Capítulo 30

Amin não voltou rápido, os dois se fecharam no quarto, Sky foi para seu quarto com vontade de chorar, deixou tudo arrumado, estava sentada esperando com o pensamento distante, se perguntando o que Agnes faria em seu lugar, já que era uma mulher forte e decidida.

Rigel se aproximou sorrateiro, bateu na porta que estava aberta

- Posso falar com você? Babá má?

Pelo sorriso, ela soube quem era, se levantou enxugando os olhos marejados

- Sim.

Ele estava com uma pulseira feita a mão, nas mãos, mostrou para ela

- Eu trouxe de viagem, pra você, deixei aqui na cama, aí fiquei com raiva e peguei de volta.

- Já que vai embora, vou te dar, de novo.

- Pra não ir achando que não sou legal.

Ela sorriu surpresa, chegando mais perto da porta

- Trouxe mesmo pra mim? Porque?

Pegou na mão olhando com deboche

- É tão simples, pra dar a alguém interesseira.

- Foi feita por mendigos? Daqueles hippies?

- Ou você achou no chão?

Ele pegou de volta rindo, adorando a afronta dela

- Tem seu nome e os pingentes de lua, estrelas, Sky significa céu, né.

- Eu não quis dizer, que te acho oportunista, nem sempre pode levar a sério, tudo o que digo.

- Vai querer ou não?

Ela esticou o braço

- Sim, a não ser que você conheça outra Sky. Conhece?

Ele colocou no braço dela

- Não, ainda bem, uma só já me incomoda o bastante.

- Se quiser ficar, é só falar, com o meu irmão, o Amin não vai reagir bem, você foi a única que ele, meio que gostou.

- Ainda está escondendo alguma coisa, não é?

- Essa história dos seus pais, não faz sentido.

- Não vou contar, ainda posso te ajudar a mentir.

- É uma oportunidade única.

Ele estava na lavanderia encostado na secadora, de braços cruzados, ela na porta do quarto encostada, acariciando a pulseira, sorriu pensando que não podia contar nada

- Não sei, será?

- Todo curioso, é fofoqueiro, a minha amiga sempre diz.

- Ela me ensina a ser menos ingênua, quer saber o que ela disse de você?

Ele disse que adoraria, ela respondeu o encarando fixamente nos olhos

- Que com certeza você não presta e gosta de atormentar as babás, principalmente as novinhas.

- É uma crise de meia idade Rigel?

Ele começou rir

- Não, é que adoro uma caridade mesmo.

- Então falou muito de mim, pra ela?

Sky sorriu com deboche

- Não muito, ela gosta de me ouvir, quando quero reclamar, essas coisas.

Ele olhou na direção da cozinha

- Já vou. A minha mãe está nos chamando.

- Eu só tentei ser legal, pra não se sentir sozinha, aqui.

Foi saindo da lavanderia

- Sei como é ruim, não se sentir parte de nada.

- Eu não estava dando em cima de você sua boba.

Ela foi junto, ficou quieta apreensiva, ouviram batidas fortes na porta, vindo do corredor, Amin estava chutando muito irritado, Violeta estava toda sem jeito

- Eu vou levar você, é melhor irmos logo.

- O Amin ficou chateado, não quer falar com você, para se despedir.

- Hoje vai ser um dia daqueles.

- O dinheiro está comigo, já vou te dar, pega lá as suas coisas rapidinho Sky.

Ela apenas concordou, foi pegar as coisas, dava para ouvir Amin chorando xingando, dizendo que odiava ela, as duas foram saindo pela sala, Sky ficou triste arrasada, falou tchau para Ivan, Rigel estava no carro, para levar elas.

Só após sair, Sky começou chorar sentida, com a sensação de estar errada o abandonando, primeiro foram a loja que estava o celular dela, não teve conserto, Riven já sabia e pediu para comprarem um semelhante.

Quando Sky soube, ficou completamente calada preocupada, levou as mãos ao rosto, pensando nos pais, no tamanho da encrenca em que iria se colocar.

Violeta saiu na calçada para atender uma ligação, era Riven querendo notícias, Rigel se aproximou de Sky, louco para descobrir mais coisas

- Vamos escolher, pega um parecido, eles nem vão notar.

- Seu pai faz o que, da vida?

Ela encostou no balcão cabisbaixa

- Ele se aposentou recentemente, trabalhava de porteiro, em uma empresa grande.

- E a minha mãe faz faxinas, eles não são bobos.

- Controladora como ela é, se eu aparecer com um par de meias diferentes, ela nota.

- Ela mexe em todas as minhas coisas do nada, tipo revirando procurando, verificando sei lá o que.

- Não consigo pensar, escolhe você, por mim tanto faz.

- Estou ferrada de qualquer jeito.

Violeta voltou, se aproximou abraçando Sky

- Nosso reizinho já se acalmou viu, esse menino é uma tempestade mesmo, igual a mãe dele.

- Não era pra ser, e está tudo bem. Foi muito bom te conhecer, adorei os dias que ficou em casa.

Sky a abraçou, disse que nunca iria esquecer como foi bem recebida, por todos, Rigel deu duas opções, teve que escolher sozinho, pediu para colocarem película e capinha, devolveu o celular estragado junto.

A levaram para o terminal rodoviário, Violeta a acompanhou comprar a passagem, fez questão de pagar, agradeceu muito por ela ter tido paciência com o Amin, lamentou por não ter dado certo.

A deixaram lá faltando menos de meia hora, para o ônibus chegar, Sky foi para casa sem avisar a ninguém, demorou a tarde toda, sem pressa alguma.

Estava caminhando pelo bairro, enrolando, quando viu o pai passando de carro, com a Ivete, uma tia da Tainanda, que morava no bairro também.

Algo não corriqueiro, mais até normal, pensou que era só uma carona, passando na esquina da casa de Ivete, Sky os viu descendo do carro, muito próximos, se beijaram até, na boca.

Desacreditada ela ficou olhando, foi para casa revoltada, decepcionada, nunca achou que seu pai fosse capaz de ser infiel, sempre foi muito apegada e o admirava bastante também.

Nem pensou em contar a mãe, porque sabia o quanto ela era difícil, não tinha ninguém em casa, ela entrou e deixou tudo como estava, fechado, foi deitar no quarto sentindo um vazio imenso dentro de si, muita tristeza por causa do pai.

Começou mexer no celular novo, colocou o chip, estava configurando, quando seus pais chegaram juntos, ela os ouviu conversando sobre o mercado, correu esconder o celular, porque sua mãe mexia para ler as conversas, a tratava como criança.

Apreensiva com medo de não conseguir disfarçar, ela se levantou, foi indo até a cozinha, ao vê-la quase que espiando, seu pai sorriu, foi beijar abraçar, Sky quase não correspondeu séria, sua mãe se aproximou a olhando dos pés a cabeça, reparando

- Achei que não ia voltar pra casa.

A abraçou

- Parou de estudar, não foi?

- Nem pra fazer uma ligação Lalinha, isso é coisa da sua amiga, por isso ela contou, não é?

- Vai menina, fala o que aconteceu.

- Seu pai pagou a faculdade esse mês, atoa, você acha que dinheiro cai do céu.

- Sorte que não pagamos aquela porcaria de república.

Sky não tinha postura para a enfrentar nunca, concordou foi encostar na pia

- É, me desculpa eu devia ter falado, mais fiquei com medo, de decepcionar vocês.

Dariele sua mãe, estava guardando as compras, respondeu séria

- Já decepcionou, ainda deu prejuízo.

Saiu da cozinha, Joaquim seu pai, se aproximou lhe dando uma maçã

- Ignora a sua mãe, ela não gosta de saber das coisas, pela boca dos outros.

- Vamos sair andar e você me conta tudo.

- Da pra estudar outra coisa também, tentar uma bolsa 100%.

Sky se afastou o evitando, foi guardar a maçã

- Não pai, eu quero trabalhar. Vou te devolver o dinheiro, desse mês.

Tirou mais de quinhentos reais do bolso, quando foi dar, ele recusou confuso

- Como conseguiu esse dinheiro Skylar?

- O que você andou fazendo...

Dariele entrou na cozinha brava, com a caixinha do celular nas mãos

- O que é isso aqui?

Viu o dinheiro nas mãos dela, tomou como se fosse voar para cima e bater

- Eu sabia que você estava metida com coisa errada!

Jogou em cima da mesa gritando

- Onde conseguiu isso?

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