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Capítulo 4: Controlando as lágrimas

>ELIZABETH<

Controlo minha ânsia de vômito que se intensifica com a sua aproximação, e a ira dentro de mim sai desgovernada.

Eu nunca pensei que tinha tanta raiva reprimida.

- Liz, e daí que eu comi a Isabella? Ela é uma vagabunda que transa com qualquer um. Mas isso não importa, pois eu sou seu, só seu. - Allan continua se aproximando - Vamos esquecer isso amor. Eu só estava me divertindo enquanto esperava por você.

Eu continuo calada. Assim que ele está próximo o suficiente, levo o braço para trás, pegando impulso e o golpeio com toda a minha raiva.

Quando meu punho atinge o seu nariz, involuntariamente solto um gemido de dor, as dobras dos meus dedos doem com a ação, mas o seu é ainda mais alto que o meu.

Uau! Isso foi muito bom.

Sinto como se todo o peso dessa traição tivesse saído junto com o soco.

O imbecil cai no chão todo torto, fazendo um som horrível ecoar pelo quarto, enquanto segura o próprio rosto e rola para o lado, soltando um chiado de dor.

- Por que você fez isso Liz? - Ele geme segurando o nariz sangrento

- Você mereceu, por ter sido um babaca comigo e desperdiçar dois anos da minha vida.

- Você é louca, tudo isso só porque transei com sua amiga? - Fiquei com mais raiva, porém não me dei ao trabalho de responder, ele não merecia mais o meu esforço.

Bem, obviamente também não sou uma pessoa agressiva, mas com toda certeza ele merecia isso por jogar dois anos de extrema confiança fora.

- Palhaço - suspiro ainda ofegante - Nunca. Mais. Chegue. Perto. De. Mim. - digo pausadamente.

Antes que ele me respondesse, giro nos meus calcanhares e saio do quarto o mais rápido que consigo, catando o meu tênis abandonado na porta do apartamento e indo embora.

Eu devia saber, ele estava tão distante e estranho, mas preferi acreditar em suas palavras bobas e suas falsas promessas.

Eu engoli cada mentira idiota que ele contava, no fundo eu sabia que algo estava errado nos últimos dias Allan evitou toda e qualquer aproximação minha.

Tentei vim a sua casa várias e várias vezes, mas ele sempre recusava, dizendo que estava estudando, trabalhando ou na casa do seu pai.

Eu nem mesmo sei se esse bastardo tem mesmo um pai. Não é possível que eu nunca o tenha visto dois anos de relacionamento.

Sinto minhas vistas embaçar, mas engulo o choro, não vou me permitir sofrer por alguém como ele, Allan não merecia minha dor.

Sinceramente? Eu gostava do imbecil... Mas, amar? Acho que não... Do contrário, acredito que não estaria controlando as lágrimas.

A vontade de chorar é grande, mas é mais pela raiva. Pela traição. Por ele ter feito tão pouco da minha confiança. Não pela perda. É um choro de ódio.

- Foi livramento, Elizabeth! - Constato para mim mesma, enquanto me encaro no espelho do elevador. - Babaca. - Chio baixinho.

Ainda bem que não me entreguei a ele, de qualquer forma Allan não merecia minha primeira vez.

Não vou me dar ao luxo de sentir pena de mim mesma, sou melhor que isso. Ele também não merece. Eles não merecem.

Quando o elevador enfim chega ao térreo, arrumo minha postura, respiro fundo e ergo minha cabeça.

Sou muito mais que isso...

- Tchau, senhor Otávio. - Me despeço do porteiro sempre gentil e sigo para o meu carro.

Seu Otávio parece assustado... Desconfortável definiria melhor, provavelmente deva ter cruzado com aquela pata choca.

Não vejo nenhum sinal daquela vadia no prédio ou na rua, provavelmente alguém a ajudou, também não me importo com isso.

Ela mereceu, foi tão traíra quanto ele. E isso foi por todas as vezes que a ajudei sem nem pensar duas vezes, sem nem pensar em mim mesma.

"Com tanto homem no mundo, essa vagabunda tinha que se interessar justo pelo meu? Eu sempre fui uma ótima amiga para ela".

Assim que fecho a porta do veículo, respiro fundo e dirijo para a minha casa.

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