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Capítulo 04/Grande mentira

Anna narrando.

A tortura começou. Meu pai chamou a mim e ao velho à frente para consumar nosso noivado. Parece que todos os chefes dos clãs espanhóis estão presentes, e se eu fizer uma cena agora, vou prejudicar todos. Sem contar o líder da máfia Carroma, que veio direto da Itália para prestigiar nossa união, achando, coitado, que estou de acordo com tudo, e que isso não passa de um contrato.

— Boa noite a todos. Estamos aqui para comemorar o noivado da minha filha Anna Contini com Viktor Mallardo. Através deste casamento, as duas máfias se unirão para evitar ataques e ajudar todos aqueles que precisam de nós. Estou muito feliz em receber Viktor Mallardo como meu genro — disse meu pai ao microfone.

— Venham até aqui, Viktor e Anna…

Assim que ele nos chamou à frente, caminhei devagar, contra minha vontade. Meu rosto estava tão fechado que qualquer pessoa sensata fugiria ao passar por mim.

O velho, Viktor, veio caminhando com um sorriso de lado. Que vontade de dar um tapa bem no meio da cara dele. Ele segurava duas taças nas mãos.

—. Faço das palavras do meu futuro sogro as minhas. Gostaria de pedir sua mão em casamento diante de todos, prometendo ser fiel, carinhoso, respeitoso e amoroso por todos os dias de nossas vidas. Anna, você aceita este anel como símbolo da nossa união? — perguntou ele, abrindo uma caixinha com um anel de diamante.

Quando ele abriu a caixinha, olhei para a multidão à nossa frente e encontrei um par de olhos familiares.

Imediatamente, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver Carlos me encarando e balançando a cabeça negativamente.

Eu tinha duas opções: aceitar e nunca mais ser perdoada por ele ou correr atrás dele e iniciar uma chacina. Dios mío, não acredito que estou prestes a cometer o maior erro da minha vida.

Meu pai nunca me perdoaria, e eu colocaria a vida de todos, incluindo a de Carlos, em risco.

— Sim, aceito! — disse com o olhar triste, vendo Carlos se afastar em direção à saída.

Viktor colocou o anel no meu dedo e brindamos com nossas taças de champanhe. Assim que as felicitações terminaram, aproveitei a primeira oportunidade e corri atrás de Carlos, deixando todos para trás. Eu precisava encontrá-lo. Ainda bem que o navio estava em alto-mar, ele não poderia desaparecer.

Fui para fora do salão e o encontrei, debruçado na grade do navio, observando o mar.

Aproximei-me devagar, com medo da sua reação. Quando tentei tocar sua mão, ele se afastou e me olhou com olhos vermelhos de raiva.

— Não se aproxime de mim!

— Carlos, por favor, me escuta… — implorei, tentando me aproximar.

— Chega de mentiras, Anna. Admite logo que eu fui só um passatempo para você, você nunca me amou de verdade! — Carlos gritou, completamente transtornado.

— Carlos, eu ia te contar, não estou me casando porque quero, é tudo por causa de um maldito contrato. Eu te amo… — Me aproximei mais e tentei abraçá-lo, mas ele me empurrou com força.

Bati as costas na grade e senti uma dor aguda, mas não podia me preocupar com isso agora. Ele se aproximou furioso, apontando o dedo no meu rosto.

— Você destruiu minha vida, vadia. Você me enganou todo esse tempo, e eu vou te fazer pagar por isso. — Ele gritou. — Vai se arrepender de ter fingido que me amava todo esse tempo.

— Carlos, me deixa te explicar… — pedi, chorando.

— Me esquece, garota! — Ele disse, virando-se de costas e indo em direção à saída, agora que o navio estava atracando na costa.

Enquanto o observava ir embora, vi Viktor parado no caminho, certamente assistindo a toda a cena. Eu estava ferrada. Ele contaria tudo para o meu pai, e eu não teria mais como esconder.

Baixei a cabeça enquanto Viktor ainda me olhava fixamente. Eu precisava encontrar Tânia e sair dali.

Comecei a andar, sentindo dor nas costas por causa do corte. Passei por Viktor, que ainda estava parado, mas senti ele puxar meu braço.

— O que você quer? — perguntei, irritada.

— Você está sangrando… — Ele apontou para o corte nas minhas costas.

— Estou bem! — Respondi, puxando o braço. — Você já estragou minha vida o suficiente.

— Não pode entrar lá assim… Vão pensar que eu te machuquei. — Ele ergueu uma sobrancelha.

— Deixe que pensem… de certa forma, é culpa sua. — Respondi, com sarcasmo.

— Não fui eu quem te machucou, garota!

— Mas foi você quem fez o pacto com o meu pai! — Retruquei e ameacei andar em direção ao salão. — Ai…

Reclamei da dor nas costas.

— Deixa eu te ajudar, garota… não seja teimosa. — Ele tirou o terno e jogou sobre meus ombros. — Cubra o ferimento. Lá dentro, dou uma desculpa e te levo para casa. Pode chamar sua amiga.

Assenti, e nós começamos a andar para dentro do salão. Ele tentou segurar minha cintura, mas afastei sua mão. Isso já era demais.

Ao entrar, todos nos olharam. Meu rosto estava vermelho de tanto chorar, então abaixei a cabeça para disfarçar. Viktor me acompanhou até onde meu pai, Tânia e minha avó estavam.

— O que significa isso? — Meu pai veio em nossa direção.

— Não é nada, pai… — Tentei disfarçar.

— Presumo que está na hora de levá-la para casa, não acha? — Viktor sugeriu ao meu pai.

— Você vai me contar tudo o que aconteceu. — Meu pai falou, desconfiado.

— Vamos, filha… — Minha avó se aproximou e colocou a mão nas minhas costas.

— Ai… — reclamei de dor.

— O que houve, filha? — Ela perguntou, preocupada.

— Não é nada… vamos sair daqui, por favor.

Minha avó assentiu, e começamos a caminhar para fora, com Tânia ao nosso lado, enquanto meu pai ficou para trás conversando com Viktor, ambos olhando na minha direção. Senti um frio na barriga. Sabia que uma bomba estava prestes a explodir quando chegássemos em casa.

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