Capítulo 58

O teto branco era a única coisa para a qual eu sentia vontade de olhar. Ignorava a fome que sentia como se nada fosse e passava meus dentes pela camada seca que cobria meu lábio inferior. Não me importava em mover qualquer que fosse o músculo do meu corpo, pois passei a me sentir morta.

O medidor de tensão fazia o fundo para a minha expressão de sentimentos: o puro e mais denso dos silêncios.

Ouvi a porta ser aberta e não me preocupei em saber quem era, apenas engoli um gole azedo e adesivo de saliva quando meu pai limpou sua garganta.

— Boa noite, como estás? — me virei e encarei o dono da voz, já com lágrimas nos olhos.

Abri a boca e fechei várias vezes, não sabia onde achar coragem para ter aquela conversa com meu pai. Sabia que ele estava decepcionado comigo, mas também sabia que ele estava igualmente preocupado.

— Estou péssima. — puxei o ar como se minha fala fosse recarregada pelo ato e direcionei meu olhar enverg

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