Capítulo 07/Jantar.

ANNA NARRANDO

Uma semana se passou desde o acontecimento no cassino. Eu não vi mais o Carlos, nem ouvi falar dele até hoje. Também não tenho muitos amigos além da Tânia. Sempre que ela vem aqui, evita falar sobre a escola ou sobre o Carlos.

Eu não voltei mais para a escola. Meu pai, com suas influências, conseguiu que eu fosse aprovada no último ano sem fazer as provas finais. Enquanto isso, estou sendo instruída sobre a máfia e tudo o que envolve o casamento que terei que cumprir. Após o casamento, seremos obrigados a ir para a Itália. O casamento precisará ser consumado lá.

— Está pronta, filha? — Meu pai perguntou.

— Sim, papai — respondi de forma seca.

Peguei minha bolsa e fiz sinal para que a Tânia me acompanhasse. Eu não queria ir no mesmo carro que meu pai, então, como a Tânia veio dirigindo, era melhor irmos no carro dela. Descemos as escadas, cada um foi para o seu carro. Entrei no banco da frente e coloquei o cinto de segurança. Tânia entrou e deu partida no carro.

— Isso tudo é um saco… — resmunguei.

— Imagino que sim, amiga… — Tânia tentou me apoiar. — Mas será só por um ano. Depois disso, você pode pedir o divórcio e seguir sua vida.

— O problema é que eu não quero perder minha virgindade com um homem que mal conheço — falei, revirando os olhos.

— Amiga, o cara é mais velho, mas é um gato! Eu adoraria estar no seu lugar — Tânia falou, sorrindo.

— Não seja boba, Tânia… — falei, olhando pela janela do carro.

Senti meu coração apertar, e meus olhos começaram a lacrimejar. Passamos em frente a um barzinho onde havia um grupo de jovens da escola, e lá estava ele: Carlos, com aquela garota que vi na casa dele. Abaixei a cabeça e tentei não olhar, já que o carro estava parado no semáforo.

Enquanto os jovens da minha idade vivem suas vidas, conhecendo pessoas, se apaixonando, eu estou aqui, presa a um contrato para evitar um massacre e permitir que um velho assuma o controle da máfia. É injusto, tão injusto que decidi parar de me lamentar. Vou ser forte para enfrentar esse ano que está por vir.

Mas se esse homem acha que vai mandar em mim ou me usar, ele está muito enganado. Não vou deixar ninguém me tratar como um objeto. Vou mostrar quem manda aqui e fazer com que ele se arrependa de ter aceitado esse contrato. Ele vai implorar para que esse ano acabe rápido!

— Anna, não fique assim… — Tânia falou, notando meu olhar triste.

Abri a janela do carro e olhei para fora até o semáforo abrir. Quando estávamos saindo, vi Carlos olhando para mim e abaixando o olhar, como se estivesse triste. Aquilo partiu meu coração por dentro. Será que ele falou tudo aquilo só para se proteger? Será que mentiu?

— Não vou deixar isso me afetar. Daqui a duas semanas será o maldito casamento, e aí eu vou desaparecer da vida dele! — falei, desviando o olhar.

— Não será para sempre… — Tânia sorriu e estacionou o carro em frente à mansão dos Mallardo.

— Vou fazer da vida dele um inferno! — sorri.

— É assim que se fala! — Tânia disse, saindo do carro.

Descemos, e um homem engravatado nos aguardava na entrada da mansão. Ele perguntou nossos nomes e me disse que me acompanharia, pois eu era a noiva.

Chegamos à enorme sala de estar, onde estavam meu pai, minha avó, o Sr. Mallardo, mal-encarado como sempre, sua esposa de aparência desagradável, e o irmão de Viktor, acompanhado de uma jovem muito bonita. Viktor veio até mim e ofereceu o braço para me guiar, mas o ignorei e fui direto até minha avó, com Tânia sempre ao meu lado.

— Avó… — a abracei forte e sussurrei: — Me ajuda…

Ela assentiu com a cabeça e soltou o abraço. Sentamos ao lado dela.

— Boa noite! — Falei alto para todos.

— Boa noite, menina — o Sr. Mallardo respondeu. — Acho que você esqueceu de cumprimentar seu noivo…

— Ah, não… — sorri ironicamente. — Não esqueci. Só teremos obrigações depois de assinar o contrato.

Meu pai arregalou os olhos e quase engasgou com o champanhe.

— Que menina mais insolente! — murmurou a esposa de Viktor.

— Não se intrometa na família, você é só a esposa do meu pai, não minha mãe — Viktor a repreendeu, e ela se calou.

— Melhor ouvir… — Pisquei. — Vou me divertir muito com você, sogrinha!

— Basta, filha! — Meu pai falou, me entregando uma taça de suco.

— Justo agora que estava ficando interessante? — O irmão de Viktor disse. — Estava quase pegando pipoca.

— Cale-se, Nathan! — O Sr. Mallardo disse.

O silêncio tomou conta do ambiente, e todos pareciam desconfortáveis, principalmente Viktor, que me olhava com raiva.

— O jantar está servido, senhor — uma senhora simpática anunciou.

— Obrigado — Viktor respondeu e se levantou. Todos o seguimos.

Os lugares estavam marcados com plaquinhas. Sentei ao lado de Viktor, em frente à jovem ruiva. Tânia estava à minha frente.

Mas uma vez, sou obrigada a ficar perto desse troglodita. É melhor ele parar de causar problemas para mim.

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