CARMEM NARRANDO Agora chegou a hora, as portas se abriram e escolhi a música Ave Maria de Shubert, já entrei emocionada, porque como cristã sei que Maria representa em nossas vidas. Estou indo ao encontro do homem da minha vida e aqui diante do pai, o que mais peço é que nossos caminhos sejam iluminados, que a cada caminhada nossas vidas se entrelaçam cada vez mais e possa nos permitir sermos cada vez mais nós com muita pluralidade. Só tinha olhos para ele, eu não via mais ninguém naquela cerimônia porque os nossos olhos se buscavam, meu coração era sentido em cada célula do meu copo e pulsava no mais alto grau, eu confesso que já queria pular para o SIM antes de qualquer coisa, pois SIM, ele era a minha segunda pele, aquele ar que a gente busca em nós não apenas em momentos ruins, mas nos melhores momentos. Éramos dois certamente, mas em sentimento um apenas. Chegamos perto dele e rimos um pro outro e meu pai o abraça e coloca a minha mão na mão dele. — Sei que você
ALEX NARRANDO Fui ao banheiro e na volta fiquei olhando aquele salão repleto de pessoas que nós amávamos. Muitas pessoas vieram da Espanha, EUA. Até o avô dos meninos estava presente, inclusive ele nos disse que o tio dos meninos, entendeu tudo depois de muita conversa e que ninguém precisava se preocupar em retaliações. Meus pais estavam com a alegria estampada nos rostos, sendo grandes anfitriões. Eu não poderia estar mais feliz, tudo o que sinto hoje me faz jogar fora toda aquela velha roupa surrada pelo tempo, toda aquela tristeza que me vestia, estou deixando pelo caminho. Aprendi com a vida que sofrer também é uma questão de escolha, quando você tem como escolher, afinal existem momentos na vida que não temos opções, mas quando temos, precisamos só nos erguer e escolher o que faz o nosso coração vibrar e isso se chama querer viver, eu sempre quis viver, mas dentro de mim ainda persistia um vazio. Eu vivia uma vida como se eu fosse órfão de pai e mãe, e que destino c
CARMEM NARRANDO. Enfim chegamos ao hotel, o dia estava quase nascendo, eram 4h da manhã, a vontade era só tirar a roupa que eu estava. Em um dado momento da festa eu tirei o vestido de noiva e coloquei um outro, quase uma réplica, só que sem todo aquele tecido de calda. Eu queria ficar mais leve, que ficasse mais fácil de caminhar pelo salão ou dançar. Chegamos e resolvemos tomar banhos juntos. Antes disso ele ligou o som na playlist e, a primeira música que começou a tocar, era uma música que eu vivia cantando quando voltamos a ficar juntos. Ele me perguntou se aquela música tinha um significado especial e eu falei que sim, pois eu nunca perdi a esperança que um milagre acontecesse e nós dois voltássemos a ser um casal. A estrofe dizia: “Agora não estamos com medo. Embora saibamos que há muito a ser temido. Nós estávamos movendo montanhas muito antes de sabermos que podíamos, oh, sim”. E, sim, eu não tenho mais medo pois ele está enfim ao meu lado. (When You Believe (fea
ANNA NARRANDO. Você já foi forçado a fazer algo que não queria? Eu fui. Meu nome é Anna Contini, filha de Angelo Contini, o chefe da máfia. Acabo de completar 18 anos e, para minha surpresa, estou prestes a me casar com um homem onze anos mais velho que eu. Sim, onze anos. E claro, contra a minha vontade. Meu pai insiste que este casamento é necessário, uma forma de unir os clãs Contini e Mallardo e alcançar a tão esperada paz. Mas, sinceramente, isso não me convence.Tudo mudou na minha vida quando minha mãe morreu. Antes disso, eu era feliz, ou pelo menos achava que era. Minha mãe era a única capaz de controlar meu pai, fazer com que ele refletisse melhor sobre suas decisões. Desde que ela se foi, sinto que ele está perdido, tentando desesperadamente manter o controle, não apenas da máfia, mas de mim também. Agora, estou sendo usada como moeda de troca para uma aliança que nunca desejei.Na verdade, nem conheço meu noivo. Nunca vi uma foto, não sei absolutamente nada sobre ele, exc
ANNA NARRANDO.Depois de um tempo observando o mar, finalmente o navio atracou na ilha. Respirei fundo e caminhei lentamente ao lado da Tânia. Entramos no grande salão, e logo pude sentir os olhares sobre mim. Senti borboletas no estômago, prestes a ter um colapso nervoso.Avistei meu pai sentado em uma das mesas de jogos. Tânia foi falar com minha avó, e eu caminhei devagar até a mesa onde ele estava. Chegando perto, reconheci Eduardo Mallardo, a quem havia visto pessoalmente apenas uma vez e em algumas fotos na pasta do escritório do meu pai. Junto a ele estavam mais três homens, todos mais velhos, exceto dois que pareciam um pouco mais jovens. Um deles, até que era bem apresentável, tinha porte de atleta, olhos claros, cabelo bem penteado, parecia até um fantoche.Ao me aproximar da mesa, notei algumas mulheres por ali. Sabia bem o que estavam fazendo. Elas são usadas para distrair os jogadores e fazê-los perder. Uma das maneiras da máfia ganhar dinheiro, chamada exploração de jogo
VIKTOR NARRANDO. Eu não sou um homem muito cativante. Sou tranquilo e não gosto de me meter nos problemas dos outros, especialmente nos do meu irmão, Nathan. Esses últimos dias têm sido cansativos. Meu pai descobriu que está com câncer em fase terminal e precisa que eu me case urgentemente para assumir a direção da máfia Mallardo. Mas há um detalhe: ele fez um pacto com os Contini. Em troca de assumir a liderança, devo me casar com a filha deles, uma virgem, por um contrato de um ano. Não estou feliz com isso, mas farei o que for necessário para garantir meu lugar. Curiosamente, meu irmão não quis disputar a cadeira comigo, sabe que a preferência é sempre do filho mais velho. Contudo, o que mais me incomoda é ter que me casar com uma garota de apenas 18 anos. Hoje pela manhã, pedi à minha secretária que comprasse um vestido para presentear a moça. Como hoje é o dia da troca das alianças, ela precisava estar com algo que eu escolhesse. O dia passou depressa. Quando cheguei ao cass
Anna narrando.A tortura começou. Meu pai chamou a mim e ao velho à frente para consumar nosso noivado. Parece que todos os chefes dos clãs espanhóis estão presentes, e se eu fizer uma cena agora, vou prejudicar todos. Sem contar o líder da máfia Carroma, que veio direto da Itália para prestigiar nossa união, achando, coitado, que estou de acordo com tudo, e que isso não passa de um contrato.— Boa noite a todos. Estamos aqui para comemorar o noivado da minha filha Anna Contini com Viktor Mallardo. Através deste casamento, as duas máfias se unirão para evitar ataques e ajudar todos aqueles que precisam de nós. Estou muito feliz em receber Viktor Mallardo como meu genro — disse meu pai ao microfone. — Venham até aqui, Viktor e Anna…Assim que ele nos chamou à frente, caminhei devagar, contra minha vontade. Meu rosto estava tão fechado que qualquer pessoa sensata fugiria ao passar por mim.O velho, Viktor, veio caminhando com um sorriso de lado. Que vontade de dar um tapa bem no meio d
Anna narrandoDesci as escadas devagar. Quando cheguei ao fim, pude ouvir vozes masculinas conversando na sala de jantar. Fiquei com medo do que Viktor estava contando para o meu papá, pois ele ouviu parte da minha discussão com Carlos e, com certeza, estava revelando tudo o que aconteceu.O pior de tudo nessa história seria meu papá descobrir que menti para ele esse tempo todo. Eu não sei o que vai acontecer daqui para frente, mas espero que ele não vá atrás do Carlos. Eu sei que erramos, principalmente eu. De certa forma, ele não teve culpa, fui eu quem mentiu.O pior é que meu papá pode achar que estou mentindo até sobre a minha virgindade. Sei que isso pode prejudicar a vida dele e, pior ainda, colocar a vida da Abuela em risco. A Tânia me avisou desde o início, e eu deveria ter ouvido. Como pude me deixar levar pelos meus sentimentos e acreditar que meu papá um dia aceitaria tudo isso?Quando entrei na sala, todos me olharam surpresos. Lá estavam papai, Viktor e minha abuela.— N