Consequências sempre chegam

Eu não parava de arfar. Meu peito subia e descia. Estar ajoelhada no chão duro fazia com que meus joelhos se ferissem. O vestido não estava me ajudando em nada, e os homens ao redor me olhavam com curiosidade. Se soubesse que havia homens do lado de fora, jamais teria tentado fugir. Eu conhecia as regras. Eu fui burra. Havia um preço para cada erro que eu cometia, e eu pagaria bem caro por eles agora.

Meus olhos se fecharam, esperando pelo pior. Eu, no fundo, rezava para que aquilo fosse muito breve. Já vi coisas na minha vida sofrida, e definitivamente, esperava que pudesse passar ilesa por esses homens. Uma morte rápida e limpa, sem que me usassem. Mas então, aquele barulho imenso. Eu não esperava que alguém me ouvisse. Depois de um soco no estômago, não havia motivos para pedir socorro. De toda forma, quem o faria? A quem eu queria enganar? Homens que compravam mulheres eram verdadeiros cretinos, e nunca se importariam comigo.

Mas, como se por um milagre, aquele homem entrou. Ele parecia um herói, com seu jeito machão e a postura de mafioso. Ele poderia facilmente ser um capo, mas minhas esperanças desabaram. Ele conhecia meu perpetrador. Que droga! Eu estava prestes a morrer, e isso havia se tornado uma reunião de amigos. Meus olhos curiosos encontraram com os dele, mas depois que meu dono o abraçou, eu senti tanta raiva que seria capaz de socá-lo. E ah, eu sou muito boa nisso.

— Vamos matá-la. São ordens. Você precisa entender que...

Meu coração disparou. Ele falava alto, e eu podia escutar vez ou outra, porque o ambiente em que estávamos parecia mais um amplificador de som.

Minha curiosidade não permitia que eu tirasse os olhos dele. E quando o vi rosnar, senti que não tinha mais esperanças para mim.

— O que ela sabe? – ele perguntou.

Os dois estavam me olhando, o que fez o meu rosto se tornar violentamente vermelho. E aí, o assassino todo tatuado se aproximou e contou algo em seu ouvido. Que droga. – Fala mais alto.

— O quê? – ele me encarou. Os olhos alarmados.

— Se estão falando de mim, eu quero saber.

Aquele homem riu, mas meu comprador estava mais sério do que nunca. Enfiando as mãos nos bolsos, ele manteve um ar de mistério e charme. Eu tinha que admitir ter olhado aquele corpo lindo algumas vezes. Eu estava algemada, não vendada!

— Ela vem comigo hoje! Eu vou tira-la daqui. Sabe que tenho autoridade para isso. Sabe que tenho gente aqui que pode fazer isso acontecer.

O homem coçou a cabeça. Meu rosto se virava de um lado para o outro. De repente, uma onda de empolgação tomou conta do meu corpo. Ele me defendeu! Ele me defendeu mesmo. Isso era tão bom. Lindo e protetor... Eu assistia aquilo atentamente, desejando uma pipoca e um sofá quente.

— Sabe que ela pode falar e isso vai ser um chute no meu saco..., além disso, a gatinha rejeitou o... você sabe.

— Eu vou fazê-la calar a boca. Depois de um ano, eu a devolvo a você e pode fazer o que quiser!

Foi como se ele tivesse socado o meu estômago também. Eu queria vomitar. Então ele só estava interessado em dormir comigo? Eu nunca havia me entregado a alguém na vida, e ele não seria o meu primeiro. Não importava que ele fosse gostoso, perfeito, lindo... ‘Droga, concentração Baby, esse cara quer que você morra depois de te usar...’

— Por que isso agora?

— Acerto de contas, meu caro. Você sabe, eu odeio não ter o que me pertence...

O assassino riu como se fosse uma grande piada, mas para quem?

A tensão se formou por mais um minuto ou dois. Eu não sei. Estaria roendo as minhas unhas agora, se as minhas mãos não estivessem dolorosamente presas atrás do meu corpo. Mas eu estava ansiosa. Ansiosa demais para continuar quieta. – Merda, decide de uma vez! Que lerdeza do caramba! – Arregalei os meus olhos quando ouvi os sons das armas destravando. Que droga eu estava fazendo? Talvez por isso minha mãe me odiava tanto a ponto de isso estar acontecendo agora.

— Você não sabe mesmo quando manter essa boca fechada, não é?

Eu arregalei os olhos. Sempre fui atrevida. Era a minha natureza, e fui longe demais hoje em mais de uma vez. Mas, se eu fosse morrer hoje, gostaria de pensar que quebrei um dedo ou dois daquele leiloeiro, e imagina-lo remoendo a dor, sem poder manifestar, me enchia de orgulho. Eu morreria feliz se pudesse ver um exame daquele pé.

— Uma língua afiada, com certeza... – O deus grego disse. Ele não estava errado, e eu me orgulhava disso. – Vou me certificar de mantê-la ocupada. – Ele me encarou, e aquela lascívia... Eu conhecia bem o desejo no olhar dele, e só sentia vontade de correr para bem longe. Eu precisava ir na direção oposta, não para ele. Mas era o deus grego ou a morte. Era bem fácil decidir a minha opção. De toda forma, façam suas apostas!

Aquele idiota tatuado riu. Ele era um assassino nato. Eu podia ver pela forma intensa com que me encarava. Então, ele apertou a minha mandíbula, analisando o meu rosto. – Eu devia te matar agora, garota. Mas sua boca linda não vai ser desperdiçada. Faça o seu trabalho direito, ou ele vai te devolver. – Fazendo um barulho com a boca, ele balançou a cabeça em negativa. – E se isso acontecer, vou ter o maior prazer em te eliminar. E eu juro, garota, não vai ser rápido, e muito menos bonito... – Uma tentativa de beijo, e eu virei o rosto, o que, provavelmente, o deixou irritado. – Quando a sua hora chegar, vou adorar fazer esse serviço...

Eu senti o meu corpo inteiro se encher de calafrios que percorreram até o dedo do meu pé. Mesmo assim, ainda olhava nos olhos dele. Sem tirar as minhas algemas, ele andou até as minhas costas e beijou a minha nuca. Meus olhos estavam no deus grego e desgraçado. O que ele tinha de lindo, também tinha de cretino.

Senti um puxão, e não tive escolha além de ficar em pé. E assim, eu fui entregue como uma mercadoria comprada por um bilionário excêntrico.

Ele agarrou a chave, mas não me soltou. Eu o odiei ainda mais por isso. – Em um ano...

— Um ano! – O amigo respondeu.

Em um ano? Em um ano eu deveria ser livre. Eu não estava aqui para morrer. Esse não era o combinado!

— Você é tão bom na cama que precisa comprar uma mulher... – Resmunguei. Não esperava que ele pudesse me escutar.

O rosto dele não se alterou. – Acredito que já tenha falado demais por hoje!

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