Sábado
Acordei com um rio de baba que desagoava no meu travisseiro e para dificultar ainda mais o processo, o sol parecia ter se albergado no meu quarto. Era como se eu tivesse acordado num mundo paralelo até me acostumar com a claridade, ganhar coragem e disposição para me levantar.
Movida pela preguiça matinal, arrastei meu corpo até estar sentada na cama e soltei um grunhido assim que senti um forte incômodo na minha intimidade. Depois de choramingar e espalmar a testa, meu cérebro me levou de volta a noite anterior, cujas cenas ficaram tatuadas na minha ervilha.
Flashback on
Eu buscava por ar que nem maluca. O homem pesado e deitado por cima de mim, sem força nenhuma, estrangulava meus órgãos de tal forma que me fazia sentir meu coração bater nas costas.
Embora tivesse sido tudo explendido e magnificamente perfeito, teve o ponto negativo da noite, que foi as manchinhas vermelhas centradas no lençol sob nossos corpos. O constrangimento foi tanto que minhas bochechas ferveram e assim que notei, levei minhas mãos ao rosto, sussurando um bilhão de vezes a palavra "não".Weben percebeu meu desconforto e me acalmou:
- Não te espantes, isso acontece. É normal na primeira vez. - me ofereceu seu sorriso para que eu me perdesse no conforto dele e desceu sua cabeça até meu peito nú. - Descansa, depois vemos oque fazer com isto.
Suspirou e ele parecia bem confortável, muito pelo contrário da minha pessoa. Eu contraía minha intimidade para que não escapasse mais nenhuma gota. Não cogitava a ideia de me mexer, só para não piorar mais as coisas. Invejava sua calmaria e tentava silenciar meu praguejar interno.
Flashback off
Quando projectava minhas lembranças nos meus lençóis, fui flagrada pelo meu pai e podia jurar que senti meu coração mais próximo da garganta quando o notei ali. Era como se ele pudesse ler meus pensamentos. Para piorar, meu short de dormir estava com uma pequenina região suja de sangue.
Contraí minha saída traseira e engoli um golão de saliva, fechando as pernas de imediato.- Bom dia! - me comprimentou e se moveu pelo quarto super apressado.
- Bom dia, pai! Como está? - suspirei e o observei ir até meu guarda-fato, de onde tirou seu casaco e sua pasta de costas.
- Bem e você? Como foi a festa com seus amigos ontem? - me levantei e tentei localizar meus óculos com os ouvidos atentos nas suas palavras.
- Muito boa! Nós nos divertimos muito.
- Que bom. - me sentei novamente na cama e o observei falar enquanto vestia seu casaco - Vou ficar fora durante o final de semana todo. Vou para a fronteira resolver um problema que houve lá e é bem provável que eu volte na segunda-feira antes do jantar. - se despediu de mim com uma piscadela e lançou um beijo para que o ar se encarregasse de levar até mim.
- Está bem, pai. - bocejei e senti meu humor esfriar - Bom trabalho e boa viajem. - observei o alfandegário de pouco mais de 40 anos atravessar a porta com sua postura militar.
Foi uma tortura andar com aquele tão doloroso incômodo para todo lado e para piorar as coisas, minhas têmporas pulsavam dolorosamente. Mas de uma coisa eu tinha certeza: não me arrependia de ter passado por cada vergonha e dor. E aquela certeza foi alimentada ainda mais pela adorável mensagem de bom dia que recebi do meu de Weben.
"Bom dia, boneca.
Como estás? Espero que estejas tão bem quanto eu. Vou precisar de uma retrospectiva do dia de ontem. rsBeijos, falamos depois."Sorri e mordi o lábio sem saber como e nem oque responder. Digitei várias vezes e apaguei tudo, até que respondi que estava bem e que faria a retrospectiva sem sombra de dúvidas. Me levantei para arrumar meu quarto e para ajudar minha mãe com os trabalhos.
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Chamei meus amigos para casa para almoçarem e passarem a tarde comigo, mas só Tânia pôde ir.
O sol estava violento como se quisesse vingar-se dos dias nublados que nos fizeram companhia durante maior parte daquele mês. O calor era de assar, por isso apenas amarrei uma capulana¹ por cima da roupa interior e me distraí procurando por meu bloco de notas por baixo da cama. O chão-tão bem azulejado-tratava de deixar meus joelhos e cotovelos doloridos e marcados. De onde estava, a voz da minha mãe soou anunciante antes que eu fosse flagrada por Tânia naquela posição. A forma brusca como entrou, me deu um susto que me fez bater com a cabeça na base da cama.- Ai! - resmunguei e me arrastei para fora dali - Ah! Olá, Tânia. Tão delicada tua forma de abrir a porta dos outros.
- Sim, eu seu. Oi! Parece que cava um túnel aí, porque só isso justificaria tanta poeira nos teus joelhos e cotovelos.
Me levantei a me inclinei para limpar meus joelhos empoeirados.
- Vamos ter que optar por comentar sobre os quartos uma da outra? - riu e me sentei do lado dela na cama - Moça, aconteceu! - sussurei e aprumei os lábios para não sorrir.
Tânia soltou o ar que prendia através da brexa entre seus dentes e soltou três exactos risos de empolgação que me motivaram a contar.
- Estás a espera do pápa para contar? - abriu os olhos como se buscasse igualá-los aos meus óculos.
- Foi tudo novo, tudo! Eu estava morta de medo e ele percebeu. Estava sempre tão carinhoso... Uma vez e outra me olhava nos olhos e transmitia uma segurança top. Foi perfeito, excepto pelo riacho de sangue no lençol. - torci o nariz, fazendo meus óculos se movessem - Oky, riacho é exagero. Mas houve sangue.
Minha amiga pareceu entrar em total estado de pânico quando disse:
- Sangue? Esse moço tem oquê? Uma catana? - ri de suas palavras - Se bem que cortar fibras do teu tecido vaginal seria melhor que REBENTAR!
- Quer um altifalante e um banco para subir e fazer melhor a divulgação? - falei entre dentes quando percebi seu tom alto.
- Tá bem. Desculpa.
- De onde você tira essas coisas? - continuei a rir de sua cara séria - Calma, ele explicou que é normal sangrar na primeira vez, porque era como se estivesse a rasgar sim. Rebentar é um termo inapropriado em todos sentidos. - não conseguia parar de rir.
- Doeu muito? - torceu sua expressão em preocupação e relaxou seu corpo, me fazendo dar de ombros antes de responder.
- Sim e ainda sinto de longe um ardor sempre que sento ou movo minhas pernas. Mas eu lí que isso melhora na segunda vez. - abri meus olhos do mesmo jeito que ela tinha feito, desviei o olhar dela e mordi meu lábio superior.
- Hm! Uma segunda vez! - Eu jurava que podia ver o emoji de lua no lugar de sua cara - Mas você está bem? Não se arrepende? - se endireitou e segurou seus joelhos dobrados próximos ao seu peito.
- Sim e Não. Só que tem algo que me preocupa.
- Oque? - sorriu de lado enquanto me observava coçar minha testa.
- E se eu me viciar?
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1. Capulana→tecido originalmente africano.
Primeiro dia útil da semana e minha empolgação ia ao encontro do petróleo no subterrâneo, por resultância do período menstrual.Vestia uniforme escolar preto e branco e arrastava os pés pelo asfalto, perdida nas batidas de músicas aleatórias. Faltavam mais ou menos vinte minutos até a escola e eu estava com disposição zero para fazê-lo em tempo recorde. Enquanto sabotava a sola dos meus sapatos, me perdia nas lembranças da sexta-feira.Demorou um tempinho até eu perceber que um som de bozina se misturava com as batidas da música. Três passos depois parei, retirei um dos meus fones e me virei, dando logo de cara com o carro azul-escuro.Ah Deus, Weben Shadrack!Cada dia parecia retocar sua beleza, era sempre como se o estivesse a ver pela primeira vez. Retirou seu braço através da janela do carro, assenou para mim e em seguida fez um gesto que deu a perceber que eu de
Passaram-se alguns dias e já era sábado novamente. Os dias passaram na mesma rotina e levaram consigo minha mudança de humor, porém, não me livraram das lembranças.Weben e eu falamos poucas vezes desde a passada segunda-feira, porque seus afazeres mantiveram muito ocupado. Mas, numa destas vezes, marcamos um encontro rápido, no início da noite de sábado, no fim da minha rua. Mas, por motivos pessoais, ele se atrasou.Nos sábados, os jantares na minha casa eram mais tarde. Este factor me deixava pensativa em relação a qual desculpa inventar para sair tão tarde, porque sair sem ser percebida era um risco que eu não queria correr de jeito nenhum! Estávamos todos reunidos na sala e super atentos ao único seriado que conseguiu conquistar a todos nós: Prision Break. Olhei para meu pai e ele mordiscava os nós de seus dedos, minha mãe limava suas unhas das mãos enquanto trocava comentários com meu irmão mais novo, deitado no tapete da
Meu olhar vagava pela escuridão densa que dominava cada canto do meu quarto. No silêncio da madrugada, derramava litros de lágrimas,ao mesmo tempo que segurava meu relógio menstrual, como se meu viver dependesse daquilo.Estava irritada comigo mesma, por não estar em condições de fazer a contagem direito. Me desleixei com o relógio e estava baralhada. Talvez estivesse em dia férteis, talvez não. Mas a única coisa que fazia, era passar o relógio esférico por entre meus dedos, também tentando digerir oque aconteceu havia menos de uma hora."Weben! Como assim estourou?"Com as mãos na cabeça erguida, Weben estava tão preocupado quanto eu. Lembrava de tê-lo ouvido sussurar palavrões de olhos fechados, enquanto eu estava perplexa sem saber por onde começar a me preocupar. Fiquei por um bom tempo encarando seus movimentos até que, assim como o medo, a vontade de voltar para casa me fez sair do carro desesperada,
Tânia soltou um grunhido assim que Cleyton bateu em sua nuca, fazendo corrigir suas palavras logo depois:- Desculpa, mas a falta de palavras faz isso comigo e vocês sabem. - limpou seu queixo com o tecido de sua camisola que cobria um dos ombros.- E oque você vai fazer? - perguntou Cleyton com a voz suave e menos grave que o normal.- Vocês acham mesmo que eu estou em condições de tomar alguma decisão agora? - olhei para meu amigo e cravei meus dentes no lábio.- Oky, vamos em fases. Primeiro: você está em dias férteis?- Não sei. - respondi imediatamente a minha amiga.- Como assim não sabe?- Me atrapalhei na contagem, Tânia!- Está bem, fazemos juntas. Quando iniciou teu período menstrual?- Não lembro. - suspirei - Há duas ou três semanas.Tânia tirou seu telefone do bolso e digitou rapidament
Tânia soltou um grunhido assim que Cleyton bateu em sua nuca, fazendo corrigir suas palavras logo depois:- Desculpa, mas a falta de palavras faz isso comigo e vocês sabem. - limpou seu queixo com o tecido de sua camisola que cobria um dos ombros.- E oque você vai fazer? - perguntou Cleyton com a voz suave e menos grave que o normal.- Vocês acham mesmo que eu estou em condições de tomar alguma decisão agora? - olhei para meu amigo e cravei meus dentes no lábio.- Oky, vamos em fases. Primeiro: você está em dias férteis?- Não sei. - respondi imediatamente a minha amiga.- Como assim não sabe?- Me atrapalhei na contagem, Tânia!- Está bem, fazemos juntas. Quando iniciou teu período menstrual?- Não lembro. - suspirei - Há duas ou três semanas.Tânia tirou seu telefone do bolso e digitou rapidament
Alguns dias depoisOs dias passaram com tanto vagar, que levou uma eternidade até que estivessemos no início de novembro e os testes finais estivessem à uma semana do nosso alcance.Na sala de aulas, várias vozes colidiam em conversas completamente diferentes, me fazendo perder interesse e atenção no que acontecia ao meu redor. Eu rabiscava meu nome com caligrafias variadas na capa do meu caderno, buscando tirar minha cara de preocupação do alcance dos olhos dos meus colegas.Minha vida girava em torno de preocupação e aflicção, encenava uma normalidade que não mais existia para minha família e enfrentava um dilema relacionado ao Weben. Não sabia qual passo dar e para piorar às coisas, o atraso do meu período menstrual começou
Acordei das poucas horas de sono que tive, para o feriado tenso que eu teria. Depois de tanto me revirar na cama, dormi decidida a fazer o teste e me livrar de tanta dúvida, rezando para que desse negativo.Estava despida de ânimo e o cansaço das noites mal dormidas pendia sobre meus ombros, mas lutava contra tudo aquilo para parecer o mais normal que conseguisse.Na noite de quinta-feira, Cleyton avisou que tinha conseguido comprar o teste e com tom de irritação, contou cada detalhe do momento constrangedor pelo qual passou. Segundo ele, o olhar da atendente caiu sobre si com pesar, surpresa e a dúvida de poder ou não confiar no que teria concluido à respeito dele. Enquanto isso, eu soltava lufas de ar para segurar meus risos e falar todas as palavras de conforto que poderia.Sorri e balancei a cabeça com a lembrança, ao passo que tamborilava meus dedos no sofá. Sozinha em casa e com os fones bombando alto em meus ouvidos, naquele momento, eu e
Tânia estava abraçada a cintura de Cleyton e se debatia, enquanto ele, alto que era, erguia sua mão o mais alto que podia para tirar o remote do alcance dela. Ambos trocavam insultos e ameaças, enquanto eu apenas ria da situação sentada e de braços cruzados.- Melhor você me deixar, senão isso não vai terminar bem! - meu amigo disse ofegante, pois era chacoalhado que nem árvore por Tânia.- Você não pode chegar me encontrar a assistir e querer trocar! Me dá o remote! -respondeu sentindo uma certa excassez de ar também.- Eu não quero assistir, só quero ver oque estão a dar lá.- Não foi isso que você disse primeiro. - ficou na ponta dos pés e tentou alcançar o remote, mas não teve sucesso.- Se continuarmos assim, nenhum de nós sairá a ganhar, porque nenhum dos dois está a assistir oque quer. - com a outra mão, Cleyton fez cocegas nela, que pulou para longe de si no mesmo instante.