Capítulo 25

Ele ficou sorrindo a olhando com o pensamento distante

- Não, nem um pouco.

- Mais me explica melhor, porque os seus pais te prenderam tanto?

- Não é normal, que não tenha aprendido andar de bicicleta, ido a festas e passeios escolares.

O filme acabou, a bebida dela também, ela estava cada vez mais mole, bêbada, se encostou quase deitando o olhando fixamente

- Eles queriam me proteger, de mim mesma e do mundo, porque eu não era saudável e aí criaram uma filha pamonha.

- Medrosa, insegura, sem noção, as vezes eu fico me perguntando, como eu poderia ter sido.

- Tipo, seria mais independente ou segura, até popular, ou pelo menos rodeada de amigos?

- O mais engraçado é que quando as coisas mudaram e eu ganhei um pouco de liberdade, a única coisa que passei a sentir, é a minha vida caindo em queda livre.

- Não me sinto completa ou parte de nada.

- No último ano, me levanto todos os dias, sem saber quem eu sou.

- Acho que eu era mais feliz, quando precisava só obedecer, porque aí podia colocar a culpa de tudo, nos meus pais.

- Eles não entendem, como me sinto, vazia.

- Parei de tentar explicar, sempre fui um fardo, agora que não precisam se preocupar tanto, eu tento não levar problemas pra eles.

- Não sei se quero continuar, com a faculdade.

Silenciou envergonhada, fechou os olhos, ele estava colocando outro filme

- Tem que ser sincera, não vai largar tudo e ficar na bagunça, né?

- Eles vão entender, chega uma hora na vida, que precisamos caminhar com as nossas próprias pernas.

- Quando eu quis abrir a transportadora, meu pai não concordou, usei o dinheiro de uma recisão, fiz empréstimos, me endividei no último.

- Não era o suficiente, meu irmão fez o mesmo, o dinheiro ele estava guardando a muitos anos, para viajar, tipo conhecer todos os países.

- Era o maior sonho da vida dele, dar a volta no mundo.

- Eu prometi dar dinheiro a mais, quando o negócio descolasse.

- Ele entrou como sócio, meio a meio.

- A namorada de longa data, terminou tudo, eles iriam casar fora do Brasil, fazer a viagem juntos, como lua de mel.

- Foi bem difícil, ele sofreu demais, ela não quis entender ou tentar se conciliar.

- Queria que ele escolhesse, ela ou eu.

- Ela nunca gostou muito de como éramos próximos.

- Eu me culpo bastante por isso, porque depois ele nunca mais teve um relacionamento igual e eu comecei a namorar, casei.

- Fui viver a minha vida e ele ficou parado, sem interesse de construir uma família, pegou aversão a idéia de ter filhos.

- Gasta muito, atoa com festas, viagens e toda vez que eu tento conversar, aconselhar, ele j**a na minha cara, que perdeu a chance da vida dele, pra realizar o meu sonho.

- E agora ele não tem mais os interesses de antes, de quando as condições financeiras eram diferentes.

- No fundo ele nem gosta da transportadora, é complicado.

- Agora que as condições são melhores, já não importam tanto.

- Está dormindo Skylar?

Ela abriu os olhos

- Não! Só pensando, não é culpa sua, talvez o relacionamento dele nem estava bom.

Riven sorriu percebendo que ela estava bêbada

- Na verdade, estava ótimo, o relacionamento.

- Você não tem medo? Das coisas que faz?

Ela sorriu deduzindo que era um flerte

- Não sei, ultimamente ando só com medo de mim.

Arqueou as sobrancelhas com deboche, o olhando nos olhos

- Das minhas vontades, meus picos de coragem.

Ele não desviou o olhar, reparando na postura dela, completamente diferente de sempre

- Deveria ter mesmo e tomar mais cuidado.

- Você tem namorado? Tem alguém?

O olhando fixamente ela sorriu cheia de segundas intenções

- Não. Sou bem tranquila em relação a isso!

- Apesar de parecer padrão, não sou o tipo que eles gostam.

- Porque tenho muita vergonha, de tudo, perto de quem eu não me sinto a vontade.

- Já ouviu a história do alarme em carro velho?

Ele disse que não conhecia, ela começou rir

- É inútil, como olhos bonitos, em pessoas feias.

Ele estava sentado virado para ela, tirou o cabelo dela de seu rosto sutilmente, intrigado com o modo dela sair rapidamente de menina vulnerável tímida, para uma mais desinibida

- Seus olhos realmente são lindos e você também, porque...

Ela achou que estava rolando um clima, agiu no impulso e o beijou, estavam muito perto, ele não pode evitar totalmente, sutilmente a afastou desconcertado rindo

- Skylar isso é muito inadequado.

Ela o tocou acariciando o peito, barriga, chegando mais perto, dando outra investida

- Não é! Não vou contar, a ninguém.

Por alguns instantes ele realmente quis aquilo, estava carente, sozinho desde que tudo aconteceu, a achava muito bonita, sendo racional como sempre, se manteve indiferente, foi a afastando com jeitinho

- Você bebeu demais, é melhor a gente ir deitar.

Ela começou rir, ainda próxima completamente sem noção

- Juntos?

Ele se levantou a evitando

- Não!

Foi pegando as coisas, levou para a cozinha, respirou fundo confuso, pensando que estavam sozinhos e talvez, sereia bom deixar rolar, também percebeu que no fundo, ela não era tão bobinha quanto parecia.

Mais também imaginou, que poderia ter problemas, por tê-la deixado bêbada, caso ficassem e depois ela viesse a falar, que ele a embebedou de propósito, para usá-la, até abu sar.

Ela ficou sem reação, muito constrangida deitada na sala, ao perceber que errou em se oferecer daquela forma, se sentiu muito inferior, ridícula, por ter sido rejeitada, ficou de barriga para baixo, escondendo o rosto nos braços.

Ele voltou para a sala, um pouco sem jeito, desligou a televisão, olhando ela, sem saber se estava acordada ou não

- Skylar? Tudo bem?

- Precisa de ajuda, para ir pro seu quarto?

Ela se levantou sem conseguir olhar pra ele

- Não! Eu consigo.

Quando foi colocar os chinelos, no escuro, acabou se desequilibrando e caiu, mal conseguia levantar, ele se aproximou rindo

- Tudo bem?

- Eu te ajudo, machucou?

A pegou pelo braço, ela começou chorar, se soltando

- Me desculpa!

Foi indo para a lavanderia cambaleando, ele foi atrás

- É melhor deitar no quarto do Amin, vem aqui.

Se aproximou a conduzindo, pensando nas câmeras, para sua própria segurança

- Tudo bem, essas coisas acontecem, você bebeu muito e se confundiu. Não foi nada!

Entrou junto no quarto, a colocou na cama, ela continuou chorando sentida, deitada de costas

- Eu não deveria estar aqui, ninguém vai gostar de mim mesmo.

- E ela? Será que me queria aqui?

- Não vai me ajudar. Ela vai ficar brava comigo!

Ele ficou com dó, sentou na beirada da cama, acariciando o cabelo dela, perguntou de quem ela estava falando, Sky adormeceu profundamente.

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