Baby Ortiz
Eu prendi a minha respiração, estalei os dedos e me preparei para o pior. Olhando aqueles homens sedentos, sentados em suas cadeiras, e os valores que as mulheres receberam, eu me sentia enjoada. Eu não queria estar nesse lugar, mas não era como se tivesse alguma escolha. Fechei os olhos e me preparei para entrar no palco. ‘Confiança. Você consegue! Você consegue!’, repeti isso na minha cabeça umas mil vezes, coloquei um sorriso qualquer, e andei até o palco.
Uma falha, e eu sabia das consequências severas que me esperavam. A celebrada da noite. A minha virgindade estava prestes a ser vendida. Que ótimo... Como se eu precisasse de mais esse problema.
– Direto do país com a maior quantidade de vencedoras do miss universo, Venezuela! – Talvez não seja possível notar, mas o desgraçado me empurrou. Eu voltaria e daria um chute nele, se eu pudesse. – Vinte e um anos, dança balé. E a surpresa da noite, senhores. Ela é virgem.
Nossa, uma grande merda!
Andei como se aquela passarela fosse a minha rota de fuga para essa vida desgraçada. E então, um homem estava desatento a mim. Somente ele, de uma multidão que desejava me devorar viva. E por isso, eu o encarei. Não que eu o quisesse, mas ele também era o homem mais lindo daquele lugar. Ah, a quem eu estou tentando enganar? Ele era o mais lindo que eu já conheci na vida! Os olhos claros e obscuros, e aquele cabelo castanho perfeitamente alinhado para trás. Ele era lindo como um mafioso e quando me encarou, seu olhar me atingiu em cheio.
Voltei para o lado do leiloeiro, e enquanto os lances eram ofertados, eu mantive a minha mão na cintura. Tive que pisar no pé dele uma ou duas vezes, enquanto trocava de posição, e ele já estava começando a me fuzilar com os olhares. Meu rosto estava começando a doer com aquele sorriso falso, e eu, vez ou outra, encarava aquele Deus grego. Jesus. Ele devia ser um monstro por dentro!
Eu estava começando a ficar assustada. Quando os lances chegaram ao patamar dos quinhentos mil dólares, eu me perguntei se receberia algo desse valor. Era uma loucura, mas eu precisava. Foi exatamente assim que acabei dentro de uma cilada, e talvez ser comprada fosse a única solução para salvar minha vida. Uma dádiva. Nem todas foram tão sortudas quanto eu. Mas era melhor aguentar um velho bilionário, que quarenta pobres por dia. É isso, eu tinha uma escolha de Sofia.
Talvez houvesse algo de errado comigo, por que, aquele homem maravilhoso não me escolheu. Estava parado em exatos seiscentos mil dólares, e apenas uma placa levantada. Eu arregalei os olhos. Disse que preferia um velho rico? Bom, não esse! Com certeza eu não o quero!
– Seiscentos mil dólares, dou-lhe uma... – Esse suspense estava começando a acabar comigo. – Dou-lhe duas...
Meu coração parou de b**er. Ele estava prestes a dizer a última palavra, e tudo estaria selado. Aquele homem seria obrigado a pagar por mim, e eu... Bom, eu seria obrigada a aguentá-lo por um ano inteiro! Um ano da minha vida ao lado de um ser asqueroso. E, além disso, ele tinha uma cara que não engana ninguém. Ele b**e! Sei disso...
Eu foquei os meus olhos nos pés, e esperei que a minha situação fosse aquela, mas, uma comemoração se iniciou do nada. Eu podia ouvir as vozes das mulheres atrás do palco. Elas observavam escondido, e, ao mesmo tempo, pareciam reclamar sobre algo. Então, eu tomei coragem e encarei. Eu olhei para aquele rosto lindo. Aquele homem levantou a última placa. Um alívio me tomou, mas, ele me olhou de um jeito que eu quase desfaleci. Não posso mentir, estava começando a temê-lo
– Setecentos mil dólares, dou-lhe uma... – Dou-lhe duas... Dou-lhe três. – E então ele bateu o martelo. De alguma maneira, não parecia tão demorado quanto antes. – Vendida para o cavalheiro, por setecentos mil dólares. Meus parabéns. E com isso, encerramos o leilão com chave de ouro, senhores. Por favor, me acompanhem para acertar os pagamentos, e aproveitem a recepção!
Ele recolheu as anotações e se esquivou do palco, direcionando os lábios aos meus ouvidos. – Eu sei bem como você é! Comporte-se ou sabe o seu destino...
Eu ainda mantive o meu sorriso, mas queria chorar. Chorar deitada em uma cama bem quente, e bem sozinha. Mas eu não estaria mais sozinha, e isso era uma droga. Meus olhos cheios de lágrimas impediam que elas descessem. Eu andei para trás do palco, e as mulheres, que antes estavam me tratando como amigas, agora comentavam sobre mim.
– Ficou com o mais lindo... O que será que ela fez para conseguir?
– Você viu que ele demorou mais com ela? Deve ter combinado tudo antes. – Me olhavam por cima do ombro, como se, de alguma forma, fossem superiores. Surpresa! Estávamos na mesma merda, e caímos nessa do mesmo jeito! – Se bobear, ela pode ter chupado o idiota do leiloeiro no banheiro.
– Ela é manipuladora. Aposto que já devia ter se encontrado com ele. Essa vadia não me engana.
Eu abracei o meu corpo. Não por que eu estava com vergonha, ou por que eu queria chorar, mas, merda... Elas eram terríveis, e eu estava com tanta raiva agora. Eu podia facilmente socá-la, mas não seria bom. Me sentei em um banco de madeira e esperei que fosse chamada.
Demorou mais de uma hora, e eu já estava começando a enlouquecer, sentada aqui sozinha. Talvez ele tenha me comprado por pena. Os homens desta noite mal puderam esperar para colocar as mãos nas suas mercadorias. No entanto, eu continuo aqui, esperando e esperando mais um pouco... E sabe o pior? Eu amarguei por um bom tempo nesse lugar, até que ele ficou vazio.
Meus olhos se levantaram em algum momento. Eu não sabia exatamente que horas era naquele momento. Havia um relógio de parede badalando em algum lugar, e eu tinha certeza de que estava ali, apenas exibindo seu som para me enlouquecer. Surpresa! Eu já sou louca!
O segurança havia se distraído. Me levantei e o procurei, mas não conseguia achá-lo. Eu respirei fundo. Se ao menos eu tivesse coragem... ‘Vamos lá, Baby. Não seja medrosa’. Meus pés começaram a se mover bem rápido. Eu acelerei os passos quando estava passando pela porta, e então, senti o meu corpo parando abruptamente. Um calafrio percorreu dos pés a cabeça, e eu senti que meu coração iria saltar do peito. Uma mão forte pressionava os dedos contra a minha pele bronzeada.
A respiração próxima ao meu ouvido, deixava-me em estado de alerta. – Indo a algum lugar?
Dominic Lexington Os olhos dela estavam mais que saltados. Eu podia sentir o corpo dela se tremendo, quando me posicionei atrás e colei minha boca naquela orelha linda. – Indo a algum lugar?– E... Eu. Eu estava tentando ir ao banheiro.Apertei com um pouco mais de força. – Nunca minta para mim, amor. Não vai gostar de me deixar com raiva! Segurei na mão daquela mulher, e merda... Ela era mais linda pessoalmente. Eu estava louco para levá-la para casa. Eu a queria na minha cama com urgência. Caminhei pelo salão, enquanto sentia como os passos dela eram vacilantes.– Tem certeza que vai fazer isso? – Meu caminho foi interrompido. Eu estava irritado. – Ela vai descobrir!– Porra! Sai da minha frente. – Eu sentia os olhos dela em mim. Eu sabia que a mente estava cheia de perguntas, mas apreciei que ela as deixou dentro de sua cabeça. Todas as mulheres com quem costumava sair falavam demais.– Sua noiva não vai gostar. Pelo amor de Deus, Dom! – O irmão dela tentou argumentar.Que se foda
Eu não parava de arfar. Meu peito subia e descia. Estar ajoelhada no chão duro fazia com que meus joelhos se ferissem. O vestido não estava me ajudando em nada, e os homens ao redor me olhavam com curiosidade. Se soubesse que havia homens do lado de fora, jamais teria tentado fugir. Eu conhecia as regras. Eu fui burra. Havia um preço para cada erro que eu cometia, e eu pagaria bem caro por eles agora.Meus olhos se fecharam, esperando pelo pior. Eu, no fundo, rezava para que aquilo fosse muito breve. Já vi coisas na minha vida sofrida, e definitivamente, esperava que pudesse passar ilesa por esses homens. Uma morte rápida e limpa, sem que me usassem. Mas então, aquele barulho imenso. Eu não esperava que alguém me ouvisse. Depois de um soco no estômago, não havia motivos para pedir socorro. De toda forma, quem o faria? A quem eu queria enganar? Homens que compravam mulheres eram verdadeiros cretinos, e nunca se importariam comigo.Mas, como se por um milagre, aquele homem entrou. Ele p
Baby Ortiz.Eu fui praticamente jogada para dentro de uma Mercedes preta. Meu comprador me enfiou ali sem qualquer cuidado, e isso fez a droga da fenda do meu vestido se rasgar ainda mais. Eu podia tê-la decido, se as minhas mãos não estivessem presas para trás das minhas costas. E aliás, estava doendo. Até demais.Ele se sentou ao meu lado, e aquela figura masculina preencheu o ambiente. Ele era enorme, e eu já estava começando a imaginar como seria dormir com ele. Se deitasse sobre mim, bom, eu acho que me esmagaria. Se eu ficasse em outra posição... Eu não sei, eu estava com tanto medo.O carro começou a se mover, e eu não contive a vontade de olhar para trás. Os homens armados ainda encaravam o carro, e eu exibi a língua. Infantil, eu sei. Mas era satisfatório irritá-los. Até que ele deu a volta e saiu daquele estacionamento. Foi sinistro para mais alguém ou só para mim?O silêncio ensurdecedor deixava-me ainda mais tensa. Eu parecia ter me esquecido de como se respirava, por que,
Dominic LexingtonCom uma ereção sincera e dolorosa, e um autocontrole que me deixou orgulhoso, me virei, sentando na posição de um rei em seu trono, e encarei a estrada. A respiração ofegante tão perto não me ajudava em nada. Eu sentia que ela estava tremendo ao meu lado. Ainda envergonhada. Sabia de todos os efeitos que eu causei nela, e sabia que seria fácil tirar aquele vestido e fazer o que eu quisesse por uma noite inteira. Eu ainda achava que deveria tê-la beijado, mas, meu controle teria ido para os infernos, e eu sabia que transaria com ela dentro desse carro mesmo. Não me importava que outras pessoas estivessem nos ouvindo. E sinceramente, não seria a primeira vez que faria esse tipo de exibição. Mas então, por alguma razão, eu me contive.Esperei pacientemente até que chegamos a minha mansão, e gentilmente desci do carro, mas, ela ainda continuou ali, tão estática e trêmula que não parecia a mesma do palco.— Desça! – Estendi a mão para ela, assim que abri a porta do carro.
Baby Ortiz Eu nem tirei a roupa, embora estivesse louca para me livrar desse vestido. As minhas vestimentas tradicionais não passavam de um punhado de trapos escuros e comportados. Chamar a atenção de homens era a última das minhas intenções.Meu estado de alerta aflorou quando ouvi passos na direção do banheiro. Tranquei a porta. Nem pensar que eu vou fazer algo com ele aqui! Ele não vai me ver nua! Não pode! Meu coração estava acelerado, e eu mesma podia ouvi-lo vividamente.Olhei para o chuveiro, ainda sem tirar as roupas, e o liguei. A água quente estava caindo aos montes, e por mais que aquilo fosse sedutor, estava mais preocupada em subir no vaso sanitário e alcançar a janela. Era alto, e metade do meu corpo conseguiu alcançá-lo. Deveria agradecer a cretina por ter me feito exercitar os braços por tanto tempo. Meu rosto já estava do lado de fora, quando olhei para baixo. Alto... Muito alto. – Merda! – E então, um segurança olhou para cima. Eu precisava mesmo aprender a ficar qu
Dominic Lexington O canto da minha boca se ergueu levemente, enquanto ela me olhava com aqueles incríveis olhos claros. Andando passos para trás, ela tentava desviar de mim. Nunca tive mulheres fugindo de situações como essa antes. Para ser bem sincero, nunca precisei conquistar alguém. Não fui o tipo de homem que teve uma vida difícil ou pobre. Na realidade, meus pais foram milionários. Me tornar bilionário e ultrapassar a fortuna dele foi uma questão de honra, e bom, mulheres são atraídas por dinheiro.— E... Eu acho melhor vesti-la! – Ela disse, apontando para a lingerie que eu joguei no chão. Ok, Baby, vamos fingir que você não quer ganhar tempo...— Claro, Baby... – Ela estreitou os olhos, e eu senti vontade de rir. A maneira irônica com a qual eu sempre falava o nome dela estava mais do que óbvia. Nossas cartas estavam na mesa. Claramente, um jogo de gato e rato. Bom, eu não seria a caça, mas ela seria a comida, com certeza. A segurei pelo pulso e a puxei até que estivesse nos
Baby Ortiz. As minhas mãos tremiam tanto que pensei que fossem sair pulando do meu corpo. Eu deslizei as alças finas daquela camisola de seda nem um pouco discreta, e esperei pelo pior. Eu sei que deveria estar envergonhada, mas estava mais com medo. Meu olhar estava fixado nele em cada passo. Era como se aquele homem me desafiasse a cada segundo em que me olhava. Bom, eu não estava disposta a perder. Minha mãe havia sido uma cretina a vida inteira, mas soube me ensinar uma grande lição: Nunca desvie os olhos de um predador, ou ele te atacará em segundos. Era isso que eu estava fazendo, e acho que não estava funcionando como eu esperava que fosse.Minha respiração ofegante esperou pela reação que não podia mais ser contida. Ele pularia em mim? Me prenderia na cama? Ele seria violento como todos os outros? Mas a camisola caiu até os meus quadris, e para a sorte de uma pessoa tão desastrada como eu, minha bunda segurou aquele mínimo pedaço de pano que cobria a intimidade. Seria o cumul
Baby Ortiz Eu me sentei na cama, confusa, incapaz de entender o que estava acontecendo. Não havia mais ninguém ali, então, continuei com a roupa mal vestida. Por que ele me achava tão feia? A insegurança estava me matando.Me assustei quando a maçaneta da porta começou a se mover. O lençol da cama foi a única coisa rápida que encontrei para cobrir a minha nudez. Uma pontada de alegria percorreu o meu corpo quando uma mulher jovem entrou no meu quarto.— Oh, que alívio. Pensei que fosse o Dominic.Ela sorriu. – O senhor Lexington está trabalhando no escritório. Pediu para não ser interrompido. Mas disse que deveríamos cuidar de você. Ele se preocupa, sabe? Com as garotas dele...Olhei na direção da bandeja. Estava com a barriga roncando a algum tempo, mas não diria nada para aquele cretino, ou ele seria capaz de usar isso para me chantagear de alguma maneira.— Comida? – Disse. O entusiasmo estava me matando.— Não senhora. É bolsa térmica. Sabe? O senhor Lexington disse que estava co