa para o lugar, então é desse jeito que Hari vive. Ela é uma mulher bem resolvida por completo, tenho orgulho da minha melhor amiga. Ela tinha passado por tanta coisa nessa vida que tudo isso ela está conseguindo alcançar é muito mais do que merecido para ela, queria eu ver a cara da família dela que um dia a desprezou por ela simplesmente ser mulher, queria ver como seria a cara dele