O quarto estava mergulhado em uma penumbra opressiva, iluminado apenas pela luz trêmula das velas que lançavam sombras dançantes nas paredes. A cama enorme, adornada com lençóis de seda escarlate, parecia um altar macabro, e a sensação de claustrofobia crescia em mim a cada segundo. O ar parecia mais pesado, como se o ambiente inteiro conspirasse para me sufocar.
Klaus estava ali, me observando como um predador faminto, seus olhos vermelhos brilhando com uma intensidade doentia. Ele sorriu, um sorriso que não continha nenhum traço de afeto ou gentileza. Era um sorriso de posse, de controle, e aquilo fazia minha pele se arrepiar de repulsa. Cada fibra do meu ser gritava para que eu fugisse, mas sabia que não havia escapatória.— Espero que sua história sobre ser virgem seja verdadeira, Violet, — ele disse, a voz grave e carregada de ameaça, enquanto dava um passo mais perto. — Caso contrário, você vai se arrepender amargamente de ter mentido para mim.MinhaEu fiquei ali, deitada na cama de Klaus, por horas, imóvel, com os olhos abertos, encarando o teto escuro. O calor da cama onde estive com ele ainda queimava minha pele, uma marca que eu não conseguiria tirar de mim, não importa o quanto eu tentasse. Meu corpo estava cansado, minhas energias drenadas, e eu me sentia... morta. Como se parte de mim tivesse sido arrancada, e eu estivesse apenas esperando a morte chegar.Meus dedos se esfregavam contra as marcas em meu pescoço, as mordidas onde ele havia bebido meu sangue, e um nojo profundo me envolvia. Meu vestido estava rasgado, meu cabelo bagunçado, e o batom borrado fazia meu rosto parecer um reflexo do que eu realmente sentia: sujeira, vergonha e dor. Eu estava completamente devastada.O quarto parecia escuro e frio, mesmo com as velas acesas. Era como se o calor da minha raiva e da humilhação me envolvesse de uma forma que eu não conseguisse escapar. O pesadelo ainda estava vivo dentro de mim, o toque dele, o cheiro dele, o som da
Eu não sabia quanto tempo se passou. Minutos? Horas? Dias? O tempo parecia uma coisa vaga, como se tivesse perdido a noção de tudo, exceto da dor e do vazio. Eu não conseguia parar de pensar, mas não conseguia mais falar. O silêncio me envolvia como uma prisão que eu mesma construí, e o mais estranho é que não me importava. Era como se minhas palavras já não tivessem mais valor, como se a minha voz tivesse sido arrancada junto com a minha dignidade naquela noite.O quarto estava em silêncio, exceto pelo som suave de Ivy se movendo atrás de mim. Eu estava sentada na beirada da cama, o olhar perdido na escuridão da janela, enquanto ela, com mãos delicadas, penteava meu cabelo. Ela fazia isso sem pressa, sem palavras, mas com a paciência de quem entendia que eu precisava de algo tão simples para me sentir... um pouco menos quebrada.Ela não falava, mas seu toque era suave, e eu sentia uma estranha sensação de conforto, como se, por um momento, eu estivesse sendo cuidada. Não que eu merec
As semanas passaram com uma rapidez cruel. O tempo parecia escorrer pelas minhas mãos como areia fina, e eu estava ali, no maldito momento em que tudo se tornava real. Aquele vestido de noiva negro, tão opressor, estava me sufocando. Eu me olhava no espelho, mas a imagem refletida não parecia ser minha. Era uma estranha, vestida de luto, pronta para se entregar a algo que ela odiava com toda a sua alma.A luz suave que entrava pela janela fazia as sombras dançarem nas paredes, mas não me trazia conforto algum. A maquiagem gótica que me cobria o rosto, os lábios negros, os olhos esfumaçados — tudo aquilo só me lembrava do que eu havia perdido, do que Klaus havia tirado de mim.Ivy estava ao meu lado, tentando forçar um sorriso que não convencera nem a ela mesma. Sua expressão era cheia de dor, mas ela tentava esconder.— Você está linda, Violet. — Ela disse, sua voz tentando soar firme, mas falhando.Olhei para ela, tentando manter a compostura, mas a amargura que se acumulava dentro d
Eu nunca quis estar aqui.O altar era frio, um pedaço de mármore preto que refletia o brilho das velas espalhadas pela catedral sombria. Estar ali, parada diante de todos, era como encarar um pesadelo lúcido do qual eu não conseguia despertar. Meu vestido preto gótico, escolhido a dedo pelo próprio monstro à minha frente, parecia pesar toneladas. O corpete apertado sufocava minha respiração, as rendas delicadas roçavam minha pele como teias de aranha, e a longa cauda que se arrastava atrás de mim era uma corrente invisível que me mantinha presa a este destino cruel.O salão estava repleto de vampiros e outras criaturas. Seus olhos carmesim brilhavam com um deleite mórbido. Eu era o espetáculo da noite, a loba transformada em rainha por um casamento forçado. Todos esperavam para assistir o momento em que o Rei Vampiro, o homem que destruiu tudo o que eu amava, me reivindicaria como sua.Minha única companhia era o ódio que queimava em meu peito.Eu odiava aquele homem à minha frente, o
A música ecoava pelo salão, alegre e festiva, mas para mim era ensurdecedora. Era como se cada nota fosse uma faca, cortando lentamente qualquer fragmento de dignidade que ainda restava em mim. As paredes do castelo estavam decoradas como um sonho luxuoso, mas para mim era mais um pesadelo. Todos sorriam, brindavam e celebravam o casamento, mas eu sentia como se fosse a única ali percebendo a verdade sombria por trás de tudo isso.Meus dedos apertavam a taça de vinho em minha mão, mas eu não a levava à boca. Não confiava em nada naquele lugar, nem mesmo nas bebidas servidas. Meu olhar percorreu o salão, mas não por curiosidade. Era como se eu procurasse uma saída, mesmo sabendo que não havia como escapar.Klaus, como sempre, estava no centro das atenções, conversando e rindo como se fosse o rei do mundo. Bem, ele era, pelo menos no que dizia respeito a esse castelo e às vidas que ele controlava. E agora, ele também controlava a minha.Ele se aproximou, um sorriso satisfeito nos lábios
O ar estava pesado, carregado com o cheiro adocicado do vinho e o perfume dos convidados. As vozes se misturavam em um burburinho contínuo, risadas espalhadas pelo salão de baile, enquanto a música fluía como um encantamento sutil que apenas aprofundava minha repulsa por tudo aquilo. Eu não queria voltar. Não queria enfrentar aquele salão repleto de sorrisos falsos e criaturas que apenas comemoravam minha desgraça.Mas não havia escolha.Respirei fundo, tentando me recompor, enquanto meus passos ecoavam pelo longo corredor de mármore negro. O vestido apertava minha pele como uma corrente invisível. O véu escuro ainda repousava sobre meus ombros, o tecido frio lembrando-me da minha própria prisão.Foi então que, de repente, virei uma esquina e esbarrei com alguém.O impacto me jogou para trás, e eu perdi o equilíbrio, caindo no chão. Meu coração disparou, mas não pelo tombo. Meu corpo ficou rígido, congelado no instante em que meus olhos pousaram no homem diante de mim.Meu peito subiu
Minhas mãos ainda tremiam quando voltei ao salão do castelo. Meu coração pulsava em um ritmo caótico, e o peso do encontro de instantes atrás continuava esmagando meu peito. Meus olhos se moviam de um lado para o outro, quase como se meu próprio subconsciente tentasse encontrar de novo aquele rosto, aquela presença que eu jurava ser Dylan. Mas ele não estava ali. O salão era um oceano de pessoas bem-vestidas, taças de vinho tilintando no ar, risadas e conversas dispersas preenchendo cada canto. Lustres de cristal lançavam um brilho dourado sobre as paredes de pedra escura, criando sombras dançantes que pareciam zombar de mim. O cheiro adocicado do sangue misturado ao vinho me dava náuseas. Respirei fundo, tentando ignorar o turbilhão de emoções dentro de mim. Eu precisava me recompor. Precisava manter a postura. Antes que pudesse tomar qualquer decisão, vi Ivy do outro lado do salão. Seu olhar encontrou o meu, e ela franziu a testa. Ela percebeu que algo estava errado. Meu pei
Eu estava deitada na cama, encarando o teto abobadado do meu quarto. O lustre balançava levemente com a brisa que entrava pela janela entreaberta, lançando sombras suaves pelas paredes de pedra.Minha mente não parava.O rosto dele.Os olhos, a estrutura do maxilar, o jeito como ele me olhou com confusão.Era Dylan. Tinha que ser.Mas não era.Minhas mãos tremiam ao lembrar de sua voz, mais grave, diferente. Do cheiro, estranho, sem nenhuma lembrança do homem que eu amava. Da ausência da marca de nascença no braço dele.Tudo gritava que aquele homem não era Dylan.Mas então… por que era idêntico?Fechei os olhos, tentando controlar a confusão sufocante dentro de mim. Meu coração pulsava tão forte que eu sentia a vibração no peito.Ouvi o som da porta do banheiro se abrindo, seguido por passos leves. A cama se moveu quando Ivy se deitou ao meu lado.— Você tá estranha. — A voz dela era suave, mas carregava preocupação. — Não é só por causa do casamento, é?Eu soltei um suspiro longo, s