>PATRÍCIO<
O vazio na sala parecia se estender, como uma sombra crescente que tomava conta de cada canto, cada pedaço de mim.Eu não sabia o que fazer, o que pensar. Cada palavra de Liz ainda reverberava em minha mente como um eco distante e doloroso.—.Eu preciso de um tempo — Aquela frase martelava na minha cabeça de forma cruel.Eu pensei que ela havia desistido dessa ideiaEu sabia que ela estava sofrendo, eu sabia que havia algo errado, mas não conseguia entender. Não conseguia encontrar uma razão clara.Eu, Patrício, sempre soube o que queria. Sempre fui firme, mas agora eu estava perdido, tentando decifrar algo que parecia impossível.A culpa que Liz sentia pesava tanto assim? Ela era incapaz de aguentar por mim? Pela gente?Eu andava pelo escritório, o silêncio esmagador me apertando os ombros como se um peso invisível me fizesse cambalear.Como eu pude chegar a isso? Liz sempre foi a luz nos meus dias sombrios, mas agora, parecia>PATRÍCIONão sabia se ela estaria lá, mas precisava tentar. Precisava ver o que estava acontecendo em sua cabeça, ouvir dela o que eu não conseguia entender. E, talvez, se ela me visse, se estivesse disposta a falar, eu poderia, finalmente, compreender o que se passava no seu coração.Cheguei à porta da sua casa e toquei a campainha. A resposta foi um silêncio pesado, um silêncio que me cortou a alma. Não havia som de passos, de movimentos. Eu sabia que ela estava em casa, mas ela não queria me ver. E isso me destruía.Eu toquei a campainha novamente, mais uma vez, mais forte, mais insistente. Eu precisava falar com ela. Eu precisava fazer com que ela entendesse que a amava e que tudo o que estava acontecendo não era o que eu queria. Mas nada. Nenhuma resposta.O desespero começou a se misturar com a frustração. Como eu poderia mostrar a ela o quanto eu a valorizava, o quanto ela significava para mim, se ela não queria nem sequer me ouvir?<
>PATRÍCIOPodia sentir um leve tremor em sua voz que denunciava a sua mentira. Ela não queria ficar longe.Mas então, por que se afastou? O que deu errado entre mim e ela em tão pouco tempo?— O que tá havendo Liz? Porque você quer tanto né afastar?Liz suspirei como se decidisse se deveria ou me contar, seus olhos transbordavam tristeza, enquanto ela me olhava.— Eu estou te atrapalhando, Patrício. Se eu sair... se eu te deixar Allan vai voltar. Eu não posso mais ver você sofrer.Eu não entendia de o se surgiu aquela conclusão, como ela sabe que essa seria uma condição para ele voltar?— Mas Liz… — tentei dissuadi-la daquela ideia, mas parecia inútil as minhas tentativas, ela já havia tomado aquela decisão.— É melhor assim, tudo entre a gente foi um erro. Eu não deveria ter entrado em sua vida, ainda mais daquele jeito.Essas palavras, tão simples, me destruíram. Ela não sabia mais o que queria. E isso significava que, no fundo, ela já tin
>ELIZABETHEu estava sentada no sofá, o coração pesado, o olhar perdido em um ponto qualquer da sala. O silêncio era ensurdecedor, preenchido apenas pelo som da minha respiração irregular. Não podia acreditar que as coisas haviam chegado até aqui, mas, ao mesmo tempo, sabia que era o único caminho possível. Eu não podia mais continuar carregando o peso dessa culpa, nesse vai e vem de sentimentos, nesta relação marcada por mal-entendidos e dores não ditas.Eu olhei para o celular que estava sobre a mesa de café. O número de Patrício estava gravado na tela, mas eu sabia que não deveria atender. O que mais eu poderia dizer? O que mais eu poderia fazer?Eu já havia dado tantos problemas, já havia esperado demais e se algo ruim acontecer com Allan. Eu não poderia, ele é só como uma criança que se sente abandonado. Hoje eu entendi o porquê ele era tão instável durante o nosso relacionamento.É tudo culpa dela. Estela.E graças a seu jogo sórdi
>ELIZABETHA campainha tocou.Eu hesitei.Não queria abrir a porta, não queria ver o rosto dele, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que essa era a última chance de colocarmos um ponto final nisso. Eu não poderia mais fugir. Eu não podia mais empurrar o problema para debaixo do tapete. Eu precisava ser honesta, até com a dor.— Quem está batendo filha? — papai perguntou, eu não tinha certeza, mas poderia imaginar.— É isso que vou descobriLevantei-me, caminhei até a porta e abri. Lá estava Patrício, com aquele olhar que eu sempre achei tão cheio de força e certeza. Ele olhou para mim, e pude ver a esperança em seus olhos. Era como se ele ainda acreditasse que podia resolver tudo, como se ainda acreditasse que nós poderíamos superar o que quer que fosse que estivesse nos separando. Eu sabia que, no fundo, ele não estava preparado para ouvir o que eu tinha a dizer, mas eu precisava falar.— Oi — foi tudo o que consegui dizer. Minha voz
>ELIZABETHPatrício queria me segurar, queria me convencer de que tudo ficaria bem, mas ele não entendia. Ele não conseguia ver que o que mais eu temia era exatamente isso: continuar afastando quem ele mais amava, continuar fazendo ele sofrer.— Eu não quero que isso acabe — ele disse, com a voz tremendo de frustração. — Eu… — Patrício gaguejou, como se lutasse para liberar aquelas palavras — Eu te amo, Liz. Eu te amo.Eu olhei para ele, meus olhos arregalados de surpresa e choque. Eu não esperava por aquela confissão.As lágrimas que já rolavam, agora saiam em ondas, meu peito apertou como nunca antes a dor me consumiu.Minhas palavras estavam presas na garganta, e tudo o que consegui fazer foi balançar a cabeça.— Eu também te amo, Patrício. Mas... talvez o amor não seja o suficiente. Você precisa do amor de outra pessoa agora. O amor do seu filho.As palavras ecoaram no ar, e a dor tomou conta de nós dois. O espaço entre nós parecia se alargar, c
>PATRÍCIOQuando a porta se fechou atrás de mim, o som do clique ecoou como um golpe no meu peito. Era como se aquele som fosse a trilha sonora final.Eu permaneci parado por um momento, a respiração pesada, as palavras de Liz ainda reverberando na minha mente. — Eu preciso de um tempo longe de tudo isso. Longe de você. Eu não posso mais continuar. — Não consegui processar imediatamente o que estava acontecendo.Como assim? Como eu não vi isso vindo? Ela não queria dizer aquilo, não havia como ser o que ela realmente estava querendo.Mas o que mudou? Por que mudou?A gente pareceu bem na nossa última interação na minha sala. Embora ela não tenha cedido completamente.O silêncio dentro de mim era ensurdecedor. Eu sabia que havia algo errado, sabia que as coisas não estavam bem entre nós, mas não estava preparado para ouvir aquelas palavras. Nunca estive. O vazio dentro de mim cresceu a cada segundo, a cada respiração que eu tenta
>PATRÍCIOFui até a empresa, como se estivesse tentando me distrair, como se o trabalho pudesse curar a dor que me consumia. Mas nada parecia fazer sentido. Nada parecia funcionar.Eu estava vazio, perdido, e as horas se arrastavam enquanto minha mente permanecia fixada em Liz. Como eu pude ser tão cego? Eu não percebi? Eu não vi o quanto ela estava sofrendo? Eu não percebi que ela precisava de algo mais, de algo diferente? Como eu não percebi que o peso da culpa que ela carregava era tão grande? Mas o que eu poderia ter feito?Eu já havia dado tudo de mim, ou pelo menos eu achava que sim.Telefonei para ela, tentando entender. Tentei encontrar uma razão, uma explicação, qualquer coisa que fizesse sentido.Mas ela não atendeu. Não que eu esperasse que atendesse. Eu sabia que ela precisava de espaço. Ela estava ferida, assim como eu. Mas eu não estava pronto para aceitar a distância, não estava preparado para essa separação.Já não ba
>PATRÍCIONão podia ser assim. Eu precisava ser forte, por mim e por Liz. Talvez, se ela precisasse de um tempo, fosse o melhor. Talvez, no final, isso fosse o que precisávamos para crescer, para curar nossas feridas.Talvez seja isso que preciso até encontrar Allan e conversar com ele. Esclarecer nossos sentimentos, fazer o meu filho entender que o quê aconteceu entre mim e a Liz foi coincidência, que nenhum de nós planejou tudo isso.Mas o que mais eu poderia fazer agora? O que mais eu poderia dizer? Eu estava sem respostas, sem palavras. Apenas com o vazio, com a saudade, e com a incerteza de um futuro sem ela.Eu fechei os olhos por um momento, tentando encontrar alguma forma de lidar com aquilo. Talvez eu precisasse me afastar, assim como Liz. Talvez esse fosse o único caminho para nós dois, para que pudéssemos nos reencontrar no futuro, mais fortes, mais curados.Mas, até lá, tudo o que me restava era essa dor silenciosa, esse luto não oficial pe