Capítulo 74

Os dois começaram a rir, ela se deitou com a mão na barriga

- Quero ficar bem.

Ele disse que ela iria e bem rápido, o exame não deu alteração, as cólicas foram diminuindo, depois do almoço ela ficou melhor, dormiu bastante, antes dele ir embora disse que não queria tomar banho, ele brincou dizendo que ia precisar cheirar ela, todos os dias, foi embora pensando nela, se sentindo trouxa, mais sem conseguir parar de a querer bem.

Dariele o encontrou lá fora, perguntou como foi o dia deles, ele contou e pediu ajuda, queria fazer algo pra animar ela, relacionado ao bebê.

Dariele falou sobre o exame de sangue, gentilmente ele se ofereceu para comprar qualquer coisa, que as duas estivessem precisando, ela disse que só queria o necessário para Sky ficar bem, saudável.

Riven não estava sabendo ainda das visitas, levou Amin jantar com Rumi, ela comentou como quem não queria nada, que a " soletrou babá má " estava melhor, ele perguntou como ela sabia, ela respondeu

- Ahh o seu irmão foi la, ontem e hoje, ela não tem ninguém pra ficar com ela.

Riven começou rir com desdenha

- Agora é dele então?

- Por isso ele está me evitando.

Começou mexer no celular, lembrando Rigel de um reunião importante de trabalho, no dia seguinte, ele disse que iria, foi falar com a mãe, perguntou se ela queria ir ficar no hospital como acompanhante.

Completamente eufórica, ela já foi se organizar, mandou mensagem falando que não podia ficar Amin, fez o jantar e deixou para o dia seguinte.

Saiu às pressas para ir ao mercado comprar um presentinho, estava radiante com dois netos a caminho, Rumi teve que levá-la no dia seguinte cedo.

Rigel avisou Dariele por mensagem, só na hora dela sair, mandou foto da mãe, quando Dariele foi saindo da área fechada de pacientes, Violeta se levantou sorridente, foi ao seu encontro

- Oii vovó, tudo bem?

Dariele respondeu educadamente, desconfiada de tanta simpatia, deixou Sky sem saber da surpresa, foi trabalhar quase atrasada, exausta, por estar dormindo mal.

Violeta entrou no quarto sorridente, deu bom dia, Sky ficou olhando sem reação

- Oi. O que aconteceu? O Rigel não vem?

Violeta se aproximou com o embrulho em mãos

- Ele teve uma reunião no trabalho, é um mimo pro meu netinho.

- Vou ficar com você hoje, tudo bem?

Sky concordou, foi abrindo engolindo o choro, se sentiu desconfortável por não poder falar que não queria nada ainda, para o bebê, era um bory unissex, verde, Violeta percebeu o descontentamento dela, começou falar do reizinho, disfarçando, Sky começou chorar sentida, pediu desculpas.

Violeta se aproximou a abraçou, perguntou porque ela estava pedindo desculpas, Sky não respondeu, foi se acalmando sozinha, Violeta tinha levado um potinho com pão de queijo, outro com um pedaço de bolo, uma coca cola pequena, mostrou na bolsa

- Quer comer já?

- Aí eu amava comer doce, quando estava grávida dos gêmeos.

- Você pode comer doces? A Agnes teve diabetes gestacional.

- No meu tempo, ninguém ligava pra isso, não era tão falado.

Sky se levantou para ir ao banheiro

- Obrigada, estou muito enjoada.

- Não consigo comer nada agora.

Violeta ofereceu ajuda, nem percebeu o que falou, sobre Agnes, Sky ficou pensando que não queria criar expectativas, tapando o vazio que Agnes deixou, começou se lembrar de tudo o que falaram sobre ela estar querendo uma vida, que não era sua.

Também ficou chateada com o fato de todos eles, terem mudado em dias, depois de meses a ignorando ou tratando mal, não gostou de parar e refletir, que aquilo tudo era só interesse na gravidez.

Passou o dia todo mais quieta, fingindo estar indisposta dormindo, só conversou sobre o Amin, Violeta disse que ia tentar convencer o Riven, deixá-la o levar lá.

No fundo ela achou que tinha algo muito errado com Sky, mas não questionou nada, foi embora feliz por ter ficado com ela, três vezes durante o dia, Rigel mandou mensagem, perguntando se estava tudo bem, se tinha comido, feito mais exames, Sky respondeu sem dar muita atenção e importância.

Quando Dariele chegou, perguntou como foi o dia, Violeta perguntou se Sky estava passando com psicólogo ou psiquiatra, ao saber que ainda não, ela sugeriu que marcassem rápido, se ofereceu para pagar particular, pra ir mais rápido, as duas combinaram de ver.

Ao ir para o quarto, Dariele logo percebeu que Sky estava diferente, mais séria, perguntou o que tinha acontecido, ela respondeu pensativa

- Não quero mais que venham ficar comigo, a semanas atrás, ninguém dessa família queria trocar uma mensagem comigo e agora, todos me adoram.

- Sei que precisamos de ajuda e estou novamente sendo um fardo, mas não quero que vá pedir nada além do necessário pra eles.

- Preciso me colocar no meu lugar e não é lá.

Dariele não entendeu muito bem, preferiu não contrariar, tudo estava melhorando, no dia seguinte Rigel só foi a tarde, por causa da fisioterapia, no dia anterior ele perguntou a Riven sobre o convênio, disse que ia assumir tudo, dali em diante.

Com julgamento Riven passou tudo, perguntou se era pra valer dessa vez, Rigel só disse que ter um filho era e mais nada, deu a entender que havia desistido, Riven se lembrou do sermão dos pais, disse que eles deviam tentar, se conhecer melhor, ir curtindo a gravidez e ficando, Rigel perguntou o que ele realmente achava, Riven respondeu sério

- O que eu acho é que ela te faz bem, te tirou do sério como ninguém fazia a muitos anos.

- Se ela estava curtindo ficar com você, pode até ter confundido, mais foi com você, que deu certo.

- Da uma oportunidade pra você mesmo, pior do que está, não fica.

Rigel disse que não duvidava de mais nada, ficou em dúvida sobre tentar, porque não sentia segurança vindo dela, quando chegou no hospital, com um pastel escondido, a encontrou vomitando no banheiro, bateu na porta avisando que tinha chego, ofereceu ajuda.

Ela saiu pálida, foi deitar sem falar nada, não quis comer o pastel, ele tentou conversar como nos outros dias, a convidou para ir no Brás, quando saísse do hospital, começar a montar o enxoval, disse que a Rumi iria junto.

Sky agradeceu com poucas palavras e recusou, ficou distante, com o olhar cético, melancólica, ele achou que era só algo dela, normal, ficou mexendo no celular a tarde toda, antes de ir embora, perguntou se ela queria algo especial diferente, no dia seguinte, ela respondeu desconcertada querendo o afastar

- Não, eu tô gostando da comida daqui.

- A minha mãe vai ficar comigo amanhã de dia também, então não precisa vir.

- Nem você e nem ninguém.

Ele ficou em pé ao lado da cama a olhando fixamente sério

- Tá, então eu venho no horário de visitas, pode ser?

Ela estava olhando as mãos, cabisbaixa o olhou séria

- Não precisa ficar grudado em mim, todos os dias.

- Eu estou bem melhor.

Ele disse que tudo bem, foi embora achando que algo diferente aconteceu, ao chegar em casa perguntou a mãe, não tinham conversado direito ainda, ela criticou Sky por estar rejeitando o bebê, deu um sermão nele, por ter deixado aquilo acontecer, queria se meter um pouco demais, na vida de Sky, ele não gostou mais ainda estava decidido a continuar sendo mais presente que o necessário, porque não estava a culpando de estar depressiva.

A noite mandou mensagem, perguntando sobre o monitoramento, ela respondeu de qualquer jeito, não falou nada sobre como se sentia, pra mãe, só disse que ia ficar sozinha no dia seguinte.

Tomando várias medicações, ferro, remédio para enjôo, soro, antibióticos, melhorou bastante e recebeu alta no final do dia, quando Dariele chegou.

Foram para casa e ela não avisou ele, acabou esquecendo, ele chegou no hospital para visitar, soube que ela tinha recebido alta, foi direto em sua casa um pouco irritado.

Quando chegou ligou, ela não atendeu, estava tomando banho, Dariele estava preparando o jantar, atendeu e foi abrir o portão, conversou no quintal sobre Sky ser assim, gostar de isolar as vezes, se fechar e não falar o que está acontecendo, pediu pra ele ser paciente.

Ele disse que entendia, por já conhecer melhor o jeitinho dela, quando entrou não teve como não reparar em tudo, era muito pequeno, sala, cozinha e um quarto, viu que estavam sem geladeira também.

Rumi e Violeta tinham comprado muitas coisas para Sky, roupinhas unissex tamanhos RN e P, cobertor, sling, manta, macacões de bichinhos, fraldas de boca, cueiros, fizeram isso com boas intenções, aproveitando que estavam em um lugar melhor, Rigel achou bom, ele mesmo ficou feliz, levou tudo sacolas grandes.

Dariele viu e nem pensou que Sky reagiria mal, agradeceu o carinho da família dele.

Quando ela saiu do banheiro de toalha, só falou oi, ele estava encostado no armário da cozinha conversando, respondeu e cochichou, perguntando se já tinham marcado psiquiatra, disse que não gostava da idéia dela tomar medicamento forte, grávida.

Dariele comentou que sempre tomou, começou falar sobre ter sido muito ruim para Sky ficar na casa das avós, ia falar sobre o tio ter tentado mexer com ela, Sky estava na sala ouvindo escondida, interrompeu as pressas

- Você não tem que achar nada, do que eu tomo ou não.

- Não estou na porta de bar, bebendo e fumando, se eu tomo é porque preciso.

Dariele chamou atenção dela surpresa

- Lalinha que isso filha?

- Ele só...

Sky interrompeu

- Não, ninguém está respeitando as minhas vontades.

- O que mais vão fazer?

- O que são aquelas coisas na sala?

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