Capítulo 34

Ele mesmo trocou o tipo de chamada, ficou com o rosto franzido, quando a viu, sorriu espontaneamente

- É você mesma! Traidora, me abandonou.

Ela sorriu ajeitando o cabelo

- E quem mais iria te ligar? Tem outra babá boazinha preferida?

- Me traiu Amin?

Ele foi sentar evitando Violeta, que estava tentando olhar sem aparecer

- O vózinha da licença né.

- Nunca nunquinha vou ter outra favorita.

- Eu sou fiel babá má.

Reparou na aparência dela

- Porque você tá descontente Stai? Tá triste né.

- É verdade que sua mãe brigou com você, por causa do seu celular?

Ela balançou a cabeça que sim, enxugou os olhos disfarçando

- E você está dodói? O que aconteceu?

Ele sorriu com deboche

- Você me passou sua doença né. Mais foi bom, faltei um monte da escola.

Ela perguntou quais eram os sintomas, disse que ia fazer uma consulta online, ele contou tudo o que aconteceu na ausência dela, disse com desdenha que ninguém cozinhava direito e nem brincava com ele.

Conversaram bastante, ele perguntou se ela tinha outra criança, ela respondeu chateada

- Não, talvez eu tenha um dia, mais eu acho, que nem gosto de crianças mais, enjoei.

- Só gosto mesmo de você, meu reizinho.

- Desculpa por ter te deixado, eu não tinha opção, essas coisas de adultos, são muito chatas, você não entende ainda.

- Amin, mesmo longe, sempre vou gostar de você e sentir a sua falta.

- As vezes não conseguimos ficar pertinho de quem a gente gosta.

Ele ficou sério

- Só quando morre Stai.

- Vem na minha festa de pijama, eu falo pra sua mãe deixar, por favor.

Ficou emotivo

- Ouvi eles dizendo que não vai vir ninguém, porque não gostam de mim.

- Se viessem iam gostar, porque eu vou comprar muitas coisas gostosas.

Ela respondeu com dó

- Amin as pessoas tem que gostar de você, não do que o seu dinheiro compra.

- Você agora entende, que não adianta estragar as coisas das babás e depois, comprar outras?

- Meu celular era muito importante pra ...

Ele começou chorar, interrompeu

- Me desculpa, eu nunca mais vou estragar suas coisas.

- Você ainda gosta mesmo de mim babá má?

- Ou fica mentindo pra não me deixar triste?

- Eu sempre tô triste, pode falar a verdade.

- Ninguém vai vir nessa festa idiota.

Ela também começou chorar arrasada se sentindo a pior pessoa do mundo, por tê-lo conhecido e deixado

- É claro que eu gosto de você meu reizinho, fiquei muito triste também, porque não nos despedimos, você não quis dar tchau.

- Eu ia te explicar tudo, escuta, eu moro muito longe, antes eu morava em outro lugar.

- O dinheiro que o seu papai vai me dar, de salário, eu vou gastar quase todo, pagando ônibus, Uber, e quando eu sair de folga na sexta feira, vou demorar muito pra chegar em casa.

- Meus pais não gostaram de eu ficar longe, eles são muito bravos, não sabem o quanto as pessoas na sua casa, são legais.

- Eu falei que a vózinha é muito legal e cuidou de mim, mais não acreditaram.

Ele largou o celular irritado, deu para a avó

- Se você gostasse de mim, ia vir me ver.

- Fala vózinha que a gente vai buscar ela, pedir pra mãe dela deixar.

Violeta foi saindo de perto, pediu para ele se acalmar, se trancou no quarto, começou falar com Sky, que o motivo da ligação além de acalmar o neto dela, era mesmo a convidar para ajudar com a festa, contou tudo o que estava acontecendo, sobre Riven ter saído de lá, Amin ter adoecido, a festa sido esquecida.

Sky estava só ouvindo, muito sem jeito, viu sua mãe mandando mensagens, dizendo que dali em diante, ia lavar as mãos, com todos ingratos da casa dela e Sky podia ir pra onde quisesse, virar pu ta drog ada qualquer coisa, porque ela não ia mais se preocupar.

Falou que perdeu a vida toda, com o casamento infeliz, sempre vivendo para a filha, Dariele acabou novamente descontando toda sua raiva de Joaquim em Sky, sem pensar que ela, dessa vez, faria alguma coisa.

Sky pediu para desligar a chamada de vídeo, alguns instantes, respondeu Violeta por mensagem, dizendo que iria ajudar com a festa, ficar o tempo que fosse preciso.

Eufórica Violeta já falou que iriam pagar tudo, os dias, a condução, queria ir buscá-la naquela hora, Sky disse que ia pra casa, arrumar as coisas e retornaria, com o endereço tudo certo.

Foi pra casa ainda lendo ofensas e sermões da mãe, muito chateada começou a sentir raiva, entrou em casa sem dizer nada, arrumou uma bolsa grande, pegou alguns jogos que ia doar, colocou em uma caixa organizada.

Foi até o quarto de Dariele dizer que iria trabalhar no fim de semana, ofereceu o celular para mãe ver a conversa, ela não quis ver, respondeu com indiferença

- Vai pra onde quiser Lalinha, não me meto mais.

Sky fez o mesmo, foi indiferente, tomou banho, passou uma maquiagem um pouco forte, pele bem preparada, lip tint vermelho, blush, já não passou rímel com medo de chorar de novo, deu tchau para a mãe, ela respondeu.

Foi esperar em uma praça no bairro vizinho, Violeta quis fazer surpresa, mandou Amin ir trabalhar com o tio, foi buscá-la com o Ivan, assim que se encontraram, acharam estranho não ser na casa dela, Violeta a abraçou, queria ir falar com os pais dela, pra não ficarem com dúvidas.

Sky só comentou que eles estavam brigando e ela contou tudo a mãe, garantiu que não era necessário irem lá.

Violeta estava perdida tentando falar com os pais das crianças, só duas iriam, foram mais de dez convidadas, Sky foi anotando idéias do que cozinhar, perguntou se Riven estava de acordo com tudo, Ivan respondeu rindo

- Ele não teve muita opção, mais decidiu te chamar por conta.

- Foi uma decisão dele. Pode acreditar!

Sky sorriu pensativa, achando que talvez ele a quisesse lá, com segundas intenções, não deixava de pensar no quanto ele era bonito, cheiroso, educado e sofredor, vivendo o luto, ela sempre se imaginava mudando a vida dele, até chegava a se imaginar, vivendo coisas que Agnes postou vivendo com ele, como escalar, mergulhar, as surpresas que ele fazia, com velas, flores, presentes.

Foram ao mercado, Sky fez uma lista, Violeta a ajudou na preparação, brownie temático decorado com cobertura em formato de lua, estrelas, travesseiros, torta de presunto e queijo, em formato de cama, com uma menino feito de legumes e queijo em cima, decorando.

Deu muito mais trabalho imaginar, do que fazer, Ivan arrumou a sala, com colchões infláveis, travesseiros e cobertores, até uma mesa do quintal, colocaram lá.

Ficaram a tarde toda ocupados, Amin não sabia de nada, ficou dando trabalho na transportadora, no final do dia, Riven o levou comprar um pijama e passou conversar com a Rumi, explicou o que estava acontecendo e pediu para ela chamar as amigas, que tivessem filhos, porque só iriam duas crianças e Amin ficaria triste.

Sugeriu que fizessem alguma coisa entre adultos, beber, conversar, ela adorou a idéia, porque sempre estava tentando jogar as amigas para cima dele e ele nunca quis, até então, ela se encarregou de levar as bebidas, ele ia pedir para a mãe deles, preparar petiscos.

Ele sabia que Sky estava lá, quando foi comprar o pijama de Amin, comprou um parecido para ela, com estampas de astronauta, o dele azul e o dela rosa.

Já estava anoitecendo, Rigel chegou do trabalho surpreso, entrou reparando na sala, foi para a cozinha chamando a mãe, perguntando de um tênis, Violeta estava cortando pães com patê

- Ahhh filho eu esqueci de lavar.

Ele se aproximou delas sorrindo, escolhendo o que ia pegar

- Oi Sky.

Ela estava formando animais, com os pães, o olhou rapidamente séria

- Oi Rigel.

Ele pegou um pedaço de brownie, ficou olhando fixamente pra ela, reparando em tudo, viu que estava usando a pulseira que ele deu, com as unhas esmaltadas de vermelho, maquiada.

Ele perguntou se podia pegar o pão, sentou no balcão, Violeta o serviu com os restos que não estavam decorados e foi atender o portão, tinha alguém no interfone.

Sky estava tirando o avental, usando calça jeans, blusa de manga comprida fininha, tênis, se abaixou mexendo na geladeira, ele ficou olhando só reparando no corpo dela, viu marcas de bolinhas nas costas, o formato de um calçado, já imaginou que era de ter apanhado, parou de olhar

- Está tudo muito bom, parabéns babá má.

Ela sorriu com deboche, tirando uma bandeja de perto dele

- Obrigada, já separou seu pijaminha?

Ele estava mexendo no celular, sorriu com maldade

- Ah eu durmo pelado. E você?

Ela revirou os olhos, ficou séria, ele se levantou para pegar o que ela tirou de perto

- Ah é, desculpa, não posso imaginar como você dorme.

- Como foi em casa, com seus pais?

- Foi de boa?

Ela o olhou séria, se aproximou mexendo com as coisas

- Ah foi péssimo, mais não fala nada pra eles.

- Eu dei graças a Deus de poder ter pra onde ir.

- Sei que a sua mãe queria saber, porque eu estava chorando hoje, mais diferente de você, ela é muito educada, para perguntar.

Sorriu constrangida

- Quer mais ?

Ele estava ao lado dela, em pé, levantou sutilmente sua blusa

- Quando você abaixou ali, eu vi.

Ela derrubou dois pratos, tentando o evitar

- Não faz isso. Não encosta em mim!

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