Ela concordou sem dizer nada, foi indo atrás com receio de algo acontecer entre eles, apesar de estar um pouco obececada por ele, não sabia como iria reagir, caso ele tentasse fazer alguma coisa, até porque suas poucas experiências, foram com rapazes de sua idade, nunca com um homem de verdade.
Ele ligou a televisão, ela sentou quase no meio do sofá, molhando a boca na taça, ele sentou ao lado - Quer escolher? O filme? Ela disse que não, ele começou escolher - É bom que tenhamos um tempo a sós, para nos conhecermos melhor, né? - No dia a dia, é tudo sempre muito corrido e tem o Amin, no nosso meio. - Não está forte, bebe mais para esquentar, quando esfria, eu adoro tomar conhaque, até puro, antes de dormir, é ótimo. Ela sorriu sutilmente, tomou um gole maior, reparando nele, parecia diferente, mais comunicativo, simpático, como se pela primeira vez, estivesse a enxergando de fato. Ele estava arquitetando um plano contra ela, aquela oportunidade pareceu perfeita, colocou um filme de terror - Tem medo? Ou gosta? - Poxa, eu queria tomar banho também, aguenta esperar uns minutos? - Pelo menos com frio, você não vai ficar. Ela sorriu confusa - Gosto sim, pode ir, eu não vou sair daqui. Ele foi saindo da sala - Vai bebendo aí, para esquentar e relaxar um pouco. Foi tomar banho, colocou um conjunto de moleton, chinelo e meia, passou até perfume, deu uma olhadinha na câmera, viu que ela estava bebendo, quando voltou passou na cozinha, pegou a jarra de bebida, colocou mais conhaque, entrou na sala sorrindo simpático como nunca foi - Demorei? Foi enchendo a taça dela, até a boca, enrolou mexendo na televisão, não completou a própria taça e nem tinha bebido ainda, ela nem suspeitou de nada, ficou o olhando, imaginando como seria seu beijo, o toque. Sentaram lado a lado, com um espaço no meio, começaram assistir, ele esperou quase meia, para o álcool começar a fazer efeito, perguntou como quem não queria nada - Ficou muito tempo lá? Na pracinha? Ela disse que sim, já estava acabando a taça, ele encheu de novo - Porque não foi pra sua casa? - Ou foi e voltou? Ela já estava um pouco alterada, bebendo de estômago vazio, respondeu distraída - Nem fui, não quero encarar meus pais e dizer a verdade. - Se eu tivesse com o meu celular, tinha ido para a república, minhas coisas estão lá, sabe. - Você fez faculdade, né, eu vi a foto, como escolheu e não desistiu? Ele começou falar que nunca desistia de nada e sempre sabia muito bem, o que queria pra si, ela sorriu pensativa - Talvez se eu tivesse tido mais oportunidades, também saberia. - Sou muito indecisa, tenho preguiça de conflitos, vou sempre no mais fácil. Ele perguntou porque ela não teve oportunidades, disse que a sua vida estava só começando ainda, ela respondeu exultante - Nunca tive liberdade, pra me arriscar, errar, aprender e viver. - Depois dos dezoito, tudo mudou, até fiz uma lista de desejos, é meio ridícula. Ele se sentou virado para ela - Ahhh não, sério? Me conta! - Nossos desejos, nunca são ridículos, porque é algo, que não temos total controle, só queremos. Ela começou a rir, pensando no que podia falar - Mais são coisas bobas, ah sei lá, não consigo lembrar assim. - Só anotando, devo ter tdha. Ele se levantou, foi saindo da sala - Vou resolver isso. Voltou com papel e caneta, deu nas mãos dela - Agora quero ver, qual a sua próxima desculpa. - Eu nunca fiz essas listas, mais sempre tive minhas metas. - Meu irmão quem gosta disso, quando disseram que o mundo ia acabar em dois mil, antes de você nascer, ele já fez uma listinha. - Beijar na boca, dirigir, colocar brinco, fazer tatuagem, tantas bobagens. Ela estava anotando rindo - E o mundo não acabou, imagino. - Em dois mil e onze, disseram o mesmo, eu tinha a idade do Amin, só sei pelos memes. Ele só estava fingindo beber, colocou mais nas duas taças - Sim e adivinha? Ele fez de novo, queria casar e fazer umas viagens loucas. - Nós não somos nada parecidos, quando o assunto é metas, planos, foco. Ela riscou uma linha, rindo corada de vergonha - Não vou colocar tudo. Posso ler? Ele disse que sim, ela começou ler cabisbaixa - Lembrando que a minha vida, só começou, depois dos dezoito ok. - Passar o réveillon na praia, tirar habilitação, conhecer o Chile ou o Pantanal. - Sou humilde tá, só um dos dois já está bom. - Fazer uma tatuagem, que meus pais não vejam e nunca saibam. - Aprender a andar de bicicleta, é o mais idiota, eu sei, acho que vou precisar te matar, ninguém além da minha melhor amiga, sabe, que eu não sei. Se lembrou da Agnes, ficou séria sem jeito - Desculpa, eu não. Me desculpa, o acidente, dela, a sua... Ele estava sorrindo distraído, nem tinha pensado nisso - Imagina, tudo bem, continua. Ela respirou fundo pensativa, imaginando que não queria mais aprender, porque pensando na Agnes, que foi atropelada andando de bicicleta, era muito estranho, riscou aquilo - Essa é no mínimo, intrigante, ouça com atenção. - Ter mais de dez certificados, sabe quando você vai a algum lugar e na parede, tem os quadros, com as qualificações da pessoa? Sorriu sem jeito - Com certeza você tem muitos, é todo bem qualificado. Ele puxou a folha, para ver se tinham muitas coisas - Sou? Será? Ela disse que sim, ele sorriu pensando se aquilo era um flerte dela - É, tenho mesmo, adoro estudar. - Tem coisas que você não quer contar, né? Ela encostou no sofá, quase deitada, o olhando fixamente - As pessoas sempre me julgam, quando me conhecem de verdade, eu não gosto disso. - O olhar de dó ou pior, deboche. - Na escola, eu nunca fui popular e não tinha amigos, então, talvez não me entenda e saiu da escola, a muito tempo, né? Ele sorriu, encostou também a olhando - É, faz tempo, quase a sua idade Skylar. - Porque não tinha amigos? - Aparentemente, não tem nada errado com você, é até bem simpática. - Como foi a sua infância? Ela parou de olhar, virou para a televisão - Chata! Eu só ficava com adultos, não brincava na rua, nunca fui para as excursões da escola, nem podia dormir fora ou ir as festinhas de aniversário. - Eu só queria me encaixar, ser normal, depois da pré adolescência, eu só queria ser invisível. - Não sei se na sua época, existia bullying já, pelos mesmos motivos de hoje. - As crianças podem ser bem cruéis sabe. Silenciou, ficou olhando para a televisão, ele não estava entendendo nada ainda, se levantou - Vou pegar alguma coisa, para comer, você quer? Ela balançou a cabeça que sim, se sentindo inferiorizada, se arrependeu do que contou, porque imaginou que ele não iria se interessar, sua alto estima nunca foi boa também. Continuou anotando coisas na lista, ele voltou com amendoins em um potinho - Passou o frio? Ou quer um cobertor? Ela mostrou a lista - Passou, isso é muito bom, eu nunca tomei bebida assim. - Acabei de colocar, uma coisa nova, por sua culpa. - Licor, eu nunca tomei, fico imaginando se é mesmo doce e bom. Ele colocou o resto da bebida pra ela - É ótimo, vai alcançar suas expectativas, pode ter certeza. - Continua lendo, sua lista não é ridícula, a do meu irmão que é. Ela voltou anotar - Ataaa sei, aposto que a dele é muito interessante. - Andar de trem e metrô, que é fácil, mais não dá sozinha, sou meio devagar, iria me perder fácil. - Agora a humilhação começa, tomar banho de banheira, tipo aquelas de motel, outro lugar que eu também nunca fui. Ele começou rir - É só ir, o que mais? Ela começou rir muito, já estava bêbada mais desinibida - Ah claro, vou sozinha lá usar a banheira nojenta deles. - Esquece isso, vou continuar. - Tirar meu passaporte, não pra usar, só pra tirar. - Ganhar algum troféu, vi que você tem vários, parabéns. - Ir a uma festa a fantasia. - Viajar sem destino, que dó, o mais longe que já fui, foi em médicos. - Ir a um show internacional, no Brasil mesmo, não é tão difícil, né? - Sempre quis comprar um anel de ouro branco, com uma pedra daquelas normais grandes, eu não sei o nome. Começou rir - Sei lá, aquelas pratas. Ele sorriu surpreso com o quanto ela era bobinha - Um solitário, toda mulher gosta. Geralmente dão em datas ou para firmar relacionamento, noivado. Ela tinha parado de anotar, voltou - Ahhhh faltou isso, ter um relacionamento sério. - De tudo o que posso falar, sem parecer, moralmente danificada, só restam, acampar e karaokê. - Deu sono ouvir a minha lista?Ele ficou sorrindo a olhando com o pensamento distante - Não, nem um pouco. - Mais me explica melhor, porque os seus pais te prenderam tanto? - Não é normal, que não tenha aprendido andar de bicicleta, ido a festas e passeios escolares. O filme acabou, a bebida dela também, ela estava cada vez mais mole, bêbada, se encostou quase deitando o olhando fixamente - Eles queriam me proteger, de mim mesma e do mundo, porque eu não era saudável e aí criaram uma filha pamonha. - Medrosa, insegura, sem noção, as vezes eu fico me perguntando, como eu poderia ter sido.- Tipo, seria mais independente ou segura, até popular, ou pelo menos rodeada de amigos?- O mais engraçado é que quando as coisas mudaram e eu ganhei um pouco de liberdade, a única coisa que passei a sentir, é a minha vida caindo em queda livre. - Não me sinto completa ou parte de nada. - No último ano, me levanto todos os dias, sem saber quem eu sou. - Acho que eu era mais feliz, quando precisava só obedecer, porque aí p
Por sorte não disse mais nada, ele foi dormir no quarto ao lado, ficou atento, para ver se ela não iria passar mau, levantou por volta das nove horas, foi espiar, ela estava dormindo, as horas foram passando, ele arrumou a cozinha, comprou comida, arrumou a mesa, foi chamar ela, a acordou tocando no braço sutilmente - Skylar, acorda, vamos almoçar. - A sua família deve estar preocupada. - Já é uma hora da tarde. Ela despertou desorientada sonolenta, sem saber a onde estava, o que tinha acontecido, havia sonhado com ele, Amin e Agnes, foi sentando confusa - Oi. Ele sorriu apreensivo - Oi, tudo bem? Como está se sentindo? Ela foi levantando se sentindo um pouco tonta - Mau. Nunca mais eu vou beber! Foi direto para a lavanderia, tirou as blusas no quarto, pegou as coisas para ir tomar banho, muito indisposta ainda vomitou, se lembrava de ter tentado o beijar, mais não exatamente tudo o que conversaram, ficou com medo de ter falado o que não devia. Arrumou
Rigel se aproximou, encostou ao lado dela - Se não vai estudar, é melhor que trabalhe, não?- Você precisa contar aos seus pais, pra depois ver o que vão achar. Violeta deu a volta no balcão - Isso menina. A abraçou consolando - Não vai se precipitando, as vezes seus pais vão gostar da novidade. - Vamos falar com eles, o que acha?Sky estava enxugando os olhos marejados, constrangida - Não vai adiantar, também é longe, vou perder um dia da folga, só indo e vindo, eu sinto muito.Violeta disse que ela estava muito quente, foi pegar o termômetro, Sky engoliu o choro sentida - Só vim me despedir. Olhou para Rigel, achando que era o irmão - Posso me despedir dele?- Não quero o deixar pensando, que foi abandonado por mim. - Ou que eu desisti, por causa dele.- Não é por isso e nem pelo o que aconteceu entre nós na sexta feira. <
Ela ficou emotiva, enxugou os olhos - Você me daria o emprego, se soubesse?Ficou séria, o " enfrentando " - Você só deu, porque a outra desistiu. - Sei que não fui sua primeira escolha. - Até acho que vai gostar, que eu desista.- Assim não precisa se dar ao trabalho de me dispensar e pode colocar a culpa em mim.- E ficar bem com ele. Só depois de falar, ela percebeu que não deveria, ele ficou até sem reação, com a grosseria, se levantou pensativo - Isso não é verdade Skylar. - Não foi honesta porque não quis.- Vou falar com a minha mãe, ver como ele está e já volto. Ela ficou cabisbaixa pensativa, Violeta largou Amin no banho, para ir no quarto conversar com Riven, ele estava irritado, confuso, fechou a porta do quarto - Mãe o que acha?- Não consigo confiar nela.Violeta estava suspeitando dos dois filhos, respondeu com ironia
Ela disse que não, sorriu sutilmente, entraram juntos, ele sentou na sala de espera, quando ela terminou de dar a entrada na recepção, sentou ao lado dele- Pelo menos não está cheio, né? Abaixou a cabeça apoiando nas mãos, cobrindo o rosto, ele concordou, começou ficar preocupado olhando a situação dela, a puxou para se encostar - Já vão chamar, quer água? Ela não quis a água, se encostou sem nem questionar, não disse nada mais já estava com medo, de piorar, algo ruim acontecer, ficou segurando a mão dele, passou na triagem e voltou sentar, logo foi chamada, estava com a saturação baixa, ficou horas lá dentro sozinha, ele ficou trocando mensagens com o irmão, ambos preocupados pela demora. Quando ela saiu de madrugada, ele se levantou, já foi pegando nela a amparando, perguntou se estava melhor e liberada, ela disse que sim, se fez de dopada para não dar detalhes do que aconteceu, ainda mentiu dizendo que lá dentro estava lotado.
Amin não voltou rápido, os dois se fecharam no quarto, Sky foi para seu quarto com vontade de chorar, deixou tudo arrumado, estava sentada esperando com o pensamento distante, se perguntando o que Agnes faria em seu lugar, já que era uma mulher forte e decidida. Rigel se aproximou sorrateiro, bateu na porta que estava aberta - Posso falar com você? Babá má?Pelo sorriso, ela soube quem era, se levantou enxugando os olhos marejados - Sim. Ele estava com uma pulseira feita a mão, nas mãos, mostrou para ela- Eu trouxe de viagem, pra você, deixei aqui na cama, aí fiquei com raiva e peguei de volta. - Já que vai embora, vou te dar, de novo. - Pra não ir achando que não sou legal. Ela sorriu surpresa, chegando mais perto da porta- Trouxe mesmo pra mim? Porque?Pegou na mão olhando com deboche - É tão simples, pra dar a alguém interesseira. - Foi feita por mendigo
Sky travou, ficou olhando sem saber como explicar, seu pai entrou no meio - Ela vai falar, é lógico que não fez nada errado. - Conta filha, como conseguiu esse celular novo? - Estava trabalhando? Dariele se aproximou, a pegou pelo braço com força - Ela vai mentir. Quero saber quem te deu isso? Sky se encolheu com medo de apanhar - Não vou mentir, eu estava trabalhando de babá, eu juro. - Para por favor mãe, está me machucando. - Pode perguntar pra Tai, ela sabe de tudo. - Meu celular estragou, porque o menino jogou na água, me deram esse. Foi indo para o quarto, pegou o celular estragado - Olha aqui, é verdade eu juro. - Fiquei uma semana lá, eu ia contar. Todas as suas coisas estavam espalhadas em cima da cama, sua mãe já tinha olhado tudo, começou mexer na carteira, pegou um preservativo que sempre estava lá, jogou no rosto dela, com a carteira junto - Isso você não usou, eu juro por Deus, que se aparecer grávida aqui, eu lavo as minhas mão
Sky não viu o celular tocar, Amin tentou várias vezes, mandou um áudio revoltado chorando " Você é muito mentirosa babá má feia, tomara que nunca mais criança nenhuma gosta de você de novo, pra não ser abandonada igual tá fazendo comigo. Traidora, odeio você infinito pra sempre... Riven estava o procurando, o pegou no flagra, tentou tomar o celular de sua mão - O que está fazendo Amin? O menino saiu correndo, começou a fazer um escândalo, quase jogou o celular na piscina, correu pelo quintal todo, só parou quando Riven ameaçou bater nele e falou da festa do pijama, como se fossem realmente fazer. Sky já tinha jantado, entrou no quarto para pegar um remédio, voltou para a cozinha mexendo no celular, ouvindo o áudio, deu pra perceber que tomaram o celular dele, antes dela responder, a mensagem foi apagada, ela ficou emotiva com dó, estavam digitando, ela preferiu esperar, Riven ia mandar mensagem e desistiu. Ficou muito bravo, foi dar atenção para Amin, depois de o deixar sozi