Os convidados começaram a entrar na sala de jantar, e eu finalmente me permiti desviar o olhar de Klaus para observá-los. Uma onda de confusão me envolveu imediatamente. Todos eles usavam máscaras. Máscaras douradas, adornadas com pequenos diamantes que brilhavam à luz das velas. Algumas eram intricadamente trabalhadas para cobrir todo o rosto, enquanto outras deixavam apenas a boca à mostra. Cada máscara tinha a forma de um animal — lobos, corvos, raposas, todos esculpidos com uma precisão assustadora.As roupas que usavam eram igualmente impressionantes. Vestidos longos e sombrios, com cortes que misturavam a elegância vitoriana ao gótico mais refinado. Os ternos dos homens eram de tecidos nobres, com detalhes em renda e veludo, muitos deles com golas altas e abotoaduras reluzentes. As mulheres tinham os cabelos arranjados em coques altos ou tranças elaboradas, decoradas com pequenas joias ou penas negras que completavam o visual quase teatral.Eu me senti deslocada, como se tivesse
O espelho diante de mim era uma obra de arte, imponente e adornado com ouro, destacando-se contra a decoração sombria e gótica do banheiro. As bordas eram esculpidas com intrincados detalhes de flores e folhas, emoldurando o vidro como se fosse um retrato de algum antigo monarca. A luz suave das velas refletia nas superfícies douradas, lançando um brilho cálido que contrastava com a escuridão do ambiente.O banheiro era espaçoso, com paredes de pedra cinza escura e detalhes em ferro forjado. O chão era revestido com ladrilhos de mármore negro, polidos a ponto de refletirem como um espelho. Uma enorme banheira de mármore repousava no centro, com garras de leão esculpidas sustentando-a. A atmosfera era pesada, quase sufocante, com o ar impregnado do aroma suave de lavanda e sândalo.Eu me encarei no espelho, buscando algum vestígio de calma. Estar longe de Klaus, mesmo que temporariamente, me permitia respirar um pouco mais aliviada. Mas o alívio era passageiro, logo substituído pela ur
A manhã seguinte ao jantar foi envolta em um silêncio quase opressivo. O castelo parecia um mausoléu, seus corredores vastos e vazios, como se a própria estrutura estivesse à espera de algo sombrio. Decidi que precisava de respostas, ou ao menos alguma forma de esperança. E a única maneira de conseguir isso seria explorando a biblioteca.A biblioteca era uma catedral de conhecimento. Estantes se erguiam do chão ao teto, repletas de volumes encadernados em couro, seus títulos em línguas antigas e esquecidas. Havia uma sensação de reverência no ar, como se o próprio espaço reconhecesse o poder contido em suas prateleiras. Caminhei devagar, deslizando meus dedos pelas lombadas dos livros, maravilhada com a quantidade de conhecimento que repousava ali. O cheiro de papel envelhecido misturado com o leve odor de cera das velas acesas criava uma atmosfera que parecia me envolver completamente.Por que há tantos livros de magia?Essa pergunta me assombrava enquanto percorria as fileiras inter
A suave luz do entardecer filtrava-se pelas pesadas cortinas de veludo que adornavam as janelas dos meus aposentos. Um brilho âmbar dançava nas paredes de pedra, lançando sombras que se moviam com o crepitar da lareira acesa. Ivy estava finalmente acordada, sentada à minha frente em uma das poltronas de couro negro da sala de estar. Era uma visão confortante, quase como um eco de tempos mais simples, quando o perigo não nos rondava a cada esquina.— Você precisa ser mais cuidadosa, Violet. — Ivy falou, quebrando o silêncio. Ela segurava uma xícara de chá fumegante entre as mãos, o aroma floral misturando-se com o cheiro dos biscoitos recém-saídos do forno. — Não pode continuar batendo de frente com Klaus. Ele é poderoso, implacável. Se ele quiser, pode nos destruir.Seu tom era sério, os olhos cor de âmbar fixos em mim. Senti um aperto no coração. Tinha saudade de Ivy, de sua presença reconfortante, mas suas palavras eram um lembrete cruel da realidade em que vivíamos.— Eu sei, Ivy.
O castelo parecia interminável. Nós caminhávamos pelos corredores vastos e silenciosos, o som dos nossos passos abafado pela espessura das paredes de pedra. A cada esquina, uma nova sala se abria diante de nós, mas nenhuma parecia esconder o que nossos sentidos procuravam. A sensação de cansaço era quase insuportável, mas não podíamos parar. Ivy e eu já tínhamos andado o dia inteiro, explorando cada canto do castelo, tentando sentir a tal energia mágica que os instintos lupinos de Ivy haviam detectado. Contudo, não havia nenhuma pista, nenhum sinal claro. Só o eco das nossas esperanças que se desfaziam a cada sala vazia que passávamos.Eu podia sentir as bolhas nos meus pés, os sapatos de salto que usávamos como parte da roupa escolhida para nós apertando os dedos. Cada passo era um esforço, e meu corpo já estava se rebelando contra a quantidade de tempo que tínhamos passado na busca sem resultados. O corpete apertado do meu vestido me deixava sem ar, e o calor era insuportável, como
Depois de um longo dia, já me encontrava na cama, os lençóis gelados em volta do meu corpo, tentando forçar meu cérebro a desligar. O banho quente havia feito maravilhas para a minha mente, embora a dor do luto e o peso da situação ainda me assombrassem. Fechei os olhos e tentei deixar os pensamentos se esvaírem, mas um barulho suave de batidas interrompeu meu breve momento de paz.— Entre — murmurei, minha voz carregada de cansaço.A porta se abriu devagar, e a figura esguia de Gwen apareceu na entrada. Ela parecia imperturbável, como sempre, mas havia algo diferente no seu olhar, como se estivesse prestes a me entregar algo que não gostaria de receber.— O Rei deseja vê-la nos aposentos dele — disse ela com uma suavidade que soava quase impessoal.Franzi a testa. Horas atrás, eu estava no salão com Klaus, conversando sobre arquitetura enquanto ele bebia, uma conversa que mais parecia um jogo de poder disfarçado de cordialidade. Agora, ele me chamava, e algo em mim se apertou.— Mas.
As batidas na porta ecoaram pelo quarto, rompendo o silêncio pesado que pairava no ar. Suspirei, ajustando o vestido que Gwen havia me ajudado a vestir, enquanto meu coração acelerava com a antecipação do que estava por vir.— Entre — disse, minha voz soando mais firme do que eu realmente me sentia.A porta se abriu lentamente, revelando Caleb. Ele entrou com passos lentos, mas havia algo predatório em sua postura, como se cada movimento fosse calculado para intimidar. Seus olhos percorriam meu corpo com um olhar faminto, como o de um cão selvagem prestes a atacar sua presa.Ele parou diante de mim, uma expressão de desdém estampada em seu rosto.— Bem, devo admitir — começou ele, com um sorriso cruel nos lábios. — Você pode ser uma vagabunda inútil, mas pelo menos ficou atraente nessa roupa. Quase o suficiente para eu esquecer que você é uma bruxa nojenta e não uma vampira.Revirei os olhos, cruzando os braços sobre o peito, tentando esconder o desconforto crescente. Sua presença me
Ao passar pelos corredores do castelo, os olhares dos guardas me faziam sentir como se fosse um animal em exibição. Eles riam, cochichavam e faziam piadinhas, sem nenhum respeito pela minha presença. Eu sabia o que eles estavam pensando. Eles estavam olhando para mim como se eu fosse uma peça de carne, uma mulher de um valor questionável, vestida daquela forma. As risadas baixas faziam meu estômago se revirar. Eu queria gritar, xingar, mas sabia que isso só pioraria a situação. Não havia como escapar.Com cada passo, meu coração batia mais rápido, e um mal-estar crescente se apoderava de mim. Eu odiava essa sensação, odiava sentir que estavam me desrespeitando, que estavam me reduzindo a algo que não era eu. Aquele vestido leve e transparente, com seu bordado dourado, parecia pesar mais a cada olhar que eu recebia. Eu só queria me esconder, mas sabia que não tinha escolha. Tinha que seguir em frente, para cumprir minha "função". A noite, mais uma vez, seria uma tortura.Chegando aos a