— Você fez o quê?! — Peter gritou ao telefone.— Eu te contei tudo, Pete! Não posso falar sobre isso com mais ninguém, você é meu melhor amigo... O Mike não pode saber. Eu acho que vou surtar. — desabafei, a voz embargada. O nó na garganta apertava tanto que parecia que eu só conseguia pensar em chorar.Pela primeira vez desde que tudo aconteceu no mês passado, tive coragem de conversar sobre isso com alguém. E o único em quem eu confiava o bastante para ouvir essa história era ele.— Eu... eu nem sei o que dizer. — Ele fez uma pausa, hesitando. — Bom, somos amigos, mas a gente namorou, Cass. E eu gostava mesmo de você, gata. É estranho pensar nisso agora. — Ele suspirou, confuso. — Que merda de situação você se meteu... Tô preocupado com você, de verdade.Os olhos de Peter estavam carregados de preocupação e curiosidade. Tanto que, após um instante, ele perguntou:— Mas... você pelo menos gostou?Fiquei sem reação. Apertei os olhos, sentindo o rosto esquentar.— Eu não quero entrar e
Nas últimas semanas, me afastei do estágio duas vezes. Tenho me sentido péssima: náuseas, fraqueza e, às vezes, uma ansiedade que parece não ter explicação. Eu tento manter Kai fora da minha mente, mas, de um jeito ou de outro, ele sempre encontra uma forma de reaparecer na minha vida. — Cassidy, você sabe que eu não costumo misturar trabalho com assuntos pessoais, sou profissional. Mas acabamos de enviar um convite para uma entrevista com Kai Hoke. Ele é cunhado da sua irmã... seria ótimo se você conseguisse convencê-lo a aceitar — pediu minha chefe, com um tom gentil, porém firme. Ainda bem que eu estava de costas naquele momento, porque não consegui evitar a revirada de olhos. Respirei fundo antes de me virar, forçando um sorriso educado. — Tudo bem, eu posso tentar falar com ele — respondi, mantendo o tom neutro. — Obrigada. Você está se sentindo bem? Precisa de mais uns dias para descansar? Por que não marca uma consulta? Está um pouco pálida — disse ela, tocando de leve
Acordei me sentindo surpreendentemente bem, sem nenhum vestígio do mal-estar dos últimos dias. Tomei isso como um bom sinal, como se meu corpo estivesse finalmente voltando ao normal. Queria acreditar que tudo estava sob controle agora.Ao chegar no prédio da revista, percebi uma movimentação incomum. As pessoas pareciam agitadas, apressadas. Minha chefe entrou logo atrás de mim, e, pelo seu olhar ansioso, soube imediatamente que algo estava acontecendo.— Por que está todo mundo tão... — comecei a perguntar, mas ela me interrompeu antes que eu terminasse.— Cassidy, preciso da sua ajuda agora. Kai Hoke aceitou a entrevista, mas disse que tem que ser hoje.— O QUÊ?! — Minha reação foi automática, quase um grito.— Exatamente isso. Ele chega em duas horas. A equipe está organizando a sala neste momento. Vamos, precisamos ajustar o roteiro das perguntas.Fiquei paralisada por alguns segundos, processando a informação. Só então saí correndo até o banheiro. Me encarei no espelho, o coraçã
Meus sobrinhos quase não me deixaram passar pela porta. Os três vieram correndo em minha direção, pulando em mim e em Mike com tanta energia que mal consegui me equilibrar. Nós os abraçamos com força, rindo, e só depois conseguimos cumprimentar o restante das pessoas. — Feliz aniversário, Joshua! — Abracei meu cunhado com carinho e entreguei a sacola com o presente dele. — Obrigado, Cassidy, você não precisava trazer nada. — Ele sorriu, meio sem jeito. — Ah, não é nada tão grandioso quanto você merece, governador. — Brinquei, rindo. — Agora eu sou só o Joshua, pai de três crianças e marido da mulher mais bonita deste mundo. — Respondeu descontraído, lançando um olhar apaixonado para minha irmã. — Olívia tem mesmo muita sorte, você ouviu isso? — Retruquei, gargalhando e apontando para ela. — Hoje ele está muito romântico... — Olívia abraçou o marido com um sorriso apaixonado, e eu me derreti um pouco ao ver aquele gesto tão sincero de amor. Enquanto Mike seguia conversando
Cheguei para o aniversário de Joshua, minha cunhada Olívia sempre comemora e mesmo que ele não goste de festas, acaba aceitando tudo que a esposa faz. O pensamento de que ele tem sorte atravessou minha mente assim que estacionei, a casa dele é enorme, com um gramado bonito, parecida com a casa onde fomos criados. Depois da noite que eu tive com Cassidy, algo mudou em mim. Pelo menos no mais profundo canto da minha mente, algo mudou. A casa estava toda feliz, meus sobrinhos que são a coisa mais linda da vida, brincavam juntos no jardim, Ivanna, sendo a única menina até então, tentava acompanhar o ritmo dos irmãos e do primo. — Mike, e aí, cara. — falei com Michael. Mike agora é um homem, cresceu muito nos últimos quatro anos, saiu da adolescência e virou um jovem rapaz muito bonito, mas ainda continua o mesmo de sempre, tímido e um nerd assumido. — Kai, e aí. — Tudo certo com seu projeto? — perguntei. — Sim, tudo perfeito, depois vou te contar umas coisas que estamos
— Por favor, vamos manter a calma. Fazer confusão agora não vai ajudar em nada. — Olívia tentava acalmar a situação. Por mais que papai estivesse furioso, eu precisava tentar entender o lado dele. Por dentro, eu era um turbilhão de sentimentos: medo, nervosismo, raiva de mim mesma por ter deixado algo assim acontecer. Kai estava a poucos passos de mim, me encarando com tanta intensidade que chegava a me desconcertar, mas eu não conseguia reconhecer nada em seus olhos além de choque. Ele parecia à beira de perder o controle também. — Cassidy, preciso falar com você. A sós. — pediu papai, a voz mais controlada do que eu esperava. — Sim, vamos... por favor. — segurei seu braço, tentando buscar alguma conexão, algum alívio. — Gostaria de falar com você depois, Ivan. — Kai interveio, a voz tensa, mas respeitosa. Papai, no entanto, ignorou completamente. — Vamos, Cassidy. — Tocou minhas costas e me guiou pela escada sem sequer olhar na direção de Kai. Assim que entramos no
Minha mãe, Morgana e Dylan falavam sem parar desde que Cassidy subiu com Ivan. O restante das pessoas apenas me encarava, mas o julgamento estava evidente em seus olhares. — Irresponsável... Onde estava com a cabeça? — A voz da minha mãe tremia de frustração. — Calma, mamãe... Você não reagiu assim quando Olívia engravidou. Não é o fim do mundo. — Morgana tentou acalmá-la, a voz doce, porém tensa. — Claro que não! Joshua nunca foi... um... um... Como é mesmo que o chamam? Mulherengo... Alguma coisa com modelos... — Ela gesticulava nervosa, buscando as palavras. — Pegador. — Dylan provocou, jogando lenha na fogueira. — Cala a boca, Dylan! — Morgana o repreendeu, lançando-lhe um olhar cortante. Minha mãe ignorou. — Um homem de trinta e oito anos, vivendo de aventuras com mulheres que nem ele mesmo assume, engravidou a Cassidy... A nossa menina! Isso é... eu nem consigo nomear o que isso é. — Mamãe, por favor, isso não vai ajudar. — Joshua tocou de leve o ombro dela, a voz firme
As últimas semanas foram um caos. Fiz todos os exames possíveis, mas ainda não dava para saber o sexo do bebê. Tive esses dias para imaginar quem ele seria, para sentir medo do futuro, mas também para compreender que, mesmo sem ter sido planejado, meu filho já era uma bênção. — Como está meu sobrinho? — Mike perguntou, entrando pela porta com um sorriso. — Pode ser uma menina, sabia? — brinquei, tentando aliviar o peso das emoções. — É, mas por enquanto vou tratá-lo como um menino. — deu de ombros, divertido. Dois dias atrás, foi a formatura dele. A casa estava cheia, todo mundo veio comemorar. Mike ganhou um carro novo, dezenas de presentes e apresentou os amigos do time. Foi um dia em que, por algumas horas, eu quase esqueci de tudo o que estava acontecendo na minha vida. Se não fosse por um detalhe. Peter também apareceu. Ele e Mike são amigos, então era de se esperar. Mas o clima ficou estranho, porque Peter e Kai praticamente deixaram claro o quanto não se suportam.