Capítulo 07

Os lábios se encontraram em um beijo ardente, algo que Terry desejara e sonhara por muito tempo. Porém, não era dessa forma que ele havia imaginado, e definitivamente não era assim que queria ter Olivia para si. Sentia-se como uma válvula de escape para o que ela estava passando, uma maneira de esquecer ou se vingar de seu ex traidor. Apesar de seu profundo desejo por ela, Terry ainda mantinha seu orgulho masculino e a coerência de suas ações. Ele sabia que não poderia ficar com ela enquanto estivesse bêbada, não dessa forma.

Com todos esses sentimentos fluindo, ele interrompeu o beijo com delicadeza.

— Não, Olivia. Isso não está certo. — ele se afasta.

— O quê? —Ela parecia um pouco confusa. — Espere, você está certo. O que eu estava pensando? Você é meu chefe...

— Não é só isso. — Ele a olhou nos olhos. — Você está bêbada, magoada com o seu ex. Eu nunca quis ficar com você nessas circunstâncias.

—Eu sei, eu sei. Droga, me desculpa Terry. — Eu acho melhor eu descansar e...

— É, eu também. Quer saber, pode dormir no meu quarto. Eu vou para o quarto de hóspedes. Boa... Boa noite.

Ele disse ao sair do quarto sem olhar para trás.

Olívia, já começando a sentir alguns dos sintomas de ressaca, se sentia uma completa idiota por tentar dormir com ele. Afinal, onde estava com a cabeça? Ela não era assim, jamais usaria e abusaria dos sentimentos de Terry dessa forma. Como se já não bastasse o tempo que o afastou de sua vida por causa de Nathan.

Já Terry apesar de ter feito o que era certo, não conseguia se desvencilhar da sensação maravilhosa de ter tido mesmo que por um instante sua boca sobre a dela. Pensava e relembrava da sensação de sua respiração tão próxima. Isso fazia seu sangue ferver de desejo.

Ele respirou fundo, virou-se e revirou-se na cama até conseguir pegar no sono, afinal no dia seguinte teria que trabalhar e ao lado dela.

No dia seguinte, Olívia acordou um pouco mais cedo que o habitual. Sentia-se envergonhada pela noite passada, chegar bêbada na casa do seu ex-melhor amigo e agora chefe depois do seu término traumático não foi a coisa mais sensata que já fez.

Ligou seu celular que haviam várias chamadas não atendidas de Nathan. Olhou o aplicativo de mensagens, e lá haviam várias mensagens dele:

“Onde você está?”

“Vamos, me atende!”

“Já foi chorar pro seu papai né? Eu vou aí te buscar.”

“Vamos, me responde!”

“Tudo isso é culpa sua, Olívia! Não tinha nada que ter me seguido até o motel? O que pensava que iria encontrar?”

“A culpa é sua! Você não podia simplesmente fazer como toda mulher que se prese e ficar em casa enquanto o homem provê? Sei lá ser uma mulher normal? Não! Você quer ser independente, trabalhar. Sua vagabunda!

“Eu não sei por que perdi meu tempo com você! Nem filhos você consegue ter, você é um lixo!”

E assim as mensagens iam piorando, cada vez mais.

“ Droga Olívia, eu fui na casa do seu pai e não tem ninguém! Onde você está, inferno!”

“ Você está exagerando! Você é muito sensível. Eu sou homem, o que você esperava? Eu tenho necessidades!”

“Se você me amasse de verdade entenderia!”

E seguida das mensagens várias notificações de chamadas perdidas dele. Mas depois de ler as mensagens, ela as ignorou completamente.

Levantou e olhou em volta. O quarto de Terry estava um pouco diferente do que ela se lembra.

Ao ir até a escrivaninha ela viu uma foto antiga na qual eles posavam abraçados em uma das festas de aniversário dele. Eles tinham entre quatorze ou quinze anos na época da foto. Olívia lembrou de como era feliz naquela época, como se sentia bem... Como ela se transformou naquilo que era hoje? Uma mulher insegura e infeliz. Essas características jamais condizem com o que ela era no passado. Confiante, sorridente e espontânea. Tanta coisa mudou desde aquela época e grande parte dessa mudança ruim era culpa sua. Ela sentia um nó doloroso se formar em sua garganta, algumas lágrimas desceram sobre seu rosto.

Como ela pode deixar isso acontecer?

A porta abriu, ela se assustou um pouco mas logo ficou tranquila só ver Terry.

— Eu bati mas você não respondeu, desculpa. Achei que ainda estava dormindo.

Ela rapidamente virou o rosto o escondendo dele e limpando as lágrimas.

— Não, tudo bem. Eu já estava de saída mesmo. Eu não quero incomodar.

— Não se preocupe com isso.

Ela olhou novamente para a foto.

— Esse dia foi divertido. Você já se achando um homem feito só por ter completado quinze anos. — ela sorriu levemente.

— É, com o tempo descobri que há muitas outras coisas que tornam um garoto um homem de verdade. E segundo meu pai saber jogar golfe é uma dessa coisas.

Ele sorriu gentilmente para Olívia. Ele, apesar de ainda se sentir magoado com ela, estava sem coragem de destrata-la como antes. Pelo menos naquele momento.

— Seu pai é um cara legal. Não entendo por que você vivia me dizendo que não tinha um bom relacionamento com ele. Ele parece se preocupar tanto.

— É complicado. Você não entenderia... Mas meu pai é compreensível apenas com outras pessoas, isso não inclui seus filhos.

— Ah, Terry. — ela disse ao ver uma foto da mãe de Terry — Eu sinto muito pela sua mãe... Faz um ano já né. Não tive a chance de falar com você.

A um ano a mãe de Terry havia perdido a batalha contra o câncer de mama. Olívia foi ao enterro mas Terry a ignorou completamente, por mais que ela tivesse tentado falar com ele.

— Isso é passado, esquece.

— Droga Terry, falei pra você não tocar no meu energético! — a voz de Sarah ecoou pelo corredor ao que logo ela entrou no quarto. — Opa... Liv?! Então é aqui que você está!

— Oi Sarah.

— Seu pai está desesperado procurando por você. E o Nathan não parou de me ligar, a noite toda achando que você estava comigo ou algo do tipo.

— O que você disse a ele?

— O que eu diria? Mandei ele pro inferno. Você sabe que eu odeio ele. Falei que você é uma mulher adulta e independente que não deve satisfação pra ninguém!

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