Passaram-se alguns dias e já era sábado novamente. Os dias passaram na mesma rotina e levaram consigo minha mudança de humor, porém, não me livraram das lembranças.
Weben e eu falamos poucas vezes desde a passada segunda-feira, porque seus afazeres mantiveram muito ocupado. Mas, numa destas vezes, marcamos um encontro rápido, no início da noite de sábado, no fim da minha rua. Mas, por motivos pessoais, ele se atrasou.
Nos sábados, os jantares na minha casa eram mais tarde. Este factor me deixava pensativa em relação a qual desculpa inventar para sair tão tarde, porque sair sem ser percebida era um risco que eu não queria correr de jeito nenhum!
Estávamos todos reunidos na sala e super atentos ao único seriado que conseguiu conquistar a todos nós: Prision Break. Olhei para meu pai e ele mordiscava os nós de seus dedos, minha mãe limava suas unhas das mãos enquanto trocava comentários com meu irmão mais novo, deitado no tapete da sala. Eu controlava os minutos que pareciam levar o dobro da eternidade para passar.Quando senti meu telefone vibrar contra meu queixo, soube que era ele sem nem precisar ver.
- Mãe e Pai, posso ir sentar lá fora um pouco?
- Que horas são? - meu pai perguntou sem tirar os olhos da TV.
- 10 para as 22h. - respondi depois de olhar para a tela do meu telefone.
- Está tarde!
- Pai! - chamei por ele e juntei as mãos próximo à cara em súplica - Só quero sentar lá fora.
- Para quê? - minha mãe questionou com tom de diversão.
- Tem alguns vizinhos a conversarem lá. Não vou ficar por muito tempo, juro.
- Espero que não. E encosta a porta quando sair! - minha mãe disse e olhei para meu pai que continuava atento.
- Tá bem, mãe. - sorri e me levantei puxando a borda do meu vestido para baixo.
Andei em direcção à porta e parei assim que meu pai chamou pelo meu nome.
- Pai? - respondi assim que coloquei a cabeça para dentro do cômodo.
- 30 minutos! - lembrou - E vai vestir uma camisola!
Obedeci e fui imediatamente para meu quarto, mas não para vestir uma camisola, para organizar meu cabelo e hidratar meus lábios. Pensava que estava fresco do lado de fora, por isso fiquei do vestido florido confortável e chinelos. Hidratei meus lábios, levei o doce que estava no bolso do vestido, abri e meti na boca antes de sair do quarto apenas com meu telefone na mão.
- Já vou! - disse assim que passei da sala e saí que nem vulto.
Alguns minutos depois das 22h, eu caminhava abraçando meu próprio corpo e me arrependia amargamente por não ter seguido o mandamento do meu pai. O ar estava gélido.
Grilos como sempre cantavam em coro enquanto eu me via à poucos passos do local do encontro. Já via de longe aquele carro impossível de confundir e devido a noite, sua figura era um esboço moreno por trás daquele vidro.Me apressei e entrei no carro. Afundei no banco assim que o ar quente acariciou minha pele e sua voz preencheu o lugar com palavras de saudação.
- Boa noite, tudo bem?
- Tudo...- tirei o doce da boca -...e aí?
- Melhor agora. Adorei seu vestido. - disse olhando para minhas coxas.
Só então percebi que o vestido estava um pouco acima do normal, ou seja, mais acima do meio das minhas enormes coxas.
- Seria de se admirar caso não adorasse. - devolvi o doce na boca para deter um sorriso teimoso.
Aquele moço mal sabia disfarçar sua tara perante o monumento que meu vestido embrulhava. A satisfação me fazia saltitar internamente, porque reconheço que a escolha do vestido teria sido feita para aquele fim.
Um silêncio pairou no ar enquanto eu ouvia a música "Bitch don't kill my vibe" do Kendrick lamar bem no fundo, deixando a perceber que o volume estava baixo.Dispertei dos meus pensamentos ao perceber que me encarava de forma exorbitante. Sorri para ele diante de meus óculos, que deixavam nítida sua perfeição facial.
- Come here! - falou batendo com suas mãos em seu colo e logo em seguida puxou as mangas de seu moletom preto para cima.
Fiz oque mandou e me movi com um pouco de dificuldade até onde estava. Meu vestido subiu com a maior facilidade e rapidez, expondo mais ainda meu quadril, mas eu não me importei. Ao me sentar em seu colo, depositei minhas mãos em seus ombros e o olhei no fundo dos seus olhos quando minha visão turva me permitia ver os limites de seu rosto cor-de-amêndoa.
- Vai se incomodar se a tua segunda vez for aqui? - sua voz ficou mais rouca e suas mãos enormes premeram meu quadril.
- Nem um pouco. - seria impossível não ceder ao clima infernal que surgia rapidamente.
Beijei seus lábios quentes de forma ébria e suas mãos acariciaram meu quadril como sinal de correspondência.
Ficamos bons minutos naquilo até que aconteceu tudo denovo. Senti tudo denovo e quanto ele atingiu seu ponto máximo, moveu meu quadril para cima e deixou de me preencher, me fazendo sentir uma dor ligeira.
- Tudo bem? - perguntou e levantou meu rosto para encará-lo.
- Sim. - assenti e voltei para o banco do passageiro para organizar minha roupa.
Coloquei meus óculos, suspirei e coloquei a alça do meu vestido no lugar antes de dar atenção as palavras que se seguiram.
- Evie! - chamou por mim.
- Oi? - me virei ainda sonolenta.
- Estourou.
Fiquei alguns segundos até entender oque ele dizia, mas o sentido de suas palavras veio à tona quando olhei para suas mãos.
O preservativo tinha estourado.
Meu olhar vagava pela escuridão densa que dominava cada canto do meu quarto. No silêncio da madrugada, derramava litros de lágrimas,ao mesmo tempo que segurava meu relógio menstrual, como se meu viver dependesse daquilo.Estava irritada comigo mesma, por não estar em condições de fazer a contagem direito. Me desleixei com o relógio e estava baralhada. Talvez estivesse em dia férteis, talvez não. Mas a única coisa que fazia, era passar o relógio esférico por entre meus dedos, também tentando digerir oque aconteceu havia menos de uma hora."Weben! Como assim estourou?"Com as mãos na cabeça erguida, Weben estava tão preocupado quanto eu. Lembrava de tê-lo ouvido sussurar palavrões de olhos fechados, enquanto eu estava perplexa sem saber por onde começar a me preocupar. Fiquei por um bom tempo encarando seus movimentos até que, assim como o medo, a vontade de voltar para casa me fez sair do carro desesperada,
Tânia soltou um grunhido assim que Cleyton bateu em sua nuca, fazendo corrigir suas palavras logo depois:- Desculpa, mas a falta de palavras faz isso comigo e vocês sabem. - limpou seu queixo com o tecido de sua camisola que cobria um dos ombros.- E oque você vai fazer? - perguntou Cleyton com a voz suave e menos grave que o normal.- Vocês acham mesmo que eu estou em condições de tomar alguma decisão agora? - olhei para meu amigo e cravei meus dentes no lábio.- Oky, vamos em fases. Primeiro: você está em dias férteis?- Não sei. - respondi imediatamente a minha amiga.- Como assim não sabe?- Me atrapalhei na contagem, Tânia!- Está bem, fazemos juntas. Quando iniciou teu período menstrual?- Não lembro. - suspirei - Há duas ou três semanas.Tânia tirou seu telefone do bolso e digitou rapidament
Tânia soltou um grunhido assim que Cleyton bateu em sua nuca, fazendo corrigir suas palavras logo depois:- Desculpa, mas a falta de palavras faz isso comigo e vocês sabem. - limpou seu queixo com o tecido de sua camisola que cobria um dos ombros.- E oque você vai fazer? - perguntou Cleyton com a voz suave e menos grave que o normal.- Vocês acham mesmo que eu estou em condições de tomar alguma decisão agora? - olhei para meu amigo e cravei meus dentes no lábio.- Oky, vamos em fases. Primeiro: você está em dias férteis?- Não sei. - respondi imediatamente a minha amiga.- Como assim não sabe?- Me atrapalhei na contagem, Tânia!- Está bem, fazemos juntas. Quando iniciou teu período menstrual?- Não lembro. - suspirei - Há duas ou três semanas.Tânia tirou seu telefone do bolso e digitou rapidament
Alguns dias depoisOs dias passaram com tanto vagar, que levou uma eternidade até que estivessemos no início de novembro e os testes finais estivessem à uma semana do nosso alcance.Na sala de aulas, várias vozes colidiam em conversas completamente diferentes, me fazendo perder interesse e atenção no que acontecia ao meu redor. Eu rabiscava meu nome com caligrafias variadas na capa do meu caderno, buscando tirar minha cara de preocupação do alcance dos olhos dos meus colegas.Minha vida girava em torno de preocupação e aflicção, encenava uma normalidade que não mais existia para minha família e enfrentava um dilema relacionado ao Weben. Não sabia qual passo dar e para piorar às coisas, o atraso do meu período menstrual começou
Acordei das poucas horas de sono que tive, para o feriado tenso que eu teria. Depois de tanto me revirar na cama, dormi decidida a fazer o teste e me livrar de tanta dúvida, rezando para que desse negativo.Estava despida de ânimo e o cansaço das noites mal dormidas pendia sobre meus ombros, mas lutava contra tudo aquilo para parecer o mais normal que conseguisse.Na noite de quinta-feira, Cleyton avisou que tinha conseguido comprar o teste e com tom de irritação, contou cada detalhe do momento constrangedor pelo qual passou. Segundo ele, o olhar da atendente caiu sobre si com pesar, surpresa e a dúvida de poder ou não confiar no que teria concluido à respeito dele. Enquanto isso, eu soltava lufas de ar para segurar meus risos e falar todas as palavras de conforto que poderia.Sorri e balancei a cabeça com a lembrança, ao passo que tamborilava meus dedos no sofá. Sozinha em casa e com os fones bombando alto em meus ouvidos, naquele momento, eu e
Tânia estava abraçada a cintura de Cleyton e se debatia, enquanto ele, alto que era, erguia sua mão o mais alto que podia para tirar o remote do alcance dela. Ambos trocavam insultos e ameaças, enquanto eu apenas ria da situação sentada e de braços cruzados.- Melhor você me deixar, senão isso não vai terminar bem! - meu amigo disse ofegante, pois era chacoalhado que nem árvore por Tânia.- Você não pode chegar me encontrar a assistir e querer trocar! Me dá o remote! -respondeu sentindo uma certa excassez de ar também.- Eu não quero assistir, só quero ver oque estão a dar lá.- Não foi isso que você disse primeiro. - ficou na ponta dos pés e tentou alcançar o remote, mas não teve sucesso.- Se continuarmos assim, nenhum de nós sairá a ganhar, porque nenhum dos dois está a assistir oque quer. - com a outra mão, Cleyton fez cocegas nela, que pulou para longe de si no mesmo instante.
Ainda com o olhar preso naquele teste, senti meu coração rasgar seu caminho até minha boca. Um frio anormal se apossou de meu corpo enquanto eu pensava apenas numa coisa: destruí minha vida.Abracei minhas pernas, escondi minha cabeça e comecei a chorar. Chorei muito, chorei até sentir sufoco e a dor do meu coração se expandir pelo corpo todo, chorei e desejei que o tempo voltasse e que nunca o tivesse conhecido.— Evie? — a voz abafada de Tânia soou do lado de fora.Respirei fundo e soltei um gemido que partiu do fundo de mim, para que percebesse que não estava em condições de proferir nenhuma palavra naquele momento. Me sentia desnorteada, junto com a ficha, meu humor caía lentamente quando ensopava o tecido das minhas calças de lágrimas.— Evie, posso entrar? — insistiu e eu ergui minha cabeça, mas não conseguia falar.Drenava lágrimas enquanto mordia meu joelho para abafar o barulho de choro, só
Eu devia ter percebido através das mudanças pelas quais meu corpo passava e alguns sintómas primários: sentia tonturas e me irritava constantemente; cuspia e meu olfato se tinha aflorado mais ainda; meus mamilos estavam mais escuros e patenteavam um ligeiro inchaço; seios estavam cada vez mais fartos e as curvas descomunais. Então percebi que o resultado do teste lavou meus olhos para que eu visse sinais que meu corpo me dava pouco à pouco. Mas, mesmo assim, eu me negava a crer que era tudo verdade, motivo pelo qual decidi colocar minhas fichas num segundo teste por fazer.Durante a longa noite em que destilava de mim toda minha sofrência, me agarrei a ideia daquele teste ter se ocupado das poucas chances de cometer falhas como um bote salva-vidas e me dei uma segunda chance. Me agarrei a aquilo de forma obssessiva, incapacitando minha mente de cogitar um segundo "positivo". Embora tivesse certeza que Cleyton conseguiria outro teste para mim assim que e