Cagador de regras

Baby Ortiz.

Eu fui praticamente jogada para dentro de uma Mercedes preta. Meu comprador me enfiou ali sem qualquer cuidado, e isso fez a droga da fenda do meu vestido se rasgar ainda mais. Eu podia tê-la decido, se as minhas mãos não estivessem presas para trás das minhas costas. E aliás, estava doendo. Até demais.

Ele se sentou ao meu lado, e aquela figura masculina preencheu o ambiente. Ele era enorme, e eu já estava começando a imaginar como seria dormir com ele. Se deitasse sobre mim, bom, eu acho que me esmagaria. Se eu ficasse em outra posição... Eu não sei, eu estava com tanto medo.

O carro começou a se mover, e eu não contive a vontade de olhar para trás. Os homens armados ainda encaravam o carro, e eu exibi a língua. Infantil, eu sei. Mas era satisfatório irritá-los. Até que ele deu a volta e saiu daquele estacionamento. Foi sinistro para mais alguém ou só para mim?

O silêncio ensurdecedor deixava-me ainda mais tensa. Eu parecia ter me esquecido de como se respirava, por que, estava tão concentrada no ritmo acelerado dele, que perdi o meu ar. De repente, comecei a quase sufocar. Eu estava em pânico, meus olhos arregalados, meus sons sufocados. Que loucura.

— Que merda é essa? – Ele me encarou. Os olhos dele me atingiam de cima para baixo, como se eu fosse uma inferior.

— Eu... – Tentei puxar o ar, mas nada vinha. Eu me sentia afogando em terra seca, e isso era bizarro. – Não... – mais uma respiração irregular. – Não sei...

— Fique parada!

Ele me encarou, e então, remexendo nos bolsos, me virou de costas para ele. Que droga ele estava pensando em fazer? Eu queria perder a virgindade em grande estilo, e não assim, dentro de um carro, com seguranças me escutando gritar de dor. Porque sim, eu sabia que doía, e a julgar pelo fato de ter comprado uma mulher, eu sabia que não seria gentil.

Minha respiração começou a melhorar, mas eu estava mais ansiosa que antes. – Hei! – Protestei. – Não vai fazer isso comigo aqui!

Ele arqueou a sobrancelha, e eu sentia que meu pescoço estava prestes a se quebrar para olhar o que ele estava fazendo atrás de mim. – E o que, exatamente, eu vou fazer com você, anjo?

Eu estava tão brava que não me importava em parecer vulgar. – Você sabe! Não vai enfiar sua... Não vai fazer amor comigo!

Ele exibiu um sorriso presunçoso. E droga, eu juro que se tivesse as mãos livres, socaria a cara dele só para apagar o deboche daqueles lábios, que, aliás, eram muito beijáveis...

— Primeiro: Não vou fazer amor com você. Em breve, vai descobrir que esse não é bem o meu estilo... Segundo: Não vou enfiar o que você está pensando, a menos que não aprenda a calar a boca logo!

E como mágica, a algema se desprendeu do meu braço. Eu apenas movi minhas mãos para a frente do meu corpo com certa urgência, e comecei a massagear meus pulsos. – Obrigada!

O olhar dele me atingiu como um choque, mas quando ele tomou as minhas mãos para si, uau... Eu quase gritei, porque senti algo estranho. Não devia ser possível que eu sentisse atração por um desgraçado que me comprou e prometeu me matar em um ano! ‘É oficial, Baby, você ficou doida de pedra’. Minha mente estava em conflito. Sempre senti repulsa por homens, mas ele... Poxa, ele acabou de me comprar, e eu me sentia atraída?

Ele começou a massagear meus pulsos com perfeição, e eu quase gemi com as mãos dele em mim. Mas não, eu não daria esse prazer a um homem como ele. Se queria uma mulher perfeita, comprou a pessoa errada. A vida dele seria um inferno comigo por perto, eu juro.

– Regra número um... – A voz dele era grave e sensual, um pouco rouca também, o que me lembrava da voz quando se acorda de um sono bom. E droga, isso não estava me ajudando nem um pouco. – Nunca fuja de mim! Nunca, sob hipótese alguma, se afaste!

– Por quê? – Perguntei sem pensar.

Ele podia não responder, mas, quando o vi me encarando, sabia que ele diria. – Meus negócios não são tão lícitos... Meus clientes, muito menos. Por tanto, nunca se afaste! Não tente fugir, por que isso não acabaria bem, você entendeu?

Eu olhava para ele, e aquela intensidade fazia incendiar o ambiente. Pedindo assim, com tanto carinho, quem negaria?

‘Idiota!’

– Pedindo desse jeito... – Fui irônica, e ele me fuzilou com o olhar imediatamente.

— Segunda regra: Mantenha a boca fechada quando não for solicitada!

— Então eu não tenho direito a... – Fui interrompida. Eu odiava essa merda, e não conseguia esconder pela expressão no meu rosto.

O canto dos lábios dele se moveram levemente, e eu estava com raiva. Muita raiva. – Mantenha. A. Boca. Fechada! – Ele pausou cada palavra, me impedindo de continuar. Seu dedo estava no meio dos meus lábios, e depois, ele olhou diretamente para eles, passando o polegar com suavidade.

Eu estava envergonhada, e tentei me conter, mas acabei passando a língua, o que provavelmente havia sido um erro imenso, já que ele segurou na minha nuca em um movimento tão rápido, que eu não tive tempo para reagir. Meus olhos estavam imensos naquele momento.

Uma de suas mãos deslizaram pelas minhas coxas. A fenda aberta do meu vestido fez com que as minhas bochechas ficassem coradas. Desviei os meus olhos para baixo. Minha mão tentou impedi-lo, mas a quem eu queria enganar? Não conseguiria tirar as mãos dele, a menos que permitisse.

Apertando a minha perna, ele continuava a me olhar com intensidade. Eu ainda estava tentando entender como aquele toque não me fazia querer vomitar, fugir, ou socá-lo. Principalmente socá-lo... Outros tentaram antes, e honestamente, os olhos roxos não estavam nos planos deles.

Um esboço de sorriso se formou, quando ele subiu a mão ainda mais. Massageando onde nenhum outro ousou tocar antes, eu me esforcei para não demonstrar alguma reação, e falhei miseravelmente. Então, o rosto dele se aproximou. Fechei os meus olhos e esperei pelo inevitável. Meu beijo. Meu primeiro beijo permitido. A espera, no entanto, pareceu eterna. Senti as mãos quentes se afastando, e me perguntei o que estava acontecendo.

Quando abri os meus olhos, pisquei incontrolavelmente, havia um sorriso presunçoso naqueles lábios irônicos. – Fácil demais para alguém que diz ser virgem...

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