Evie: Das Más Escolhas Nasceu a Maturidade
Evie: Das Más Escolhas Nasceu a Maturidade
Por: Miih Roque
Prólogo

Passava da meia noite e eu rebolava pela cama completamente desarrumada, buscando por uma posição que se não me permitisse cair no sono, me permitisse sossegar meu corpo dos tremores.

— Estourou! — deitada de bruços, sussurava a palavra dita por ele e mordiscava meu relógio menstrual.

Minhas lágrimas faziam trilhos grossos pelo meu rosto e encharcavam meus lençóis, quando pensamentos bizarros me apareciam na mente, esfumando minha quietação e me desorientando cada segundo mais. Me encolhi no meu desespero e não vi nada mais que um futuro completamente distorcido e contrário do que meus pais queriam que eu tivesse. Estava tão perdida nas consequências dos meus atos, que estava impossibilitada de ver possíveis soluções para meu problema.

Mano, oque foi que eu fiz?

Essa frase ecoava na minha mente e contorcia minha expressão a cada repetição.

Tentar imaginar as reações dos meus pais apenas piorava as coisas, me doíam os ouvidos de tanto lhes simular a fúria. Meu coração era uma caixa de som que reproduzia perfeitamente meu desespero e suas fortes batidas geravam intensidade no meu choro. O facto de ser tudo tão prematuro me amedrontava tanto que eu me sentia incapaz de respirar normalmente. Chorar não aliviava absolutamente nada quando, aos poucos, meus dedos gelados iniciavam vibrações em torno do relógio lilás.

Várias coisas me tiravam o sossego, dentre as quais ter que encarar a sociedade com uma barriga enorme e a minha própria aceitação me pareciam as mais difíceis de lidar.

— Meu Deus! — soltei num sussurro corrompido e lambi meus lábios salgados.

A fome era uma reação do meu corpo ao pânico que sentia. Então, de vez em quando, para além do som do meu desespero, meu estômago também emitia graves arrotos. Todo aquele caos no meu interior me fez cair no erro da hipocrisia e questionar a existência de Deus, naquele momento. Eu tive escolhas melhores e uma delas foi serví-lo, mas ignorei como se nada fossem, alegando que o melhor seria dormir nos braços de um rapaz depois de uma tarde de sexo.

Quanto azar...

Com movimentos desgastados, limpei meu rosto e rebolei até a borda da cama, me permitindo cair no chão que me acolheu com sua frieza e dureza. Levantei sem ao menos reclamar e tentei regular meus pensamentos sempre que dava passos imprecisos até a cozinha.

A casa estava em silêncio, apenas com ares e cantigas noturnos. A luz da lua atravessava o corredor ao qual eu atravessava, projectando lindamente alguns galhos da mangueira perto da janela. Eu adoraria apreciar aquilo se meu estômago não me estivesse a apressar e se não estivesse entupida de preocupações.

Entrei na cozinha e fui directo para a geleira em busca de algo que me satisfizesse a fome ou pelo menos me permitisse esquecer, por um segundo que fosse, a confusão que se passava no meu íntimo. O peso de tudo me fez apoiar minha testa na porta da geleira e o ar frio que dela saía criava ondas de arrepios que me incentivavam a chorar ainda mais.

Enquanto isso, eu me convencia cada vez mais de uma coisa: estava lascada.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo