A caixa

A luz da manhã parecia mais fria do que o normal, como se carregasse um aviso silencioso. A cabana estava silenciosa, exceto pelo ranger ocasional do teto e pelo farfalhar das folhas lá fora. Acordei com uma sensação incômoda, algo que eu não conseguia identificar.

Esfreguei os olhos e me virei na cama, mas meu corpo congelou assim que a vi. Uma caixa.

Ela estava no centro da cama, perto dos meus pés. Pequena, preta e perfeitamente posicionada, como se alguém tivesse a colocado ali com cuidado meticuloso. Meu coração disparou, e minha respiração ficou presa na garganta.

Sentei-me devagar, os olhos fixos naquele objeto estranho. Como ela chegou ali?

— Ivy? Logan? — chamei, tentando manter minha voz firme.

Nenhuma resposta.

Levantei-me, os pés tocando o chão frio da cabana. Fui até a porta e olhei pela janela. A floresta estava calma, mas não havia sinal de Ivy ou Logan. Claro, eles estavam fora. Sempre saíam ao amanhecer para suas corridas matinais, treinando velocidade e reflexos. Era parte da rotina deles, uma forma de se manterem prontos para qualquer ameaça.

Logan, apesar de sua arrogância insuportável, era um protetor nato. Como filho de um dos reis lupinos, ele levava sua responsabilidade muito a sério, e Ivy sempre o acompanhava. Ela dizia que corridas a ajudavam a limpar a mente, mas eu sabia que ela só queria garantir que Logan não se metesse em problemas.

Voltei meu olhar para a caixa, agora com o estômago revirado. Como aquilo chegou ali? Eu havia trancado a porta antes de dormir, como sempre fazia. Quem teria conseguido entrar?

Aproximei-me devagar, cada passo parecendo mais pesado do que o último. A caixa era completamente preta, com um laço de cetim igualmente negro, impecavelmente amarrado. Minha mente disparava com perguntas: quem enviou isso? Como alguém conseguiu entrar?

Engoli em seco e estendi a mão. O ar parecia mais frio ao redor da caixa, como se ela emanasse uma energia estranha. Meu coração estava martelando no peito quando desatei o laço e levantei a tampa.

O que vi fez meu mundo parar.

Dentro da caixa havia uma pilha de fotografias. Peguei a primeira com dedos trêmulos, e meu sangue gelou ao ver a imagem. Era eu, na floresta, recolhendo lenha. Reconheci as roupas imediatamente – eram as mesmas que eu estava usando no dia anterior.

Meu estômago revirou enquanto eu folheava as fotos. Ivy e eu sentadas na frente da cabana, rindo. Logan, correndo pela floresta. Eu, dormindo na cama. Dormindo.

Minha mente ficou em branco por um instante, antes de ser tomada por uma onda de pânico. Alguém havia estado aqui. Alguém havia me observado enquanto eu dormia, enquanto nos movíamos, enquanto tentávamos viver escondidos.

No fundo da caixa, havia um bilhete dobrado. Peguei-o com cuidado, sentindo o peso das palavras que ainda não tinha lido.

“Nada escapa aos meus olhos, Violet. Estou mais perto do que você imagina. Aproveite seus últimos momentos de liberdade, porque, em breve, você será minha.”

A assinatura era desnecessária. Eu sabia exatamente quem havia enviado isso. Klaus.

Minhas mãos começaram a tremer, e eu deixei o bilhete cair no chão. Meu coração estava disparado, minha respiração ofegante. O rei vampiro sabia onde eu estava. Ele sabia tudo.

A porta da cabana se abriu com um estrondo, e eu me virei tão rápido que quase perdi o equilíbrio. Era Ivy. Ela entrou apressada, o rosto preocupado, e logo atrás dela estava Logan, com a expressão séria que ele sempre usava em situações tensas.

— O que aconteceu? — Ivy perguntou, aproximando-se rapidamente ao ver meu rosto pálido.

Eu não conseguia falar de imediato. Apenas apontei para a cama, onde a caixa ainda estava aberta, as fotos espalhadas ao lado dela. Ivy se aproximou, pegou uma das fotos, e sua expressão mudou para algo entre raiva e preocupação.

— Quem fez isso? — Logan perguntou, sua voz baixa e ameaçadora.

— Foi Klaus — consegui dizer, minha voz quase um sussurro. — Ele sabe onde estamos. Ele esteve aqui, ou alguém esteve.

Ivy pegou o bilhete do chão e o leu rapidamente. Sua mandíbula se contraiu, e ela respirou fundo antes de olhar para mim.

— Ele está nos ameaçando.

— Mais do que isso, Ivy. — Minha voz falhou enquanto apontava para as fotos. — Ele estava aqui dentro. Ele esteve perto o suficiente para tirar essas fotos.

Logan pegou uma das imagens, sua expressão endurecendo ainda mais. Ele não disse nada por um momento, mas o olhar dele era sombrio, perigoso.

— Isso não é só uma ameaça. É uma declaração. Ele está dizendo que pode chegar até nós quando quiser.

As palavras dele só aumentaram meu pânico. Ivy colocou a mão no meu ombro, tentando me acalmar.

— Vamos sair daqui — disse ela, a voz firme. — Não podemos ficar. Se ele sabe onde estamos, precisamos ir agora.

— E para onde vamos? — perguntei, minha voz quebrada. — Ele vai nos encontrar, não importa onde estejamos.

Logan deu um passo à frente, o olhar dele queimando com determinação.

— Não enquanto eu estiver aqui. Eu não vou deixar esse desgraçado tocar em você ou na Ivy.

Houve algo no tom dele que me fez acreditar, mesmo que por um breve momento. Mas o medo ainda estava lá, corroendo-me por dentro.

Ivy começou a recolher as fotos e o bilhete, enquanto Logan olhava pela janela, os olhos escaneando a floresta. Eu sabia que ele estava procurando por qualquer sinal de movimento, qualquer pista de que não estávamos sozinhos.

— Vamos sair daqui ao anoitecer — disse Logan. — Será mais seguro nos movermos na escuridão. Até lá, ficamos juntos.

Eu assenti, mas meu coração ainda estava pesado. Enquanto Ivy fechava a caixa e Logan mantinha a vigilância, eu me perguntava se algum dia estaríamos realmente seguros. Klaus havia mostrado que podia nos encontrar a qualquer momento, e agora a única coisa que restava era decidir como enfrentar o que estava por vir.

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