Capítulo 6- Meu Namorado

Cassidy

Meses depois

Olivia me convidou com bastante antecedência para o aniversário de dois anos de Ivanna. Eu amo minha sobrinha e, claro, não poderia faltar. Peter, ao meu lado, estava visivelmente nervoso, já que seria a primeira vez que eu o apresentaria como meu namorado para toda a família.

Desde aquele dia em que saímos juntos à noite, nossa relação foi se tornando mais próxima. Aos poucos, ele conquistou meu coração, embora tenhamos decidido, no início, ser apenas amigos e deixar as coisas acontecerem naturalmente, já que eu aparentemente ainda estava confusa sobre Kai.

Peter me falou sobre sua sexualidade desde o começo. Ele foi o melhor amigo que já tive, e mesmo sendo bissexual, decidimos namorar e ver até onde isso nos levaria. Para mim, era também uma tentativa de viver minha juventude plenamente e, quem sabe, esquecer a vergonha que já passei no passado.

— Tem certeza de que eles vão gostar de mim? — perguntou novamente, ansioso. — E se alguém descobrir?

— Peter, calma. Ninguém vai descobrir nada. E, se descobrirem, ninguém tem nada a ver com isso — respondi com um sorriso, tentando tranquilizá-lo. — Fique tranquilo, eles vão te adorar.

Michael decidiu ir antes, e como eu e Peter chegaríamos mais tarde, resolvi ir diretamente com ele. Quando chegamos à festa, o local estava todo decorado, com muitas cores. Só a família e alguns amigos estavam presentes. Segurei a mão de Peter e juntos caminhamos até a mesa dos Hoke.

— Cassidy, você está atrasada! — Olivia falou ao me ver e veio, animada, me abraçar.

— Desculpe — respondi enquanto a abraçava. — Aqui está. Eu mesma fiz tudo. — Entreguei a sacola com o presente.

Tinha desenhado um vestido amarelo lindo para Ivanna. Fiz tudo à mão, com muito carinho. Olivia ficou emocionada e disse que era o vestido mais bonito que Ivanna já teve.

— Peter! — Michael veio nos cumprimentar, com Ivanna no colo. Ele apertou a mão de Peter, animado.

— Mike, assisti sua partida. Cara, você é muito bom! — Peter disse, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

— Cass, não vai apresentar seu amigo? — perguntou meu pai, curioso.

Eu ainda não havia contado a ele sobre Peter, mas depois de tudo o que passamos e com nossa relação ficando mais séria, achei que era o momento certo para oficializar. Além disso, seria importante para a família de Peter, que rejeitaria sua sexualidade, suspeitar menos.

— Ah, claro! — respondi animada e confiante. — Pai, família, esse é o Peter, meu namorado. Amor, essa é minha família. — Toquei seu antebraço com carinho.

— Olá, é um prazer conhecê-los — Peter disse com calma. — Senhor Ivan, será que podemos conversar um instante? — completou, me surpreendendo com sua atitude.

Meu pai pareceu igualmente curioso e o seguiu. Os dois começaram a conversar enquanto se afastavam da mesa. Por um momento, o silêncio tomou conta. Olivia, Morgana e a mãe de Joshua estavam sorridentes, mas os homens…

— Cassidy, esse cara é confiável? Como vocês se conheceram? Tem certeza de que quer namorar agora? — Dylan perguntou, desconfiado.

— Ora, deixe de ser idiota. O rapaz parece um bom partido — Morgana riu. — Olha só os braços dele! Ele é atleta?

— Futebol americano — respondi, orgulhosa. — Espero que vocês o tratem bem. Peter é muito importante para mim. — Falei seriamente.

— Ele cuida de você? Se cuidar e te respeitar, vamos tratá-lo bem — Alexander respondeu, embora estivesse de cara fechada.

— Ele é incrível, Alex… — suspirei, feliz.

— Parece estar apaixonada — Kai murmurou, chamando minha atenção. — Espero que ele realmente cuide de você.

Antes que eu pudesse responder, ouvi a voz de Peter atrás de mim.

— Eu vou. Meu namoro com ela é pra valer.

— E isso quer dizer que…? — Kai perguntou, com um tom de leve arrogância.

— Que só a Cassidy pode me afastar dela. Estou aqui para valer. Ainda é cedo, mas eu já sei que teremos um futuro juntos: casamento, filhos, tudo mais. — Peter falou firme. Sorri. Ele não tinha medo de ser intenso ou de correr riscos; apenas se jogava e vivia tudo da melhor forma.

— Ai, caramba, já gostei de você! — Olivia riu.

— Que partidão, hein, Cassidy — Morgana completou.

Sorri abertamente. Por um instante, tive esperanças de que Peter pudesse me fazer esquecer a paixão platônica e unilateral que eu sentia por Kai.

Sentamos e começamos a interagir com a família. Papai engatou uma conversa sobre jogos com Peter, que parecia relaxar rapidamente. Kai, no entanto, saiu da mesa e desapareceu pelo salão.

Brinquei bastante com Ivanna e os gêmeos. Enquanto Peter ganhava a atenção de todos, levei a garotinha para brincar nos escorregadores junto com os irmãos. A monitora da brinquedoteca assumiu o cuidado deles. De longe, assistia à animação das crianças e gravava tudo quando senti uma mão no meu ombro.

— Achei que saberia disso antes de todo mundo — papai falou. Não parecia chateado, apenas surpreso.

— Pai, desculpe. Eu só… tive medo? Não sei, talvez fiquei nervosa demais para falar antes. — confessei.

— Medo de quê? Sempre fomos amigos. Você sempre pode confiar em mim.

Baixei o olhar, envergonhada. Era verdade. Meu pai sempre foi meu maior apoio e me ensinou a ser sincera, apesar de tudo.

— Eu não sabia como falar. Nunca namorei antes e… achei que seria mais fácil contar aqui — suspirei.

— Tudo bem. Gostei dele. Parece ser um bom homem. — Ele sorriu e acenou para os netos, que gritavam por ele.

Conversamos um pouco mais sobre meus planos em Nova York e com Peter. Quando voltamos à mesa, Kai já estava lá, mas evitou contato visual comigo. Ele mantinha um olhar pensativo, como se analisasse a situação de longe, tratou Peter com certa antipatia, sem motivos, já que meu namorado foi um cavalheiro e gentil com todos. Aquilo reforçava minha certeza de que era hora de seguir em frente.

Me afastei das mesas por um momento para ir ao banheiro. Ao sair, caminhava por um corredor vazio quando ouvi uma voz levemente zombeteira:

— É o mesmo cara de quem você falou no carro? — era Kai. — Foi um pouco... repentino esse namoro de vocês, não acha?

— Não, não acho. — Rebati. — Eu e Peter saímos, e aconteceu. — Dei de ombros.

— Saíram logo depois que você invadiu meu quarto e disse que me queria? — questionou, sua voz em tom provocador.

E então, eu entendi. Kai estava com o ego ferido. Percebeu que eu não correria atrás dele e agora estava aqui, me questionando sobre minha vida pessoal.

— Esqueça aquilo. Foi o maior erro que já cometi, Kai. — Falei, olhando para os lados, me certificando de que ninguém estava ouvindo. — Não sinto mais nada por você.

— Tem certeza? — Ele se aproximou e me olhou nos olhos.

Senti minhas pernas quase enfraquecerem, mas mantive a calma. Kai estava muito próximo, e tive que olhar para cima para encará-lo.

— Vai mudar alguma coisa se eu disser que sim? — indaguei.

O olhar dele mudou para algo que não consegui decifrar. Seus ombros pareceram ceder, e então ele disse o que eu não queria ouvir:

— Não. Nada vai mudar. Continuarei como sempre fui. — afirmou, sério.

Senti meu lábio querer tremer, mas respirei fundo e dei alguns passos para trás. Abri um sorriso sarcástico e respondi no mesmo tom:

— Então cuide da sua vida e não me questione sobre a minha.

Saí dali e não olhei para trás. Tentei me concentrar no restante da festa. Peter, ao meu lado, só recebeu elogios por sua educação e pelos cuidados comigo. Kai, que voltou logo depois, agiu como se nada tivesse acontecido. Ainda que meu coração se sentisse ansioso por Kai, naquele dia percebi que tinha encontrado algo verdadeiro com Peter, mesmo que fosse somente amizade.

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