- Um mês após de entrar. – Suspirei fechando os olhos ao mexer no buraco que a entrada da bala causou. - Sai na minha primeira missão, o que durou quase um ano. Estava na base há uns seis meses quando atacaram a base, eu estava de vigia… - Olhei para ela pelo espelho, ela não percebeu o que tentava explicar - É um local mais alto, onde dá para ver o terreno até um determinado espaço, para protecção das pessoas que estão dentro da base, possam… bem sentir-se mais seguras, quando estava por volta de trocar de posto, iria descansar, mas atacaram sem dar-me tempo de fazer algo, e como estava longe e num lugar desprotegido foi apanhada…Daí as cicatrizes.
- Elas, todas, menina? – Perguntou tocando nas minhas costas, fazendo-me ficar tensa. – Desculpa. Mas vou trocar-te este curativo aqui atrás. – Avisou já o tirando, era um simples corte que foi feito na ultima missão, há um dia.
Não, depois de uns anos tive um problema e quando voltei a trabalhar e arranjei um informante…. – Notei que não percebeu o que lhe explicava…. - É uma pessoa local que nos ajuda em troca por vezes de comida, outras vezes porque acredita que estamos por lá para fazer o bem. Mas algo aconteceu e ele entregou a minha localização. Lutei o que mais pode, corri o mais rápido que minhas pernas deixavam, durante 15 dias andei vagueando por um pais que não conhecia e por onde não tinha nenhum rumo a seguir, quanto mais seguia mais perdia-me. …. - Continuei contando o que se passou enquanto retirava a bala de dentro de mim, e ela nem notava… - Mas eles apanharam-me na casa de um senhor que acolheu-me e pela primeira vez vi alguém morrer para salvar-me…. - Não notei as lágrimas a cair só quando ela delicadamente colocou a mão sobre meu rosto.
- Minha querida…. – Lágrimas deslizavam de seu rosto, também.
- Estive mais dez dias em cativeiro, onde torturavam e espancavam diariamente. Até minha equipa encontrar-me. – Completei e pela primeira vez falei com alguém sobre o que aconteceu.
- Onde aprendeu a suturar menina tão bem? – Perguntou curiosa.
- Arábia Saudita. Em uma missão, tivemos uns problemas e um casal ajudou a minha equipa. Eles eram médicos e como lá não gostam de deixar marcas, fazem um belo trabalho costurando. – Informei com um sorriso.
- Muito bem, és muito curiosa. Meu filho é assim também. – Falou com um sorriso no rosto.
- É. Uma bênção ou maldição. – Falei pensando nas vezes que tentava conversar com a minha família e eles detestavam.
- Uma bênção, menina. Uma bênção e um dia vais encontrar alguém que goste de falar de tantas coisas diferentes, com esse olhar aventureiro e livre e nunca vai sentir-se sozinha neste mundo.
- Eu não estou, nem sozinha, e não quero ninguém em minha vida, já tive desilusões suficientes para várias encarnações. – Conversei fazendo a senhora dar uma boa gargalhada.
- Ah! Teimosia algo acrescentar, em comum mais uma coisa. – Falou mais para si.
Acabei de suturar a ferida, pedindo se podia tomar um duche, logo disse que sim e que iria arranjar-me algo para vestir. Mal a água quente entrou em contato com a pele, suspirei de alívio e de dor.
- Dona Rute, obrigada. – Respondi, quando saía do chuveiro com um roupão.
- De nada. Aqui está umas roupas do meu filho deixou aqui, devem ficar-te um pouco grandes e largas, só. Bem, vou até lá em baixo. … - Falou virando costas. Dando assim privacidade mesmo estando em sua casa. – Ah, já esquecia o teu primo foi embora logo que subimos pelo que Alex disse.
- Obrigada. Eu também irei embora. Só vou vestir estas roupas.
- Que nada, querida. Vais vesti-las e deitar-te ai. Não vais sair agora. E a tua mota já está dentro da propriedade, Sebastião foi buscá-la…. - Falou ordenando, observando.
- Ah? O quê? Obrigada…- Não sabia o que dizer.
- E ainda vais dizer-me como tens coragem de subires numa coisa como aquelas, aquele homem quase não podia move-la… - Falou sorrindo – Boa noite, descansa. Amanhã, é um novo dia… - Saiu dando uma gargalhada.
- Boa noite. – Falei para a porta fechada.
Quase não dormi, tive que procurar no armário por algum medicamento. Porém minha surpresa foi ao abrir gavetas encontrar coisas de homem. E não qualquer um devia ter pelo menos um 1,90 ou mais. Logo percebi que era o quarto do filho do casal e não de um hóspede onde pernoitava.
Acordei às nove horas. Foi em direção ao chuveiro meu penso estava ensanguentado, com sorte os pontos aguentaram. Ouvi um barulho fora do quarto, estava em frente ao espelho do quarto quando a porta abriu.
- Mas que merda é esta? – Uma voz masculina falou atrás de mim.
- Que diabos? Quem és tu? – Perguntei vestindo a mesma t-shirt branca com que tinha dormido.
- Eu? E tu gatinha molhada? – Questionou com um sorriso malicioso.
- Ninguém que te interesse. Sai! – Gritei a última palavra.- Não saio. – Ia a falar alguma coisa a mais, quando seu olhar foi para mesa-de-cabeceira e notou a arma. – Que medra é isto. Sai já da minha casa, garota.- Não precisa pedir duas vezes. – Vesti a mesma roupa que a senhora Rute deu-me na noite anterior já que a minha estava completamente suja excepto as botas.- Droga! – Falou ele, sem entender mas logo notei o seu olhar percorrer o meu corpo e imediantamente notei que estava com as suas roupas…- Vais sair? – Perguntei esperançosa.- Agora, é que não saio mesmo. – Falou aproximando-se de mim.- Não, te aproximes de mim. – Falei pegando a arma.- O quê? Como ousas desrespeitar-me? – Perguntou agora sua voz continha ira.- Não. Estou a colocar-te no seu lugar. Quem pensa
- Mas quem ela pensa que é? – Pensou para ele.Ao entrar no quarto notou que o ambiente cheirava aos seus produtos de higiene, a cama feita e um elástico em cima de um dos seus móveis. Imaginou se a cama tinha o cheiro daquela mulher que desafio-o e não se importou com o seu charme ou ego masculino, pelo contrário.- Filho? Posso entrar? – Pediu sua mãe do outro lado da porta.- É claro mãezinha. – Deu confirmação para o pedido.
- Sim? Quem fala? – Érica entrou com o telemóvel em seu ouvido em seu apartamento T1. – Ah. Bom dia Senhora Rute, desculpe desde já ter saído de sua casa sem agradecer-lhe a si e seu marido corretamente. Imensas desculpas. E já transferi o dinheiro. Não precisa mais de entrar em contato com gente como eu. – Falou as últimas palavras com dor, pois gostaria de conviver mais com aquele casal.- Não, menina. Eu e Alex simpatizamos contigo, instantaneamente. Por isso estou a ligar, hoje tem um baile aqui em nossa casa, gostava que viesses. E que história é essa de não nós dar-se com gente, como tu? O que vejo é uma jovem batalhadora com fortes ideias. – Disse apreciado o quão madura a jovem falava e mostrava-se ao mundo.- O seu filho deixou claro que somos de mundos diferentes e ele tem razão. – Murmurou com certa mágoa em sua voz.
Antes dos dois enamorados os apanharem caminharam em silêncio para o interior da sala dando inicio da primeira dança. Jason que entrou percorreu o olhar à procura de uma certa mulher que o enfeitiçou à primeira vista. Quando viu parou um segundo, observando-a que ela tinha tatuagens, mais uma coisa em comum mas o que lhe fez arregalar os olhos foi a enorme cicatriz que tem nas costas atravessado a tatuagem que ela tem no mesmo lugar, acompanhada por outras mais pequenas que não eram tão perceptíveis como aquela. Sorriu, para ele só mostrava-lhe que a jovem mulher tinha uma personalidade forte, não se importava com o que lhe diziam ou para os que olhavam para ela agora sem casaco. Porém seu sorriso acabou quando notou que seu primo estava aproximando-se dela.Jason observava tudo ao longe o que ele não sabia era que sua mãe também. Ela não gostava de Edgar, ele simplesmente
- Não! Por favor. - Implorei. Isto não podia acontecer-me, não novamente.- Porque mulheres fazem-se de difíceis se todas querem o mesmo. – Sussurrou e ai percebi, que este monstro já fez o mesmo com outras mulheres.Subimos as escadas, não tinha forças para lutar. Pela primeira vez não tinha forças para lutar era como se eu tivesse a ser afogada e ao mesmo tempo com imenso sono. Uma lágrima desceu pela minha face, Edgar notando parou no caminho retirou o braço da minha cintura, eu não aguentava as minhas pernas caí no chão no corredor superior. Abaixou-se e deu-me um estalo…- Não chores. Não te atrevas a fingir-te de pudica. Sua puta. – Falou em tom assustador, levantando a mão para bater novamente.- Não…. – Fechei os olhos esperando pela bofetada sem mover mesmo que quisesse n&atil
- Oh, meu deus. Porque não me chamaram? – Resmungou preocupada.- O pai e Rodrigo o levaram da minha frente. Ela tremia, mãe. – Lamentou fechando a mão que estava livre em um punho. - Estava com medo até de mim, mas depois não sei, foi como se percebe-se que estava segura em meus braços e começou a chorar em mim. Eu não sei mãe, achei que era impossível sentir-me metade homem, mas foi assim que senti ao olhar em seus olhos. – Falou enquanto em sua face escorriam solitárias lágrimas. E pela segunda vez chorou em frente a alguém.- Meu querido, filho. Isto foi o destino que fez com que nós a conhecemos da pior forma possível, acredita. De alguma forma comigo bastou um olhar para perceber que ela era a filha que eu nunca tive a possibilidade de ter por muito tempo na vida. – Falou chorando também.- Eu não fiz nada com ela,
- Não. Preciso que desaceleres o passo parece que estás ligado a uma corrente eléctrica, calma, eu estou bem…. - Pensei um pouco, parando a fala. Fazendo-o erguer uma sobrancelha coisa que reparei que fazia quando não era obedecido. Estava mal habituado, pensei. – Pelo menos agora ao teu lado. Tu estás todo molhado. Seca-te primeiro. – Mal acabei, estava com um sorriso de orelha a orelha.- Hum, preocupada comigo? – Perguntou galanteador.- E tu não estás comigo ou isso é só para levares-me para a cama por uma noite? – Falei. Mas o sorriso de Jason
- Calma. Deve ser alguém que ficou aqui na casa dos meus pais. Está tudo bem! – Falou abraçando-me.- Oh, desculpem. Não sabia que ia estar aqui alguém. Eu só preciso de um copo de água e já saio. – Falou sem olhar para nós dois. Jason suspirou, parecia que conhecia a miúda de óculos.- Marina, está tudo bem. Nós não jantamos, não precisas justificar-te. Pega. – Falou servindo-lhe um copo de água da jarra que estava em cima da bancada.- Olá. Queres um pouco de salada de fruta? – Perguntei percebendo o olhar da rapariga para a bancada. Sorriu e assentiu. – Pega. – Disse entregando-lhe uma tigela com o que sobrou.-Obrigada. Já vou.- Não precisas de sair. Podes comer aqui connosco.- Não se importam? – Perguntou olhado de mim para Jason que continuava abraç