Sabemos que crimes acontecem em todos os lugares, mas nunca imaginamos que possa estar acontecendo bem em frente a nós. Nossa mente pode até elaborar formas de escapar do perigo em meio a um pensamento intrusivo, aqueles do tipo "e se eu me jogar dessa ponte, o que acontece?". Olívia ao contar para seu pai que esses pensamentos eram decorrentes e que às vezes a faziam rir por que ela sabia que se ela se jogasse de uma ponte muito provavelmente morreria. Então James, o pai dela, que era um policial investigativo renomado na cidade de Londres onde moravam, deu a ideia de uma brincadeira. E se em todo lugar que ela estivesse, ela imaginasse algum perigo iminente, um assalto ou pessoas mal intencionadas, qual seria sua rota de fuga se ela tivesse a chance de fugir? Então eles conversavam durante seus passeios ao parque para o playground. No mesmo lugar em que semanas antes o corpo de uma jovem mulher foi encontrada. Era apenas uma pobre garota sem sorte na vida, uma viciada em drogas que foi executada por dever ao traficante.
Ela jamais pensou em seguir a carreira do pai, apesar de gostar de "quebra cabeças" como seu pai detetive, jamais teve estômago para coisas mórbidas, nunca nem ao menos curtiu filmes de terror. Ela gostava mesmo era de ter os pés no chão e tranquilidade. Algo que ela pudesse controlar e trabalhar tranquilamente, o que fez com que ela resolvesse se formar em contabilidade e recursos humanos, que segundo sua melhor amiga é a coisa mais sem sentido sobre ela. — É sério, você poderia escolher qualquer coisa que seu pai te apoiaria em tudo, diferente do meu que é um machista da velha guarda. Para ele "atriz" é um nome bonitinho para prostituta. E ele usou exatamente essas palavras. — disse Sarah para ela enquanto apreciavam a vista da janela da cafeteria onde estavam. — Nossa que babaca. — ela falou e a amiga concordou ao respirar fundo — Mas você sabe que eu sempre gostei de segurança, de poder controlar pelo menos uma coisa na minha vida e esse tipo de trabalho eu realmente gosto de fazer. Passei minha infância inteira preocupada sem saber se meu pai voltaria pra casa, e depois da morte da mamãe... Eu realmente prefiro isso, sabe. Segurança! — E você já conseguiu um emprego? — perguntou Sarah. — Ainda não, está bem difícil. Mas não tenho pressa. — respondeu ela ao beber um gole do seu café. Por um instante os olhos de Sarah brilharam. — Eu acho que já sei onde você pode ir trabalhar! Na empresa do meu pai. Sabe, meu irmão ele é um chato, e vive dizendo que precisa de uma secretária mas nunca ninguém é bom o suficiente. E talvez você possa mudar isso. — Ah Sarah! Você sabe que isso jamais daria certo! Seu irmão... Você sabe que o Nate odiaria isso, ele morre de ciúmes do Terry.— Qual é, Liv. Isso já faz tempo. Acha que Terry ainda não te superou? E se não superou está mais do que na hora dele entender que você ama o Nate e não ele.—O que você não entende é que eu magoei ele, mantive ele por perto por puro egoísmo. Eu fui uma péssima amiga pra ele, Sarah. Não sei se ele me perdoou...— Liv, trabalho é trabalho e se tem uma coisa que meu irmão sabe ser é profissional. Eu vejo ele todo os dias e ele é super profissional, tenho certeza que ele não se importaria e até ficaria mais a vontade com alguém que ele conhece sendo secretária dele. — Não sei não, Sarah.Olívia ainda não tinha certeza se era isso o que queria, mas aceitou a oferta da amiga na que na mesma noite a telefonou dizendo que era para ela ir até a Sallow Investimentos no dia seguinte às 7 da manhã para que começasse logo no novo emprego. No dia seguinte lá estava ela, pontual como sempre teve orgulho de ser, aguardando na recepção quando foi recebida pelo senhor Arthur Sallow. Um homem já com sessenta anos, porém muito saudável. Cabelos escuros, pele clara. Usando um terno cinza da melhor alfaiataria de Londres, provavelmente a roupa mais cara que ela já vira na vida. — Pequena Liv! — disse ele ao abraça-la. Olívia o conhecerá ainda quando criança quando estudou na mesma escola que Terry e Sarah. Ela sempre foi estudiosa o suficiente que ganhou essa bolsa na escola mais cara. Ela sempre foi motivo de orgulho para pai. — Senhor Sallow! Que bom ver o senhor. — disse ao retribuir o abraço. — Ora, vamos. Vamos até minha sala, para conversarmos sobre a empresa e como funciona.O senhor Sallow tinha um belo escritório na cobertura do prédio, havia até mesmo um mini golfe ao canto da espaçosa sala, dois sofás elegantes para receber clientes com uma mesa de centro que parecia folhada a ouro. — Fiquei surpreso quando Sarah me disse que gostaria de trabalhar conosco. — Ah bem, na verdade foi ideia dela e eu pensei "Ah por que não" — ela brincou e o senhor Sallow sorriu. — Sabe Liv, essa empresa eu ergui com muito custo, muito suor. Trabalho duro! Meu sonho era que pudesse dar aos meus filhos e futuros netos algo para herdar. É uma pena que minha filha não queira... Mas meu filho! Ah, meu filho jamais me decepcionou. Terrence é um rapaz maravilhoso, nunca me envergonhou.Antes mesmo que Olívia pudesse responder, a porta do escritório é aberta abruptamente como se alguém estivesse com pressa.— Papai, me desculpe o atraso, eu sei que prometi ao senhor que estaria aqui antes de... — ele parou de falar no instante em que seus olhos pararam em Olívia. — O que ela está fazendo aqui? — Oi pra você também... Terrence. Ou melhor, senhor Sallow já que você é meu chefe.— Chefe? Mas que palhaçada é essa? Pode me explicar o que ela está fazendo aqui?— O que isso, Terrence. Essa não foi a educação que eu te dei. — — E o que quer que eu diga? As rugas da testa do senhor Sallow enrijeceram e antes que pudesse disser qualquer coisa Olívia se levantou. — Está tudo bem... Eu nem sei por que achei que seria uma boa ideia... É melhor eu ir embora. — Não Olívia. Eu faço questão que fique. — ele se aproximou de Terry — Ela tem todas as qualificações, não vejo por que não. Quer saber, vocês dois, já está mais do que na hora de resolverem isso. — ele foi até a porta enquanto Olívia e Terry ficaram em pé no meio da sala. — Não saiam desta sala até se resolverem, e sejam profissionais. Isso é uma ordem! E assim ele saiu, deixando os dois sozinhos na sala. Terry tinha uma expressão de raiva em seu rosto, já Olívia se sentia constrangida, sabia que não era querida ali. — Por que você quer o emprego? Você não precisa, sua mãe deixou uma herança pra você! Não precisaria trabalhar o resto da vida se assim desejasse. — Você sabe que
— Senhor, esta noite não poderei comparecer, tenho um compromisso. — E que compromisso é esse que não pode ser desmarcado? — ele perguntou, virando-se brevemente de costas para ela, fingindo estar ocupado com um contrato. — Um compromisso com meu namorado. — ela respondeu um pouco insegura. — Então desmarque. — disse ele com um meio sorriso que ela não podia enxergar. — Desculpe, senhor, mas não posso. É nosso aniversário hoje e... — Não me interessa! Desmarque. — ele interrompeu bruscamente, demonstrando grosseria. Ela ficou incrédula. Como ele poderia ser tão insensível? Apesar de terem tido desentendimentos no passado, aquela atitude parecia infantil aos olhos dela. Respirando fundo para manter a calma, ela respondeu: — Terry, sério mesmo? Não podemos deixar essa rivalidade boba continuar? Você sabe que não estou aqui pelo dinheiro. — Primeiro: eu sou seu chefe, e você deve me chamar de senhor. Segundo, embora dinheiro não seja o problema, você precisa de experiência nesta
Enquanto Olívia estava voltando para casa, não muito longe dali em um motel barato, estava Nathan e Kate. Afinal já que não conseguiria comemorar com sua namorada ele decidiu comemorar com outra. — Nossa por que temos que nos encontrar nesse muquifo? — perguntou Kate, nua ao lado dele também nu na cama do motel, abraçada nele. — Você sabe que não posso botar tudo a perder, Kate. Preciso ter cuidado. — É eu sei, mas por que você não casa logo com ela e acaba logo com isso? Sei lá. Eu só queria poder ter a liberdade de ter você só pra mim. — Calma, princesa. Tudo tem o seu tempo. Assim como eu que já tô pronto pro próximo round! — disse ele de forma maliciosa e então a beijou apaixonadamente. Nathan tinha um objetivo apenas na vida: ser rico! Mal sabia Kate que Nate gostava mesmo de Olívia e queria ficar com ela, ainda mais pelo fato dela ser herdeira de uma pequena fortuna. Isso alimentava ainda mais as coisas para ele. Mentira para Kate que daria um golpe em Olívi
No coração da cidade, em um bar suspeito, o pai de Olívia, James, aguardava alguém. O Sr. Sallow, pai de Terry, chegou e cumprimentou-o. — Olá, White. — Olha Sallow, eu sei por que me chamou aqui e eu estou ciente de que estou devendo para eles. — James respondeu, sério. — Devendo? James, maldição. Você não faz ideia no que se meteu. Essa máfia não brinca. Se você não os pagar, não vão apenas matar você. Seria fácil demais. Eles vão torturar você ou pior... Se descobrirem a existência da Liv... — alertou Sr. Sallow com um tom sombrio. James concordou, visivelmente tenso — Eu sei do que são capazes. E vou pagar, ok? — Claro que sabe. Você já arquivou casos de pessoas desaparecidas ou corpos desfigurados e mutilados. — O clima tenso pairava no ar. — Eu vou pagar, eu já disse. É esse vício, eu tinha certeza que conseguiria triplicar meu valor... — explicou ele, nervoso. — James, como Liv reagiu quando contou a ela? — questionou Sallow com um olhar penetrante. James evitou
Finalmente depois de tantos tapas, Nathan conseguiu se enrolar num lençol. A garota que o acompanhava estava perplexa apenas assistindo. — Como pode fazer isso comigo? — dizia em meio as soluços. — Olívia eu... Droga a culpa é toda sua! Você sabe que eu preciso de sexo e nesses últimos dias você só trabalha e fica o tempo todo a disposição daquele bastardo do Sallow! Como você espera que eu me sinta vendo você trabalhando com um cara que vivia dizendo ser perdidamente apaixonado por você? — ele esbravejou. — Você é a única culpada! Olha vamos resolver isso, ok? — ele tentou se aproximar dela, porém ela se afastou. — O quê? Agora a culpa é minha? — ela chorava indignada — Meu Deus e ele estava certo sobre você! Você é doente! Esse tempo todo... Meu Deus eu perdi alguém que realmente gostava de mim, que me respeitava de verdade por causa de você! Um bosta como você! Por sua causa eu passei por cima de todos, até do meu pai! — ela chorava — Tá tudo acabado. — Não! Olívia, me e
Os lábios se encontraram em um beijo ardente, algo que Terry desejara e sonhara por muito tempo. Porém, não era dessa forma que ele havia imaginado, e definitivamente não era assim que queria ter Olivia para si. Sentia-se como uma válvula de escape para o que ela estava passando, uma maneira de esquecer ou se vingar de seu ex traidor. Apesar de seu profundo desejo por ela, Terry ainda mantinha seu orgulho masculino e a coerência de suas ações. Ele sabia que não poderia ficar com ela enquanto estivesse bêbada, não dessa forma.Com todos esses sentimentos fluindo, ele interrompeu o beijo com delicadeza.— Não, Olivia. Isso não está certo. — ele se afasta.— O quê? —Ela parecia um pouco confusa. — Espere, você está certo. O que eu estava pensando? Você é meu chefe...— Não é só isso. — Ele a olhou nos olhos. — Você está bêbada, magoada com o seu ex. Eu nunca quis ficar com você nessas circunstâncias. —Eu sei, eu sei. Droga, me desculpa Terry. — Eu acho melhor eu descansar e... — É, e
— Desculpe por ele ter te incomodado. — Não tem problema, já o bloqueei. Agora, você precisa ligar para seu pai; ele está desesperado procurando por você. Está quase colocando cartazes de pessoa desaparecida! — Meu Deus, ele está exagerando. Vou ligar para ele agora. Com licença. — Ela saiu do quarto, deixando Sarah e Terry sozinhos.Sarah cruzou os braços e franziu o cenho para o irmão. — O que ela estava fazendo aqui? — É uma longa história. — Ele respondeu, mas Sarah olhou para ele com malícia — Não aconteceu nada, eu juro. — Você vai ter que me contar tudo direitinho! — Ela sorriu, dando um tapinha no ombro dele. — Ela descobriu a verdade sobre aquele idiota do namorado dela. Se sentiu arrependida e veio pedir desculpas. Foi isso! — E para isso ela precisava dormir aqui? — Ela dirigiu bêbada da casa dela até aqui. Queria que a deixasse voltar daquele jeito? Se quer saber mais, pergunte a ela. Eu tenho coisas para fazer. — Ele disse, abrindo o guarda-roupa para pegar
Sarah ficou um pouco chateada ao ver que a amiga saiu sem nem ao menos dizer tchau, pois ela queria saber como havia sido a conversa com Terry na noite passada. — Ela foi embora? — perguntou Terry para Sarah, que confirmou — Deve ter ido pra casa se trocar, logo ela vai estar na empresa. Se quiser passar lá na hora do almoço, aí vocês podem fofocar a vontade. — Ah, engraçadinho! — ela riu — Bom, eu também tenho meu curso agora pela manhã, e alguns ensaios. Te vejo depois, maninho. — disse ela ao dar um beijo no rosto do irmão e sair. Terry chegou ao escritório e notou que a mesa de Olívia estava vazia. Ele imaginou que ela estivesse resolvendo algo em outro andar. Percebeu também que a recepção precisava de melhorias, já que a mesa atual não combinava com o padrão do escritório dele. E talvez essa "vingança" dele pode ter sido boba e exagerada. Já havia passado uma hora desde que ele chegará ao escritório e nada de Olívia chegar. Terry começou a ficar preocupado,