Eu estava ansiosa. Não, eu estava muito ansiosa. Extremamente ansiosa. O silêncio de Kai ao meu lado era quase palpável. Ele não demonstrava nada em gestos, mas o modo como permanecia quieto, quase rígido, me fez pensar que ele também sentia aquilo. Talvez fosse euforia. Talvez nervosismo. Estávamos juntos na clínica para a minha consulta, e, se tudo corresse bem, hoje descobriríamos o sexo do nosso bebê. — Cassidy Hawkins. O som do meu nome ecoou na sala de espera e fez meu coração dar um salto. Kai e eu caminhamos juntos, lado a lado. A médica era gentil, tinha uma voz calma, reconfortante. Conversou comigo sobre minha rotina, e eu expliquei tudo o que vinha sentindo durante os últimos dias, tentando manter a clareza, mas sentindo a ansiedade crescendo a cada segundo. Então ela me deitou e começou a preparar o exame. Kai estava sentado logo atrás de mim, quieto, as mãos entrelaçadas no colo. Ele apenas observava, de vez em quando respondendo com monossílabos às pergunt
— "Kai Hoke, herdeiro da tradicional família Hoke e um dos solteiros mais cobiçados do país, anunciou esta manhã que será pai de uma menina. A mãe da criança foi confirmada sendo Cassidy Hawkins, irmã de Olivia Hoke, cunhada de Kai. A notícia surge após jornais e blogs de fofoca especularem que o pai do bebê seria Peter King, quarterback do San Francisco 49ers e ex-namorado de Cassidy. Após o anúncio, internautas questionam se os dois estão juntos, já que Peter e Cassidy aparentam estar muito próximos ultimamente..." — Tudo bem, Mike, não precisa ler tudo em voz alta. — revirei os olhos, impaciente. — Espera, ouve só essa parte. — Ele riu, depois fez uma pausa dramática. — "A publicação já soma milhares de comentários. Os seguidores estão divididos entre felicitações e questionamentos sobre a gravidez. Cassidy, estudante de moda no último ano e estagiária em uma prestigiada revista, atraiu a atenção de dois homens lindos, famosos e milionários, levantando a pergunta: seria essa gra
Kai — Você está bem? Está mais calada hoje. Na verdade, tem estado assim nas últimas semanas. — comentei, tentando entender o que se passava.Estávamos na sala de espera para os exames de rotina dela. Nossa convivência estava se tornando mais próxima, um equilíbrio delicado... mas, de repente, Cassidy voltou a se fechar. O brilho no olhar, que começava a reaparecer, havia sumido de novo.— Estou bem, é apenas a mudança hormonal. — respondeu com um sorriso forçado, que não chegou aos olhos.Eu faço questão de acompanhá-la em tudo relacionado à gravidez. Quero estar presente. Às vezes é estranho, as pessoas presumem que somos casados, mas já aprendemos a lidar com os olhares e os comentários.Os boatos persistem. No entanto, depois que Peter se pronunciou publicamente, as coisas esfriaram um pouco. Ainda assim, não gosto da proximidade dos dois. Tenho certeza de que, se Cassidy quisesse, ele tentaria se reaproximar. E a verdade é uma só: não quero outro homem criando a minha filha.Cas
— Como assim? Você vai viver aqui do lado. — Falei, achando graça da ideia. Mas Kai não sorriu. Ele continuava parado, encarando o berço de um jeito estranho. Suas mãos tocaram o colchão, depois os travesseiros, como se testasse a firmeza. Algo na expressão dele me deixou preocupada. — Ei... você está bem? — perguntei, me aproximando. Então, de repente, ele soltou: — Eu não quero ninguém criando a minha filha, Cassidy. Franzi o cenho, confusa. — O quê? Do que você está falando? Kai segurou meu braço, firme, mas sem agressividade. Me olhou nos olhos, e o que vi ali foi uma mistura de medo e determinação. — Eu não quero que ninguém, além de mim, crie a minha filha. Porque... porque... — Por quê, Kai? — insisti, mais suave dessa vez. Ele respirou fundo, como se lutasse contra as palavras antes de soltá-las. — Porque é perigoso. Você nunca sabe do que as pessoas são capazes. Eu... eu não confio no Peter. Isso me pegou de surpresa. — Por que você tá falando do
"Após o anúncio da gravidez, Antonella Rizzo foi vista entrando e saindo do apartamento de seu então chefe, Kai Hoke, que, por coincidência ou não, vive no mesmo prédio que Cassidy Hawkins, mãe de sua filha. Fontes próximas à designer de joias afirmaram que os dois vinham tendo um affair há meses e que, após o anúncio da gravidez, Kai terminou o relacionamento a pedido da mãe de sua filha." — Quem é essa? — murmurou, o olhar preso ao telefone, a voz tensa. — Ninguém importante. — Respondi, tentando manter o controle. — Tudo o que ela quer é fama e visibilidade. Eu vou corrigir isso. Eu vou explicar pra você... — Não quero saber. — Sua voz firme cortou o ar como uma lâmina. — Cass... — Você disse que era coisa do passado, então não precisa me explicar nada. Eu não estou nem aí para o que essa moça diz. — Me encarou, os olhos frios e decididos. — Não temos nada, Kai. Nenhuma obrigação um com o outro. Mas eu peço... controle isso. Não quero esse tipo de coisa respingando na m
Hoje é um daqueles dias em que tudo o que eu quero é me enfiar debaixo das cobertas e dormir. O cansaço tem sido constante, e ultimamente sinto um sono insaciável e uma fome que parece não ter fim. Mas alguém decidiu que eu não precisava descansar. A campainha tocou, uma, duas... incontáveis vezes, até finalmente cessar. Revirei na cama, tentando ignorar o mundo lá fora, voltando ao meu sono tranquilo e acolhedor. — Cass. — A voz de Mike soou distante, mas insistente. — Hmm... — Temos visitas. — Ele falou de um jeito estranho, como se estivesse segurando um segredo. Abri os olhos, ainda confusa. — Você não ia trabalhar? Quem aparece a essa hora da manhã? Ele riu de leve. — Cassidy... você dormiu a manhã inteira. Já são onze horas. Onze? Arregalei os olhos, sentindo o peso do tempo perdido. — Anda logo, a visita é... inesperada. O tom enigmático dele fez minha mente despertar. Levantei-me devagar, tentando processar a situação. — Quem? Mike hesitou por um segundo antes d
Tive duas entrevistas esta tarde com dois candidatos para a vaga de designer. Estou determinado a contratar alguém que, dessa vez, não me traga o menor risco de enfrentar os mesmos problemas do passado. Meu celular tocou quando eu terminava de organizar minha pasta para ir embora. — Oi, mãe. — Filho, está tudo bem? Fiquei sabendo do que aconteceu… Como a Cassidy está? — Sua voz carregava uma preocupação sincera, e eu ouvi sua respiração hesitante antes de continuar, mais incerta: — Kai... Eu já sabia o que ela ia dizer. — Mãe, a Cassidy está ótima. Eu resolvi tudo. Por favor, pare de me ligar só para me repreender. Eu sou adulto, eu erro, mas sei corrigir. — Falei com firmeza, mas sem grosseria, apenas direto. — Eu sei, meu filho. É só... eu me preocupo com vocês. E estou tão feliz que vão ter uma menina! — respondeu, agora com animação na voz. — Eu também, mãe. Só queria que o papai estivesse aqui. Queria que ele pudesse fazer com ela o que fez quando eu era pequeno.
Parecia irreal, impossível. Um cenário tão absurdo que eu não conseguia acreditar ser verdade. Para me certificar, belisquei a coxa com a mão livre. A dor foi um choque breve, mas suficiente para me arrancar um ofego. — Estou te machucando? — perguntou parecendo genuinamente preocupado. — Não, não é isso... — As palavras pareciam ter sumido. Seus olhos encontraram os meus, intensos, desarmando qualquer defesa que eu pudesse ter levantado entre nós. — Você está linda, Cassidy — disse ele, com uma honestidade que faz meu coração acelerar. Eu inspirei profundamente, sentindo meu peito apertar. — Por que me beijou? — Minha voz saiu quase como uma sugestão. Kai me encarou com uma expressão tão intensa, que me fez quase questionar se era mesmo ele ali, ou se ele não estaria imaginando outra pessoa. — Porque parecia o certo a ser feito. — respondeu sincero. — Somos adultos, Cassidy. Você está gerando minha filha. Podemos fazer isso. Minha respiração ficou presa. O que