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Capítulo 08/ Véspera do casamento.

ANNA NARRANDO.

Amanhã é o meu casamento, e estou completamente desanimada e triste. Mal tenho saído de casa, e desde o jantar, não vi mais o Viktor, nem qualquer pessoa daquela família, o que, pelo menos, é um ponto positivo.

Hoje será o último ajuste do vestido. Amanhã é o casamento, e já está tudo pronto: malas arrumadas, passagens compradas. A cerimônia será simples, apenas na igreja, e depois vamos para a Itália. Eu escolhi não fazer recepção ou qualquer outra comemoração que pudesse fingir que estou feliz, e pelo menos dessa vez, meu pai me ouviu.

Levantei por obrigação, tomei um banho rápido e vesti um vestido leve. Desci para o café da manhã, e felizmente não havia ninguém lá, nem mesmo a minha avó. Comi rápido e voltei para o quarto. Fazia dias que eu não olhava o celular ou as redes sociais.

Quando abri o I*******m, vi uma mensagem no direct. No início, não liguei muito, até notar comentários na minha foto com a Tânia, tirada no jantar na casa dos Mallardo. Resolvi abrir o direct e verificar. Não conhecia a pessoa, parecia um perfil falso. Por sorte, a pessoa estava online, então decidi responder, curiosa para saber quem era.

Direct On

Xxx: Olá…

Anna: Quem é? Não tenho tempo para brincadeiras.

Xxx: Me surpreende que tenha me esquecido tão rápido.

Anna: Não sei do que está falando… seja direto.

Xxx: Anna, eu preciso de você… Me encontre no lugar de sempre.

Anna: Carlos, é você?

Meu coração disparou ao ler aquela mensagem. Eu sabia que era o Carlos, e agora tinha certeza de que ele mentiu sobre não me amar.

Xxx: Anna, me encontre… vamos fugir… Por favor, por nós…

Anna: Carlos, eu não posso… você não tem ideia do que está acontecendo.

Xxx: Me encontre e você terá tempo de me contar tudo quando estivermos fugindo disso.

Anna: Carlos, se me ama, me espere por um ano… Daqui a um ano tudo vai voltar ao normal.

Xxx: Não posso esperar, essa é sua escolha?

Anna: Carlos, eu te amo!

Xxx: Vá para o inferno!

Direct Off

Uma angústia enorme tomou conta de mim. A minha vontade era jogar tudo para o alto e ir embora com ele, mas sei que, se fizesse isso, muito sangue seria derramado, especialmente de meu pai e da minha avó, as únicas pessoas que ainda me restam.

Estou perdida em meio a tantas decisões. Tenho até à noite para decidir se vou embora ou se aceito tudo e me caso. Mesmo assim, eu já havia decidido que aguentaria por um ano. Existem muitas cláusulas no contrato que não podem ser quebradas, inclusive a de traição. Eu não quero trair meu pai e dar ao Sr. Mallardo o gosto de matá-lo a sangue frio.

Decidi desativar minhas redes sociais para evitar qualquer contato com o Carlos. Ninguém vai saber dessa parte humilhante da minha vida em que estou casando por contrato, para daqui a um ano, sair dessa situação.

Bloqueei meu celular e abri a porta do quarto, encontrando a costureira que veio trazer o vestido.

— Olá, senhorita, já está pronta para experimentar o vestido? — perguntou a senhora simpática.

— Sim… — sorri fracamente.

— Venha, suba aqui. Preciso fazer os últimos ajustes. — Ela disse, posicionando um banquinho para eu subir.

Tirei o meu vestido, ficando apenas de lingerie, e vesti o vestido de noiva. Não posso negar que ele é extremamente lindo e realça meu corpo.

— Se continuar emagrecendo, amanhã o vestido não vai servir, querida.

— Amanhã estarei igual, prometo. — falei, sem graça.

— Ele está perfeito agora! — a costureira comentou, ajustando os últimos detalhes.

— Oh, sim… está deslumbrante! — disse minha avó, entrando no quarto.

— Obrigada, vó… — respondi, ainda triste. — Queria estar feliz como vocês.

— Minha querida, não fique assim. — disse minha avó, me abraçando.

A costureira pediu para eu tirar o vestido para os últimos preparativos. Após vestir-me novamente, ela se despediu, e minha avó também saiu, me deixando sozinha.

Penso em tudo o que vou perder nesse ano. Ser forçada a me entregar a esse homem, sabendo que será uma experiência horrível e sem amor, me apavora. Sempre imaginei minha primeira vez como algo especial, com o homem da minha vida, mas nada disso vai acontecer. Será frio, mecânico, e, pior, ainda terei que comprovar minha pureza. Isso é humilhante, e não sei se um dia conseguirei perdoar meu pai.

Amanhã é o dia que meu pai tanto sonhou, mas para mim, é o pior pesadelo. Nunca imaginei que a maioridade me traria isso. Me pergunto se minha mãe passou pelo mesmo, ou se ela se casou por amor.

Não sei se terei uma boa noite de sono. Minha vontade de ir ao SPA amanhã é inexistente.

6:00 da manhã o despertador começou a tocar insistentemente.

“Mas que droga, será que eu não consigo nem dormir em paz?”

Fazia uma semana que completei 18 anos e agora estou prestes a me casar… Que loucura. Levantei ainda com os olhos pesados, bati no despertador para que parasse e entrei no banheiro. Escovei os dentes e joguei água fria no rosto, tentando acordar.

— Que droga… grande merda… — resmunguei.

Abri a torneira da banheira para enchê-la. Hoje, eu mereço um banho de princesa, nada menos que isso. Fiquei na banheira por quase 50 minutos antes que alguém viesse bater na porta para me incomodar.

— Entra… — gritei.

— Olá, noivinha… — Tânia entrou no banheiro. — Vai virar uma lagartixa enrugada aí dentro.

— Ah, Tânia, me deixa… — joguei um pouco de água nela. — Preciso de um bom banho para o meu funeral.

— Para de drama, Anna… — ela riu alto. — Sai logo daí… Seu casamento é em quatro horas, e você está aí, parecendo morta.

— Eu não tenho ânimo para esse casamento, me respeita… — revirei os olhos. — Pega meu roupão.

— Aqui está! — ela me entregou o roupão, e eu saí da banheira.

Enrolei uma toalha na cabeça e me arrastei até a cama.

— Já fez sua mala? — ela perguntou animada.

— Meu Deus, você é a única animada aqui. — suspirei. — Abuela fez para mim.

— Vamos, Anna, eu te ajudo… — ela me puxou até o closet.

Sentei na cadeira enquanto ela começava a fazer minha maquiagem.

— Quero algo leve e para o dia. De lá, vou só trocar de roupa e viajar para a Itália. — lembrei-a.

— Deixa comigo… — respondeu animada, enquanto começava a aplicar o hidratante no meu rosto.

Pouco tempo depois, ela terminou a maquiagem. Ainda bem que fiz as unhas e coloquei cílios postiços ontem, então não estava com a cara tão acabada. Um bom olhar muda tudo.

Ela me deu um espelho, e eu me olhei, admirando o quanto estava linda. Simples, delicado, mas marcante. Estava perfeita, mas é uma pena que não seja para casar com o amor da minha vida. Ver-me pronta para me casar com outro destruiu meu coração.

Levantei-me e vesti minha melhor lingerie. Tânia me ajudou a colocar o vestido. Ela borrifou perfume em mim e ajeitou meu cabelo. Nada muito exagerado, só queria ele solto, sem laquê. Ela fez alguns cachos e prendeu uma parte com uma presilha de rubis da minha mãe.

Senti uma lágrima escorrer enquanto me olhava no espelho, pronta.

— Não tem mais volta — murmurei para mim mesma.

— Oh, amiga, já te falei milhões de vezes e deve estar chato repetir, mas estou com você. — Tânia me abraçou forte.

Meu pai bateu na porta, avisando que estava na hora. Respirei fundo e abri a porta.

Eu e Tânia descemos devagar as escadas. No final, papá me esperava com um buquê de rosas vermelhas, ao lado da Abuela.

— Você está linda, hija! — papá falou, beijando minha mão.

— Obrigada — respondi secamente.

— Minha menina… — Abuela me abraçou.

Meu coração estava disparado, quase saindo pela boca. Tive uma vontade enorme de desistir.

— Vamos? — papá perguntou.

Fomos todos para o carro. Entrei desanimada, sem dizer uma palavra. Não tinha mais para onde correr. Entrarei naquela capela e, depois, nunca mais serei a mesma. Tudo por um maldito contrato. Tudo bem, vou fazer o que tem que ser feito. Vou viver um ano com esse velho e depois disso voltarei para casa. Vou tentar focar nos meus estudos e evitar ao máximo encontrar aquele homem na casa onde vamos morar.

Dez minutos depois, chegamos ao local do casamento. Ainda bem que será rápido, sem festas, sem sorrisos falsos para pessoas que não conheço e que nunca farão parte da minha vida.

Papá e Abuela desceram na frente e entraram na capela. Tânia me ajudou a descer do carro. Paramos em frente à entrada, e a marcha nupcial começou.

Ao ouvir a música, entrei em desespero. Tentei correr, mas Tânia me segurou.

— Ei, calma, Anna… — ela apertou minha mão. — Não desiste agora… você vai causar uma chacina aqui.

— Deus, me ajuda! — respirei fundo e entrei.

Conforme eu caminhava, as pessoas se levantavam e me olhavam. Eu não conhecia quase ninguém. Todos os líderes de clãs estavam presentes, incluindo o chefe da máfia Carroma, que eu conhecia por sempre estar com papá.

Cheguei ao altar. Viktor estendeu a mão, e eu a segurei. Ajoelhamo-nos diante do sacerdote.

— Estamos aqui para celebrar a união de Anna Contini e Viktor Mallardo — o sacerdote começou. — Ambos estão diante de Deus para se aceitarem como marido e mulher. O casamento é algo divino, onde o casal deve se amar e respeitar acima de tudo, e, quando duas vidas se unem, tornam-se uma só carne. Viktor Mallardo, é de livre vontade que você aceita se casar com Anna Contini?

— Sim — respondeu Viktor.

— E você, Anna Contini, aceita, de livre vontade, casar-se com Viktor Mallardo?

Olhei para os lados, olhei para a frente. Todos aguardavam minha resposta. Abuela balançou a cabeça, incentivando-me a dizer sim. Respirei fundo e finalmente respondi.

— Sim — respondi, contra a vontade.

— Se não há ninguém contra esta união, vamos proceder com a troca de alianças — o sacerdote continuou.

Viktor pegou as alianças do bolso, segurou minha mão e colocou a aliança em meu dedo.

— Eu, Viktor Mallardo, recebo você, Anna Contini, como minha esposa. Prometo ser fiel, cuidar e respeitar você todos os dias durante o nosso casamento.

Fiz o mesmo, coloquei a aliança em sua mão.

— Eu, Anna Contini, recebo você, Viktor Mallardo, como meu marido. Prometo ser fiel, cuidar e respeitar você todos os dias durante o nosso casamento.

— Diante dos votos e da troca de alianças, eu os declaro casados. Pode beijar a noiva.

Viktor se virou para mim, colocou as mãos no meu rosto, e eu fechei os olhos, esperando o beijo. Mas ele apenas beijou minha testa. Fiquei aliviada por ele não ter me beijado na boca.

Todos aplaudiram, e nossos pais vieram nos felicitar. Eu estava de saco cheio de tudo isso. Irritada com as felicitações falsas.

Meu papá me abraçou forte.

— Quero que seja feliz, hija — ele sussurrou.

— Você acabou com a minha vida neste momento, papá — respondi, soltando o abraço.

Caminhei em direção ao carro de Viktor e percebi que Viktor estava olhando para mim. Ele ouviu o que eu disse?

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