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Herança do Prazer
Herança do Prazer
Por: Ediléia Silva
Capítulo 1: Boas notícias

> ELIZABETH MONTGOMERY <

"Prólogo"

Até onde você iria por um amor que nunca deveria ter acontecido?

Eu nunca soube a resposta até conhecer Patrício... Na verdade, eu nunca procurei por ela até conhecê-lo.

Antes dele minha vida era como um roteiro bem escrito: faculdade, estágios, noites silenciosas dedicadas ao futuro que eu acreditava ser o certo.

Eu até tinha um namorado, mas eu nem mesmo podia dizer que aquilo era amor. Eu gostava dele? Sim. Mas amar? Acredito que era um termo um pouco forte para descrever tal situação.

Mas então ele apareceu, com seu jeito reservado, seus olhos que escondiam tempestades e aquele sorriso que parecia prometer o mundo e destruí-lo ao mesmo tempo.

Ele vinha com aquela intensa bagagem que prometia grandes problemas e dores de cabeça. Mas quem importa? Afinal, o amor prevalece, né verdade?

Eu lutei contra isso, sabe? Tentei me convencer de que era só uma atração, uma curiosidade passageira.

Mas como você foge de algo que parece estar gravado na sua alma? Ele me mostrou um universo que eu nunca ousei explorar, me fez sentir coisas que me assustaram e, ao mesmo tempo, me deram vida.

E a resposta essa pergunta? Na verdade ainda não sei, mas posso dizer que eu fui até o limite do que achava suportável.

É loucura, talvez, mas descobri que o amor, o verdadeiro amor, não pede permissão para acontecer e você não consegue se esconder dele, mesmo que devesse.

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"Dias atuais"

O som estridente do despertador que há muito me incomodava, hoje parecia uma melodia me despertando para um novo sonho.

Exagero minha analogia? Talvez, mas hoje é realmente um dia para mim.

Ontem recebi a resposta sobre uma vaga de estágio que tanto sonhei, para falar a verdade eu nem mesmo dormi depois daquele email.

Fui selecionada para uma entrevista na Corporação Graham. Pode não parecer muito, mas só de entrar na seleção já é um grande passo.

E obviamente trabalhar para uma empresa tão renomada, com pessoas tão inteligentes é realmente o paraíso para qualquer nerd estudante de administração.

O dono da empresa é Álvaro Graham, ele é conhecido como o solteirão mais cobiçado, mas que não se envolve emocionalmente. Ele nunca é visto ou flagrado. Nem mesmo há um paparazzi surtado que tenha conseguido uma foto dele.

Sua fama no trabalho é de um homem implacável, inteligente, frio e calculista.

Bem, confesso que estou nervosa sobre o que o todo poderoso Álvaro pensará e como serei avaliada por ele.

Mas isso é preocupação para outro momento, não vale a pena sofrer antecipadamente.

Ninguém sabe ainda sobre isso, não compartilhei as boas notícias, quero avisar primeiro o meu namorado, Allan, sei que ele vai ficar feliz por mim. Embora ele esteja bem distante nos últimos dias.

Sem nem mesmo tomar café da manhã, saio de casa, em direção ao apartamento de Allan. Não gosto de aparecer sem avisar, mas eu tentei ligar diversas vezes ontem e não consegui, mandei várias mensagens e ele ainda não me respondeu.

Confesso que estou um pouco preocupado com ele. Nas últimas semanas Allan anda tão ocupado, que a gente mal se vê.

Principalmente a noite que ele sempre está ajudando seu pai com alguma coisa do trabalho. Ele não me disse exatamente ajudando em que, mas eu confio e não há motivos para desconfiar.

Vou usar isso como desculpa, aproveitando o momento, faço uma visita, vejo como ele está, mato minhas saudades e de quebra conto a novidade para ele.

Vinte minutos depois estaciono em frente ao apartamento de Allan. Atravesso o hall de entrada do seu prédio, que é bem luxuoso por sinal.

Seu apartamento é pequeno, mas bem sofisticado. Seus móveis feitos sob medida, sua decoração com itens caros é um bom indicativo que seu pai é bem de vida.

Allan decidiu morar sozinho desde que sua mãe foi embora alguns anos atrás, ele se mudou da casa do pai logo depois dela.

Mas eu não sei muito sobre eles, meu namorado não compartilha muito sobre sua família. Esses pequenos detalhes foram tudo o que ele disse.

Acredito que isso ainda o magoa.

Sim, ainda não conheço meu futuro sogro, Allan diz que ele está sem tempo, sempre está viajando ou ocupado com alguma coisa. Mas espero conhecer-lo em breve.

Eu conheci meu namorado dois anos atrás, quando entrei na faculdade. Ele estava em seu segundo ano de administração, enquanto eu estava iniciando no curso.

Assim que me conheceu ele me convidou para sair, de início eu fiquei relutante, não sabia se era uma boa ideia, mas com o passar do tempo ele insistiu tanto que eu acabei cedendo.

E hoje namoramos!

Cumprimento o porteiro, que já me olha com um largo sorriso, ele está saindo do elevador.

- Bom dia, senhor Otávio.

- Bom dia, moça bonita. - Ele me lança um sorriso acolhedor.

- Como está o senhor?

- Estou bem querida, e você?

- Estou ótima, senhor Otávio, melhor impossível!

- Fico feliz, menina. - Ele sorri mais ainda, enquanto me olha de forma carinhosa

- Você sabe me dizer se Allan está? - Perguntei. Talvez Allan tenha dormido na casa do pai como tem feito ultimamente.

- Não sei lhe informar. Acabei de chegar. Clóvis foi quem ficou encarregado do horário noturno essa semana - Seu Otávio responde se referindo a Clóvis, outro dos porteiros daqui. - Mas acredito que esteja, passei no estacionamento e seu carro está lá

- Oh... Obrigada - Sorrio para ele

- Disponha! - Ele sorriu de volta.

Se Allan está em casa, isso quer dizer que ele não foi trabalhar ontem? Então porque não me ligou? Ou respondeu minhas mensagens?

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