Estava uma noite fresca em Maputo. Meu bairro acolhia sons abafados de algumas TV's e grilos cantavam cada vez mais alto a cada passo que eu dava, ansiosa para colocar meus olhos no rapaz que manipulava constantemente meus pensamentos.
A medida que eu andava, sua imagem ficava mais nítida através daquele vidro. Lá estava ele, meu presente de Deus empacotado por um carro azul-escuro. Ansiedade reveio, então acelerei meus passos e abri a porta do banco do passageiro, sentindo seu perfume colidir com o meu assim que entrei.
— Boa noite! Estás linda. — aquele sorriso e aquela voz surtiram efeito de gelo sobre minha pele.
— Oi. — sorri tímida olhando para suas escuras e dilatadas pupílas, por delito da noite.
Weben vestia um blusão preto, sem estampa alguma, cujas mangas tinham sido enroladas nos seus cotovelos, deixando seus braços mais cheios. Por baixo vestia um par de jeans azul-claro, sapatilhas a condizer e por fim acessórios que sempre usava: um colar fino de prata e um brinco minúsculo numa das orelhas.
Enquanto me perdia no encanto de sua estética, senti nossos lábios entrarem em contacto e seus dentes rasparem meu lábio inferior. Depois que se afastou, observou meu rosto e sorriu satisfeito ao me ver ruborizada.
— Cinto, lady. — disse enquanto dava start no carro.
Enquanto colocava o cinto, sua voz soou novamente:
— Tudo bem?
— Sim, contigo?
— Melhor agora. — sorriu para mim e deu partida — Teve um dia bom?
— Normal. — apliquei meu labello nos lábios — Não foi bom nem mau.
— Motivo?
— Nenhum.
— Então não foi bom?
— Nem ruim. — esfreguei meus lábios um no outro.
— Foi bom?
— Foi normal! — olhei para ele na tentativa de entender sua insistência.
— Normal não é bom. — tinha diversão estampada no seu rosto.
— Nem mau.
— Enfim, quando o dia não é bom, melhora-se a noite. — deu de ombros e sorriu de canto sem tirar os olhos da estrada.
— Certo, mas as formas de melhorar variam. — olhei para frente para não ter que encará-lo.
— As que implemento são as melhores possíveis. — teve meu silêncio como resposta.
Expeli para aliviar o nervosismo.
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A festa era na casa de um dos amigos de Weben, que estava repleta de pessoas desconhecidas e embriagadas. Moças de roupas curtas dançavam sem vergonha alguma para o bando de homens tarados que lá estavam.
Meus pais odiariam saber que foi para este tipo de festa que eu vim, pensei.
Estava entretida pelos acontecimentos ao meu redor até notar a mão de Weben na minha coxa. Um formigueiro tomou conta daquele lugar e eu olhei para ele, que conversava com seu amigo, e me perguntei como era possível que até a nuca dele fosse perfeita. Estava perdida em cada detalhe seu, até que ele se virou, deu um gole gordo do líquido que estava em seu copo e sorriu para mim.
Ergui meus óculos com a ajuda do meu polegar e limpei a garganta, oferecendo um sorriso constrangido de volta.Se aproximou de mim e depositou um beijo rápido nos meus lábios, subindo depois até meu ouvido e fazendo com que minha respiração falhasse ao interagir de seu hálito quente de guaraná com minha pele.
Weben mordeu de leve minha orelha e em seguida sussurou próximo ao meu ouvido:— Quero estar contigo assoz. — o som alto da música parecia despresível perante seus sussuros.
Fechei meus olhos de leve quando senti o efeito de sua respiração tão perto de meu ponto fraco. A velocidade dos batimentos só aumentou e eu apenas assenti, sentindo roçar seu nariz no meu com uma certa dificuldade por conta dos óculos.
Pegou na minha mão antes de falar algo com seu amigo e me fazer levantar junto com ele. Fomos por um corredor claro, enquanto me prendia na visão de seus ombros largos.Algum tempinho depois estavamos de frente para uma porta de alumínio que foi aberta sem cerimónias por ele, oque ativou um frio na barriga repentino e um arrepio serpenteou minha espinha.Olhou para mim e sem desgrudar nossas mãos, caminhou lentamente e de costas até a cama situada no centro do quarto. Parou à poucos centímetros dela, me puxou para perto de si e enrolou minha cintura com seu braço enorme. Com um de seus dedos da outra mão, começou a fazer movimentos circulares na minha bochecha e, outrossim, me permitiu ter uma visão degustada de seu rosto neutro.
À essa altura eu estava domada pelo nervosismo.
— Estás nervosa!? — soou como uma afirmação.
— Estou. Muito. — fui sincera e o frio na barriga só aumentava.
Soltou mais um de seus risos roucos e retirou calmamente meus óculos, fazendo com que eu estreitasse o olhar. Em dois tempos se apossou de meus lábios com suavidade de pena. Retribuía consoante a intensidade que o mesmo ganhava, mas meu coração espancava meu peito de tal modo que me fazia vacilar, as vezes.
O medo se fez sentir e como consequência, abandonei o beijo, deixando-o com dúvida em seu olhar.
— Precisa ser hoje? — ri para disfarçar a vergonha e queimar tempo.
— Não precisa, se não quiseres.
Quero! Claro que quero.
— Estou com medo. — revelei e a dúvida deu lugar a uma expressão cuidadosa quando me perguntou:
— Confia em mim? — me olhou intensamente e eu suspirei na tentativa bem sucedida de afastar o medo.
— Confio sim.
— Perfeito! É tudo oque precisamos agora. — beijou minha mão.
Daquele momento em diante, as coisas foram esquentando gradualmente, que ultrapassavámos uma barreira que eu sempre criava. As coisas fluíam, algum tempo depois eu estava semi-nua e extremamente corada sob o olhar predador daquele moço grande e descamisado.
Eu já projectava aquele momento havia mais ou menos um mês,—visto que não namorávamos havia tanto tempo assim—mas estava a ser bem melhor sentí-lo e vê-lo se concretizar.
Naquela noite, podia jurar que eu e minha vingindade fomos para o espaço, mas só ela ficou por lá.
SábadoAcordei com um rio de baba que desagoava no meu travisseiro e para dificultar ainda mais o processo, o sol parecia ter se albergado no meu quarto. Era como se eu tivesse acordado num mundo paralelo até me acostumar com a claridade, ganhar coragem e disposição para me levantar.Movida pela preguiça matinal, arrastei meu corpo até estar sentada na cama e soltei um grunhido assim que senti um forte incômodo na minha intimidade. Depois de choramingar e espalmar a testa, meu cérebro me levou de volta a noite anterior, cujas cenas ficaram tatuadas na minha ervilha.Flashback onEu buscava por ar que nem maluca. O homem pesado e deitado por cima de mi
Primeiro dia útil da semana e minha empolgação ia ao encontro do petróleo no subterrâneo, por resultância do período menstrual.Vestia uniforme escolar preto e branco e arrastava os pés pelo asfalto, perdida nas batidas de músicas aleatórias. Faltavam mais ou menos vinte minutos até a escola e eu estava com disposição zero para fazê-lo em tempo recorde. Enquanto sabotava a sola dos meus sapatos, me perdia nas lembranças da sexta-feira.Demorou um tempinho até eu perceber que um som de bozina se misturava com as batidas da música. Três passos depois parei, retirei um dos meus fones e me virei, dando logo de cara com o carro azul-escuro.Ah Deus, Weben Shadrack!Cada dia parecia retocar sua beleza, era sempre como se o estivesse a ver pela primeira vez. Retirou seu braço através da janela do carro, assenou para mim e em seguida fez um gesto que deu a perceber que eu de
Passaram-se alguns dias e já era sábado novamente. Os dias passaram na mesma rotina e levaram consigo minha mudança de humor, porém, não me livraram das lembranças.Weben e eu falamos poucas vezes desde a passada segunda-feira, porque seus afazeres mantiveram muito ocupado. Mas, numa destas vezes, marcamos um encontro rápido, no início da noite de sábado, no fim da minha rua. Mas, por motivos pessoais, ele se atrasou.Nos sábados, os jantares na minha casa eram mais tarde. Este factor me deixava pensativa em relação a qual desculpa inventar para sair tão tarde, porque sair sem ser percebida era um risco que eu não queria correr de jeito nenhum! Estávamos todos reunidos na sala e super atentos ao único seriado que conseguiu conquistar a todos nós: Prision Break. Olhei para meu pai e ele mordiscava os nós de seus dedos, minha mãe limava suas unhas das mãos enquanto trocava comentários com meu irmão mais novo, deitado no tapete da
Meu olhar vagava pela escuridão densa que dominava cada canto do meu quarto. No silêncio da madrugada, derramava litros de lágrimas,ao mesmo tempo que segurava meu relógio menstrual, como se meu viver dependesse daquilo.Estava irritada comigo mesma, por não estar em condições de fazer a contagem direito. Me desleixei com o relógio e estava baralhada. Talvez estivesse em dia férteis, talvez não. Mas a única coisa que fazia, era passar o relógio esférico por entre meus dedos, também tentando digerir oque aconteceu havia menos de uma hora."Weben! Como assim estourou?"Com as mãos na cabeça erguida, Weben estava tão preocupado quanto eu. Lembrava de tê-lo ouvido sussurar palavrões de olhos fechados, enquanto eu estava perplexa sem saber por onde começar a me preocupar. Fiquei por um bom tempo encarando seus movimentos até que, assim como o medo, a vontade de voltar para casa me fez sair do carro desesperada,
Tânia soltou um grunhido assim que Cleyton bateu em sua nuca, fazendo corrigir suas palavras logo depois:- Desculpa, mas a falta de palavras faz isso comigo e vocês sabem. - limpou seu queixo com o tecido de sua camisola que cobria um dos ombros.- E oque você vai fazer? - perguntou Cleyton com a voz suave e menos grave que o normal.- Vocês acham mesmo que eu estou em condições de tomar alguma decisão agora? - olhei para meu amigo e cravei meus dentes no lábio.- Oky, vamos em fases. Primeiro: você está em dias férteis?- Não sei. - respondi imediatamente a minha amiga.- Como assim não sabe?- Me atrapalhei na contagem, Tânia!- Está bem, fazemos juntas. Quando iniciou teu período menstrual?- Não lembro. - suspirei - Há duas ou três semanas.Tânia tirou seu telefone do bolso e digitou rapidament
Tânia soltou um grunhido assim que Cleyton bateu em sua nuca, fazendo corrigir suas palavras logo depois:- Desculpa, mas a falta de palavras faz isso comigo e vocês sabem. - limpou seu queixo com o tecido de sua camisola que cobria um dos ombros.- E oque você vai fazer? - perguntou Cleyton com a voz suave e menos grave que o normal.- Vocês acham mesmo que eu estou em condições de tomar alguma decisão agora? - olhei para meu amigo e cravei meus dentes no lábio.- Oky, vamos em fases. Primeiro: você está em dias férteis?- Não sei. - respondi imediatamente a minha amiga.- Como assim não sabe?- Me atrapalhei na contagem, Tânia!- Está bem, fazemos juntas. Quando iniciou teu período menstrual?- Não lembro. - suspirei - Há duas ou três semanas.Tânia tirou seu telefone do bolso e digitou rapidament
Alguns dias depoisOs dias passaram com tanto vagar, que levou uma eternidade até que estivessemos no início de novembro e os testes finais estivessem à uma semana do nosso alcance.Na sala de aulas, várias vozes colidiam em conversas completamente diferentes, me fazendo perder interesse e atenção no que acontecia ao meu redor. Eu rabiscava meu nome com caligrafias variadas na capa do meu caderno, buscando tirar minha cara de preocupação do alcance dos olhos dos meus colegas.Minha vida girava em torno de preocupação e aflicção, encenava uma normalidade que não mais existia para minha família e enfrentava um dilema relacionado ao Weben. Não sabia qual passo dar e para piorar às coisas, o atraso do meu período menstrual começou
Acordei das poucas horas de sono que tive, para o feriado tenso que eu teria. Depois de tanto me revirar na cama, dormi decidida a fazer o teste e me livrar de tanta dúvida, rezando para que desse negativo.Estava despida de ânimo e o cansaço das noites mal dormidas pendia sobre meus ombros, mas lutava contra tudo aquilo para parecer o mais normal que conseguisse.Na noite de quinta-feira, Cleyton avisou que tinha conseguido comprar o teste e com tom de irritação, contou cada detalhe do momento constrangedor pelo qual passou. Segundo ele, o olhar da atendente caiu sobre si com pesar, surpresa e a dúvida de poder ou não confiar no que teria concluido à respeito dele. Enquanto isso, eu soltava lufas de ar para segurar meus risos e falar todas as palavras de conforto que poderia.Sorri e balancei a cabeça com a lembrança, ao passo que tamborilava meus dedos no sofá. Sozinha em casa e com os fones bombando alto em meus ouvidos, naquele momento, eu e