Capítulo 5

- Ninguém que te interesse. Sai! – Gritei a última palavra.

- Não saio. – Ia a falar alguma coisa a mais, quando seu olhar foi para mesa-de-cabeceira e notou a arma. – Que medra é isto. Sai já da minha casa, garota.

- Não precisa pedir duas vezes. – Vesti a mesma roupa que a senhora Rute deu-me na noite anterior já que a minha estava completamente suja excepto as botas.

- Droga! – Falou ele, sem entender mas logo notei o seu olhar percorrer o meu corpo e imediantamente notei que estava com as suas roupas…

- Vais sair? – Perguntei esperançosa.

- Agora, é que não saio mesmo. – Falou aproximando-se de mim.

- Não, te aproximes de mim. – Falei pegando a arma.

- O quê? Como ousas desrespeitar-me? – Perguntou agora sua voz continha ira.

- Não. Estou a colocar-te no seu lugar. Quem pensas que sou? – Interpelei olhando para ele e repreendendo com o mesmo tom que usou.

- Sai daqui! – Praguejou. – Gostava de saber o que deu aos meus pais para colocar alguém como tu, aqui no meu quarto. – Falou chateado mas sem ter nenhuma verdade nas palavras que dizia.

Dei-lhe um encosto com o ombro no dele mas não saiu do lugar, só deu para notar o seu olhar surpreso. Ao sair avistei a dona Rute, vinha a subir as escadas…

- Menina, o que meu filho te fez? – Perguntou aflita.

- Bom dia, senhora. Nada. Ele não fez nada. – Fechei os olhos, a dor na ferida estava quase insuportável, ainda mais agora que estava molhada. - Não se preocupe, eu preciso de ir. Tenho que ir trabalhar. – Arranjei uma desculpa quando notei que o seu filho estava a sair e caminhar em nossa direção. Sai a correr sem esperar uma resposta. Quando cheguei à porta, notei que os dois vinham em minha direção.

 - Érica! Menina. - Dona Rute chamou.

- Bom dia. – Cumprimentei a senhora que parecia simpática. - As minhas chaves e o meu capacete? Por favor. – Busquei olhando para uma senhora que estava de pé no inicio da escadaria.

- Aqui menina. – Apontou para um móvel longo do lado esquerdo da escadaria.

- Obrigada! – Agradeci à senhora que me deu um simples sorriso. - Desculpe Senhora Rute! Preciso de ir. Aqui não é o meu lugar, nem deveria ter dormido aqui. Mas obrigada pelo carinho. Entrarei em contato para falar com o Senhor Alexandre.

- O que queres falar com o meu pai? – Interpelou arrogante.

- Nada que seja da tua conta. – Respondi-lhe do mesmo jeito.

- O que se passou entre vocês dois? – Perguntou Rute desconfiada olhando para seu filho e depois em direção a mim.

- Nada! – Respondemos os dois enquanto eu abria a porta e eles moviam-se em minha direção. Ao subir em cima da mota e colocar o capacete…notei o olhar do idiota estupefacto.

- Ela tem uma mota? – Perguntou ele à sua mãe.

- Tem! Porque? – Respondeu  notando que a rapariga chamou a atenção do seu filho.

- Não comeces mãe. Não agora. – Falou irritado sabendo o que sua mãe queria dar a entender.

- Não me fales nesse tom, Jason! – Reclamou a sua mãe olhando para ele como fazia quando o mesmo fazia asneira na adolescência.

- Nada, não fiz nada aquela insolente – Falou alto, descontrolado e desconfortável lembrando-se do que aquela mulher fez.

- Nada? A menina saiu daqui rápido demais, para não teres feito ou dito nada, Jason Philippe. – Apontou sua mãe com um ar severo, vendo a jovem sair pelos protões da propriedade em alta velocidade. – Meu Deus! Ela ainda vai ter um acidente.

- Droga! – Falou fazendo sua mãe olhar para ele. – O quê? Ela ainda anda a mais velocidade do que eu. – Explicou com um brilho nos olhos.

- Jason Philippe. Ela não é como as tuas amigas. – Avisou sua mãe, entrado dentro da mansão. Jason suspirou, entrando logo atrás da sua mãe.

- Rebequinha, precisas de ir a algum lado? – Perguntou ele à senhora que era como uma mãe para ele.

- Não menino. – Disse a senhora com um sorriso. – Vou falar com tua mãe, matar as saudades de uma boa conversa. – Avisou já caminhando para a parte exterior, o jardim.

- Bem, vou para o meu quarto. – Informou subindo as escadas.

                                                      ….....

- Rebeca, o que achaste da cena que se passou agora há pouco? – Perguntou Rute à sua amiga. A família Fonseca tinha o hábito de tratar a qualquer pessoa com simpatia, não importava quanto a sua carteira continha.

- Acho que o menino Jason, encontrou alguém que lhe faz frente. – Disse ela sentando-se ao lado da sua antiga patroa.

- Bem, eu gosto muito do meu filho… - Suspirou. – Mas ele tem um feitio, e este hábito de andar sempre com uma mulher diferente já está a enervar-me tanto a mim como a seu pai. – Lamentou pois há quase cinco anos o seu filho destruía-se pensando que estava a fazer o bem para ele próprio.

- Acho que ele vai aprender. – Disse com um sorriso. – Esta jovem, não é alguém que baixa a cabeça. Pelo contrário, parece que não se abre para ninguém, assim como nosso menino. – Falou tocando na mão da mãe de Jason.

- Por falar nele. Onde está este filho desnaturado? – Perguntou com um sorriso.

- No quarto. Possivelmente a destrui-lo porque a garota feriu o seu ego de conquistador. – Respondeu. Rute levantou-se e saiu de encontro ao seu filho amado.

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