Capítulo 3

Sábado

Acordei com um rio de baba que desagoava no meu travisseiro e para dificultar ainda mais o processo, o sol parecia ter se albergado no meu quarto. Era como se eu tivesse acordado num mundo paralelo até me acostumar com a claridade, ganhar coragem e disposição para me levantar.

Movida pela preguiça matinal, arrastei meu corpo até estar sentada na cama e soltei um grunhido assim que senti um forte incômodo na minha intimidade. Depois de choramingar e espalmar a testa, meu cérebro me levou de volta a noite anterior, cujas cenas ficaram tatuadas na minha ervilha.

Flashback on

Eu buscava por ar que nem maluca. O homem pesado e deitado por cima de mim, sem força nenhuma, estrangulava meus órgãos de tal forma que me fazia sentir meu coração bater nas costas.

Embora tivesse sido tudo explendido e magnificamente perfeito, teve o ponto negativo da noite, que foi as manchinhas vermelhas centradas no lençol sob nossos corpos. O constrangimento foi tanto que minhas bochechas ferveram e assim que notei, levei minhas mãos ao rosto, sussurando um bilhão de vezes a palavra "não".

Weben percebeu meu desconforto e me acalmou:

- Não te espantes, isso acontece. É normal na primeira vez. - me ofereceu seu sorriso para que eu me perdesse no conforto dele e desceu sua cabeça até meu peito . - Descansa, depois vemos oque fazer com isto.

Suspirou e ele parecia bem confortável, muito pelo contrário da minha pessoa. Eu contraía minha intimidade para que não escapasse mais nenhuma gota. Não cogitava a ideia de me mexer, para não piorar mais as coisas. Invejava sua calmaria e tentava silenciar meu praguejar interno.

Flashback off

Quando projectava minhas lembranças nos meus lençóis, fui flagrada pelo meu pai e podia jurar que senti meu coração mais próximo da garganta quando o notei ali. Era como se ele pudesse ler meus pensamentos. Para piorar, meu short de dormir estava com uma pequenina região suja de sangue.

Contraí minha saída traseira e engoli um golão de saliva, fechando as pernas de imediato.

- Bom dia! - me comprimentou e se moveu pelo quarto super apressado.

- Bom dia, pai! Como está? - suspirei e o observei ir até meu guarda-fato, de onde tirou seu casaco e sua pasta de costas.

- Bem e você? Como foi a festa com seus amigos ontem? - me levantei e tentei localizar meus óculos com os ouvidos atentos nas suas palavras.

- Muito boa! Nós nos divertimos muito.

- Que bom. - me sentei novamente na cama e o observei falar enquanto vestia seu casaco - Vou ficar fora durante o final de semana todo. Vou para a fronteira resolver um problema que houve lá e é bem provável que eu volte na segunda-feira antes do jantar. - se despediu de mim com uma piscadela e lançou um beijo para que o ar se encarregasse de levar até mim.

- Está bem, pai. - bocejei e senti meu humor esfriar - Bom trabalho e boa viajem. - observei o alfandegário de pouco mais de 40 anos atravessar a porta com sua postura militar.

Foi uma tortura andar com aquele tão doloroso incômodo para todo lado e para piorar as coisas, minhas têmporas pulsavam dolorosamente. Mas de uma coisa eu tinha certeza: não me arrependia de ter passado por cada vergonha e dor. E aquela certeza foi alimentada ainda mais pela adorável mensagem de bom dia que recebi do meu de Weben.

"Bom dia, boneca.

Como estás? Espero que estejas tão bem quanto eu.

Vou precisar de uma retrospectiva do dia de ontem. rs

Beijos, falamos depois."

Sorri e mordi o lábio sem saber como e nem oque responder. Digitei várias vezes e apaguei tudo, até que respondi que estava bem e que faria a retrospectiva sem sombra de dúvidas. Me levantei para arrumar meu quarto e para ajudar minha mãe com os trabalhos.

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Chamei meus amigos para casa para almoçarem e passarem a tarde comigo, mas só Tânia pôde ir.

O sol estava violento como se quisesse vingar-se dos dias nublados que nos fizeram companhia durante maior parte daquele mês. O calor era de assar, por isso apenas amarrei uma capulana¹ por cima da roupa interior e me distraí procurando por meu bloco de notas por baixo da cama. O chão-tão bem azulejado-tratava de deixar meus joelhos e cotovelos doloridos e marcados. De onde estava, a voz da minha mãe soou anunciante antes que eu fosse flagrada por Tânia naquela posição. A forma brusca como entrou, me deu um susto que me fez bater com a cabeça na base da cama.

- Ai! - resmunguei e me arrastei para fora dali - Ah! Olá, Tânia. Tão delicada tua forma de abrir a porta dos outros.

- Sim, eu seu. Oi! Parece que cava um túnel aí, porque só isso justificaria tanta poeira nos teus joelhos e cotovelos.

Me levantei a me inclinei para limpar meus joelhos empoeirados.

- Vamos ter que optar por comentar sobre os quartos uma da outra? - riu e me sentei do lado dela na cama - Moça, aconteceu! - sussurei e aprumei os lábios para não sorrir.

Tânia soltou o ar que prendia através da brexa entre seus dentes e soltou três exactos risos de empolgação que me motivaram a contar.

- Estás a espera do pápa para contar? - abriu os olhos como se buscasse igualá-los aos meus óculos.

- Foi tudo novo, tudo! Eu estava morta de medo e ele percebeu. Estava sempre tão carinhoso... Uma vez e outra me olhava nos olhos e transmitia uma segurança top. Foi perfeito, excepto pelo riacho de sangue no lençol. - torci o nariz, fazendo meus óculos se movessem - Oky, riacho é exagero. Mas houve sangue.

Minha amiga pareceu entrar em total estado de pânico quando disse:

- Sangue? Esse moço tem oquê? Uma catana? - ri de suas palavras - Se bem que cortar fibras do teu tecido vaginal seria melhor que REBENTAR!

- Quer um altifalante e um banco para subir e fazer melhor a divulgação? - falei entre dentes quando percebi seu tom alto.

- Tá bem. Desculpa.

- De onde você tira essas coisas? - continuei a rir de sua cara séria - Calma, ele explicou que é normal sangrar na primeira vez, porque era como se estivesse a rasgar sim. Rebentar é um termo inapropriado em todos sentidos. - não conseguia parar de rir.

- Doeu muito? - torceu sua expressão em preocupação e relaxou seu corpo, me fazendo dar de ombros antes de responder.

- Sim e ainda sinto de longe um ardor sempre que sento ou movo minhas pernas. Mas eu lí que isso melhora na segunda vez. - abri meus olhos do mesmo jeito que ela tinha feito, desviei o olhar dela e mordi meu lábio superior.

- Hm! Uma segunda vez! - Eu jurava que podia ver o emoji de lua no lugar de sua cara - Mas você está bem? Não se arrepende? - se endireitou e segurou seus joelhos dobrados próximos ao seu peito.

- Sim e Não. Só que tem algo que me preocupa.

- Oque? - sorriu de lado enquanto me observava coçar minha testa.

- E se eu me viciar?

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1. Capulanatecido originalmente africano.

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