— O que isso, Terrence. Essa não foi a educação que eu te dei. —

— E o que quer que eu diga?

As rugas da testa do senhor Sallow enrijeceram e antes que pudesse disser qualquer coisa Olívia se levantou.

— Está tudo bem... Eu nem sei por que achei que seria uma boa ideia... É melhor eu ir embora.

— Não Olívia. Eu faço questão que fique.

— ele se aproximou de Terry — Ela tem todas as qualificações, não vejo por que não. Quer saber, vocês dois, já está mais do que na hora de resolverem isso. — ele foi até a porta enquanto Olívia e Terry ficaram em pé no meio da sala.

— Não saiam desta sala até se resolverem, e sejam profissionais. Isso é uma ordem!

E assim ele saiu, deixando os dois sozinhos na sala. Terry tinha uma expressão de raiva em seu rosto, já Olívia se sentia constrangida, sabia que não era querida ali.

— Por que você quer o emprego? Você não precisa, sua mãe deixou uma herança pra você! Não precisaria trabalhar o resto da vida se assim desejasse.

— Você sabe que eu não penso assim. Sabe que essa herança veio muito de repente... Que antes disso eu sempre precisei me destacar para conseguir algo.

Era doloroso falar sobre isso. A herança que ela recebeu de sua mãe veio de repente, assim que se foi descoberto que o verdadeiro pai de sua mãe era um velho rico que morreu s herdeiros ou esposa. Ou seja sua mãe foi fruto de uma noite de diversão. Assim que o velho descobriu ele simplesmente passou todos seus bens e dinheiro para ela. Logo morreu de causas naturais. Porém quem acreditaria que anos depois sua filha morreria também vítima de um acidente de carro.

— Droga Terry! Eu sei que eu fui uma pessoa horrível, me desculpa por isso.

— Horrível?! Olívia você nem ao menos quis me ouvir. Eu sempre estive ao seu lado, jamais eu faria algo pra te prejudicar!

Olívia respirou fundo. Para ela era difícil demais acreditar que seu amado Nate seria capaz das coisas horríveis que Terry contou a ela.

— Olha, será que podemos colocar uma pedra nisso? Colocar um ponto final e virar a página?

— Você acha que é tão fácil assim? — ele disse com o olhar sério porém, olhos quase marejados.

— Eu sei, e eu sinto muito, muito mesmo! Será que podemos ser... Profissionais. Colegas de trabalho comum.

Terry ficou chocado com o que acabara de ouvir de Olívia. Suas palavras pareciam absurdas e até mesmo ridículas aos seus ouvidos. Ele sentiu uma mistura de indignação e incredulidade, especialmente porque nunca havia deixado de ama-la. Era como se o tempo não tivesse sido capaz de apagar esse sentimento, tornando impossível esquecê-la. A cada momento que passava, a intensidade desse amor guardado ressurgia com força total, tornando as palavras de Olívia ainda mais desconcertantes e dolorosas para Terry.

Ele riu incrédulo de forma irônica.

— Profissionais?! É isso que você quer? Que sejamos profissionais?

— Está bem, se isso é tão complicado para você, talvez seja melhor eu ir embora. — Olívia sentiu um nó na garganta, lembrando-se da última vez que vira seu melhor amigo, uma lembrança que não era nada agradável.

— Não, não precisa ir. — ele respondeu — Eu posso ser profissional, é claro. Mas não espere que eu seja gentil ou algo do tipo. Você será minha funcionária!

— Perfeito, é o que eu espero.

— Ah, e já que será minha secretária, espero nada menos que perfeição!

O restante do dia se desenrolou lentamente, marcado pela lentidão que parecia arrastar cada minuto. Olívia ainda se sentia envergonhada na presença de Terry, embora uma estranha atração também a dominasse. Havia algo notavelmente diferente nele desde a última vez que se viram. Terry sempre foi alto e atlético, com maçãs do rosto definidas que ressaltavam sua aparência confiante, complementadas por um sorriso cativante que iluminava seu rosto. Seus olhos castanhos eram expressivos, mas agora algo mais chamava a atenção: seu cabelo, antes mais comprido e rebelde, estava curto, liso e cuidadosamente penteado de forma elegante.

Ele estava vestido com um terno cinza claro que realçava sua postura impecável, e uma gravata com uma cor que contrastava perfeitamente com a intensidade de seus olhos. Cada detalhe de sua aparência parecia meticulosamente escolhido para transmitir confiança e sofisticação, reforçando a aura magnética que sempre o acompanhava. A combinação de sua presença marcante e o contraste entre a timidez de Olívia e a atração que ele despertava criavam uma atmosfera tensa, mas ao mesmo tempo intrigante, naquele encontro.

— Senhorita White, preciso que agende um horário para mim com o Sr. Heatherfield no La Cousine. Um jantar de negócios. — disse ele, seu tom gélido ecoando pela sala.

— Sim, senhor. Para que dia? — ela respondeu, mantendo a mesma frieza.

— Para esta noite, às oito em ponto.

Olívia ficou surpresa. La Cousine era o restaurante mais disputado da cidade e também o mais caro. Como conseguiria uma reserva tão rapidamente?

— Mas, senhor, este restaurante é extremamente concorrido. Será difícil conseguir uma mesa tão em cima da hora.

— Eu não perguntei se era difícil. Estou ordenando. Ou você irá para o olho da rua. — ele respondeu abruptamente, levantando-se e indo em direção à porta de seu escritório.

— Além disso, a partir de amanhã, sua mesa estará fora daqui. Você ficará lá e só entrará para organizar o que eu precisar. — ele disse antes de sair, deixando Olívia chocada e sem palavras.

— Cretino. Idiota. Orgulhoso! — murmurou ela quando ele saiu.

Decidida a cumprir a ordem, Olívia correu para garantir a reserva no restaurante, mesmo sabendo que seria uma tarefa árdua. Com esforço e persuasão, ela conseguiu assegurar a mesa desejada.

Quando o CEO retornou, ela comunicou que a reserva estava confirmada.

— Ótimo. Você virá comigo ao jantar. Vista algo elegante, mas provocante. Ele adora vermelho, apenas uma sugestão. Preciso fechar esse acordo. E, é claro, não preciso mencionar que... — ele se aproximou dela, sussurrando em seu ouvido — Seu emprego está em risco se não concordar.