O dia havia começado como qualquer outro, mas eu sentia que algo no ar estava diferente. Algo mais intenso. Dylan estava ali, ao meu lado, mas parecia mais distante. Sua presença dominava o ambiente, e eu não conseguia desviar os olhos dele. Ele não estava mais apenas ao meu lado fisicamente; ele estava me envolvendo, me consumindo de uma forma que eu não conseguia compreender completamente.Sua aura era palpável, e eu sabia, com toda certeza, que ele estava começando a me marcar de formas que eu não entendia.A casa estava silenciosa, exceto pelo som da lareira queimando e o crepitar das chamas. Eu estava sentada perto da janela, observando a neve cair suavemente lá fora, quando senti a presença dele se aproximando. Ele parou atrás de mim, e, antes que eu pudesse reagir, suas mãos se apoiaram na mesa ao meu lado, criando uma barreira entre mim e o mundo exterior. Eu me virei lentamente, encarando-o, sentindo a pressão no ar.Dylan não disse nada. Seu olhar era fixo, ardente, como se
A noite estava fria, mas o céu estava claro, como se as estrelas tivessem decidido brilhar mais intensamente naquela noite. Eu sentia o ar fresco e gelado cortando minha pele, mas não me importava. O silêncio da floresta era profundo, interrompido apenas pelo som suave do vento que balançava as folhas das árvores. Dylan estava ao meu lado, seu corpo forte e seguro, como sempre. Ele era minha rocha, o único ser capaz de me fazer sentir que, talvez, eu não estivesse sozinha neste mundo sombrio.Caminhávamos lentamente por uma trilha estreita, à beira de um lago escondido, que era conhecido apenas por ele. Ele havia me trazido aqui para escapar da agitação da nossa vida, para se afastar de todos os problemas e traumas que ainda nos assombravam. E eu, como sempre, me sentia segura com ele, não importava o que acontecesse. Nós dois éramos como duas sombras, entrelaçadas, incapazes de se separar.Quando chegamos à beira do lago, a visão me deixou sem fôlego. As águas refletiam as estrelas,
O vento estava mais frio do que nunca, cortando minha pele de lobo, mas eu estava absorta demais para me importar com isso. A transformação ainda estava fresca em minha memória, e o eco da força recém-descoberta pulsava em minhas veias. Cada passo que eu dava, sentia o peso e a leveza de ser um ser mais completo. Dylan caminhava ao meu lado, em silêncio, e sua presença era a rocha que me mantinha estável enquanto o mundo ao nosso redor parecia se mover de forma estranha.Havia algo mais. Algo que estava despertando dentro de mim.Eu me concentrei, tentando sentir qualquer vestígio da magia que eu uma vez soubera possuir. Era como um fio invisível, um toque de poder que havia sido apagado de minha memória. Quando eu era mais jovem, o toque da magia me era familiar, mas agora era como uma memória distante, algo que eu não podia alcançar, como uma canção que não se lembrava mais da letra.– Dylan... – Minha voz saiu baixa, quase um sussurro, quebrando o silêncio da floresta. Ele parou ao
O ar estava pesado naquela manhã, como se o próprio céu soubesse que algo importante estava prestes a acontecer. Eu me encontrava caminhando pela floresta ao lado de Dylan, nossos passos pesados, mas não havia mais o som da nossa respiração apressada ou o peso de uma jornada difícil. O que nos aguardava não era um caminho árduo, mas uma verdade que, há muito tempo, estava escondida nas sombras.Eu sabia que Ivy voltaria. Sabia que havia algo que ela precisava me contar, algo que iria mudar tudo. O que eu não sabia era como isso aconteceria, ou o que exatamente ela havia descoberto.Dylan estava calado, mas eu podia sentir sua tensão crescente. O que Ivy tinha a dizer afetaria a todos nós. Ele sabia disso, mas não falava nada. Ele me observava de canto de olho, sempre vigilante, sempre atento. Mas eu não podia mais ignorar a inquietação que se espalhava dentro de mim.O som de passos suaves cortou o silêncio da floresta, e antes que eu pudesse me virar completamente, vi a figura famili
Eu acordei com uma sensação de desorientação, como se minha mente estivesse ainda navegando entre os pesadelos e a realidade. O ambiente era estranho, e o cheiro no ar não era o da nossa casa ou da floresta que conhecia tão bem. Uma dor forte pulsava na minha cabeça, e a sensação de desmaio ainda parecia pairar sobre mim. Onde eu estava? Como cheguei aqui?Ao meu lado, Dylan estava sentado em uma cadeira de madeira, os olhos fixos em mim, um misto de preocupação e alívio em seu rosto. Quando percebeu que eu estava acordando, ele se levantou rapidamente, e, em seus olhos, eu vi o reflexo de algo que não conseguia entender completamente. Medo? Alívio? Talvez ambos.– Violet… – Sua voz estava rouca, cansada, como se ele tivesse falado meu nome centenas de vezes. – Você está bem?A dor na minha cabeça se intensificou quando tentei me mover, mas, mesmo assim, consegui olhar ao redor. O quarto onde eu estava era simples, com móveis rústicos e uma janela quebrada que deixava a luz do sol ent
O vento frio da manhã sussurrava por entre as árvores que cercavam a nossa vila, e o som suave da natureza parecia ter se tornado uma melodia constante nos últimos anos. Eu estava deitada na cama, os dedos acariciando a barriga grande e arredondada de oito meses. A vida aqui era diferente agora—mais tranquila, mais cheia de propósito. A alcatéia prosperava, como Dylan sempre imaginou, mas havia algo mais que me ocupava. Algo que crescia dentro de mim, todos os dias, mais forte, mais presente.Dylan, sentado à beira da cama, olhava para mim com aquele olhar de sempre. Era um olhar que misturava possessividade com uma ternura que ele nunca imaginaria sentir até nos conhecermos. Ele passava a mão pelo meu cabelo com um toque suave, mas seus olhos estavam cheios de uma intensidade inquietante. Ele estava nervoso, eu sabia.– Você está bem? – Ele perguntou, e sua voz, grave e rouca, estava cheia de preocupação. Era uma preocupação constante desde que soubemos da gravidez. Ele sempre temia
Eu nunca quis estar aqui. O altar era frio, um pedaço de mármore preto que refletia o brilho das velas espalhadas pela catedral sombria. Estar ali, parada diante de todos, era como encarar um pesadelo lúcido do qual eu não conseguia despertar. Meu vestido preto gótico, escolhido a dedo pelo próprio monstro à minha frente, parecia pesar toneladas. O corpete apertado sufocava minha respiração, as rendas delicadas roçavam minha pele como teias de aranha, e a longa cauda que se arrastava atrás de mim era uma corrente invisível que me mantinha presa a este destino cruel. O salão estava repleto de vampiros e outras criaturas. Seus olhos carmesim brilhavam com um deleite mórbido. Eu era o espetáculo da noite, a loba transformada em rainha por um casamento forçado. Todos esperavam para assistir o momento em que o Rei Vampiro, o homem que destruiu tudo o que eu amava, me reivindicaria como sua. Minha única companhia era o ódio que queimava em meu peito. Eu odiava aquele homem à minha frente
O silêncio na fronteira era opressivo. Cada folha que caía, cada farfalhar dos galhos parecia carregado de uma energia antiga, um sussurro dos espíritos que vagavam por aquelas terras esquecidas. Estava ali porque era o único lugar onde ninguém me procuraria – ou pelo menos era o que eu esperava. Era um lugar onde até mesmo o tempo parecia hesitar, onde as noites eram mais escuras e os dias nunca brilhavam com tanta intensidade. Minha cabana, pequena e isolada, era mais um refúgio do que um lar. As paredes de madeira estavam rachadas em alguns pontos, o teto rangia a cada sopro do vento, e o cheiro de fumaça da lareira impregnava tudo. Não era confortável, mas servia ao seu propósito: manter-me longe dos olhos de Klaus e seus homens. Naquela manhã, o ar estava pesado, carregado de uma umidade densa que parecia grudar na pele. Eu havia saído cedo para buscar lenha e água no riacho próximo. Os galhos secos estalavam sob meus pés enquanto eu me movia com cautela, sentindo cada vibraçã