Em Busca Do Alfa — A Ascensão Da Lua 2
Em Busca Do Alfa — A Ascensão Da Lua 2
Por: Beatriz Borges
Prólogo

Eu nunca quis estar aqui.

O altar era frio, um pedaço de mármore preto que refletia o brilho das velas espalhadas pela catedral sombria. Estar ali, parada diante de todos, era como encarar um pesadelo lúcido do qual eu não conseguia despertar. Meu vestido preto gótico, escolhido a dedo pelo próprio monstro à minha frente, parecia pesar toneladas. O corpete apertado sufocava minha respiração, as rendas delicadas roçavam minha pele como teias de aranha, e a longa cauda que se arrastava atrás de mim era uma corrente invisível que me mantinha presa a este destino cruel.

O salão estava repleto de vampiros e outras criaturas. Seus olhos carmesim brilhavam com um deleite mórbido. Eu era o espetáculo da noite, a loba transformada em rainha por um casamento forçado. Todos esperavam para assistir o momento em que o Rei Vampiro, o homem que destruiu tudo o que eu amava, me reivindicaria como sua.

Minha única companhia era o ódio que queimava em meu peito.

Eu odiava aquele homem à minha frente, o Rei Vampiro. Klaus. Apenas ouvir seu nome era como provar veneno. Ele estava ali, vestido de forma impecável, seu manto negro decorado com detalhes em vermelho-sangue que simbolizavam seu poder e crueldade. Seus olhos vermelhos brilhavam com uma satisfação que me deixava nauseada. Ele não se importava com o que eu sentia, com o fato de eu estar ali contra a minha vontade. Para ele, isso era uma vitória.

Quando Klaus segurou minha mão, seus dedos gélidos enviaram um arrepio pela minha espinha. Ele sorria. Não um sorriso gentil ou amável, mas um sorriso cheio de soberba, como se dissesse que eu pertencia a ele.

— Você está deslumbrante, minha rainha. — Sua voz era um sussurro, mas carregava uma intensidade sombria, como se quisesse me lembrar do que eu havia perdido.

Engoli em seco, lutando contra a onda de náusea que ameaçava me dominar. Eu não consegui responder. Minhas palavras estavam presas na garganta, esmagadas pelo peso da situação. O ar ao meu redor parecia mais denso, como se a catedral fosse um túmulo, e eu, a vítima enterrada viva.

Minha mente vagou por um instante, buscando qualquer coisa que pudesse aliviar a dor esmagadora. Pensei em Sarah e Ivy. Elas estavam em algum lugar, presas por esse monstro e seus capangas, usadas como moeda de troca para me manter obediente. Tudo o que fiz, todo o sofrimento que suportei até agora, foi para protegê-las. Mas isso não tornava a situação menos insuportável. Cada decisão que tomei foi uma ferida em minha alma, uma cicatriz que nunca iria desaparecer.

Eu fechei os olhos por um momento, tentando bloquear o barulho ao meu redor. Os murmúrios dos convidados, os risos discretos, tudo parecia zombar de mim. Não havia aliados ali, nenhuma saída. Eu estava sozinha, uma prisioneira disfarçada de rainha.

“Eu odeio isso. Eu odeio você. Eu odeio todos vocês.”

Esse mantra repetia-se incessantemente na minha cabeça enquanto o sacerdote, uma figura pálida e de olhos vazios, começava a recitar as palavras que selariam minha nova vida. A voz dele ecoava pelo salão como um sino fúnebre, cada palavra um lembrete de que eu estava enterrando tudo o que eu era.

— Violet, aceita Klaus como seu legítimo marido, para honrá-lo e servi-lo até o fim dos seus dias?

Meu coração apertou no peito. Olhei para Klaus, e seus olhos vermelhos encontraram os meus. Ele sabia o que eu sentia. Ele sabia que eu o odiava mais do que tudo, e mesmo assim estava aqui, deleitando-se com a minha humilhação. Seus lábios se curvaram em um sorriso que parecia dizer: Eu venci.

A sala inteira esperava minha resposta. O silêncio era opressor, como se cada criatura ali estivesse prendendo a respiração, aguardando o momento em que eu me renderia completamente.

— Aceito. — A palavra escapou de meus lábios como uma faca sendo arrancada do peito, deixando uma ferida aberta que jamais cicatrizaria.

A explosão de aplausos que seguiu me fez querer encolher. Cada palmo daquele lugar vibrava com o som das celebrações, mas para mim, tudo parecia abafado. O único som que realmente ouvia era o eco vazio dentro de mim.

Klaus inclinou-se, seus lábios frios roçando minha bochecha enquanto ele sussurrava:

— Agora, você é minha, minha pequena loba. Para sempre.

Engoli a bile que subia pela minha garganta e forcei meu corpo a permanecer imóvel. Cada fibra do meu ser gritava para afastá-lo, mas eu sabia que qualquer resistência só traria mais sofrimento, não para mim, mas para Sarah e Ivy. Então, fiquei ali, imóvel, enquanto ele se afastava e voltava sua atenção para os convidados, sorrindo como se tivesse acabado de conquistar o mundo.

O peso das palavras dele caiu sobre mim como uma montanha. Eu não era mais livre. Não era mais Violet. Não era mais nada. Ele havia me tirado tudo.

Enquanto o salão se enchia de vozes e risos, eu senti como se estivesse me afogando. Meu peito apertava, minha visão começava a embaçar, mas não havia lágrimas. Eu já tinha chorado o suficiente. Agora, só restava o vazio.

Eu queria desaparecer. Queria que as pedras daquele altar me engolissem, que o teto daquela catedral desabasse sobre todos nós. O vestido, a coroa de pedras negras sobre minha cabeça, as joias que adornavam meu pescoço – tudo parecia um peso insuportável, um lembrete cruel de que eu não era uma rainha, mas uma prisioneira.

Enquanto os convidados se reuniam para comemorar, eu permaneci ali, imóvel, como uma estátua. Minhas mãos estavam frias, meu coração, ainda mais. Eu não sabia quanto tempo conseguiria suportar essa vida, mas uma coisa era certa: não havia nada de glorioso ou grandioso naquele casamento. Era apenas um pacto de sangue forçado, um juramento arrancado à força de uma mulher destruída.

E enquanto o Rei Vampiro me puxava pela mão para que descêssemos juntos do altar, um único pensamento se repetia em minha mente:

“Eu odeio isso. Eu odeio você. Eu odeio a todos vocês.”

O som dos aplausos ecoou pela catedral enquanto eu era conduzida para o início do banquete, mas, por dentro, eu sabia que havia algo diferente. Não havia mais Violet ali. Eu me enterrava junto com as promessas que fiz para mim mesma, e tudo o que restava era uma sombra, um fantasma que agora pertencia ao Rei Vampiro.

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