Cassidy
Algumas coisas não mudam. O tempo passa, eu tenho mais oportunidades de viver minha vida, mas continuo presa nos meus pensamentos, imaginando como deve ser estar no lugar das mulheres nas fotos ao lado de Kai. Minha última aula terminou e eu estava indo para casa quando senti uma mão em meu ombro. Parei e me virei. — Cass. — Oi, Peter. — sorri, surpresa. Peter e eu trocamos poucas palavras neste ano, e quase não tivemos interações além de olhares e, como Mike diria, "um clima". — Então, vai rolar uma festa hoje. Topa? — perguntou. Pisquei, surpresa com o convite. Nunca tivemos intimidade além de um simples "bom dia". — Ah, obrigada, mas não sei se vou conseguir, tenho muito o que estudar — respondi, sorrindo sem graça. — Tudo bem, se mudar de ideia, esse é meu número. Até mais. — Ele me entregou um papel e sorriu. Peter tocou meu ombro antes de se afastar. Fiquei alguns segundos tentando entender a situação, mas logo dei de ombros e segui meu caminho. Quando cheguei em casa, ouvi vozes no quarto de Mike. Com certeza, ele estava jogando com o time. Mike continua ganhando campeonatos e mais dinheiro com os jogos online. Entrei no meu quarto, tomei um banho longo e me joguei na cama. Peguei o celular e abri as redes sociais. Respirei fundo ao ver uma foto dele. Meu crush secreto, totalmente proibido. Bom, talvez não tão secreto, já que, na minha despedida, Kai me deu uma pulseira cheia de acessórios de moda com minhas iniciais. Eu agradeci e disse, brincando, que "me apaixonaria por ele" por causa do presente. Kai riu e respondeu: "Você não precisa desse problema na sua vida, querida sobrinha." Ri também, tentando quebrar o clima, mas cheguei em casa arrasada. Ele é incrível. Se não fosse pelo fato de nos tratar sempre como sobrinhos, as coisas seriam diferentes. Michael até gosta, mas eu... queria que ele me visse como Cassidy, apenas Cassidy, e não como "a sobrinha". Curti a foto no momento em que alguém bateu na porta. — Entra. — Cass, parece que estão vindo aqui — Michael falou. — Quem? — perguntei. — O papai e a Olívia.. — Fazer o quê? — indaguei. — Não sei, ele só avisou que estavam vindo. — Tudo bem. Fui até a sala esperar, e logo depois eles chegaram. Minha irmã veio com o marido e as crianças. Ivanna estava nos braços do avô, como sempre. Joshua tinha um compromisso com um sócio e, por isso, papai aproveitou para nos visitar. — Estamos com saudades — papai disse pela terceira vez. — Eu também estou, pai, mas as nossas férias começam em breve e logo voltamos — respondi, abraçando-o novamente. — Certo, vou parar de ser um pai babão — ele riu e nós acompanhamos. Eles passaram a noite aqui, pois achamos mais confortável e queríamos aproveitar o tempo juntos. Infelizmente, partiram na manhã seguinte. Na faculdade, só se falava da festa para a qual eu fui convidada e recusei. O pessoal parece gostar de bagunça e muita bebida por aqui. Peter passou por mim, me cumprimentou e até me deu um beijo na bochecha. Não entendia muito bem essa aproximação dele, mas ele não ultrapassava os limites, então estava tudo bem. Quando voltei para casa, nada parecia fora do normal, exceto por um pequeno detalhe que fez meu coração acelerar e minhas mãos suarem. Kai e Dylan estavam no nosso sofá, conversando e rindo com Michael. — Cass — Michael me chamou, e os dois me olharam nesse momento. — Kai e Dylan vieram para uma reunião e decidiram passar para nos ver. — Oh, que maravilha — sorri, como sempre, e abracei os dois, demorando um pouco mais com Kai. — Como você está? Está longe dos garotos, certo? — Dylan perguntou. — Não muito — brinquei. — Como assim? — ele franziu a testa. — Vou me trocar e já volto — disse, correndo e gargalhando enquanto ele gritava meu nome. Quando fechei a porta do banheiro, meu coração parecia sair pela boca. Tomei um banho rápido e vesti uma roupa bonita. Quando voltei, vi que havia pizza na mesa e os três olhavam para o corredor. — Anda logo, estou com fome — Michael reclamou. — Então come, seu morto de fome — respondi. Comemos enquanto eles perguntavam sobre o semestre. Michael insistiu para que os dois dormissem aqui, e, felizmente ou infelizmente, acabaram aceitando. Quando fomos dormir, agradeci a Deus por Joshua ter comprado esse apartamento enorme. Me mexi na cama por horas, com o coração batendo rápido. Quando a madrugada chegou, desisti e cedi à tentação dos pensamentos que minha mente perturbada vinha alimentando. O que foi uma loucura completa. Caminhei rapidamente até a última porta do corredor e a abri devagar. Kai estava dormindo, apenas de cueca, virado de costas para mim. O lençol cobria apenas sua cintura e joelhos. Fechei a porta com cuidado e respirei fundo, de olhos fechados. Fui até a cama e me deitei ao seu lado, passando o braço ao redor de seu corpo. Fechei os olhos, quase caindo no sono, quando senti sua mão pousar sobre meu peito. Alguns segundos depois, ele apertou, e não pude evitar um gemido baixo. Foi quando tudo mudou. — Oh, porra... Kai abriu os olhos rapidamente, puxou o braço como se eu estivesse queimando e se sentou na cama. Passei a língua nos lábios ao vê-lo quase nu. — Kai... — Cass? O que você está fazendo aqui? Você está bêbada? Merda, Cassidy, vem, vou te levar... — ele falou, claramente preocupado. — Não, não estou bêbada. Estou aqui porque eu quero. — afirmei, com firmeza. — Como assim? Que papo é esse? — ele arregalou os olhos. — Eu quero você, Kai. — falei com confiança, embora meu coração estivesse disparado. — Cassidy, que conversa é essa...? — ele parecia bem confuso. — Você sabe do que estou falando. Eu já te falei. — Cheguei mais perto dele, ficando de joelhos na cama, quase em cima dele. Kai engoliu em seco e balançou a cabeça. — Eu pensei que você estivesse brincando, Cassidy. Não, por favor, não faça isso. Você é como uma... — Sobrinha, porra, eu já sei, mas eu não sou e quero você, Kai — suspirei. Percebi que ele estava prestes a me afastar, então fui rápida e me sentei em seu colo, beijando-o. Por alguns instantes, podia jurar que ele abriu a boca e tocou minha língua com a dele, mas, como eu não tenho sorte, ele me empurrou para longe, com uma expressão de horror. — Cassidy, por favor, não faça isso. Você é apenas uma garota, está na faculdade e eu sou um homem, tenho o dobro da sua idade. Você está apenas tendo uma paixonite juvenil por mim, certo? Isso, deve ser só isso — falou confuso, quase como se estivesse falando consigo mesmo. — Não é isso. Eu sempre quis você desde o momento em que te conheci. Mas você age como se eu fosse uma criança. — Falei, cheia de frustração. — E você é, pelo menos para mim, Cassidy. Gosto de você, mas como a minha sobrinha. Por favor, não faça isso, eu nunca corresponderei a esse sentimento que você acredita ter por mim — afirmou, com seriedade. — Mas você nem se permitiu... — Cass, querida, eu não quero um relacionamento, ainda mais com você. Você é muito jovem, aproveite essa fase, por favor, não insista nisso. Eu nunca me interessaria por você, nunca. Está claro? — Ele falou de forma educada, tentando não me ferir, mas mesmo assim me senti totalmente humilhada. Levantei do colo dele e corri para o meu quarto. Jogada na cama, permiti-me chorar e, acredite, chorei a noite toda. No dia seguinte, permaneci trancada no quarto até a hora em que eles foram embora. E foi nesse dia que meu coração se partiu.Já faz uma semana que cometi a maior burrada da minha vida. O que eu tinha na cabeça para achar que Kai simplesmente iria sorrir para mim e me beijar apaixonadamente? Claro que ele fez o completo oposto. Estou exausta de sentir isso, de ficar olhando as notícias dele e vê-lo saindo com mulheres diferentes a cada fim de semana. Preciso acabar com esse sentimento de uma vez por todas. Mike percebeu minha tristeza nos últimos dias, mas disfarcei e disse que era apenas preocupação com as matérias difíceis. — Você parece muito triste, quer fazer algo? Olha, sei que não curto essas coisas, mas... — ele respirou fundo. — Vai ter uma festa amanhã à noite. Vai querer ir? — Quem é você e o que fez com meu irmão recluso? — sorri. — Está tudo bem, Mike. Não quero ir, vamos em outro lugar. Talvez ao shopping? — Você é a melhor irmã. Eu odiaria ficar mais de trinta minutos com aquele bando de idiotas se esfregando uns nos outros, suados e bêbados. — Falando assim, parece nojento — gargalhei.
Kai — Você já pode sair, querida, eu preciso trabalhar agora — falei.Observei a mulher saindo do banheiro usando um roupão de banho e me perguntei de onde ela tirou tanta intimidade para usar as minhas coisas.— Achei que passaria o dia com você — ela disse, sorrindo.Devo confessar: a mulher é linda. A noite de ontem foi intensa, para dizer o mínimo. Ela aceitou todos os meus desejos e topou tudo sem hesitar. Realmente foi uma experiência incrível, mas agora é hora de ir embora.— Infelizmente, não vai ser possível, Dania. Preciso trabalhar. Eu te vejo depois — falei com um sorriso, tentando não deixá-la desconfortável.— É Denise, seu idiota — reclamou, largando o roupão no chão.— Foi isso que eu disse, gata.— Você me chamou de Dania, imbecil — protestou, irritada.— É quase a mesma coisa — ri, debochado.Ela me fuzilou com o olhar antes de sair correndo do meu quarto. Suspirei, levantando da cama com preguiça, e caminhei até o banheiro. O dia na empresa prometia ser bem cheio.
Cassidy Meses depois Olivia me convidou com bastante antecedência para o aniversário de dois anos de Ivanna. Eu amo minha sobrinha e, claro, não poderia faltar. Peter, ao meu lado, estava visivelmente nervoso, já que seria a primeira vez que eu o apresentaria como meu namorado para toda a família. Desde aquele dia em que saímos juntos à noite, nossa relação foi se tornando mais próxima. Aos poucos, ele conquistou meu coração, embora tenhamos decidido, no início, ser apenas amigos e deixar as coisas acontecerem naturalmente. Peter me falou sobre sua sexualidade desde o começo. Ele foi o melhor amigo que já tive, e mesmo sendo bissexual, decidimos namorar e ver até onde isso nos levaria. Para mim, era também uma tentativa de viver minha juventude plenamente e, quem sabe, esquecer a vergonha que já passei no passado. — Tem certeza de que eles vão gostar de mim? — perguntou novamente, ansioso. — E se alguém descobrir? — Peter, calma. Ninguém vai descobrir nada. E, se descobrirem, nin
Kai Hoke Criar uma marca não é fácil. É como entrar em um campo de batalha lotado, onde cada novo concorrente surge carregando a promessa de algo inovador. Foi nesse cenário que nasceu a Imperial Men’s, uma marca pensada para homens como eu: seguros de quem são e do que desejam. Relógios, peças íntimas e óculos escuros são os pilares da coleção. Eu queria criar algo que fosse um reflexo genuíno de mim mesmo, e essas são exatamente as coisas que adoro adquirir das melhores marcas possíveis. — Uau... — Dylan murmurou, com os olhos fixos nas peças. Joshua, por outro lado, me olhava com uma expressão de surpresa escancarada. — Isso é sério? — ele perguntou, ainda tentando processar a informação. — Kai, por que não disse nada? — Morgana me encarou, como se eu tivesse cometido um crime imperdoável. Alexander, sempre mais contido, apenas observava as peças em silêncio, analisando cada detalhe com uma atenção quase intimidante. Respirei fundo antes de responder. Por muito tempo, eu qu
Cassidy Anos atrásHoje é o meu aniversário, e toda a família se reuniu para comemorar. Em poucos meses, eu vou me formar no high school e, então, começar a faculdade — um novo capítulo da minha vida que espero ansiosamente. Meu irmão Michael já deu esse passo no ano passado, e em breve eu o acompanharei em Nova York. Tenho uma esperança secreta: que ao me mudar, minha vida mude também. Ou melhor, que eu mude.Desde os meus quase dezesseis anos, carrego um segredo que me atormenta. Sou apaixonada pelo cunhado da minha irmã, um homem que tem o dobro da minha idade e um histórico de mulherengo assumido. Kai Hoke é o tipo de pessoa que jamais olharia para mim, e eu sei disso. Essa é a razão pela qual anseio por essa mudança. Quero me libertar desse sentimento, esquecê-lo e seguir em frente. Pelo menos, é o que eu digo para mim mesma.– Cassidy, você está linda, querida – disse Kai, com a voz calma que sempre me desconcerta.Respirei fundo antes de responder.– Obrigada, Kai – agradeci,
Kai Hoke— Kai, vamos precisar viajar em breve, tudo bem? — Dylan, meu irmão, entrou na minha sala e afirmou. — Para onde? — Nova York, irmão. Início da fiscalização das obras do empreendimento do hospital. Teremos que ir, porque o cliente quer os responsáveis diretos lá, e não apenas "algum encarregado". — Fez aspas com os dedos e revirou os olhos. — Insuportável — murmurei. — Concordo, mas assinamos o contrato. Temos que ir — enfatizou. — Quando? — Semana que vem. Podemos passar no apartamento e ver como os meninos estão — sugeriu. — Sim, pelo menos não vai ser uma viagem totalmente perdida — ri. Mike já está lá há quase dois anos, e Cassidy foi no início desse ano, os dois são irmãos da minha cunhada e eu gostei deles logo que os conheci. Faz bastante tempo que não vejo os dois. Aqueles irmãos são como sobrinhos de verdade. Eu os amo como se fossem parte da minha família. Ir visitá-los não será tão chato assim. Podemos ver se estão precisando de alguma co