Jason me arrastava pelos corredores do castelo, sua mão firme segurando meu braço como se temesse que eu pudesse escapar a qualquer momento. A dor nos meus músculos e o som ecoante de nossos passos me deixavam tensa, mas o que mais me incomodava era a sensação de estar à mercê de Klaus novamente.— Jason, você sabe onde está minha irmã? — perguntei, tentando esconder o desespero na voz.Ele hesitou por um instante, mas finalmente respondeu, sem olhar para mim:— A última vez que vi Sarah, ela estava bem. Mas já faz alguns dias. Fui enviado em uma missão e não tive mais notícias.Apesar de tudo, senti um breve alívio. Se Jason não a havia visto, ao menos significava que Klaus ainda não tinha feito algo com ela. Meu maior temor era que ele tivesse cumprido a ameaça que pairava como uma espada sobre minha cabeça.— Se ele encostar um dedo nela… — murmurei, mais para mim mesma do que para Jason.Ele não respondeu. Continuamos caminhando por um trecho que eu não reconhecia. Era uma parte n
Caminhei até a cama imensa e sentei na beirada, deixando meus dedos deslizarem pelo tecido macio do dossel. Tudo ao meu redor gritava luxo e realeza, mas para mim, não passava de uma fachada. Uma ilusão cuidadosamente criada para me prender em um conforto opressivo.Meus pensamentos foram interrompidos pelo som suave de uma porta se abrindo. Virei-me rapidamente, surpresa ao ver uma jovem entrando. Ela parecia ter a minha idade, com cabelos castanhos ondulados que caíam sobre seus ombros e olhos castanhos que brilhavam de forma tímida. Ela parou na entrada, segurando o vestido simples que vestia com nervosismo.— Peço desculpas por entrar sem bater... — ela começou, a voz baixa e hesitante. — O senhor Jason disse que eu podia entrar assim.Observei-a por um momento, percebendo que ela não tinha a aparência de uma vampira. Parecia humana, tão humana quanto eu.— Está tudo bem — eu disse, tentando aliviar a tensão evidente em seus ombros.Ainda assim, ela permaneceu tensa, como se cada
Olhei-me no espelho, ajustando a barra do vestido gótico que Gwen havia escolhido para mim. O tecido preto de veludo caía elegantemente até o chão, com detalhes em renda nas mangas e no corpete, que deixava meus ombros expostos. O decote acentuava meus seios de uma forma que me incomodava um pouco, dando a ilusão de serem maiores do que realmente eram. Suspirei, puxando o tecido de leve, tentando me acostumar com a visão que o espelho refletia.Meu cabelo estava preso em um coque baixo, alguns fios soltos emolduravam meu rosto. As luvas de renda cobriam meus braços até o cotovelo, completando o visual de uma época que eu nunca imaginei viver, quanto mais encenar. Gwen se aproximou silenciosamente, segurando um frasco de perfume. — Um toque final, senhorita — ela disse suavemente, borrifando uma fragrância leve ao redor de mim. Fechei os olhos ao sentir o aroma familiar. Orquídea negra com toques sutis de baunilha. Meu coração apertou no peito. — Esse perfume... — murmurei, minha
Os convidados começaram a entrar na sala de jantar, e eu finalmente me permiti desviar o olhar de Klaus para observá-los. Uma onda de confusão me envolveu imediatamente. Todos eles usavam máscaras. Máscaras douradas, adornadas com pequenos diamantes que brilhavam à luz das velas. Algumas eram intricadamente trabalhadas para cobrir todo o rosto, enquanto outras deixavam apenas a boca à mostra. Cada máscara tinha a forma de um animal — lobos, corvos, raposas, todos esculpidos com uma precisão assustadora.As roupas que usavam eram igualmente impressionantes. Vestidos longos e sombrios, com cortes que misturavam a elegância vitoriana ao gótico mais refinado. Os ternos dos homens eram de tecidos nobres, com detalhes em renda e veludo, muitos deles com golas altas e abotoaduras reluzentes. As mulheres tinham os cabelos arranjados em coques altos ou tranças elaboradas, decoradas com pequenas joias ou penas negras que completavam o visual quase teatral.Eu me senti deslocada, como se tivesse
O espelho diante de mim era uma obra de arte, imponente e adornado com ouro, destacando-se contra a decoração sombria e gótica do banheiro. As bordas eram esculpidas com intrincados detalhes de flores e folhas, emoldurando o vidro como se fosse um retrato de algum antigo monarca. A luz suave das velas refletia nas superfícies douradas, lançando um brilho cálido que contrastava com a escuridão do ambiente.O banheiro era espaçoso, com paredes de pedra cinza escura e detalhes em ferro forjado. O chão era revestido com ladrilhos de mármore negro, polidos a ponto de refletirem como um espelho. Uma enorme banheira de mármore repousava no centro, com garras de leão esculpidas sustentando-a. A atmosfera era pesada, quase sufocante, com o ar impregnado do aroma suave de lavanda e sândalo.Eu me encarei no espelho, buscando algum vestígio de calma. Estar longe de Klaus, mesmo que temporariamente, me permitia respirar um pouco mais aliviada. Mas o alívio era passageiro, logo substituído pela ur
A manhã seguinte ao jantar foi envolta em um silêncio quase opressivo. O castelo parecia um mausoléu, seus corredores vastos e vazios, como se a própria estrutura estivesse à espera de algo sombrio. Decidi que precisava de respostas, ou ao menos alguma forma de esperança. E a única maneira de conseguir isso seria explorando a biblioteca.A biblioteca era uma catedral de conhecimento. Estantes se erguiam do chão ao teto, repletas de volumes encadernados em couro, seus títulos em línguas antigas e esquecidas. Havia uma sensação de reverência no ar, como se o próprio espaço reconhecesse o poder contido em suas prateleiras. Caminhei devagar, deslizando meus dedos pelas lombadas dos livros, maravilhada com a quantidade de conhecimento que repousava ali. O cheiro de papel envelhecido misturado com o leve odor de cera das velas acesas criava uma atmosfera que parecia me envolver completamente.Por que há tantos livros de magia?Essa pergunta me assombrava enquanto percorria as fileiras inter
A suave luz do entardecer filtrava-se pelas pesadas cortinas de veludo que adornavam as janelas dos meus aposentos. Um brilho âmbar dançava nas paredes de pedra, lançando sombras que se moviam com o crepitar da lareira acesa. Ivy estava finalmente acordada, sentada à minha frente em uma das poltronas de couro negro da sala de estar. Era uma visão confortante, quase como um eco de tempos mais simples, quando o perigo não nos rondava a cada esquina.— Você precisa ser mais cuidadosa, Violet. — Ivy falou, quebrando o silêncio. Ela segurava uma xícara de chá fumegante entre as mãos, o aroma floral misturando-se com o cheiro dos biscoitos recém-saídos do forno. — Não pode continuar batendo de frente com Klaus. Ele é poderoso, implacável. Se ele quiser, pode nos destruir.Seu tom era sério, os olhos cor de âmbar fixos em mim. Senti um aperto no coração. Tinha saudade de Ivy, de sua presença reconfortante, mas suas palavras eram um lembrete cruel da realidade em que vivíamos.— Eu sei, Ivy.
O castelo parecia interminável. Nós caminhávamos pelos corredores vastos e silenciosos, o som dos nossos passos abafado pela espessura das paredes de pedra. A cada esquina, uma nova sala se abria diante de nós, mas nenhuma parecia esconder o que nossos sentidos procuravam. A sensação de cansaço era quase insuportável, mas não podíamos parar. Ivy e eu já tínhamos andado o dia inteiro, explorando cada canto do castelo, tentando sentir a tal energia mágica que os instintos lupinos de Ivy haviam detectado. Contudo, não havia nenhuma pista, nenhum sinal claro. Só o eco das nossas esperanças que se desfaziam a cada sala vazia que passávamos.Eu podia sentir as bolhas nos meus pés, os sapatos de salto que usávamos como parte da roupa escolhida para nós apertando os dedos. Cada passo era um esforço, e meu corpo já estava se rebelando contra a quantidade de tempo que tínhamos passado na busca sem resultados. O corpete apertado do meu vestido me deixava sem ar, e o calor era insuportável, como