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Capítulo 3: Acesso de fúria

>ELIZABETH<

- Não é nada do que você está pensando. - Allan fala. Será que ele acha que eu sou estúpida? Ou burra? Cega, talvez?

Não, não é o que eu estou pensando é o que eu estou vendo. Tenho vontade de gritar mas permaneço quieta.

Em um reflexo percebo que a minha “amiga” vadia ainda está na porta e continua olhando para a sua roupa que está aos meus pés.

Fico estática enquanto controlo minha respiração. O que essa mulher ainda está fazendo aqui?

Ela está tentada a se abaixar e pegar, mas sabe que não é uma boa ideia no momento. Eu sempre fui uma pessoa calma em qualquer situação, não gosto de brigas e não sou de fazer barracos, e talvez eles queriam aproveitar disso, mas não agora, eu preciso extravasar toda essa raiva pela dupla traição.

E ela continua parada as minhas costas.

Essa vagabunda só pode estar me testando. Respiro fundo, me abaixo e pego no chão com um sorriso desdenhoso no rosto.

- É isso que você quer, amiga? - pergunto com um ódio que chega a me cegar.

Com fúria, puxo o tecido que é tão vagabundo quanto ela, que se parte ao meio nas minhas mãos.

Isabella arregala os olhos, vira as costas e sai correndo igual a uma pata, enrolada no lençol. Corro atrás dela, com sangue nos olhos e puxo o lençol deixando-a totalmente nua.

Se ela gosta de se mostrar, vou dar uma pequena ajuda para facilitar.

- Agora sua vagabunda, saia daqui ou eu te atiro pela janela - falo entre dentes

- Mas eu não posso ir nua - ela choraminga

- Então você sai pela janela - Isabella sai disparada pelo corredor antes que eu possa alcançá-la novamente.

Faço uma nota mental para guardar essa cena na memória, para rir algum dia, mas não hoje.

Volto meu olhar para Allan, que estava nos observando sem mover um dedo para ajudar sua adorável amante e nem sei o que pensar.

Foram dois anos em um relacionamento com esse imprestável, pra quê? Para ser traída com uma pessoa que eu conhecia? Para ser trocada por uma qualquer?

Como não reparei o que eles tinham quando saímos todos juntos? Desde quando eles estão fazendo isso pelas minhas costas?

- Essa foi a única vez, Liz, eu juro - ele sussurra, como se tivesse lido meus pensamentos.

- Não era nem para ter a primeira vez, seu idiota

- Liz... - Ele suspira frustrado - Foi só sexo, eu ainda gosto de você. Isso não influencia em nada o nosso relacionamento, você continua sendo minha escolhida.

Olho para Allan como se ele fosse louco, ele acha mesmo que depois disso aqui a gente vai continuar como se nada tivesse acontecido? Ele acha que uma traição não influencia em nosso "relacionamento"?

- Você só pode ser louco.

- Liz, entenda, homens tem desejo e prioridades tá? Isabela é meu desejo e você minha prioridade. Você continua sendo minha namorada e ela é só quem me faz gozar e tá tudo certo. - Allan sorri como se tivesse me dando a explicação mais óbvia e natural do mundo.

- Cala a porra da sua boca - grito com ele, a essa altura minha raiva tinha tomado proporções gigantescas.

Após o meu acesso de fúria, me encontro parada ainda na porta da sala, apenas assimilando tudo o que acabou de acontecer. Assimilando todas as bobagens que ouvir da boca do idiota parado a minha frente.

E como se fosse um sinal para que eu volte para a realidade, o desgraçado se vira para pegar alguma coisa que estava atrás dele, revelando suas costas totalmente arranhadas.

Um nó se forma na minha garganta, mas engulo o choro novamente, pois o mundo vai acabar antes desse infeliz me ver chorando.

Ele não merece...

Em um novo acesso de fúria, me abaixo e pego o seu sapato que está próximo de mim e taco nele, e esse eu acerto, fazendo um barulho oco soar pelo apartamento.

Me levanto e começo a jogar tudo o que encontro pela frente. Se seu pai estivesse do meu lado, eu tacaria ele também.

Céus, estou fervendo de ódio, o que é bastante incomum se tratando de mim.

- SEU BASTARDO, INFELIZ! - grito enquanto continuo jogando tudo nele, que só se encolhe, tentando se defender. - POR QUÊ!?!

Quando percebo que não tem mais nada ao alcance das minhas mãos, eu já estou ofegante, com o peito subindo e descendo em uma busca desesperada por ar.

Estar aqui dentro, na frente desse merda, só está me deixando mais e mais sufocada.

- Liz... Calma. - O imbecil estende a mão, como se estivesse tentando acalmar alguma fera prestes a lhe atacar. - Me deixa te explicar, talvez você não tenha entendido meu ponto de vista ainda.

O infeliz é um convencido arrogante que acha que as baboseiras que saem da sua boca vão me acalmar.

Percebo que ele vai se aproximando a passos lentos e me mantenho parada. Ele não seria burro ao ponto de se aproximar de mim, certo?

Errado...

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