Depois de um longo dia, já me encontrava na cama, os lençóis gelados em volta do meu corpo, tentando forçar meu cérebro a desligar. O banho quente havia feito maravilhas para a minha mente, embora a dor do luto e o peso da situação ainda me assombrassem. Fechei os olhos e tentei deixar os pensamentos se esvaírem, mas um barulho suave de batidas interrompeu meu breve momento de paz.— Entre — murmurei, minha voz carregada de cansaço.A porta se abriu devagar, e a figura esguia de Gwen apareceu na entrada. Ela parecia imperturbável, como sempre, mas havia algo diferente no seu olhar, como se estivesse prestes a me entregar algo que não gostaria de receber.— O Rei deseja vê-la nos aposentos dele — disse ela com uma suavidade que soava quase impessoal.Franzi a testa. Horas atrás, eu estava no salão com Klaus, conversando sobre arquitetura enquanto ele bebia, uma conversa que mais parecia um jogo de poder disfarçado de cordialidade. Agora, ele me chamava, e algo em mim se apertou.— Mas.
As batidas na porta ecoaram pelo quarto, rompendo o silêncio pesado que pairava no ar. Suspirei, ajustando o vestido que Gwen havia me ajudado a vestir, enquanto meu coração acelerava com a antecipação do que estava por vir.— Entre — disse, minha voz soando mais firme do que eu realmente me sentia.A porta se abriu lentamente, revelando Caleb. Ele entrou com passos lentos, mas havia algo predatório em sua postura, como se cada movimento fosse calculado para intimidar. Seus olhos percorriam meu corpo com um olhar faminto, como o de um cão selvagem prestes a atacar sua presa.Ele parou diante de mim, uma expressão de desdém estampada em seu rosto.— Bem, devo admitir — começou ele, com um sorriso cruel nos lábios. — Você pode ser uma vagabunda inútil, mas pelo menos ficou atraente nessa roupa. Quase o suficiente para eu esquecer que você é uma bruxa nojenta e não uma vampira.Revirei os olhos, cruzando os braços sobre o peito, tentando esconder o desconforto crescente. Sua presença me
Ao passar pelos corredores do castelo, os olhares dos guardas me faziam sentir como se fosse um animal em exibição. Eles riam, cochichavam e faziam piadinhas, sem nenhum respeito pela minha presença. Eu sabia o que eles estavam pensando. Eles estavam olhando para mim como se eu fosse uma peça de carne, uma mulher de um valor questionável, vestida daquela forma. As risadas baixas faziam meu estômago se revirar. Eu queria gritar, xingar, mas sabia que isso só pioraria a situação. Não havia como escapar.Com cada passo, meu coração batia mais rápido, e um mal-estar crescente se apoderava de mim. Eu odiava essa sensação, odiava sentir que estavam me desrespeitando, que estavam me reduzindo a algo que não era eu. Aquele vestido leve e transparente, com seu bordado dourado, parecia pesar mais a cada olhar que eu recebia. Eu só queria me esconder, mas sabia que não tinha escolha. Tinha que seguir em frente, para cumprir minha "função". A noite, mais uma vez, seria uma tortura.Chegando aos a
O quarto estava mergulhado em uma penumbra opressiva, iluminado apenas pela luz trêmula das velas que lançavam sombras dançantes nas paredes. A cama enorme, adornada com lençóis de seda escarlate, parecia um altar macabro, e a sensação de claustrofobia crescia em mim a cada segundo. O ar parecia mais pesado, como se o ambiente inteiro conspirasse para me sufocar.Klaus estava ali, me observando como um predador faminto, seus olhos vermelhos brilhando com uma intensidade doentia. Ele sorriu, um sorriso que não continha nenhum traço de afeto ou gentileza. Era um sorriso de posse, de controle, e aquilo fazia minha pele se arrepiar de repulsa. Cada fibra do meu ser gritava para que eu fugisse, mas sabia que não havia escapatória.— Espero que sua história sobre ser virgem seja verdadeira, Violet, — ele disse, a voz grave e carregada de ameaça, enquanto dava um passo mais perto. — Caso contrário, você vai se arrepender amargamente de ter mentido para mim.Minha
Eu fiquei ali, deitada na cama de Klaus, por horas, imóvel, com os olhos abertos, encarando o teto escuro. O calor da cama onde estive com ele ainda queimava minha pele, uma marca que eu não conseguiria tirar de mim, não importa o quanto eu tentasse. Meu corpo estava cansado, minhas energias drenadas, e eu me sentia... morta. Como se parte de mim tivesse sido arrancada, e eu estivesse apenas esperando a morte chegar.Meus dedos se esfregavam contra as marcas em meu pescoço, as mordidas onde ele havia bebido meu sangue, e um nojo profundo me envolvia. Meu vestido estava rasgado, meu cabelo bagunçado, e o batom borrado fazia meu rosto parecer um reflexo do que eu realmente sentia: sujeira, vergonha e dor. Eu estava completamente devastada.O quarto parecia escuro e frio, mesmo com as velas acesas. Era como se o calor da minha raiva e da humilhação me envolvesse de uma forma que eu não conseguisse escapar. O pesadelo ainda estava vivo dentro de mim, o toque dele, o cheiro dele, o som da
Eu não sabia quanto tempo se passou. Minutos? Horas? Dias? O tempo parecia uma coisa vaga, como se tivesse perdido a noção de tudo, exceto da dor e do vazio. Eu não conseguia parar de pensar, mas não conseguia mais falar. O silêncio me envolvia como uma prisão que eu mesma construí, e o mais estranho é que não me importava. Era como se minhas palavras já não tivessem mais valor, como se a minha voz tivesse sido arrancada junto com a minha dignidade naquela noite.O quarto estava em silêncio, exceto pelo som suave de Ivy se movendo atrás de mim. Eu estava sentada na beirada da cama, o olhar perdido na escuridão da janela, enquanto ela, com mãos delicadas, penteava meu cabelo. Ela fazia isso sem pressa, sem palavras, mas com a paciência de quem entendia que eu precisava de algo tão simples para me sentir... um pouco menos quebrada.Ela não falava, mas seu toque era suave, e eu sentia uma estranha sensação de conforto, como se, por um momento, eu estivesse sendo cuidada. Não que eu merec
As semanas passaram com uma rapidez cruel. O tempo parecia escorrer pelas minhas mãos como areia fina, e eu estava ali, no maldito momento em que tudo se tornava real. Aquele vestido de noiva negro, tão opressor, estava me sufocando. Eu me olhava no espelho, mas a imagem refletida não parecia ser minha. Era uma estranha, vestida de luto, pronta para se entregar a algo que ela odiava com toda a sua alma.A luz suave que entrava pela janela fazia as sombras dançarem nas paredes, mas não me trazia conforto algum. A maquiagem gótica que me cobria o rosto, os lábios negros, os olhos esfumaçados — tudo aquilo só me lembrava do que eu havia perdido, do que Klaus havia tirado de mim.Ivy estava ao meu lado, tentando forçar um sorriso que não convencera nem a ela mesma. Sua expressão era cheia de dor, mas ela tentava esconder.— Você está linda, Violet. — Ela disse, sua voz tentando soar firme, mas falhando.Olhei para ela, tentando manter a compostura, mas a amargura que se acumulava dentro d
Eu nunca quis estar aqui.O altar era frio, um pedaço de mármore preto que refletia o brilho das velas espalhadas pela catedral sombria. Estar ali, parada diante de todos, era como encarar um pesadelo lúcido do qual eu não conseguia despertar. Meu vestido preto gótico, escolhido a dedo pelo próprio monstro à minha frente, parecia pesar toneladas. O corpete apertado sufocava minha respiração, as rendas delicadas roçavam minha pele como teias de aranha, e a longa cauda que se arrastava atrás de mim era uma corrente invisível que me mantinha presa a este destino cruel.O salão estava repleto de vampiros e outras criaturas. Seus olhos carmesim brilhavam com um deleite mórbido. Eu era o espetáculo da noite, a loba transformada em rainha por um casamento forçado. Todos esperavam para assistir o momento em que o Rei Vampiro, o homem que destruiu tudo o que eu amava, me reivindicaria como sua.Minha única companhia era o ódio que queimava em meu peito.Eu odiava aquele homem à minha frente, o