Ela parou na ponta do balcão
- Imagina, está tudo bem! - Você pode por favor, ligar para o meu celular? - Acho que ele escondeu. Riven já estava super irritado com outras coisas, o trabalho, ligou uma vez só, caiu na caixa postal, ele foi saindo da cozinha - Vou perguntar a ele, onde está. E já te falo! Rigel pegou a caixa de chocolates, foi abrindo - Tem certeza que não quer? Ela encostou ao lado pensativa - Não consigo comer nada, quando fico nervosa. - Eu converso com você, se parar de deixar coisas em meu quarto. - Você acha que ele vai ficar bravo comigo, por muito tempo? Ele ficou na dúvida, para saber se ela estava falando do Riven ou Amin, preferiu nem perguntar, disse que não ia e logo tudo ia voltar a ficar bem, Amin foi se aproximando chorando, entrou na cozinha cabisbaixo, parou perto dela - Desculpa por te machucar, foi sem querer. Riven estava atrás, perguntou pelo celular, nem deu tempo de Sky o desculpar, ele foi entrando na lavanderia, apontou o tanque chorando, Riven não acreditou quando viu - Vai pro seu quarto, vai ficar de castigo. Pegou o celular de dentro da água, mostrou para eles - Skylar ele jogou no tanque! Sinto muito. - Se não tiver como arrumar, te dou outro novo. Ela se aproximou boquiaberta chocada, pegou o celular sem dizer nada, ficou emotiva, começou secar na roupa - Vou para o quarto. Se sentindo muito idiota e arrependida, só conseguia pensar nos pais, porque não teria como explicar de onde veio o dinheiro para comprar um celular novo, trancou a porta e começou entrar em pânico. Rigel falou para o irmão o que aconteceu, acabou falando demais, sendo sincero, reclamando do comportamento de Amin, questionando a onde iriam parar, com tanta falta de respeito. O caos terminou de se instalar, Riven não gostava de ouvir a nada calado, mesmo que estivesse errado, foi rude, já começou com a conversa de irem embora de lá. Quando contou aos pais, o que Amin fez com o celular, Violeta também acabou se excedendo dando palpites, reclamou da casa sempre estar bagunçada e comparou a infância deles, dizendo que nem com gêmeos, era assim. Amin estava em seu quarto sozinho, Riven acabou se alterando chamando atenção dele, ficou realmente muito bravo, exausto, ao vê-lo retrucando dizendo que era só comprar outro, sem se desculpar ou ter consciência de que estava se prejudicando e sendo muito errado com as babás. Riven perdeu o controle e acabou lhe dando umas boas palm adas, algo que muito raramente acontecia, Amin chorou mais ainda pedindo socorro, fazendo todo um drama, ninguém se meteu, os avós acharam bem feito. Riven o levou para ficar no mesmo quarto, o encheu de medo, dizendo que a Sky ia embora, questionou porque ele estava agindo tão mal, se tinha de tudo em casa, Amin disse que não tinha tudo, porque não tinha mãe, ficou realmente sentido com o pai, por apanhar, porque não era algo comum. A culpa começou a pesar bem rápido, Riven não demorou meia hora, pegou algumas coisas para os dois e saiu sem falar nada para ninguém, foi dormir em sua casa, que estava praticamente do mesmo jeito, desde que Agnes partiu. Toda semana ele dava uma passada lá, sempre melancólico, solitário, lembrando tudo de bom o que viveu, as vezes só ficava deitado por horas pensando, ou fazia uma faxina, quase nunca levava Amin junto. Ao ver para onde foram, o menino também entendeu que o pai estava triste, Riven pediu pizza, perguntou se ele queria voltar a morar lá, só os dois, comentou que iria ser preciso, trocá-lo de escola, para outra que fosse período integral e não teriam mais babás, Amin estava pensativo comendo, perguntou se não iria mais ver a Sky, Riven balançou a cabeça que não, ele ficou emotivo - Ela não gosta mais de mim? - Vai embora porque eu machuquei ela? - Compra outro celular pra ela, por favor papai, não quero que me abandone. Riven ficou com dó, também com medo desse apego repentino, já que os dois estavam juntos a poucos dias, tentou desconversar - Ela só está triste, mais gosta muito de você. - Não vai adiantar dar outro celular, as coisas não funcionam assim filho, você não pode dar um presente, para tentar se desculpar, toda vez que faz algo errado e magoa alguém. Amin parou de comer chateado - Mais você faz isso comigo papai, quando briga me dá presente pra eu ficar feliz depois. Ele ficou desconcertado, porque realmente fazia isso sempre, o acariciou afetuoso - O papai só quer te ver feliz filho, você é a minha vida. - Vou começar trabalhar menos e ficar mais com você, só nós dois. - Vamos voltar morar na nossa casa, ir viajar sem mais ninguém... Amin interrompeu - Mais não existe família de dois e eu gosto de morar com a minha vózinha. Riven ficou olhando pensando no quanto incomodavam a todos morando lá, disse que sempre iriam passear, mais que precisavam ter um lar, só deles, com as coisas que a mamãe gostava, Amin respondeu distraído - Mais ela não vai voltar mesmo. - A gente não precisa guardar tudo. - Posso faltar da escola amanhã? Riven ficou emotivo, tentando conter o choro, disse que com certeza iriam faltar de tudo, passar o dia juntos, assistir muitos desenhos e passear, Amin o viu chorando, se aproximou para abraçar - Não vou mais te deixar descontente tá bom papai. - Vou ser um bom filho de novo. Desabando em lágrimas, Riven disse que ele era um ótimo filho, já mandou mensagem avisando a van, que ele não iria no outro dia. Quando Violeta viu que os dois saíram, já imaginou pra onde foram, foi fazer o jantar, também ficou chateada com tudo, Rigel nem foi a academia, ficou fazendo companhia aos pais, comentou que achava Sky muito sensível para aguentar o Amin e que provavelmente, ela iria desistir e com razão. Quando tudo ficou pronto, Violeta foi chamar ela, Sky tinha acabado de tomar banho, estava com os olhos inchados vermelhos, de tanto chorar, abriu a porta apreensiva - Oi. Violeta sorriu sem jeito - Vamos jantar, como está a sua mão? Sky mostrou também sem jeito - Não foi nada demais, qualquer coisa me deixa com hematomas. - Não estou com muita fome, tudo bem se eu ficar aqui? Violeta a abraçou com dó e vergonha do neto - Claro, você quem decide. Vou deixar um prato no microondas, depois você come quando sentir fome. Pode ser? Toda emotiva constrangida por parecer mal educada, ela disse que realmente não precisava, comentou que estava com queimação, náuseas, por causa de toda a agitação. Violeta ofereceu remédios, se desculpou, para não a deixar mais constrangida disse que tudo bem, voltou para a cozinha com dó, cochichou dizendo que ela não queria e estava com carinha de choro, Ivan também achou que ela ia desistir. Sky estava mais preocupada com os pais e a amiga, porque não ia conseguir avisar nada, e ainda faltavam dois dias para a semana acabar. Também ficou preocupada em ser demitida, ainda não queria deixar tudo, estava repleta de dúvidas, se sentindo incompleta, como se não pertencesse a sua vida antiga e a nova também não. Ficou assistindo até mais tarde, levantou tomar água, sem vontade de comer, Rigel estava na sala assistindo, viu que a luz acendeu na cozinha, foi levar um prato como quem não queria nada, ela estava encostada na pia olhando fixamente para o nada, terminou de beber a água, assim que o viu, ele colocou o prato ao lado - E a mão Sky? Tomou algum remédio para dor? Ela balançou a cabeça que não, saiu de dentro do balcão, encostou fora o observando - Sei que não é ele, porque ele quase não sorri pra mim e não me chama assim. Ele foi fuçando no armário, pegou a caixa de chocolates, sentou no balcão um pouco longe dela - É, ele é mais sério, sempre foi. - Ele saiu, com o Amin, deve ter ido pra casa dele. - As vezes eles fazem isso, quando nada parece dar mais certo por aqui. - Amanhã eles voltam com certeza, sempre voltam. - Já jantou? Quer seu chocolate? Ela deitou a cabeça no balcão, em cima do braço - Não, eu não me sinto bem para comer nada, quando passo por muita agitação. - O que tem na casa dele? Onde é? Ele sorriu irônico - Tem tudo, está como sempre foi, ele não desfez nada, não gosta que ninguém mexa. - É a uns vinte minutos daqui, não muito longe da sua. - Você não mora perto do hospital? Aquele particular?Ela ficou muito séria, pensando nas mentiras que inventou- Uhum. Tentou mudar o foco dele, para não ter o risco dele fazer mais perguntas - Você prefere branco ou preto?- Gosta de balas e chicletes também? Ele percebeu que estava estranha, começou colocar os chocolates no balcão, dividindo um pra cada - Ah as vezes branco, mais gosto muito dos dois. - Eu gosto de tudo o que não presta. - Doces, refrigerantes, lanches, salgadinhos, sorvete então, por mim tomo todos os dias, tem uma sorveteria na rua da transportadora, sempre passo lá. - Você não foi conhecer a transportadora ainda né? Ela balançou a cabeça que não, achou que estava livre, ele empurrou os chocolates dela, mais pra perto - Logo você vai, de sexta feira o Amin sempre passa lá, depois da natação. - Não sei como a gente nunca se viu, por aí, você não é de sair?- Barzinho? Balada? Show?
Rumi retrucou irônica dizendo que nem queria ser, uma falsa puritana, como umas e outras, Violeta só pagou, se despediu e quis ir embora rápido, ficou chateada, perguntou se tinham problemas, de almoçarem em casa, Sky percebeu, ficou com dó, disse que não. Foram embora bem mais cedo que o esperado, sem conversar, ao chegarem Violeta disse que ia tomar banho e deitar um pouco, sugeriu que Sky fizesse alguma coisa, só pra si. Sem celular e sozinha, ela começou se sentir ansiosa, preocupada com tudo, ninguém tinha falado nada ainda sobre levarem para arrumar, estava guardado com ela. Fez um pouco de macarrão, cozinhou uma cenoura, comeu sem vontade e foi sentar no quintal, perto da piscina, as horas foram passando, Violeta ficou assistindo no quarto, não saiu mais, Sky foi para seu quarto também, ficou assistindo cada vez mais confusa, porque Riven não chegou, comeu os chocolates que ganhou. Depois das dezoito horas, Rigel chegou sozinho, passou pela sala, cozinha, achando tudo muito
Ela ficou sorrindo, nem tinha pensado naquilo, já que não era boa em mentir, Amin voltou dizendo que ninguém queria ir no cinema deles, ficou perto como se nada tivesse acontecido no dia anterior, escolheu o filme, enquanto assistiam Rigel saiu para ir a academia, passou por eles, dizendo que ia pegar a próxima sessão. Violeta levantou para fazer o jantar, espiou os dois, Amin estava deitado no colo de Sky, recebendo carinho no cabelo e no rosto, Violeta voltou para a cozinha, com o marido - Ivan vai lá ver aqueles dois, de chamego, essa menina é muito boazinha viu. - O Riven que não de jeito no filho dele, vai ver só. Ele também foi espiar, voltou rindo, dizendo que nunca viu ninguém gostar do neto tão rápido, quando o jantar ficou pronto, os quatro sentaram juntos, Rigel chegou logo depois, dizendo que a mãe queria o deixar feio, sem aquele corpinho lindo, porque o mandou voltar rápido, para comer e ele não terminou o t
Violeta nem deixou Rigel responder - Já deu vocês dois, quanta besteira. - Até o menino ter idade, ela já vai tá com a vida feita, ter família, se Deus quiser. - E nenhum homem dessa casa, vai ficar de graça com a menina, ou vai? Rigel saiu da cozinha rindo, Riven ficou irritado - Não quero ele atrás da Skylar, depois da errado, vai prejudicar a mim. - Vocês sabem como ele é, adora arrumar sarna pra se coçar. - Tô pra ver os pais dela vindo bater aqui, reclamar. Ivan disse que o filho só estava brincando, Riven foi para o quarto, Violeta falou baixinho ao marido - Se é brincadeira, eu ainda não sei, mais que ele fica olhando, fica. - E ela não dá ousadia, não na minha frente, o olho dela tá grudado no Riven, mas só quando ele não tá vendo. - Repara pra ver, quando ele passa, o olho dela fica grudadoooo. Começou rir - Os dois são iguais, mais só um que chama a atenção dela. Logo o pior! - Vamos ficar de olho, aqui dentro não quero safadeza, mais for
Desconcertada ela balançou a cabeça que sim, ficou corada de vergonha, ele começou rir - Tô brincando, quer carona né? - Bora lá, eu te levo. Ela começou rir sem jeito - É, não vou te atrapalhar? Ele disse que não, ela entrou correndo pegar as coisas, foi no quarto de Violeta se despedir, contou que ia pegar uma carona, Violeta a acompanhou até o portão, brincou dizendo que era pra ele a levar com cuidado. Assim que entraram no carro, Sky falou que ia encontrar uma amiga no terminal rodoviário, ele nem suspeitou de nada, começou falar sobre o trabalho, onde morava, uma festa que ia no sábado, foi muito gentil e a deixou na frente do terminal, não falou nada sobre ficarem, por achar que ela tinha alguém. Sky o agradeceu, só respirou aliviada quando desceu do carro, foi ver quais eram os horários de ônibus, o último tinha acabado de sair, se sentindo muito burra, por não ter ligado antes, ela ficou sentada pensando, pediu um celular emprestado para uma moça, Tai já a
Ela concordou sem dizer nada, foi indo atrás com receio de algo acontecer entre eles, apesar de estar um pouco obececada por ele, não sabia como iria reagir, caso ele tentasse fazer alguma coisa, até porque suas poucas experiências, foram com rapazes de sua idade, nunca com um homem de verdade. Ele ligou a televisão, ela sentou quase no meio do sofá, molhando a boca na taça, ele sentou ao lado - Quer escolher? O filme? Ela disse que não, ele começou escolher - É bom que tenhamos um tempo a sós, para nos conhecermos melhor, né? - No dia a dia, é tudo sempre muito corrido e tem o Amin, no nosso meio. - Não está forte, bebe mais para esquentar, quando esfria, eu adoro tomar conhaque, até puro, antes de dormir, é ótimo. Ela sorriu sutilmente, tomou um gole maior, reparando nele, parecia diferente, mais comunicativo, simpático, como se pela primeira vez, estivesse a enxergando de fato. Ele estava arquitetando um plano contra ela, aquela oportunidade pareceu perfeita,
Ele ficou sorrindo a olhando com o pensamento distante - Não, nem um pouco. - Mais me explica melhor, porque os seus pais te prenderam tanto? - Não é normal, que não tenha aprendido andar de bicicleta, ido a festas e passeios escolares. O filme acabou, a bebida dela também, ela estava cada vez mais mole, bêbada, se encostou quase deitando o olhando fixamente - Eles queriam me proteger, de mim mesma e do mundo, porque eu não era saudável e aí criaram uma filha pamonha. - Medrosa, insegura, sem noção, as vezes eu fico me perguntando, como eu poderia ter sido.- Tipo, seria mais independente ou segura, até popular, ou pelo menos rodeada de amigos?- O mais engraçado é que quando as coisas mudaram e eu ganhei um pouco de liberdade, a única coisa que passei a sentir, é a minha vida caindo em queda livre. - Não me sinto completa ou parte de nada. - No último ano, me levanto todos os dias, sem saber quem eu sou. - Acho que eu era mais feliz, quando precisava só obedecer, porque aí p
Por sorte não disse mais nada, ele foi dormir no quarto ao lado, ficou atento, para ver se ela não iria passar mau, levantou por volta das nove horas, foi espiar, ela estava dormindo, as horas foram passando, ele arrumou a cozinha, comprou comida, arrumou a mesa, foi chamar ela, a acordou tocando no braço sutilmente - Skylar, acorda, vamos almoçar. - A sua família deve estar preocupada. - Já é uma hora da tarde. Ela despertou desorientada sonolenta, sem saber a onde estava, o que tinha acontecido, havia sonhado com ele, Amin e Agnes, foi sentando confusa - Oi. Ele sorriu apreensivo - Oi, tudo bem? Como está se sentindo? Ela foi levantando se sentindo um pouco tonta - Mau. Nunca mais eu vou beber! Foi direto para a lavanderia, tirou as blusas no quarto, pegou as coisas para ir tomar banho, muito indisposta ainda vomitou, se lembrava de ter tentado o beijar, mais não exatamente tudo o que conversaram, ficou com medo de ter falado o que não devia. Arrumou