Nas mãos do vampiro

Eu podia sentir meu coração pulsando em meus ouvidos, como se fosse explodir a qualquer momento. O ar ao meu redor parecia rarefeito, e minha mente lutava para processar o que estava acontecendo. Caleb estava ali, a poucos metros de mim, sua silhueta sombria iluminada pela fraca luz da lua que penetrava a copa das árvores.

Ele deu um passo à frente, rápido como uma sombra que desliza no escuro. Antes que eu pudesse reagir, senti sua mão fria envolver meu pescoço. Ele me levantou do chão com uma facilidade assustadora, meus pés suspensos, chutando o vazio em uma tentativa desesperada de me soltar.

O mundo parecia girar. Minha garganta ardia enquanto tentava puxar o ar que não vinha.

— Ah, Violet... — Caleb disse, sua voz gotejando sarcasmo e prazer. — Você realmente acha que pode escapar de tudo isso? É tão divertido ver você assim, tão... frágil.

Ele riu, uma risada baixa que fez cada célula do meu corpo gritar em alerta. Eu sentia meu rosto queimar pela falta de oxigênio.

— Sabe, eu poderia matá-la agora mesmo. Acabar com tudo. — Ele inclinou a cabeça, me estudando como se eu fosse um inseto preso em sua teia. — Mas Klaus tem outros planos para você.

Meus olhos se arregalaram. A menção de Klaus fez minha mente entrar em espiral.

Não... Não pode ser...

— O que... você quer dizer com isso? — consegui murmurar, minha voz apenas um fio de som.

— Ele a deseja viva, Violet, para cumprir o acordo de vocês. O casamento. — Caleb enfatizou a última palavra, como se fosse uma piada cruel.

Minha mente gritou em protesto.

Klaus. Rei dos vampiros. Um monstro. O assassino de Dylan. Eu... casar com ele?

O desespero tomou conta de mim, cada pensamento se atropelando no caos que era minha mente.

— Eu prefiro morrer! — gritei com o pouco ar que me restava, minha voz rouca e desesperada. — Prefiro morrer do que me casar com aquela abominação! Klaus é um ser nojento, um monstro que não merece nem mesmo a companhia da pior das criaturas!

Caleb riu novamente, mas dessa vez sua risada era sombria, cruel.

— Cuidado com o que diz, Violet. Klaus não é apenas um rei; ele é o rei. Você deveria se considerar sortuda por ele querer você.

— Sorte? — cuspi as palavras, mesmo sentindo a dor insuportável em meu pescoço. — Então me mate. Agora mesmo.

Por um momento, Caleb pareceu considerar minha proposta. Seus olhos brilhavam com algo que eu não conseguia decifrar, mas antes que ele pudesse responder, ele inclinou a cabeça como se ouvisse algo à distância.

— Ah, mas não é só sua vida que está em jogo aqui.

O tom em sua voz me fez congelar. Com o canto do olho, percebi um movimento na escuridão. Um dos vampiros surgia das sombras, arrastando algo – alguém.

Meu coração parou por um segundo ao ver Ivy sendo arrastada pela floresta, seus braços flácidos balançando enquanto seu corpo desmaiado era jogado como uma boneca de pano.

— Não... — murmurei, o horror crescendo dentro de mim como uma onda violenta. — Não, não, não!

Eu me debati nos braços de Caleb, tentando me soltar, mas era inútil. Sua força era inumana.

— De novo não! — gritei, o pânico me invadindo. As memórias de momentos similares, de fracassos passados, explodiram na minha mente como flashes dolorosos.

Ivy estava indefesa, e eu era incapaz de protegê-la.

Foi então que percebi algo ainda mais terrível. O vampiro que a carregava a deitou no chão e começou a tirar o pijama de Ivy. A intenção dele era clara, e a repulsa me atingiu como um golpe físico.

Esse verme nojento pretendia abusar de Ivy da mesma forma que Eric fez. Como podiam ser tão baixos?

— Não! — gritei, minha voz saindo como um eco desesperado na floresta.

Debati-me com toda a força que tinha, mesmo sabendo que não seria o suficiente.

— Solte-a! Não toque nela, deixe-a em paz! — O desespero me fez cravar as unhas na mão de Caleb, uma falha tentativa de fazê-lo largar meu pescoço. — Não ouse tocar na Ivy! Caleb, não deixe que ele faça isso!

— Oh, mas é tão fácil! E tão divertido ver você implorar! — Sorriu diabólico, seus olhos brilhando a medida que meu desespero aumentava.

— Deixe a Ivy em paz! — Gritei me debatendo. — Por favor, Caleb! Faça alguma coisa!

Minhas súplicas o fizeram gargalhar, Caleb arqueou seu corpo para trás, a gargalhada vibrando em todo seu ser. O maldito agia como se estivesse assistindo a um filme de comédia.

Enquanto isso, o outro vampiro começa a abrir os botões do pijama de Ivy com uma delicadeza assustadora, seus olhos brilhavam com o meu desespero.

— Caleb, faça alguma coisa! — Gritei chutando sua barriga — Não coloque Ivy nisso, é a mim que você quer! — O chutei novamente com mais força, mas ele estava inabalável, meus golpes sequer o causaram cócegas. — Deixe a Ivy de fora disso!

Caleb apenas observava, com um sorriso diabólico em seu rosto.

— Isso depende de você, Violet. Se você cooperar, talvez sua querida amiga saia disso ilesa. — Seu sorriso se alarga ainda mais. — Da última vez você não pode ajudar sua amiguinha loba, agora é sua chance de fazer diferença, bruxinha! — Os olhos de Caleb brilham e seu rosto reflete seu prazer em me torturar. — Não são como irmãs? É sua escolha se devemos salvar ou não a pobrezinha. Você já deixou sua irmã gêmea para trás, fará o mesmo com sua única amiga?

Caleb sabia como me atingir, mencionar minha irmã gêmea, Sarah, apenas foi mais um dos motivos para as lágrimas rolaseem pelo meu rosto. O coração apertou ao pensar em Sarah. Eu não a deixei por escolha. Fui obrigada a abandoná-la.

As imagens de Sarah vieram em minha mente: sua nova aparência após Klaus transformá-la em uma vampira, uma criatura como ele. Como eu iria confiar em alguém assim, quando o próprio Sanguináculum me disse para não confiar?

A dor em meu peito era insuportável, minha mente girava enquanto meu corpo lutava contra a falta de ar. Mas Caleb não afrouxava o aperto, seus dedos gélidos pressionando minha garganta.

— Eu... — tentei falar, mas minha voz falhava. Minha visão começava a escurecer, pontos de luz dançando ao meu redor. O mundo estava se fechando.

— Prometo... — sussurrei com o último fio de voz que me restava. — Agora solte ela!

Senti o impacto do chão sob meu corpo quando Caleb finalmente me soltou. Caí de joelhos, tossindo e ofegando, tentando desesperadamente encher meus pulmões com ar. Cada respiração era como uma lâmina rasgando minha garganta.

Mesmo assim, engatinhei até Ivy, minhas mãos trêmulas encontrando o corpo frio dela. Levantei sua cabeça, colocando-a no meu colo.

— Ivy... — sussurrei, minha voz rouca e trêmula. As lágrimas escorriam pelo meu rosto. — Ninguém vai machucar você novamente, eu prometo.

A floresta parecia silenciosa agora, exceto pelos sons baixos da respiração irregular de Ivy e dos meus soluços abafados. Caleb observava a cena, claramente se divertindo com o meu sofrimento.

— Que cena tocante — ele disse, sorrindo de maneira diabólica. — Mas eu dou minha palavra, Violet. Ninguém tocará nela... se você fizer o que é esperado.

Olhei para ele, meu corpo inteiro tremendo de ódio e medo. Queria matá-lo, destruí-lo, mas sabia que não tinha escolha.

Caleb estendeu a mão para mim, um gesto que parecia tanto uma oferta quanto um ultimato.

Por um momento, hesitei. Olhei para Ivy, desmaiada em meus braços, e depois para a mão dele.

Eu não posso deixar isso acontecer de novo... Eu preciso protegê-la, a qualquer custo.

Respirei fundo, mesmo que minha garganta doesse, e alcancei sua mão. O toque era frio como gelo, e uma sensação de derrota me invadiu enquanto ele me ajudava a me levantar.

"Isso ainda não acabou" prometi a mim mesma. "Eu vou proteger Ivy. E vou destruir vocês."

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