— Por favor, vamos manter a calma. Fazer confusão agora não vai ajudar em nada. — Olívia tentava acalmar a situação. Por mais que papai estivesse furioso, eu precisava tentar entender o lado dele. Por dentro, eu era um turbilhão de sentimentos: medo, nervosismo, raiva de mim mesma por ter deixado algo assim acontecer. Kai estava a poucos passos de mim, me encarando com tanta intensidade que chegava a me desconcertar, mas eu não conseguia reconhecer nada em seus olhos além de choque. Ele parecia à beira de perder o controle também. — Cassidy, preciso falar com você. A sós. — pediu papai, a voz mais controlada do que eu esperava. — Sim, vamos... por favor. — segurei seu braço, tentando buscar alguma conexão, algum alívio. — Gostaria de falar com você depois, Ivan. — Kai interveio, a voz tensa, mas respeitosa. Papai, no entanto, ignorou completamente. — Vamos, Cassidy. — Tocou minhas costas e me guiou pela escada sem sequer olhar na direção de Kai. Assim que entramos no
Minha mãe, Morgana e Dylan falavam sem parar desde que Cassidy subiu com Ivan. O restante das pessoas apenas me encarava, mas o julgamento estava evidente em seus olhares. — Irresponsável... Onde estava com a cabeça? — A voz da minha mãe tremia de frustração. — Calma, mamãe... Você não reagiu assim quando Olívia engravidou. Não é o fim do mundo. — Morgana tentou acalmá-la, a voz doce, porém tensa. — Claro que não! Joshua nunca foi... um... um... Como é mesmo que o chamam? Mulherengo... Alguma coisa com modelos... — Ela gesticulava nervosa, buscando as palavras. — Pegador. — Dylan provocou, jogando lenha na fogueira. — Cala a boca, Dylan! — Morgana o repreendeu, lançando-lhe um olhar cortante. Minha mãe ignorou. — Um homem de trinta e oito anos, vivendo de aventuras com mulheres que nem ele mesmo assume, engravidou a Cassidy... A nossa menina! Isso é... eu nem consigo nomear o que isso é. — Mamãe, por favor, isso não vai ajudar. — Joshua tocou de leve o ombro dela, a voz firme
As últimas semanas foram um caos. Fiz todos os exames possíveis, mas ainda não dava para saber o sexo do bebê. Tive esses dias para imaginar quem ele seria, para sentir medo do futuro, mas também para compreender que, mesmo sem ter sido planejado, meu filho já era uma bênção. — Como está meu sobrinho? — Mike perguntou, entrando pela porta com um sorriso. — Pode ser uma menina, sabia? — brinquei, tentando aliviar o peso das emoções. — É, mas por enquanto vou tratá-lo como um menino. — deu de ombros, divertido. Dois dias atrás, foi a formatura dele. A casa estava cheia, todo mundo veio comemorar. Mike ganhou um carro novo, dezenas de presentes e apresentou os amigos do time. Foi um dia em que, por algumas horas, eu quase esqueci de tudo o que estava acontecendo na minha vida. Se não fosse por um detalhe. Peter também apareceu. Ele e Mike são amigos, então era de se esperar. Mas o clima ficou estranho, porque Peter e Kai praticamente deixaram claro o quanto não se suportam.
Eu precisava ir a esse evento. Não era só uma questão de querer — era uma obrigação. Marcas de renome estariam presentes, e aquele ambiente luxuoso era o palco perfeito para criar conexões e ampliar sua rede de contatos influentes. Se eu realmente queria mais visibilidade para o meu negócio, esse era o preço a pagar. Acabei levando a designer de relógios da marca comigo. Ela também buscava ampliar sua clientela, então foi vantajoso para ambos. Desde a conversa com Cassidy, algo havia mudado em mim. Eu faria o possível para ser um bom pai, disso eu não tinha dúvidas. Mas já estava decidido que não seríamos nada além de amigos. Então, cada um com a sua vida. — Até breve. Se quiser repetir outro dia... — Antonella sorriu antes de me dar um beijo rápido na bochecha e sair do apartamento. Fechei a porta, balançando a cabeça com um sorriso discreto. O dia ainda estava nascendo, e eu tinha uma reunião marcada com um amigo de negócios. Seria a ponte entre a empresa dele e a nossa.
— Vocês voltaram? — Mike perguntou, curioso, enquanto mordia uma maçã. — Quem? — fingi não entender, desviando o olhar. Ele ergueu a sobrancelha, me analisando com aquela expressão típica de quem sabia mais do que parecia e estava quase rindo de mim. — Não se faz de doida, eu te conheço. Suspirei, sabendo que não adiantava tentar enrolá-lo. — Não, não voltamos. Peter é uma das pessoas mais especiais da minha vida, mas ainda somos só amigos. Ele quis passar um tempo comigo, só isso. Daqui a dois dias, ele volta pra casa. Mike assentiu, mas continuou me encarando como se tentasse decifrar algo. — Entendi... Mas você sabe que eu gosto dele, né? O papai também. Se você quisesse... — deu de ombros. — Aliás, por que ele e Kai não se dão bem? Ontem, quando comentei que achava que vocês tinham voltado, o Kai pareceu... com raiva. Mordi o lábio, hesitando. — Eu realmente não sei. E, sinceramente? Eu vou apoiar o Peter. Desde aquela época, Kai implicava com ele sem motivo.
Eu havia acabado de sair de uma reunião exaustiva e estressante, pronto para ligar para Joshua e atualizar as últimas movimentações do nosso empreendimento, quando a tela do meu celular acendeu com uma mensagem de Dylan. "Olha isso, cara." Achei que fosse mais uma das brincadeiras dele, mas quando cliquei no link, senti o estômago despencar. As fotos eram tremidas, claramente feitas por um fã de futebol ou algum paparazzi inexperiente, mas a imagem era clara o suficiente. Cassidy, ao lado daquele idiota, Peter King, no shopping. Entrando e saindo de lojas de bebê, sorrindo, rindo, e ele com as mãos protetoras demais em sua cintura. E, como se não bastasse, a legenda destacava: "Namorada do quarterback dos 49ers, Peter King, está grávida." Merda. Aquilo já tinha ido longe demais. Era o meu filho. E eu não ia aceitar que a mídia ou ele tomassem um lugar que era meu por direito. Levantei da cadeira tão rápido que quase a derrubei. Entrei no elevador com o sangue fervendo qu
Eu estava ansiosa. Não, eu estava muito ansiosa. Extremamente ansiosa. O silêncio de Kai ao meu lado era quase palpável. Ele não demonstrava nada em gestos, mas o modo como permanecia quieto, quase rígido, me fez pensar que ele também sentia aquilo. Talvez fosse euforia. Talvez nervosismo. Estávamos juntos na clínica para a minha consulta, e, se tudo corresse bem, hoje descobriríamos o sexo do nosso bebê. — Cassidy Hawkins. O som do meu nome ecoou na sala de espera e fez meu coração dar um salto. Kai e eu caminhamos juntos, lado a lado. A médica era gentil, tinha uma voz calma, reconfortante. Conversou comigo sobre minha rotina, e eu expliquei tudo o que vinha sentindo durante os últimos dias, tentando manter a clareza, mas sentindo a ansiedade crescendo a cada segundo. Então ela me deitou e começou a preparar o exame. Kai estava sentado logo atrás de mim, quieto, as mãos entrelaçadas no colo. Ele apenas observava, de vez em quando respondendo com monossílabos às pergunt
— "Kai Hoke, herdeiro da tradicional família Hoke e um dos solteiros mais cobiçados do país, anunciou esta manhã que será pai de uma menina. A mãe da criança foi confirmada sendo Cassidy Hawkins, irmã de Olivia Hoke, cunhada de Kai. A notícia surge após jornais e blogs de fofoca especularem que o pai do bebê seria Peter King, quarterback do San Francisco 49ers e ex-namorado de Cassidy. Após o anúncio, internautas questionam se os dois estão juntos, já que Peter e Cassidy aparentam estar muito próximos ultimamente..." — Tudo bem, Mike, não precisa ler tudo em voz alta. — revirei os olhos, impaciente. — Espera, ouve só essa parte. — Ele riu, depois fez uma pausa dramática. — "A publicação já soma milhares de comentários. Os seguidores estão divididos entre felicitações e questionamentos sobre a gravidez. Cassidy, estudante de moda no último ano e estagiária em uma prestigiada revista, atraiu a atenção de dois homens lindos, famosos e milionários, levantando a pergunta: seria essa gra