O vento estava mais frio do que nunca, cortando minha pele de lobo, mas eu estava absorta demais para me importar com isso. A transformação ainda estava fresca em minha memória, e o eco da força recém-descoberta pulsava em minhas veias. Cada passo que eu dava, sentia o peso e a leveza de ser um ser mais completo. Dylan caminhava ao meu lado, em silêncio, e sua presença era a rocha que me mantinha estável enquanto o mundo ao nosso redor parecia se mover de forma estranha.Havia algo mais. Algo que estava despertando dentro de mim.Eu me concentrei, tentando sentir qualquer vestígio da magia que eu uma vez soubera possuir. Era como um fio invisível, um toque de poder que havia sido apagado de minha memória. Quando eu era mais jovem, o toque da magia me era familiar, mas agora era como uma memória distante, algo que eu não podia alcançar, como uma canção que não se lembrava mais da letra.– Dylan... – Minha voz saiu baixa, quase um sussurro, quebrando o silêncio da floresta. Ele parou ao
O ar estava pesado naquela manhã, como se o próprio céu soubesse que algo importante estava prestes a acontecer. Eu me encontrava caminhando pela floresta ao lado de Dylan, nossos passos pesados, mas não havia mais o som da nossa respiração apressada ou o peso de uma jornada difícil. O que nos aguardava não era um caminho árduo, mas uma verdade que, há muito tempo, estava escondida nas sombras.Eu sabia que Ivy voltaria. Sabia que havia algo que ela precisava me contar, algo que iria mudar tudo. O que eu não sabia era como isso aconteceria, ou o que exatamente ela havia descoberto.Dylan estava calado, mas eu podia sentir sua tensão crescente. O que Ivy tinha a dizer afetaria a todos nós. Ele sabia disso, mas não falava nada. Ele me observava de canto de olho, sempre vigilante, sempre atento. Mas eu não podia mais ignorar a inquietação que se espalhava dentro de mim.O som de passos suaves cortou o silêncio da floresta, e antes que eu pudesse me virar completamente, vi a figura famili
Eu acordei com uma sensação de desorientação, como se minha mente estivesse ainda navegando entre os pesadelos e a realidade. O ambiente era estranho, e o cheiro no ar não era o da nossa casa ou da floresta que conhecia tão bem. Uma dor forte pulsava na minha cabeça, e a sensação de desmaio ainda parecia pairar sobre mim. Onde eu estava? Como cheguei aqui?Ao meu lado, Dylan estava sentado em uma cadeira de madeira, os olhos fixos em mim, um misto de preocupação e alívio em seu rosto. Quando percebeu que eu estava acordando, ele se levantou rapidamente, e, em seus olhos, eu vi o reflexo de algo que não conseguia entender completamente. Medo? Alívio? Talvez ambos.– Violet… – Sua voz estava rouca, cansada, como se ele tivesse falado meu nome centenas de vezes. – Você está bem?A dor na minha cabeça se intensificou quando tentei me mover, mas, mesmo assim, consegui olhar ao redor. O quarto onde eu estava era simples, com móveis rústicos e uma janela quebrada que deixava a luz do sol ent
O vento frio da manhã sussurrava por entre as árvores que cercavam a nossa vila, e o som suave da natureza parecia ter se tornado uma melodia constante nos últimos anos. Eu estava deitada na cama, os dedos acariciando a barriga grande e arredondada de oito meses. A vida aqui era diferente agora—mais tranquila, mais cheia de propósito. A alcatéia prosperava, como Dylan sempre imaginou, mas havia algo mais que me ocupava. Algo que crescia dentro de mim, todos os dias, mais forte, mais presente.Dylan, sentado à beira da cama, olhava para mim com aquele olhar de sempre. Era um olhar que misturava possessividade com uma ternura que ele nunca imaginaria sentir até nos conhecermos. Ele passava a mão pelo meu cabelo com um toque suave, mas seus olhos estavam cheios de uma intensidade inquietante. Ele estava nervoso, eu sabia.– Você está bem? – Ele perguntou, e sua voz, grave e rouca, estava cheia de preocupação. Era uma preocupação constante desde que soubemos da gravidez. Ele sempre temia
Eu nunca quis estar aqui. O altar era frio, um pedaço de mármore preto que refletia o brilho das velas espalhadas pela catedral sombria. Estar ali, parada diante de todos, era como encarar um pesadelo lúcido do qual eu não conseguia despertar. Meu vestido preto gótico, escolhido a dedo pelo próprio monstro à minha frente, parecia pesar toneladas. O corpete apertado sufocava minha respiração, as rendas delicadas roçavam minha pele como teias de aranha, e a longa cauda que se arrastava atrás de mim era uma corrente invisível que me mantinha presa a este destino cruel. O salão estava repleto de vampiros e outras criaturas. Seus olhos carmesim brilhavam com um deleite mórbido. Eu era o espetáculo da noite, a loba transformada em rainha por um casamento forçado. Todos esperavam para assistir o momento em que o Rei Vampiro, o homem que destruiu tudo o que eu amava, me reivindicaria como sua. Minha única companhia era o ódio que queimava em meu peito. Eu odiava aquele homem à minha frente
O silêncio na fronteira era opressivo. Cada folha que caía, cada farfalhar dos galhos parecia carregado de uma energia antiga, um sussurro dos espíritos que vagavam por aquelas terras esquecidas. Estava ali porque era o único lugar onde ninguém me procuraria – ou pelo menos era o que eu esperava. Era um lugar onde até mesmo o tempo parecia hesitar, onde as noites eram mais escuras e os dias nunca brilhavam com tanta intensidade. Minha cabana, pequena e isolada, era mais um refúgio do que um lar. As paredes de madeira estavam rachadas em alguns pontos, o teto rangia a cada sopro do vento, e o cheiro de fumaça da lareira impregnava tudo. Não era confortável, mas servia ao seu propósito: manter-me longe dos olhos de Klaus e seus homens. Naquela manhã, o ar estava pesado, carregado de uma umidade densa que parecia grudar na pele. Eu havia saído cedo para buscar lenha e água no riacho próximo. Os galhos secos estalavam sob meus pés enquanto eu me movia com cautela, sentindo cada vibraçã
A luz da manhã parecia mais fria do que o normal, como se carregasse um aviso silencioso. A cabana estava silenciosa, exceto pelo ranger ocasional do teto e pelo farfalhar das folhas lá fora. Acordei com uma sensação incômoda, algo que eu não conseguia identificar. Esfreguei os olhos e me virei na cama, mas meu corpo congelou assim que a vi. Uma caixa. Ela estava no centro da cama, perto dos meus pés. Pequena, preta e perfeitamente posicionada, como se alguém tivesse a colocado ali com cuidado meticuloso. Meu coração disparou, e minha respiração ficou presa na garganta. Sentei-me devagar, os olhos fixos naquele objeto estranho. Como ela chegou ali? — Ivy? Logan? — chamei, tentando manter minha voz firme. Nenhuma resposta. Levantei-me, os pés tocando o chão frio da cabana. Fui até a porta e olhei pela janela. A floresta estava calma, mas não havia sinal de Ivy ou Logan. Claro, eles estavam fora. Sempre saíam ao amanhecer para suas corridas matinais, treinando velocidade e reflexos
A casa era isolada, cercada por uma floresta densa e aparentemente interminável. As montanhas ao longe formavam uma barreira natural, enquanto o vento assobiava pelas árvores, criando uma melodia constante e inquietante. Logan havia escolhido o lugar a dedo: discreto, distante e com proteção suficiente para que ninguém nos encontrasse tão facilmente. Pelo menos era o que ele dizia. Eu, no entanto, não conseguia me sentir segura. O interior da casa era simples, com móveis de madeira escura e janelas pequenas, cobertas por cortinas grossas. Logan havia alugado o local com dinheiro que, segundo ele, vinha das reservas de sua família lupina. Não era luxuoso, mas era funcional. E, mais importante, nos mantinha fora do alcance de Klaus — pelo menos por enquanto. Ivy estava na cozinha, despejando água quente em canecas para preparar chá. Aquele era o jeito dela de lidar com o caos: ocupando-se com tarefas simples e práticas. Logan, por outro lado, estava no andar de cima, inspecionando cad