Capítulo 03/Noivado

VIKTOR NARRANDO.

Eu não sou um homem muito cativante. Sou tranquilo e não gosto de me meter nos problemas dos outros, especialmente nos do meu irmão, Nathan.

Esses últimos dias têm sido cansativos. Meu pai descobriu que está com câncer em fase terminal e precisa que eu me case urgentemente para assumir a direção da máfia Mallardo. Mas há um detalhe: ele fez um pacto com os Contini. Em troca de assumir a liderança, devo me casar com a filha deles, uma virgem, por um contrato de um ano.

Não estou feliz com isso, mas farei o que for necessário para garantir meu lugar. Curiosamente, meu irmão não quis disputar a cadeira comigo, sabe que a preferência é sempre do filho mais velho. Contudo, o que mais me incomoda é ter que me casar com uma garota de apenas 18 anos.

Hoje pela manhã, pedi à minha secretária que comprasse um vestido para presentear a moça. Como hoje é o dia da troca das alianças, ela precisava estar com algo que eu escolhesse.

O dia passou depressa. Quando cheguei ao cassino dos Contini junto da minha mãe e do papá, meu irmão não quis vir. Disse que preferia enfiar agulhas nos olhos a me ver noivo de uma criança.

— Bem-vindos — disse Angelo Contini, ao nos receber. — Fiquem à vontade.

— Obrigado — meu pai respondeu, estendendo a mão com dificuldade. — Estamos em casa…

— Obrigado pela recepção — falei, apertando a mão de Angelo, e logo ele cumprimentou minha mãe.

— Onde está a moça? — Papá perguntou.

— Está chegando, saí um pouco na frente — Angelo respondeu.

Enquanto ele dizia que ela estava a caminho, meus olhos percorreram o salão, buscando a garota.

Algum tempo depois, estávamos jogando uma partida quando vi uma jovem incrivelmente linda. Cabelos negros, olhos azuis, um corpo perfeito, parecia desenhada à mão. Ela veio até a nossa mesa e conversou com o pai. Era mal-educada demais para o meu gosto.

— Veja, hijo, esta moça vai te trazer problemas — minha mãe sussurrou.

— Vou saber lidar com ela… fique tranquila.

— Não seja ridícula, Carmen — papá interrompeu. — Não confunda a cabeça do nosso filho.

— Ninguém está confundindo minha mente — retruquei, irritado.

— Calma, hijo, você consegue controlar essa fera — papá falou, sorrindo.

— Quanto menos contato com essa garota, melhor para mim.

— Tire sua virgindade e, depois de um ano, o contrato termina.

Ficamos conversando até que Angelo nos chamou à frente para oficializar o noivado.

— Boa noite a todos. Estamos aqui para celebrar o compromisso de minha filha Anna Contini com Viktor Mallardo. Através do casamento, as duas famílias se unirão para evitar ataques e ajudar a quem precisar. Estou completamente feliz de receber Viktor Mallardo como meu genro — Angelo disse ao microfone. — Venham até aqui, Viktor e Anna…

Fui até a frente, levando duas taças de champanhe. Mais uma vez, estava levando algo para aquela mal-educada beber. Talvez bêbada, ela falasse menos besteiras…

Ela fez cara de poucos amigos, mas veio até mim e ficou ao meu lado.

— Faço minhas as palavras do meu futuro sogro. Gostaria de pedir a mão de Anna em casamento diante de todos, prometendo ser fiel, carinhoso, respeitoso e amoroso durante todos os dias de nossas vidas. Anna, aceitaria este anel que simboliza nossa união? — perguntei, entregando um anel de diamante.

Percebi que seus olhos estavam cheios de lágrimas, e ela olhava para um jovem no meio da multidão. Quem seria ele? Será que essa garota é mesmo virgem? Angelo está assumindo total responsabilidade caso alguma regra seja descumprida.

O rapaz saiu correndo em direção à saída. Anna deu um passo à frente, provavelmente para ir atrás dele, mas seu pai a segurou pelo braço e cochichou algo em seu ouvido. Ela recuou, fingiu estar feliz com o anel, apoiou a taça em uma mesa e abriu a caixinha.

— Sim, aceito — disse ela, com olhar triste.

Eu sabia que ela tinha algo com aquele garoto. Claro, não posso negar que ela é linda, mas tenho 28 anos, sou um homem, e não quero me colocar na situação de destruir um relacionamento. Vou conversar com Angelo. Ele terá que resolver isso o mais rápido possível. Ele conhece bem as regras da máfia: se houver traição ou mentira sobre a virgindade, a pena é a morte.

Coloquei o anel em seu dedo, e a cerimônia logo terminou. Após os cumprimentos, ela saiu correndo pela porta principal, me deixando com os convidados. Algum tempo depois, fui atrás dela sem que ninguém percebesse. Quando me aproximei da entrada do barco, vi a cena: o rapaz estava lá com ela.

— Você destruiu minha vida, sua vagabunda — ele disse, apontando o dedo na cara dela. — Você me enganou esse tempo todo, e vai pagar por isso. Vai se arrepender de fingir que me amava.

— Carlos, deixa eu te explicar… — ela implorava, chorando.

— Me esquece, garota! — Carlos saiu como um furacão e esbarrou em mim de propósito antes de descer do barco.

Anna me olhou com os olhos cheios de lágrimas e abaixou a cabeça. Eu não tenho intimidade com ela, então o que posso fazer é ir embora e deixá-la refletir. Contudo, preciso discutir essa questão da virgindade com Angelo. Se ela estiver envolvida com aquele rapaz, tudo pode mudar no nosso acordo.

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