Capítulo 2

Estava uma noite fresca em Maputo. Meu bairro acolhia sons abafados de algumas TV's e grilos cantavam cada vez mais alto a cada passo que eu dava, ansiosa para colocar meus olhos no rapaz que manipulava constantemente meus pensamentos.

A medida que eu andava, sua imagem ficava mais nítida através daquele vidro. Lá estava ele, meu presente de Deus empacotado por um carro azul-escuro. Ansiedade reveio, então acelerei meus passos e abri a porta do banco do passageiro, sentindo seu perfume colidir com o meu assim que entrei.

— Boa noite! Estás linda. — aquele sorriso e aquela voz surtiram efeito de gelo sobre minha pele.

— Oi. — sorri tímida olhando para suas escuras e dilatadas pupílas, por delito da noite.

Weben vestia um blusão preto, sem estampa alguma, cujas mangas tinham sido enroladas nos seus cotovelos, deixando seus braços mais cheios. Por baixo vestia um par de jeans azul-claro, sapatilhas a condizer e por fim acessórios que sempre usava: um colar fino de prata e um brinco minúsculo numa das orelhas.

Enquanto me perdia no encanto de sua estética, senti nossos lábios entrarem em contacto e seus dentes rasparem meu lábio inferior. Depois que se afastou, observou meu rosto e sorriu satisfeito ao me ver ruborizada.

— Cinto, lady. — disse enquanto dava start no carro.

Enquanto colocava o cinto, sua voz soou novamente:

— Tudo bem?

— Sim, contigo?

— Melhor agora. — sorriu para mim e deu partida — Teve um dia bom?

— Normal. — apliquei meu labello nos lábios — Não foi bom nem mau.

— Motivo?

— Nenhum.

— Então não foi bom?

— Nem ruim. — esfreguei meus lábios um no outro.

— Foi bom?

— Foi normal! — olhei para ele na tentativa de entender sua insistência.

— Normal não é bom. — tinha diversão estampada no seu rosto.

— Nem mau.

— Enfim, quando o dia não é bom, melhora-se a noite. — deu de ombros e sorriu de canto sem tirar os olhos da estrada.

— Certo, mas as formas de melhorar variam. — olhei para frente para não ter que encará-lo.

— As que implemento são as melhores possíveis. — teve meu silêncio como resposta.

Expeli para aliviar o nervosismo.

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A festa era na casa de um dos amigos de Weben, que estava repleta de pessoas desconhecidas e embriagadas. Moças de roupas curtas dançavam sem vergonha alguma para o bando de homens tarados que lá estavam. 

Meus pais odiariam saber que foi para este tipo de festa que eu vim, pensei.

Estava entretida pelos acontecimentos ao meu redor até notar a mão de Weben na minha coxa. Um formigueiro tomou conta daquele lugar e eu olhei para ele, que conversava com seu amigo, e me perguntei como era possível que até a nuca dele fosse perfeita. Estava perdida em cada detalhe seu, até que ele se virou, deu um gole gordo do líquido que estava em seu copo e sorriu para mim.

Ergui meus óculos com a ajuda do meu polegar e limpei a garganta, oferecendo um sorriso constrangido de volta.

Se aproximou de mim e depositou um beijo rápido nos meus lábios, subindo depois até meu ouvido e fazendo com que minha respiração falhasse ao interagir de seu hálito quente de guaraná com minha pele.

Weben mordeu de leve minha orelha e em seguida sussurou próximo ao meu ouvido:

— Quero estar contigo assoz. — o som alto da música parecia despresível perante seus sussuros.

Fechei meus olhos de leve quando senti o efeito de sua respiração tão perto de meu ponto fraco. A velocidade dos batimentos só aumentou e eu apenas assenti, sentindo roçar seu nariz no meu com uma certa dificuldade por conta dos óculos.

Pegou na minha mão antes de falar algo com seu amigo e me fazer levantar junto com ele. Fomos por um corredor claro, enquanto me prendia na visão de seus ombros largos.

Algum tempinho depois estavamos de frente para uma porta de alumínio que foi aberta sem cerimónias por ele, oque ativou um frio na barriga repentino e um arrepio serpenteou minha espinha.

Olhou para mim e sem desgrudar nossas mãos, caminhou lentamente e de costas até a cama situada no centro do quarto. Parou à poucos centímetros dela, me puxou para perto de si e enrolou minha cintura com seu braço enorme. Com um de seus dedos da outra mão, começou a fazer movimentos circulares na minha bochecha e, outrossim, me permitiu ter uma visão degustada de seu rosto neutro.

À essa altura eu estava domada pelo nervosismo.

— Estás nervosa!? — soou como uma afirmação.

— Estou. Muito. — fui sincera e o frio na barriga só aumentava.

Soltou mais um de seus risos roucos e retirou calmamente meus óculos, fazendo com que eu estreitasse o olhar. Em dois tempos se apossou de meus lábios com suavidade de pena. Retribuía consoante a intensidade que o mesmo ganhava, mas meu coração espancava meu peito de tal modo que me fazia vacilar, as vezes.

O medo se fez sentir e como consequência, abandonei o beijo, deixando-o com dúvida em seu olhar.

— Precisa ser hoje? — ri para disfarçar a vergonha e queimar tempo.

— Não precisa, se não quiseres.

Quero! Claro que quero.

— Estou com medo. — revelei e a dúvida deu lugar a uma expressão cuidadosa quando me perguntou:

— Confia em mim? — me olhou intensamente e eu suspirei na tentativa bem sucedida de afastar o medo.

— Confio sim.

— Perfeito! É tudo oque precisamos agora. — beijou minha mão.

Daquele momento em diante, as coisas foram esquentando gradualmente, que ultrapassavámos uma barreira que eu sempre criava. As coisas fluíam, algum tempo depois eu estava semi-nua e extremamente corada sob o olhar predador daquele moço grande e descamisado. 

Eu já projectava aquele momento havia mais ou menos um mês,—visto que não namorávamos havia tanto tempo assim—mas estava a ser bem melhor sentí-lo e vê-lo se concretizar.

Naquela noite, podia jurar que eu e minha vingindade fomos para o espaço, mas só ela ficou por lá.

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