Kai Hoke Criar uma marca não é fácil. É como entrar em um campo de batalha lotado, onde cada novo concorrente surge carregando a promessa de algo inovador. Foi nesse cenário que nasceu a Imperial Men’s, uma marca pensada para homens como eu: seguros de quem são e do que desejam. Relógios, peças íntimas e óculos escuros são os pilares da coleção. Eu queria criar algo que fosse um reflexo genuíno de mim mesmo, e essas são exatamente as coisas que adoro adquirir das melhores marcas possíveis. — Uau... — Dylan murmurou, com os olhos fixos nas peças. Joshua, por outro lado, me olhava com uma expressão de surpresa escancarada. — Isso é sério? — ele perguntou, ainda tentando processar a informação. — Kai, por que não disse nada? — Morgana me encarou, como se eu tivesse cometido um crime imperdoável. Alexander, sempre mais contido, apenas observava as peças em silêncio, analisando cada detalhe com uma atenção quase intimidante. Respirei fundo antes de responder. Por muito tempo, eu qu
Cassidy Entre todas as vantagens de ser uma boa aluna, conseguir um estágio em uma renomada revista de moda em Nova York foi a cereja do bolo. Minha rotina se tornou mais corrida e apertada, mas é incrível; eu amo o que faço. Não tenho mais a disponibilidade de visitar a família como o Mike faz quase todos os finais de semana. Por um lado, isso é ruim, porque morro de saudades de todos. Por outro, fico tranquila por saber que não encontrarei Kai e não precisarei lidar com o mesmo clima de merda de sempre.— Cassidy, você conseguiu publicar a matéria sobre...— Sim, a Imperial Men’s. Aqui está. — Entreguei o tablet em sua mão.Minha chefe, Eveline, me olhou surpresa, mas logo abriu um sorriso orgulhoso. Ela passou os olhos pelo texto. Não foi escrito por mim, claro, mas eu revisei e publiquei na revista online.— Você é ouro, mulher! — Ela riu e agradeceu. — Vou te pagar um café, prometo.Ela saiu rapidamente, pois alguém a chamou, e eu voltei a olhar para o computador, suspirando. Im
— Vamos para o quarto. — Caminhei devagar, sentindo a tensão no ar.Peter veio logo atrás, seus passos hesitantes revelando a batalha interna entre felicidade e preocupação. Ele parecia estar medindo cada palavra que estava prestes a dizer. Quando chegamos, apontei para a cama, e ele se sentou. Puxei a cadeira onde costumo estudar e me posicionei de frente para ele, tentando manter a calma enquanto meu coração acelerava.— Cass, você sabe que estou quase me formando. — Ele começou devagar, com um tom cauteloso. — Até agora, recebi duas propostas. Ambas da NFL. Uma é de San Francisco e a outra de Kansas City. — Ele fez uma pausa, observando minha reação. — Sabíamos que isso poderia acontecer, mas... você ama N.Y. Acha que conseguiria se formar e... ir comigo?Fiquei paralisada por um momento, como se o mundo ao meu redor tivesse parado. Eu sabia que Peter era talentoso, um Quarterback incrível, e que a atenção dos grandes times era inevitável. Mas ouvir isso, sentir o peso da realidade
— Você já está bonita assim, Cass. — Peter falou.— Eu sei, mas é a sua família. Preciso pelo menos parecer apresentável. E se eles descobrirem? — indaguei.— Não vão descobrir. Somos melhores amigos, lembra? Todo mundo acha que somos apaixonados um pelo outro. — Ele riu. — Bom, eu me apaixonaria por você, se você deixasse...— Peter... — sorri. — Você não está apaixonado pelo seu colega de time, ou esqueceu?— Não, mas você sabe que eu gosto das duas coisas. — deu de ombros.Eu e Peter estamos "namorando" há anos. Pelo menos, é isso que as pessoas pensam. Nós tivemos muitos momentos maravilhosos, mas decidimos que não somos o amor da vida um do outro. Peter é a melhor pessoa que conheço: inteligente, estudioso, talentosíssimo, um verdadeiro cavalheiro. Porém, sua família ainda é bem fechada em relação a isso. Talvez aceitassem o fato de ele ser bi, mas jamais aceitariam um relacionamento com outro garoto. Por isso, mantemos essa fachada de casal. Não é tão ruim — somos amigos e div
Kai Não sei onde estou com a cabeça. Sempre fui um cara centrado, firme em minhas convicções, especialmente sobre mulheres. Nunca me permiti mudar de opinião, ainda mais sobre Cassidy. Quando a conheci, ela ainda era uma adolescente. Ingênua. Inofensiva. Mas depois daquele episódio entre nós e daquele idiota que ela apresentou como namorado, algo em mim mudou. Passei a observá-la com uma intensidade que me incomoda.Enquanto dirijo, a dúvida me consome. Por que estou mudando a rota? O que estou fazendo?— Cassidy — falei, tentando manter a voz firme, mas minha calma era um fio prestes a arrebentar. — Você é linda, é especial, eu... eu não...Queria dizer que me preocupo com ela porque somos família, mas não seria verdade. Não apenas isso. Não mais.— Já sei, Kai. Você não é homem para mim porque não gosta de garotinhas como eu. Eu já sei, porra! Então para de dar piti sobre o meu relacionamento. Peter não me vê como uma garotinha. Pelo contrário, ele me fode como uma...— CARALHO, CA
Acordei no meio da madrugada. O quarto estava escuro, e a cama, vazia. Um aperto estranho tomou conta do meu peito. De repente, me lembrei: não poderia demorar muito para chegar em casa. Papai acha que fui a uma boate com uma amiga, e aparecer só de manhã não estava nos planos. Levantei devagar, tentando não fazer barulho, e fui atrás da minha roupa.Milhões de pensamentos rodopiavam na minha mente. Onde estava Kai? O que ele estaria pensando? Como seria depois disso? Vesti-me rapidamente, peguei minha bolsa e me encaminhei para a porta.Ao chegar à sala, ouvi o som de um copo batendo atrás de mim. Parei, alarmada, e me virei devagar. Uma porta entreaberta chamou minha atenção. Lá dentro, pude ver Kai. Estava de pé, curvado sobre uma mesa, um copo ao lado, o semblante abatido. Ele parecia exausto, perdido em pensamentos que claramente pesavam sobre ele. Seus olhos estavam fechados, como se tentasse afastar uma dor insuportável.Sem querer, encostei na porta, que rangeu ao abrir mais.
— Você fez o quê?! — Peter gritou ao telefone.— Eu te contei tudo, Pete! Não posso falar sobre isso com mais ninguém, você é meu melhor amigo... O Mike não pode saber. Eu acho que vou surtar. — desabafei, a voz embargada. O nó na garganta apertava tanto que parecia que eu só conseguia pensar em chorar.Pela primeira vez desde que tudo aconteceu no mês passado, tive coragem de conversar sobre isso com alguém. E o único em quem eu confiava o bastante para ouvir essa história era ele.— Eu... eu nem sei o que dizer. — Ele fez uma pausa, hesitando. — Bom, somos amigos, mas a gente namorou, Cass. E eu gostava mesmo de você, gata. É estranho pensar nisso agora. — Ele suspirou, confuso. — Que merda de situação você se meteu... Tô preocupado com você, de verdade.Os olhos de Peter estavam carregados de preocupação e curiosidade. Tanto que, após um instante, ele perguntou:— Mas... você pelo menos gostou?Fiquei sem reação. Apertei os olhos, sentindo o rosto esquentar.— Eu não quero entrar e
Nas últimas semanas, me afastei do estágio duas vezes. Tenho me sentido péssima: náuseas, fraqueza e, às vezes, uma ansiedade que parece não ter explicação. Eu tento manter Kai fora da minha mente, mas, de um jeito ou de outro, ele sempre encontra uma forma de reaparecer na minha vida. — Cassidy, você sabe que eu não costumo misturar trabalho com assuntos pessoais, sou profissional. Mas acabamos de enviar um convite para uma entrevista com Kai Hoke. Ele é cunhado da sua irmã... seria ótimo se você conseguisse convencê-lo a aceitar — pediu minha chefe, com um tom gentil, porém firme. Ainda bem que eu estava de costas naquele momento, porque não consegui evitar a revirada de olhos. Respirei fundo antes de me virar, forçando um sorriso educado. — Tudo bem, eu posso tentar falar com ele — respondi, mantendo o tom neutro. — Obrigada. Você está se sentindo bem? Precisa de mais uns dias para descansar? Por que não marca uma consulta? Está um pouco pálida — disse ela, tocando de leve