O jardim estava imerso em um silêncio quase confortante enquanto eu e Ivy cuidávamos das flores. As gotas de água brilhavam ao cair das folhas como pequenas jóias líquidas, e o aroma fresco da terra molhada preenchia o ar. Mesmo assim, a tensão pairava entre nós. Ivy estava visivelmente distraída, seu olhar perdido enquanto regava mecanicamente os canteiros.
Eu tentei puxar assunto algumas vezes, mas nada parecia quebrar o muro invisível que ela havia erguido desde a nossa conversa mais cedo. A única coisa que interrompeu o incômodo silêncio foi a voz grave de Logan, surgindo atrás de nós como um trovão abafado. — Está na hora de irmos. — Ele falou como quem não admite contestação. Virei-me, encontrando seu olhar penetrante. Ele estava parado ali, com as mãos nos bolsos, como se tivesse todo o tempo do mundo. Ivy olhou para mim, indecisa, mordendo o lábio inferior, como se esperasse que eu dissesse algo. E eu disse. — Acho melhor Ivy ficar aqui. Logan soltou uma risada baixa, debochada, como se eu tivesse acabado de contar uma piada sem graça. Mas, ao perceber que eu falava sério, sua expressão se transformou em uma máscara de incredulidade. Ele cruzou os braços e olhou para Ivy, como se esperasse que ela negasse minhas palavras. — Vocês só podem estar brincando. — Sua voz ficou gelada, carregada de irritação. — Sabe que isso não pode acontecer, não sabe? Ele se aproximou de Ivy, sua postura rígida. Seus olhos, agora sombrios, carregavam uma fúria silenciosa que fez meu estômago revirar. — Você vai comigo, Ivy. — Sua voz era um comando. — Foi o que combinamos. E, se não for, você sabe muito bem quais serão as consequências. Fiquei chocada com o tom autoritário que ele usava, como se Ivy fosse uma mera peça em seu jogo. Olhei para ela, esperando que se opusesse, mas tudo o que vi foram seus olhos marejados. Ela abaixou a cabeça, resignada. A submissão em sua postura partiu meu coração. — Ivy... — comecei, mas ela suspirou profundamente e deu um passo em direção a Logan. Antes que pudesse alcançá-lo, segurei seu braço com firmeza. — Você não é obrigada a fazer nada que não queira. — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, carregada de raiva. Logan reagiu imediatamente, puxando Ivy para o lado dele com força. Seus dedos envolveram o braço dela de forma possessiva enquanto ele me encarava com fúria. — Você não vai conseguir me impedir, Violet. — Sua voz era baixa, ameaçadora. — E já estou sendo mais do que bondoso em não acabar com você aqui e agora. Perplexa, eu ri amargamente, cruzando os braços. — Não me importo se você é filho de um rei. Aqui, na minha casa, quem manda sou eu. Ele deu um passo à frente, ficando tão próximo que eu podia sentir seu hálito quente contra minha pele. — Pode tentar, Violet. Mas saiba que meus poderes vão acabar com você. Por alguma razão, não senti medo. Em vez disso, um sorriso frio surgiu em meus lábios. — Se tentar, Logan, será um homem morto. Antes que ele pudesse responder, Ivy tentou se colocar entre nós, estendendo a mão para separá-lo de mim. Logan, no entanto, a empurrou com tanta força que ela caiu de costas, batendo a cabeça contra as pedras do jardim. Meu sangue ferveu. — O que você fez?! — gritei, correndo para ajudá-la. Logan riu, sem se importar com a gravidade da situação. — Assim são tratados os lobos desobedientes. Levantei-me, empurrando-o com força. — Você se acha muito poderoso, não é? — Minhas palavras saíram carregadas de desprezo. Empurrei-o novamente. — Tão machão, mas tudo o que vejo é um covarde. Ele tentou manter a compostura, mas pude ver a raiva borbulhando em seus olhos. — Não me provoque, Violet. — E o que vai fazer? — Dei mais um empurrão. — Machucar outra mulher? Fracote. Foi a gota d’água. Logan avançou contra mim, o punho erguido para me acertar. Mas, no momento em que o golpe deveria me atingir, ele foi lançado para trás como se uma força invisível o tivesse arremessado. Ele voou metros de distância, aterrissando com força no chão. Sangue escorria de seus ouvidos e narinas enquanto ele tossia violentamente, cuspindo sangue. — O que... o que você fez? — Ele olhou para mim, atônito, o rosto contorcido de dor. Eu ri baixo, inclinando a cabeça. — Sabia que você não era apenas um lobo. Você é uma criatura que abriga um demônio, Logan. Seu olhar se transformou em um misto de choque e raiva. — Sua vadia... — Ah, Logan... você acha que eu te chamaria para a minha casa sem preparar o terreno? — Retirei meu anel, mostrando a pedra negra brilhante. — Esta é prata sagrada, retirada de um solo abençoado, capaz de anular qualquer criatura sobrenatural. Sabe? A mesma prata que impedem os lobisomens de se transformar e os fantasmas de fugirem! Aproximei-me lentamente e pressionei o anel contra sua testa. Ele gritou em agonia, sua pele queimando sob o toque do metal. — Coloquei algumas modificações na proteção. – Sorri observando sua agonia. – Essa pedra é uma Onix cujo possui um encantamento perpétuo, e, é claro, a benção de um ancestral! – Pressionei mais o anel em sua testa. – Sabia que você era muito mais do que um lobinho mimado. Logan riu, mesmo enquanto tossia sangue. — Finalmente usando seu cérebro degenerado para algo útil. Sua provocação me atingiu, mas controlei minha raiva. — Cuidado, Logan. – Sussurrei próximo ao seu rosto. – Posso acabar com você e banir sua alma. — Parece que você não é tão burra assim, afinal. – Sorriu fixando seu olhar no meu. Seus olhos brilhavam com intensidade, como se me dasafissem a cumprir minha ameaça. – Pelo visto, você andou estudando muito. Uma pena que nem mesmo você possa me banir. Minhas mãos tremiam de raiva, meu coração estava acelerado e eu estava pronta para mata-lo. Em um movimento rápido, acertei minha adaga em seu braço, mas seu desvio causou apenas um pequeno corte. Logan se movimenta tão rápido que mal consigo vê-lo, quando dou por mim, ele para ao meu lado puxando com brutalidade a adaga de minha mão e a jogando em meio ao jardim. — Teria cuidado se fosse você, querida. – Cruzou os braços sorrindo com deboche. – Matar o filho de um rei e o protetor da sua melhor amiga, não cairia muito bem pra uma ex bruxa renegada. Ele me olha de cima a baixo e sorri. — Ainda mais depois que você destruiu uma alcatéia inteira e graças a você, Dylan está morto. – Sussurrou em meu ouvido arrepiando cada pelo de meu pescoço. – Você é uma assassina, Violet. — Seu desgraçado! – Gritei acertando em cheio seu rosto. Logan cai novamente, dessa vez próximo a Ivy que tenta ajudá-lo, mas, com rapidez o puxei pela gola de sua camisa. – Não ouse falar de Dylan! Soquei seu rosto novamente, o estalo de seu nariz ecoou pelo jardim. A cada golpe, Logan gargalhava, como se minha fúria o divertisse. — Vamos, querida, libere toda sua fúria! – Gargalhou, seus dentes completamente sujos de sangue. – Me dê o seu melhor, me mostre do que é capaz! — Cala a boca! – Gruni acertando mais um golpe, dessa vez a força o afundou na terra, surpreendendo Logan. – Não aguento mais a sua voz patética! Ivy se lança em cima de mim, puxando meu braço com força, mas nem mesmo ela era capaz de acalmar minha fúria. — Klaus estava certo sobre você! Você sempre foi um monstro destruidor e graças aos seus poderes, Alaric e Dylan estão mortos! – Ele cospe seu sangue em meu rosto e tosse entre risadas. – Você exterminou a alcatéia e graças a você sua família está morta! Sua irmã é uma escrava do seu maior inimigo! A cada palavra que saia de seus lábios, mais forte ficavam meus socos, sentia a fúria aumentar dentro de mim. Eu o odiava, eu o queria morto. — Violet, não! – Ivy grita entre soluços. – Você vai mata-lo! O desespero de Ivy me trás de volta a realidade. Solto o corpo de Logan e me levanto. Ivy corre até ele, mas o príncipe se levanta antes que ela o alcance. — E você é mais patético do que eu pensava. – Ivy murmura em fúria. Ele levantou a cabeça, sorrindo com esforço. — Você ainda não sabe de tudo, Violet. Mas vai descobrir. Na hora certa. – Seu rosto estava inchado, quase irreconhecível. – Ao menos provou ser forte e digna do fardo que irá carregar. Talvez agora aprenda a usar suas habilidades com a seriedade que merecem. Fiquei congelada, minhas mãos apertando as mangas da minha blusa. As palavras dele mexeram comigo, uma sensação estranha invadiu meu peito. — O que você quer dizer com isso? — Perguntei, quase sussurrando, com um nó na garganta. Ele, agora mais calmo, olhou-me com um sorriso que beirava o cinismo. — Eu facilitei as coisas, sabe? Queria que você usasse seus dons. Mesmo sem poderes, você herdou a inteligência e força do seu pai, a criatura mais inteligente e forte que já existiu. O primeiro lobo... As palavras dele atingiram-me como uma flecha. Meu pai? Ele sabia sobre ele? — E Ágata... — A menção ao nome de minha avó cortou a minha mente como uma lâmina afiada. O arrepio percorreu minha espinha. Logan observou meu desconforto e, de maneira tranquila, acrescentou: — Ela estava certa a seu respeito. Você pode usar a sua inteligência e força em capacidade total em momentos chaves. O nome de minha avó nunca tinha soado tão pesado. As implicações de suas palavras me fizeram questionar tudo o que eu sabia sobre minha linhagem, sobre o que ela sabia, e o que eu, de fato, poderia ser. — Ágata... — Sussurrei, mais para mim mesma do que para ele. Logan riu, quase como se fosse uma piada interna. — Você tem muito mais para descobrir, Violet. Em breve, vai entender. Quando ele se distanciou, limpando o sangue do rosto, sua risada ecoou pelo ar. Ivy se levantou e me olhou, os olhos arregalados. — Violet... seu cabelo... — ela murmurou. — O que tem meu cabelo? — Ele... ele voltou a brilhar. Você ainda tem magia nas veias. Olhei para o lago de peixes em meu jardim, meu reflexo revelava fios roxo brilhantes, o mesmo roxo escuro da magia ancestral. Fiquei em silêncio, o coração acelerado. Uma possibilidade passou em minha mente: e se minha magia não estivesse completamente perdida? E se houvesse um jeito de recuperar meus poderes? Meu cabelo volta a ficar lilás, assim como meus olhos. Uma estranha sensação toma conta de mim: Eu deveria descobrir o que estava por trás disso e Logan era a chave pra esse enigma. Quando me virei para chamá-lo, Logan havia sumido. Ivy estava tão confusa quanto eu, o procurando ao redor. — Onde ele foi? – A jovem loba murmurou. — Não sei... – Sussurrei sentindo um arrepio percorrer minha coluna. – Mas ele não vai se livrar assim tão fácil de mim.A luz da lua entrava pela janela, lançando sombras suaves pelo meu quarto. A madeira escura das prateleiras estava repleta de livros antigos de magia, muitos deles já com páginas desgastadas pelo tempo. Sentada na poltrona próxima à cama, eu passava os olhos pelas linhas de um grimório antigo. As palavras pareciam saltar da página, como se carregassem uma energia própria. Porém, mesmo tentando me concentrar, minha mente estava inquieta.Havia uma sensação estranha no ar, algo que eu não conseguia explicar. Era como se um peso invisível pressionasse meus ombros, me deixando inquieta. Passei a mão pela testa, suspirando, e voltei a focar no livro.De repente, tudo ao meu redor se desfez.Era como se eu não estivesse mais no meu quarto. Meus olhos estavam abertos, mas não via mais as páginas do grimório. Em vez disso, uma floresta seca e desolada passava rapidamente diante de mim, como se eu estivesse correndo através dela.Eu não conseguia controlar meus movimentos; era como se estivess
Eu podia sentir meu coração pulsando em meus ouvidos, como se fosse explodir a qualquer momento. O ar ao meu redor parecia rarefeito, e minha mente lutava para processar o que estava acontecendo. Caleb estava ali, a poucos metros de mim, sua silhueta sombria iluminada pela fraca luz da lua que penetrava a copa das árvores.Ele deu um passo à frente, rápido como uma sombra que desliza no escuro. Antes que eu pudesse reagir, senti sua mão fria envolver meu pescoço. Ele me levantou do chão com uma facilidade assustadora, meus pés suspensos, chutando o vazio em uma tentativa desesperada de me soltar.O mundo parecia girar. Minha garganta ardia enquanto tentava puxar o ar que não vinha.— Ah, Violet... — Caleb disse, sua voz gotejando sarcasmo e prazer. — Você realmente acha que pode escapar de tudo isso? É tão divertido ver você assim, tão... frágil.Ele riu, uma risada baixa que fez cada célula do meu corpo gritar em alerta. Eu sentia meu rosto queimar pela falta de oxigênio.— Sabe, eu
Capítulo 6Eu mantinha os olhos fixos em Ivy enquanto o carro deslizava pela estrada deserta, iluminada apenas pelos faróis que cortavam a escuridão. Ela estava ao meu lado, encostada no vidro da janela, mas algo estava errado. Sua respiração era lenta, irregular, e seu peito mal se movia.— O que fizeram com ela? — perguntei, minha voz soando mais firme do que eu me sentia por dentro. Meu coração batia pesado no peito, e a preocupação latejava na minha mente como um tambor.Caleb, que dirigia com uma expressão entediada, riu baixo e revirou os olhos.— Ela está dormindo, Violet. Só isso. Jason a colocou sob hipnose para que não criasse problemas. — Ele lançou um olhar rápido e maldoso para o loiro sentado no banco do carona. — Nosso bom e velho Jason sempre arruma um jeito... delicado de lidar com as coisas.Jason virou-se ligeiramente, os olhos azuis parecendo hesitantes antes de se fixarem em mim. Havia algo em sua expressão que me fez pausar. Vergonha, talvez. Ou arrependimento.—
Jason suspirou ao ver Caleb e Bryan desaparecerem na escuridão da floresta. O som do vento contra o carro era a única coisa que preenchia o silêncio sufocante. Ele estava nervoso; isso era óbvio. Sua mão segurava o painel com força, e eu percebia o tremor nos seus dedos, como se ele estivesse se segurando para não explodir. Minha cabeça latejou de novo. Aquela sensação estranha voltou com força total, como uma onda prestes a me engolir. O formigamento começou atrás dos meus olhos e se espalhou pela minha testa, descendo para o nariz. Eu gemi baixo e, quando toquei o rosto, lá estava: sangue quente escorrendo de novo. — O que... — tentei falar, mas minha voz falhou. O mundo ao meu redor girou. Os assentos do carro pareciam se distorcer, como se fossem feitos de algo líquido e instável. Por um instante, eu vi algo. Era como se uma energia emanasse de Jason, uma névoa azul fraca que pulsava ao seu redor, viva, densa, sufocante. Ele me observava, os olhos arregalados. Não era medo. Era
Antes que eu pudesse dizer mais, o som de passos anunciou a volta de Caleb e Bryan. Jason e eu trocamos um olhar rápido, e ambos fingimos que nada havia acontecido. Caleb entrou no carro, o olhar desconfiado. — O que estava acontecendo aqui? — perguntou, a voz cortante. Eu falei antes que Jason pudesse reagir, fingindo raiva: — Ele é um idiota! Me agrediu porque eu queria fazer xixi nos arbustos! Jason percebeu minha intenção e entrou na onda. — Ela sabe que não pode sair do carro. Se quiser, que faça nas calças. — Ele revirou os olhos com sarcasmo. Caleb riu. — Finalmente, Jason, você está agindo como homem! — Ele empurra com força o ombro de Jason, fazendo-o gemer de dor. — Gostaria de ter visto você bater nessa vagabunda! Bryan surge na janela do carro, seu rosto irritado. — Abre logo, idiota! — gritou furioso. Caleb apenas riu, travando a porta propositalmente. — Eu vou quebrar essa merda! Sabe que tenho força pra arrancar essa porta! Caleb revirou os olhos e
Jason me arrastava pelos corredores do castelo, sua mão firme segurando meu braço como se temesse que eu pudesse escapar a qualquer momento. A dor nos meus músculos e o som ecoante de nossos passos me deixavam tensa, mas o que mais me incomodava era a sensação de estar à mercê de Klaus novamente.— Jason, você sabe onde está minha irmã? — perguntei, tentando esconder o desespero na voz.Ele hesitou por um instante, mas finalmente respondeu, sem olhar para mim:— A última vez que vi Sarah, ela estava bem. Mas já faz alguns dias. Fui enviado em uma missão e não tive mais notícias.Apesar de tudo, senti um breve alívio. Se Jason não a havia visto, ao menos significava que Klaus ainda não tinha feito algo com ela. Meu maior temor era que ele tivesse cumprido a ameaça que pairava como uma espada sobre minha cabeça.— Se ele encostar um dedo nela… — murmurei, mais para mim mesma do que para Jason.Ele não respondeu. Continuamos caminhando por um trecho que eu não reconhecia. Era uma parte n
Caminhei até a cama imensa e sentei na beirada, deixando meus dedos deslizarem pelo tecido macio do dossel. Tudo ao meu redor gritava luxo e realeza, mas para mim, não passava de uma fachada. Uma ilusão cuidadosamente criada para me prender em um conforto opressivo.Meus pensamentos foram interrompidos pelo som suave de uma porta se abrindo. Virei-me rapidamente, surpresa ao ver uma jovem entrando. Ela parecia ter a minha idade, com cabelos castanhos ondulados que caíam sobre seus ombros e olhos castanhos que brilhavam de forma tímida. Ela parou na entrada, segurando o vestido simples que vestia com nervosismo.— Peço desculpas por entrar sem bater... — ela começou, a voz baixa e hesitante. — O senhor Jason disse que eu podia entrar assim.Observei-a por um momento, percebendo que ela não tinha a aparência de uma vampira. Parecia humana, tão humana quanto eu.— Está tudo bem — eu disse, tentando aliviar a tensão evidente em seus ombros.Ainda assim, ela permaneceu tensa, como se cada
Olhei-me no espelho, ajustando a barra do vestido gótico que Gwen havia escolhido para mim. O tecido preto de veludo caía elegantemente até o chão, com detalhes em renda nas mangas e no corpete, que deixava meus ombros expostos. O decote acentuava meus seios de uma forma que me incomodava um pouco, dando a ilusão de serem maiores do que realmente eram. Suspirei, puxando o tecido de leve, tentando me acostumar com a visão que o espelho refletia.Meu cabelo estava preso em um coque baixo, alguns fios soltos emolduravam meu rosto. As luvas de renda cobriam meus braços até o cotovelo, completando o visual de uma época que eu nunca imaginei viver, quanto mais encenar. Gwen se aproximou silenciosamente, segurando um frasco de perfume. — Um toque final, senhorita — ela disse suavemente, borrifando uma fragrância leve ao redor de mim. Fechei os olhos ao sentir o aroma familiar. Orquídea negra com toques sutis de baunilha. Meu coração apertou no peito. — Esse perfume... — murmurei, minha