Capítulo 3

- Meu deus! Ela está ferida. – A senhora gritou. Vendo o sangue preencher a minha mão. Não peguei minha arma era algo que nunca iria faze-lo em frente do casal.

- O que tu fizeste incompetente? Ela é do governo! – Gritou o senhor.

- Alexandre! Chama uma ambulância. Rápido. – Falou a mulher.

- Como? Porque estão todos preocupados com essa vaca? – Gritou o segurança.

- Se tu não fosses desleixado no teu trabalho tinhas notado a ameaça. – Declarou, Alexandre. Nome que só agora sabia.

- Chama a ambulância, homem. – Gritou Dona Rute.

- Não. – Prenunciei-me pela primeira vez. Reparando logo nos olhares de espanto de todos, e que o segurança estava pálido.  

- O quê? - Gritaram os quatro ao mesmo tempo. - Como não, menina? – Agora a senhora Rute, indagou inquietada.

- Não. Porque se eu for ao hospital, vai haver investigação. Ele fica sem o emprego, eu fora do trabalho por meses. E eu não quero isso. – Argumentei arrancando o casaco e rasgando o a t-shirt para pressionar o ferimento.

- Menina, tu não podes ficar assim. Precisas de um médico. – Senhor Alexandre falou aflito.

- Não todo bem, não é a primeira vez. – Tentei acalmá-lo.

- Érica. Desculpa. – Falou Zé em pânico.

- É. Agora vês que as tuas brincadeiras dão mal resultado. E só para que saibas, não é a primeira vez. – Falei notando o seu olhar de surpreendido.

- Do que precisas, minha querida? – Perguntou D.Rute.

- Menina, precisa de ajuda? A bala ficou dentro? O que foi fazer? - Perguntou o segurança, deixando o seu lado de pegador. Notei que suas mãos tremiam.

- Sim, a bala não saiu. Está aqui, consigo senti-la. - Disse tocando em minha barriga. - Será possível arranjar umas toalhas, um kit de primeiros socorros e um quarto ou um espelho. – Pedi. Mas tudo o que queria era poder fazer isto em casa. Sozinha.

- Eu vou buscar. – O segurança logo disponibilizou-se.

- Tu não. – Respondi rapidamente antes que ele fizesse besteira.

- Porque não? – Perguntou a senhora atrapalhada contendo o medo quando olhava para minha cara.

- Desculpe. Sei que não estou em condição de pedir nada …. – Parei, pois doía quando falava. Detestava quando mostrava dor. … - Mas ele precisa fazer outra coisa.

- Que coisa menina é mais importante do que ajudar-te? – Perguntou desta vez senhor Alexandre.

- É a primeira vez que dispara uma arma? – Perguntei, logo balançou a cabeça em afirmação. – Pois, trata rapidamente de lavares as mãos, melhor toma um banho, coloca essa roupa na máquina de lavar com um copo de sal, depois lava-a novamente com detergente. As mãos passas com pasta dos dentes. Recoloca a munição no pente da arma. E passa um pano com óleo da arma na mesma…ou melhor limpa a arma como deves fazer isso de vez em vez. – Suspirei… - E se alguém vir, estará limpo e isto não aconteceu. – Falei notando os olhares de surpresos. A minha mão e camisa já estavam todos ensanguentados. – D. Rute, por favor poderá ajudar-me, por favor.

- É claro, minha querida. Vamos para uns dos quartos de hóspedes.

- Senhora tem mais alguém, em casa? – Perguntei

- Bem, tem a empregada de meu filho que hoje veio ficar por cá. Está na casa da piscina. E a funcionária interna que também está por lá.

-  Desculpe, mas em qual delas mais confia? – Perguntei, pedido aos céus que ela tivesse entendido minha pergunta, olhando de canto para o chão, onde algumas gotas de sangue caíram.

- Já percebi, minha querida. Alex vá chamar Rebeca, por favor. Peça desculpa pela hora. E diga-lhe que sei que não é o seu trabalho aqui, mas que se poder limpar o escritório. - Pediu ao marido.

- Peça que limpe com lixívia unicamente, só mesmo e após isso que polvilhe no chão sal. Por favor. E só depois que o limpe com produto.

- Porque isso, menina? – Perguntou o Senhor curioso. Sorri.

-Porque se alguém com experiência entrar aqui não vai perceber o cheiro a ferro e não irá notar o que aconteceu aqui, pois o sal retira as marcas que fica do sangue que não se vêem a olho humano. – Respondi notando pela primeira vez duas pessoas que não conheciam logo admiravam-me com o que eu sabia e transmitia-lhes.

            Prontamente a Senhora Rute, estava a levar-me escadas a cima, onde entramos em um quarto bem grande mas simples com móveis pretos e brancos, gostei da decoração. Ela levou-me em direção ao banheiro onde tinha um espelho preso a parede. Notei o seu semblante com medo.

- Dona Rute. Obrigada eu consigo, a parti daqui sozinha. – Disse lhe não querendo que a mesma visse o que eu iria ter que fazer. 

- Não menina, vou ficar e ajudar. – Falou com carinho no tom de sua voz mesmo estando apavorada.

- Ok. Se for mais para si é só sair, que eu consigo sozinha. Não se preocupe.

- Porquê, estas cicatrizes todas, menina, tão jovem? – Perguntou tocando nas minhas costas com subtileza. 

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