>ELIZABETH<
A campainha tocou.Eu hesitei.Não queria abrir a porta, não queria ver o rosto dele, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que essa era a última chance de colocarmos um ponto final nisso.Eu não poderia mais fugir. Eu não podia mais empurrar o problema para debaixo do tapete.Eu precisava ser honesta, até com a dor.— Quem está batendo filha? — papai perguntou, eu não tinha certeza, mas poderia imaginar.— É isso que vou descobriLevantei-me, caminhei até a porta e abri. Lá estava Patrício, com aquele olhar que eu sempre achei tão cheio de força e certeza.Ele olhou para mim, e pude ver a esperança em seus olhos. Era como se ele ainda acreditasse que podia resolver tudo, como se ainda acreditasse que nós poderíamos superar o que quer que fosse que estivesse nos separando.Eu sabia que, no fundo, ele não estava preparado para ouvir o que eu tinha a dizer, mas eu precisava falar.— Oi — foi tudo o que consegui dizer. Minha voz>ELIZABETHPatrício queria me segurar, queria me convencer de que tudo ficaria bem, mas ele não entendia. Ele não conseguia ver que o que mais eu temia era exatamente isso: continuar afastando quem ele mais amava, continuar fazendo ele sofrer.— Eu não quero que isso acabe — ele disse, com a voz tremendo de frustração. — Eu… — Patrício gaguejou, como se lutasse para liberar aquelas palavras — Eu te amo, Liz. Eu te amo.Eu olhei para ele, meus olhos arregalados de surpresa e choque. Eu não esperava por aquela confissão.As lágrimas que já rolavam, agora saiam em ondas, meu peito apertou como nunca antes a dor me consumiu.Minhas palavras estavam presas na garganta, e tudo o que consegui fazer foi balançar a cabeça.— Eu também te amo, Patrício. Mas... talvez o amor não seja o suficiente. Você precisa do amor de outra pessoa agora. O amor do seu filho.As palavras ecoaram no ar, e a dor tomou conta de nós dois. O espaço entre nós parecia se alargar, c
>PATRÍCIOQuando a porta se fechou atrás de mim, o som do clique ecoou como um golpe no meu peito. Era como se aquele som fosse a trilha sonora final.Eu permaneci parado por um momento, a respiração pesada, as palavras de Liz ainda reverberando na minha mente. — Eu preciso de um tempo longe de tudo isso. Longe de você. Eu não posso mais continuar. — Não consegui processar imediatamente o que estava acontecendo.Como assim? Como eu não vi isso vindo? Ela não queria dizer aquilo, não havia como ser o que ela realmente estava querendo.Mas o que mudou? Por que mudou?A gente pareceu bem na nossa última interação na minha sala. Embora ela não tenha cedido completamente.O silêncio dentro de mim era ensurdecedor. Eu sabia que havia algo errado, sabia que as coisas não estavam bem entre nós, mas não estava preparado para ouvir aquelas palavras. Nunca estive. O vazio dentro de mim cresceu a cada segundo, a cada respiração que eu tenta
>PATRÍCIOFui até a empresa, como se estivesse tentando me distrair, como se o trabalho pudesse curar a dor que me consumia. Mas nada parecia fazer sentido. Nada parecia funcionar.Eu estava vazio, perdido, e as horas se arrastavam enquanto minha mente permanecia fixada em Liz. Como eu pude ser tão cego? Eu não percebi? Eu não vi o quanto ela estava sofrendo? Eu não percebi que ela precisava de algo mais, de algo diferente? Como eu não percebi que o peso da culpa que ela carregava era tão grande? Mas o que eu poderia ter feito?Eu já havia dado tudo de mim, ou pelo menos eu achava que sim.Telefonei para ela, tentando entender. Tentei encontrar uma razão, uma explicação, qualquer coisa que fizesse sentido.Mas ela não atendeu. Não que eu esperasse que atendesse. Eu sabia que ela precisava de espaço. Ela estava ferida, assim como eu. Mas eu não estava pronto para aceitar a distância, não estava preparado para essa separação.Já não ba
>PATRÍCIONão podia ser assim. Eu precisava ser forte, por mim e por Liz. Talvez, se ela precisasse de um tempo, fosse o melhor. Talvez, no final, isso fosse o que precisávamos para crescer, para curar nossas feridas.Talvez seja isso que preciso até encontrar Allan e conversar com ele. Esclarecer nossos sentimentos, fazer o meu filho entender que o quê aconteceu entre mim e a Liz foi coincidência, que nenhum de nós planejou tudo isso.Mas o que mais eu poderia fazer agora? O que mais eu poderia dizer? Eu estava sem respostas, sem palavras. Apenas com o vazio, com a saudade, e com a incerteza de um futuro sem ela.Eu fechei os olhos por um momento, tentando encontrar alguma forma de lidar com aquilo. Talvez eu precisasse me afastar, assim como Liz. Talvez esse fosse o único caminho para nós dois, para que pudéssemos nos reencontrar no futuro, mais fortes, mais curados.Mas, até lá, tudo o que me restava era essa dor silenciosa, esse luto não oficial pe
>ELIZABETHO choro começou suave, quase imperceptível, mas logo se transformou em algo mais profundo, como uma tempestade interna que não conseguia mais segurar. Sentada na beira da cama, com as mãos no rosto, as lágrimas escorriam sem parar. O peso da decisão que tomei, do término com Patrício, me esmagava, mas algo dentro de mim, uma voz que insistia em ser racional, tentava me convencer de que havia sido a escolha certa.Eu não poderia ser egoísta.Porém, a dor, a saudade de Patrício, o vazio de não tê-lo mais perto, era avassaladora. Eu o amava com todo o meu ser, mas as palavras de Estela... a forma como ela me ameaçava de forma sutil e oculta.As dificuldades entre nós, tudo parecia me empurrar para essa decisão. Eu queria que as coisas fossem diferentes. Eu queria acreditar que tudo poderia dar certo, mas não era mais assim. Eu não sabia como o destino poderia ser tão cruel ao ponto de armar essa armadilha, mas algo tinha se quebrado, e talvez
— ELIZABETH MONTGOMERY — "Prólogo" Até onde você iria por um amor que nunca deveria ter acontecido? Eu nunca soube a resposta até conhecer Patrício... Na verdade, eu nunca procurei por ela até conhecê-lo. Antes dele minha vida era como um roteiro bem escrito: faculdade, estágios, noites silenciosas dedicadas ao futuro que eu acreditava ser o certo. Eu até tinha um namorado, mas eu nem mesmo podia dizer que aquilo era amor. Eu gostava dele? Sim. Mas amar? Acredito que era um termo um pouco forte para descrever tal situação. Mas então ele apareceu, com seu jeito reservado, seus olhos que escondiam tempestades e aquele sorriso que parecia prometer o mundo e destruí-lo ao mesmo tempo. Ele vinha com aquela intensa bagagem que prometia grandes problemas e dores de cabeça. Mas quem importa? Afinal, o amor prevalece, né verdade? Eu lutei contra isso, sabe? Tentei me convencer de que era só uma atração, uma curiosidade passageira. Mas como você foge de algo que parece estar gravado na
> ELIZABETH
>ELIZABETH<- Não é nada do que você está pensando. - Allan fala. Será que ele acha que eu sou estúpida? Ou burra? Cega, talvez?Não, não é o que eu estou pensando é o que eu estou vendo. Tenho vontade de gritar mas permaneço quieta.Em um reflexo percebo que a minha “amiga” vadia ainda está na porta e continua olhando para a sua roupa que está aos meus pés.Fico estática enquanto controlo minha respiração. O que essa mulher ainda está fazendo aqui?Ela está tentada a se abaixar e pegar, mas sabe que não é uma boa ideia no momento. Eu sempre fui uma pessoa calma em qualquer situação, não gosto de brigas e não sou de fazer barracos, e talvez eles queriam aproveitar disso, mas não agora, eu preciso extravasar toda essa raiva pela dupla traição.E ela continua parada as minhas costas.Essa vagabunda só pode estar me testando. Respiro fundo, me abaixo e pego no chão com um sorriso desdenhoso no rosto.- É isso que você quer, amiga? - pergunto com um ódio que chega a me cegar.Com fúria, p