IRINA NARRANDO Ver o meu pai morrer na minha frente e para piorar ser morto por alguém que eu não poderia jamais odiar, foi a pior sensação que eu já senti na minha vida. Eu o amava apesar do jeito dele de nos criar. Um jeito distante, sem muito carinho, eu que quebrava muito isso. Para ele só existia a minha mãe, os olhos dele eram só voltados para ela. Mas foi preciso muito tempo para observar isso. Mas nunca pude perceber que tudo isso era um amor doentio. E só ela sabe o que sentiu nesse tempo que estavam juntos. Estamos aqui em Palermo, na casa do pai do meu irmão. Ele parece ser um homem maravilhoso e vejo a minha mãe leve. Agora ela tem os 4 filhos juntos e era algo que ela sempre quis. Minha mãe tinha um coração incrível, mesmo eu e o Vlad sendo concebidos por um ato não consensual, ela nos amava e sempre demonstrou esse amor e o que pensar dessa mulher? só orgulho e nada mais. Hoje tem o almoço na casa da Liza, que é mulher do Tom, melhor amigo do Alex, vai s
ALEX NARRANDO Parece que os dias tem passado mais rápido que o habitual, o meu casamento estava bem perto, a filial da empresa do meu pai enfim foi inaugurada aqui e nesse contexto eu também vou me dividir para trabalhar com ele, além dos meninos que também irão. Dentro da sua holding eu e o Igor vamos expandir uma das empresas que ele tem que é voltada para TI o Vlad também vai trabalhar conosco e a Irina no setor jurídico. Meu pai vai a cada mês nos EUA. A Noemi foi para New York e enfim se deu uma chance com o Peyton, ela não quer me afastar do Ian e ama o que faz na construtora Denaro, que por sinal ela é a chefe do setor de criação. O Payton tem o cargo lá na empresa dos pais e vai passar a trabalhar home office e vem morar em Palermo quando estiver totalmente recuperado. Com isso a casa que eu havia comprado para ela morar no condomínio ela achou melhor não aceitar, e vai morar no condomínio vizinho, eu aceitei sem problemas, só vou mesmo custear a segurança do me
CARMEM NARRANDO Meu Deus falta poucos dias para o casamento, ia ter o aniversário da Karol, mas a avó dela faleceu e infelizmente tivemos que adiar tudo, ela foi correndo para New York. Ficou muito mal com isso e acabou refletindo na relação com o Ruan, foi a primeira vez que brigaram sério, eu não sei bem o que o Ruan tem, e ela anda sem paciência também. Acho que ambos estão descontentes. Uma coisa boa nisso tudo é que as meninas irão vir todas, estou bem feliz, chegam em 4 dias. A nossa casa está linda, a nossa lua de mel vai ser em Kota Kinabalu, na Malásia, tem praias perfeitas e eu não via a hora de chegar lá e poder descansar e esquecer as coisas ruins que aconteceram nos últimos meses. O hospital estava uma loucura, eu tendo que deixar tudo organizado para as meninas tomarem conta, a Roberta vai ficar sendo a coordenadora do setor da pediatria, estávamos com alguns residentes e isso era maravilhoso, passamos a dividir tarefas. A família do Alex cada vez mais entr
CARMEM NARRANDO Agora chegou a hora, as portas se abriram e escolhi a música Ave Maria de Shubert, já entrei emocionada, porque como cristã sei que Maria representa em nossas vidas. Estou indo ao encontro do homem da minha vida e aqui diante do pai, o que mais peço é que nossos caminhos sejam iluminados, que a cada caminhada nossas vidas se entrelaçam cada vez mais e possa nos permitir sermos cada vez mais nós com muita pluralidade. Só tinha olhos para ele, eu não via mais ninguém naquela cerimônia porque os nossos olhos se buscavam, meu coração era sentido em cada célula do meu copo e pulsava no mais alto grau, eu confesso que já queria pular para o SIM antes de qualquer coisa, pois SIM, ele era a minha segunda pele, aquele ar que a gente busca em nós não apenas em momentos ruins, mas nos melhores momentos. Éramos dois certamente, mas em sentimento um apenas. Chegamos perto dele e rimos um pro outro e meu pai o abraça e coloca a minha mão na mão dele. — Sei que você
ALEX NARRANDO Fui ao banheiro e na volta fiquei olhando aquele salão repleto de pessoas que nós amávamos. Muitas pessoas vieram da Espanha, EUA. Até o avô dos meninos estava presente, inclusive ele nos disse que o tio dos meninos, entendeu tudo depois de muita conversa e que ninguém precisava se preocupar em retaliações. Meus pais estavam com a alegria estampada nos rostos, sendo grandes anfitriões. Eu não poderia estar mais feliz, tudo o que sinto hoje me faz jogar fora toda aquela velha roupa surrada pelo tempo, toda aquela tristeza que me vestia, estou deixando pelo caminho. Aprendi com a vida que sofrer também é uma questão de escolha, quando você tem como escolher, afinal existem momentos na vida que não temos opções, mas quando temos, precisamos só nos erguer e escolher o que faz o nosso coração vibrar e isso se chama querer viver, eu sempre quis viver, mas dentro de mim ainda persistia um vazio. Eu vivia uma vida como se eu fosse órfão de pai e mãe, e que destino c
CARMEM NARRANDO. Enfim chegamos ao hotel, o dia estava quase nascendo, eram 4h da manhã, a vontade era só tirar a roupa que eu estava. Em um dado momento da festa eu tirei o vestido de noiva e coloquei um outro, quase uma réplica, só que sem todo aquele tecido de calda. Eu queria ficar mais leve, que ficasse mais fácil de caminhar pelo salão ou dançar. Chegamos e resolvemos tomar banhos juntos. Antes disso ele ligou o som na playlist e, a primeira música que começou a tocar, era uma música que eu vivia cantando quando voltamos a ficar juntos. Ele me perguntou se aquela música tinha um significado especial e eu falei que sim, pois eu nunca perdi a esperança que um milagre acontecesse e nós dois voltássemos a ser um casal. A estrofe dizia: “Agora não estamos com medo. Embora saibamos que há muito a ser temido. Nós estávamos movendo montanhas muito antes de sabermos que podíamos, oh, sim”. E, sim, eu não tenho mais medo pois ele está enfim ao meu lado. (When You Believe (fea
ANNA NARRANDO. Você já foi forçado a fazer algo que não queria? Eu fui. Meu nome é Anna Contini, filha de Angelo Contini, o chefe da máfia. Acabo de completar 18 anos e, para minha surpresa, estou prestes a me casar com um homem onze anos mais velho que eu. Sim, onze anos. E claro, contra a minha vontade. Meu pai insiste que este casamento é necessário, uma forma de unir os clãs Contini e Mallardo e alcançar a tão esperada paz. Mas, sinceramente, isso não me convence.Tudo mudou na minha vida quando minha mãe morreu. Antes disso, eu era feliz, ou pelo menos achava que era. Minha mãe era a única capaz de controlar meu pai, fazer com que ele refletisse melhor sobre suas decisões. Desde que ela se foi, sinto que ele está perdido, tentando desesperadamente manter o controle, não apenas da máfia, mas de mim também. Agora, estou sendo usada como moeda de troca para uma aliança que nunca desejei.Na verdade, nem conheço meu noivo. Nunca vi uma foto, não sei absolutamente nada sobre ele, exc
ANNA NARRANDO.Depois de um tempo observando o mar, finalmente o navio atracou na ilha. Respirei fundo e caminhei lentamente ao lado da Tânia. Entramos no grande salão, e logo pude sentir os olhares sobre mim. Senti borboletas no estômago, prestes a ter um colapso nervoso.Avistei meu pai sentado em uma das mesas de jogos. Tânia foi falar com minha avó, e eu caminhei devagar até a mesa onde ele estava. Chegando perto, reconheci Eduardo Mallardo, a quem havia visto pessoalmente apenas uma vez e em algumas fotos na pasta do escritório do meu pai. Junto a ele estavam mais três homens, todos mais velhos, exceto dois que pareciam um pouco mais jovens. Um deles, até que era bem apresentável, tinha porte de atleta, olhos claros, cabelo bem penteado, parecia até um fantoche.Ao me aproximar da mesa, notei algumas mulheres por ali. Sabia bem o que estavam fazendo. Elas são usadas para distrair os jogadores e fazê-los perder. Uma das maneiras da máfia ganhar dinheiro, chamada exploração de jogo