Todd’s Pub não era exatamente um bom lugar para as pessoas se encontrarem após o trabalho e tomar umas para relaxar. Pelo contrário. Localizado na mais sombria e decadente parte da cidade, se erguia como um farol de perdição. O cheiro de álcool misturado com fumaça de cigarro impregnava o ar, como se fosse o próprio aroma da decadência. Era exatamente nesse bar que James White e Arthur Sallow fizeram seu acordo, e era nesse mesmo bar que estavam nesse exato momento. — E então, nenhuma pista daquele desgraçado? — perguntou Sallow a James. — Não. Aquele bosta conseguiu evaporar feito fumaça! — respondeu enquanto dava uma tragada no cigarro — Mas sabe o mais engraçado nessa história? Olívia me contou que ela recebeu, no mesmo dia em que firmamos o acordo, um envelope com as fotos que você me mostrou mas com um adendo dizendo onde pegar ele em flagrante com uma vagabunda. — Sim. Sarah me contou tudo. — Foi você, não foi? — Claro que foi. Eu disse que faria ela descobrir t
Após alguns dias, Olívia já se sentia um pouco melhor na casa de seu pai. Contudo, a realidade de morar com ele não parecia muito diferente de morar sozinha. Ele estava constantemente imerso em seu trabalho, uma cena que ecoava os dias de sua infância. No entanto, o que Olívia não sabia era que muitas vezes, durante sua infância, seu pai passava horas envolvido em jogos de azar nos bares da cidade, arriscando tudo o que tinha e até mesmo o que não tinha.Naquele dia, Olívia estava recolhida em seu quarto, folheando um de seus antigos diários da adolescência. Parecia que ela estava em busca da resposta para quando exatamente sua vida se tornou tão complicada e melancólica. Ela já conhecia a resposta, e havia apenas uma pessoa a ser responsabilizada por isso: ela mesma.— Querida? — ela ouviu o pai bater na porta.— Oi pai, pode entrar.Ele entrou e se sentou ao pé da cama de Olívia.— Lendo seus antigos diários? — sorriu, mas seu olhar denotava preocupação.— É, por causa da nostalgia.
Ela perguntou ao olhar furiosa para Terry e entregando o documento para ele que chocado e indignado responde. — Claro que eu não sabia! Mas eu imaginava que haveria um preço. — Como você pode me vender assim desse jeito? Eu não sou uma mercadoria! — ela chorou de raiva e — Por que todos querem controlar a minha vida? Pelo amor de Deus! — E você, pai. Acha que eu ficaria feliz com isso? — Perguntou Terry. — Com certeza. Você ama essa garota a muito tempo e eu pensei... — Pai não importa se eu amo ela. Ela não sente o mesmo e... Jamais forçaria ela. — Filha, pensa em tudo que está em jogo. Nossas vidas literalmente dependem disso. Se você não se casar Arthur não vai pagar a dívida. Você precisa fazer isso, eu te imploro! Olívia não acreditava no que estava acontecendo, parecia cena de novela. Terry estava irritado com os papéis em mãos, ele se levantou e analisou novamente o contrato. — Não tem adendos nesse contrato. — ele olhou e por fim se virou para seu pai — Posso a
Terry odiava aquilo, mas precisava fazer. Precisava ser frio e cauteloso. Ele tirou o paletó que usava e se aproximou de Myles. Colocou uma de suas mãos na mão dele e segurou com força um dos dedos e o entortou para o lado contrário, quebrando o dedo do homem fazendo com que ele gritasse de dor. Arthur assistia tudo friamente. — Qual é Myles. Você tem cinco segundos até o próximo dedo. — ele disse. — Eu não sei! Eu juro!! — Resposta errada. — ele quebrou mais um dos dedos, deixando uma fratura exposta horrível. Terry suspirou de tédio. — Você sabe que de todos os métodos de tortura que eu sei esse é o mais leve deles. Está querendo que eu chegue no pior deles? — disse ao ir em direção a uma mesa enferrujada de metal que havia na sala, pegando um alicate. — Não, não. Terrence o que você vai fazer, cara? — perguntou apavorado enquanto Terry se aproximava do rosto dele. — É melhor você falar então! Onde tá a porra do dinheiro, Myles? Acha que pode passar a gente pra trás a
Assim que ia sair com o carro, ela recebeu uma mensagem de Sarah dizendo que teriam de cancelar a ida a cafeteria, o que deixou Olívia um pouco desanimada. Pensou talvez que era esquisito ser uma adulta e ter apenas uma amiga. Sentada com as mãos no volante resolveu então ir a um lugar onde a muito tempo não ia, um lugar que a fazia se sentir em paz. Eram pelo menos mais de duas horas dirigindo, mas ainda assim sabia que valeria a pena. A praia de Brighton estaria vazia naquele momento já que não era verão ainda, então ela poderia apenas caminhar na praia, e de alguma forma recarregar as energias. Sentada na areia da praia, sem se preocupar em sujar suas roupas de areia, ela simplesmente ficou ali observando as ondas do mar indo e vindo. Inspirou profundamente, absorvendo o aroma da maresia com os olhos fechados. Era a primeira vez em muito tempo que ela se sentia verdadeiramente em paz. Era mágico como aquele lugar fazia ela de esquecer dos seus problemas, pelo menos por algun
Terrence se sentiu um pouco triste, já que fora ali que havia contado a ela pela primeira vez como se sentia. — Sabe, quando eu vou dormir, todas as noites eu me lembro daquele dia. Ele em cima de mim, o cheiro dele, ele me... — ela deixou algumas lágrimas descerem —... Sinto aquela sensação horrível do toque dele... Era como se eu estivesse sendo rasgada... Eu fico com tanta raiva. Me sinto tão suja. Terrence apenas ouvia atentamente, com um olhar sensível. — Você não tem culpa de nada. — ele disse. — Eu sei que tenho. Eu poderia ter ouvido você desde o começo, se eu tivesse confiado em você essa situação toda poderia ter sido evitada. — falou com tom de amargura, sua voz já parecia embargada. Terry colocou sua mão sobre a dela. — Eu sei que está sendo um momento difícil. Para mim é doloroso também. Me peguei varia vezes pensando e se eu não tivesse ligado pra você, o que teria acontecido. E eu confesso que prefiro nem imaginar! — Eu acho que talvez seja bom eu fica
A ideia de Olívia para que descobrissem juntos qual seria a melhor decoração, lugar e buffet para ao casamento deixou Terrence animado. Naquela mesma semana resolveram ir para uma degustação dos doces e salgados para a festa, incluindo o bolo de casamento. — O que vocês procuram para servir no casamento? Algo simples ou sofisticado? — perguntou a doceira — Bem, nós procuramos os dois em um? — respondeu Olívia. — Simples e refinado. — Entendo, nada muito extravagante mas que faça jus ao patamar de vocês! — disse ela — Vou pegar nosso cardápio, e vocês poderão experimentar de acordo com o que escolherem. — ela saiu por um minuto. — “Patamar”. Qual será o patamar da futura senhora Sallow? — eles riram baixinho. A moça retornou com o cardápio e eles começaram a degustação. Alguns eram doce demais, outros pareciam puro glacê mas finalmente teve um que conquistou o paladar do jovem casal. Passaram exatamente duas horas provando docinhos e salgados, decidindo quais seriam o m
Os preparativos para o casamento estavam indo bem. Porém, o estado de saúde de Arthur estava cada vez pior. Apesar dos médicos terem dado a ele seis meses de vida, o tratamento paliativo não estava apresentando o efeito esperado. Terrence e Olívia estavam sentados no sofá da sala, olhando para as fotos dos preparativos do casamento para decoração. — Por que seu pai não contou pra gente antes? — perguntou Olívia a Terrence, com um tom de preocupação em sua voz enquanto ela pegava uma das fotos para observar mais de perto.— Eu não sei. Ele se acha durão, sabe. Talvez pensasse que conseguiria se curar sozinho de alguma forma. — Terrence suspirou, desviando o olhar das fotos para encarar Olívia. Olívia havia criado um hábito de sempre ir à empresa no horário de almoço para almoçar com Terrence, sempre levando algo preparado por ela. Naquela tarde combinaram de almoçar na casa de Terrence onde ela preparou massa caseira. — Eu acho que talvez seja melhor a gente acelerar as coisas, nã