Os lábios se encontraram em um beijo ardente, algo que Terry desejara e sonhara por muito tempo. Porém, não era dessa forma que ele havia imaginado, e definitivamente não era assim que queria ter Olivia para si. Sentia-se como uma válvula de escape para o que ela estava passando, uma maneira de esquecer ou se vingar de seu ex traidor. Apesar de seu profundo desejo por ela, Terry ainda mantinha seu orgulho masculino e a coerência de suas ações. Ele sabia que não poderia ficar com ela enquanto estivesse bêbada, não dessa forma.
Com todos esses sentimentos fluindo, ele interrompeu o beijo com delicadeza.— Não, Olivia. Isso não está certo. — ele se afasta.— O quê? —Ela parecia um pouco confusa. — Espere, você está certo. O que eu estava pensando? Você é meu chefe...— Não é só isso. — Ele a olhou nos olhos. — Você está bêbada, magoada com o seu ex. Eu nunca quis ficar com você nessas circunstâncias. —Eu sei, eu sei. Droga, me desculpa Terry. — Eu acho melhor eu descansar e... — É, eu também. Quer saber, pode dormir no meu quarto. Eu vou para o quarto de hóspedes. Boa... Boa noite. Ele disse ao sair do quarto sem olhar para trás.Olívia, já começando a sentir alguns dos sintomas de ressaca, se sentia uma completa idiota por tentar dormir com ele. Afinal, onde estava com a cabeça? Ela não era assim, jamais usaria e abusaria dos sentimentos de Terry dessa forma. Como se já não bastasse o tempo que o afastou de sua vida por causa de Nathan. Já Terry apesar de ter feito o que era certo, não conseguia se desvencilhar da sensação maravilhosa de ter tido mesmo que por um instante sua boca sobre a dela. Pensava e relembrava da sensação de sua respiração tão próxima. Isso fazia seu sangue ferver de desejo.Ele respirou fundo, virou-se e revirou-se na cama até conseguir pegar no sono, afinal no dia seguinte teria que trabalhar e ao lado dela. No dia seguinte, Olívia acordou um pouco mais cedo que o habitual. Sentia-se envergonhada pela noite passada, chegar bêbada na casa do seu ex-melhor amigo e agora chefe depois do seu término traumático não foi a coisa mais sensata que já fez. Ligou seu celular que haviam várias chamadas não atendidas de Nathan. Olhou o aplicativo de mensagens, e lá haviam várias mensagens dele:“Onde você está?”“Vamos, me atende!”“Já foi chorar pro seu papai né? Eu vou aí te buscar.”“Vamos, me responde!”“Tudo isso é culpa sua, Olívia! Não tinha nada que ter me seguido até o motel? O que pensava que iria encontrar?”“A culpa é sua! Você não podia simplesmente fazer como toda mulher que se prese e ficar em casa enquanto o homem provê? Sei lá ser uma mulher normal? Não! Você quer ser independente, trabalhar. Sua vagabunda!“Eu não sei por que perdi meu tempo com você! Nem filhos você consegue ter, você é um lixo!” E assim as mensagens iam piorando, cada vez mais. “ Droga Olívia, eu fui na casa do seu pai e não tem ninguém! Onde você está, inferno!” “ Você está exagerando! Você é muito sensível. Eu sou homem, o que você esperava? Eu tenho necessidades!” “Se você me amasse de verdade entenderia!”E seguida das mensagens várias notificações de chamadas perdidas dele. Mas depois de ler as mensagens, ela as ignorou completamente. Levantou e olhou em volta. O quarto de Terry estava um pouco diferente do que ela se lembra. Ao ir até a escrivaninha ela viu uma foto antiga na qual eles posavam abraçados em uma das festas de aniversário dele. Eles tinham entre quatorze ou quinze anos na época da foto. Olívia lembrou de como era feliz naquela época, como se sentia bem... Como ela se transformou naquilo que era hoje? Uma mulher insegura e infeliz. Essas características jamais condizem com o que ela era no passado. Confiante, sorridente e espontânea. Tanta coisa mudou desde aquela época e grande parte dessa mudança ruim era culpa sua. Ela sentia um nó doloroso se formar em sua garganta, algumas lágrimas desceram sobre seu rosto. Como ela pode deixar isso acontecer? A porta abriu, ela se assustou um pouco mas logo ficou tranquila só ver Terry. — Eu bati mas você não respondeu, desculpa. Achei que ainda estava dormindo. Ela rapidamente virou o rosto o escondendo dele e limpando as lágrimas. — Não, tudo bem. Eu já estava de saída mesmo. Eu não quero incomodar. — Não se preocupe com isso. Ela olhou novamente para a foto. — Esse dia foi divertido. Você já se achando um homem feito só por ter completado quinze anos. — ela sorriu levemente. — É, com o tempo descobri que há muitas outras coisas que tornam um garoto um homem de verdade. E segundo meu pai saber jogar golfe é uma dessa coisas. Ele sorriu gentilmente para Olívia. Ele, apesar de ainda se sentir magoado com ela, estava sem coragem de destrata-la como antes. Pelo menos naquele momento. — Seu pai é um cara legal. Não entendo por que você vivia me dizendo que não tinha um bom relacionamento com ele. Ele parece se preocupar tanto. — É complicado. Você não entenderia... Mas meu pai é compreensível apenas com outras pessoas, isso não inclui seus filhos. — Ah, Terry. — ela disse ao ver uma foto da mãe de Terry — Eu sinto muito pela sua mãe... Faz um ano já né. Não tive a chance de falar com você.A um ano a mãe de Terry havia perdido a batalha contra o câncer de mama. Olívia foi ao enterro mas Terry a ignorou completamente, por mais que ela tivesse tentado falar com ele. — Isso é passado, esquece. — Droga Terry, falei pra você não tocar no meu energético! — a voz de Sarah ecoou pelo corredor ao que logo ela entrou no quarto. — Opa... Liv?! Então é aqui que você está! — Oi Sarah. — Seu pai está desesperado procurando por você. E o Nathan não parou de me ligar, a noite toda achando que você estava comigo ou algo do tipo. — O que você disse a ele? — O que eu diria? Mandei ele pro inferno. Você sabe que eu odeio ele. Falei que você é uma mulher adulta e independente que não deve satisfação pra ninguém!— Desculpe por ele ter te incomodado. — Não tem problema, já o bloqueei. Agora, você precisa ligar para seu pai; ele está desesperado procurando por você. Está quase colocando cartazes de pessoa desaparecida! — Meu Deus, ele está exagerando. Vou ligar para ele agora. Com licença. — Ela saiu do quarto, deixando Sarah e Terry sozinhos.Sarah cruzou os braços e franziu o cenho para o irmão. — O que ela estava fazendo aqui? — É uma longa história. — Ele respondeu, mas Sarah olhou para ele com malícia — Não aconteceu nada, eu juro. — Você vai ter que me contar tudo direitinho! — Ela sorriu, dando um tapinha no ombro dele. — Ela descobriu a verdade sobre aquele idiota do namorado dela. Se sentiu arrependida e veio pedir desculpas. Foi isso! — E para isso ela precisava dormir aqui? — Ela dirigiu bêbada da casa dela até aqui. Queria que a deixasse voltar daquele jeito? Se quer saber mais, pergunte a ela. Eu tenho coisas para fazer. — Ele disse, abrindo o guarda-roupa para pegar
Sarah ficou um pouco chateada ao ver que a amiga saiu sem nem ao menos dizer tchau, pois ela queria saber como havia sido a conversa com Terry na noite passada. — Ela foi embora? — perguntou Terry para Sarah, que confirmou — Deve ter ido pra casa se trocar, logo ela vai estar na empresa. Se quiser passar lá na hora do almoço, aí vocês podem fofocar a vontade. — Ah, engraçadinho! — ela riu — Bom, eu também tenho meu curso agora pela manhã, e alguns ensaios. Te vejo depois, maninho. — disse ela ao dar um beijo no rosto do irmão e sair. Terry chegou ao escritório e notou que a mesa de Olívia estava vazia. Ele imaginou que ela estivesse resolvendo algo em outro andar. Percebeu também que a recepção precisava de melhorias, já que a mesa atual não combinava com o padrão do escritório dele. E talvez essa "vingança" dele pode ter sido boba e exagerada. Já havia passado uma hora desde que ele chegará ao escritório e nada de Olívia chegar. Terry começou a ficar preocupado,
Apesar de todos os esforços de James para encontrar Nathan, ele não conseguiu. O rapaz conseguiu simplesmente desaparecer. James, frustrado em não encontrar o agressor de sua filha chegou irritado no departamento de polícia. — Spancer! — disse ele ao ir até a mesa de outro oficial — Faz um registro de criminoso foragido para mim, no nome de Nathan Parker. Eu tenho a foto. Coloca no sistema. Procurado por violência doméstica e estupro. — Senhor, mas eu vou precisar das provas antes de abrir isso no sistema... — Peter está trazendo as provas, ele está com a vítima no hospital. — Ok. Nome da vítima para o inquérito? — Olívia White. — o agente parou perplexo por um momento, mas logo tornou sua atenção para o computador e terminou de preencher no sistema. Algumas horas depois, Olívia já havia sido examinada e medicada. Seus hematomas externos eram superficiais e apesar de não conseguir caminhar direito pela dor da violência que sofrera de seu ex, tudo indicava que na
Todd’s Pub não era exatamente um bom lugar para as pessoas se encontrarem após o trabalho e tomar umas para relaxar. Pelo contrário. Localizado na mais sombria e decadente parte da cidade, se erguia como um farol de perdição. O cheiro de álcool misturado com fumaça de cigarro impregnava o ar, como se fosse o próprio aroma da decadência. Era exatamente nesse bar que James White e Arthur Sallow fizeram seu acordo, e era nesse mesmo bar que estavam nesse exato momento. — E então, nenhuma pista daquele desgraçado? — perguntou Sallow a James. — Não. Aquele bosta conseguiu evaporar feito fumaça! — respondeu enquanto dava uma tragada no cigarro — Mas sabe o mais engraçado nessa história? Olívia me contou que ela recebeu, no mesmo dia em que firmamos o acordo, um envelope com as fotos que você me mostrou mas com um adendo dizendo onde pegar ele em flagrante com uma vagabunda. — Sim. Sarah me contou tudo. — Foi você, não foi? — Claro que foi. Eu disse que faria ela descobrir t
Após alguns dias, Olívia já se sentia um pouco melhor na casa de seu pai. Contudo, a realidade de morar com ele não parecia muito diferente de morar sozinha. Ele estava constantemente imerso em seu trabalho, uma cena que ecoava os dias de sua infância. No entanto, o que Olívia não sabia era que muitas vezes, durante sua infância, seu pai passava horas envolvido em jogos de azar nos bares da cidade, arriscando tudo o que tinha e até mesmo o que não tinha.Naquele dia, Olívia estava recolhida em seu quarto, folheando um de seus antigos diários da adolescência. Parecia que ela estava em busca da resposta para quando exatamente sua vida se tornou tão complicada e melancólica. Ela já conhecia a resposta, e havia apenas uma pessoa a ser responsabilizada por isso: ela mesma.— Querida? — ela ouviu o pai bater na porta.— Oi pai, pode entrar.Ele entrou e se sentou ao pé da cama de Olívia.— Lendo seus antigos diários? — sorriu, mas seu olhar denotava preocupação.— É, por causa da nostalgia.
Ela perguntou ao olhar furiosa para Terry e entregando o documento para ele que chocado e indignado responde. — Claro que eu não sabia! Mas eu imaginava que haveria um preço. — Como você pode me vender assim desse jeito? Eu não sou uma mercadoria! — ela chorou de raiva e — Por que todos querem controlar a minha vida? Pelo amor de Deus! — E você, pai. Acha que eu ficaria feliz com isso? — Perguntou Terry. — Com certeza. Você ama essa garota a muito tempo e eu pensei... — Pai não importa se eu amo ela. Ela não sente o mesmo e... Jamais forçaria ela. — Filha, pensa em tudo que está em jogo. Nossas vidas literalmente dependem disso. Se você não se casar Arthur não vai pagar a dívida. Você precisa fazer isso, eu te imploro! Olívia não acreditava no que estava acontecendo, parecia cena de novela. Terry estava irritado com os papéis em mãos, ele se levantou e analisou novamente o contrato. — Não tem adendos nesse contrato. — ele olhou e por fim se virou para seu pai — Posso a
Terry odiava aquilo, mas precisava fazer. Precisava ser frio e cauteloso. Ele tirou o paletó que usava e se aproximou de Myles. Colocou uma de suas mãos na mão dele e segurou com força um dos dedos e o entortou para o lado contrário, quebrando o dedo do homem fazendo com que ele gritasse de dor. Arthur assistia tudo friamente. — Qual é Myles. Você tem cinco segundos até o próximo dedo. — ele disse. — Eu não sei! Eu juro!! — Resposta errada. — ele quebrou mais um dos dedos, deixando uma fratura exposta horrível. Terry suspirou de tédio. — Você sabe que de todos os métodos de tortura que eu sei esse é o mais leve deles. Está querendo que eu chegue no pior deles? — disse ao ir em direção a uma mesa enferrujada de metal que havia na sala, pegando um alicate. — Não, não. Terrence o que você vai fazer, cara? — perguntou apavorado enquanto Terry se aproximava do rosto dele. — É melhor você falar então! Onde tá a porra do dinheiro, Myles? Acha que pode passar a gente pra trás a
Assim que ia sair com o carro, ela recebeu uma mensagem de Sarah dizendo que teriam de cancelar a ida a cafeteria, o que deixou Olívia um pouco desanimada. Pensou talvez que era esquisito ser uma adulta e ter apenas uma amiga. Sentada com as mãos no volante resolveu então ir a um lugar onde a muito tempo não ia, um lugar que a fazia se sentir em paz. Eram pelo menos mais de duas horas dirigindo, mas ainda assim sabia que valeria a pena. A praia de Brighton estaria vazia naquele momento já que não era verão ainda, então ela poderia apenas caminhar na praia, e de alguma forma recarregar as energias. Sentada na areia da praia, sem se preocupar em sujar suas roupas de areia, ela simplesmente ficou ali observando as ondas do mar indo e vindo. Inspirou profundamente, absorvendo o aroma da maresia com os olhos fechados. Era a primeira vez em muito tempo que ela se sentia verdadeiramente em paz. Era mágico como aquele lugar fazia ela de esquecer dos seus problemas, pelo menos por algun